sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O que esconde a sua factura de gás

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Já aqui falámos da factura de electricidade, hoje é a vez da do gás e de mais uma taxa, chamada "taxa municipal de ocupação de subsolo".





Se o município decidir cobrar a taxa de ocupação de subsolo, esse encargo será suportado pelos consumidores de gás natural desse município, através do pagamento da sua factura de gás natural.

Esse valor vem anexado à sua factura de gás. Na prática vamos ser taxados pelo facto de a empresa que nos fornece o gás ter de instalar canos debaixo do chão.


Essa taxa é semelhante à cobrada pelo mesmo motivo pelas redes de telecomunicações, e claro quem paga é o cliente final, ou seja todos nós.

Não deixa de ser incrível termos de pagar um serviço pela colocação de tubos que são indispensáveis à prestação do serviço proposto, são as próprias empresas prestadoras desse serviço que deveriam paga-lo ás câmaras se essas assim o entendessem.

Aliás, a propósito de impostos, o IMI também se assemelha em tudo ser um imposto ilegal, dado tratar-se de uma taxa sobre a propriedade privada é como se as pessoas tivessem de pagar uma renda de aluguer do seu próprio bem.


A DECO manifestou-se contra a introdução da taxa de ocupação de subsolo. Entre outras coisas aponta que existe uma diferenciação "entre cidadãos de um mesmo serviço público essencial, não em função dos consumos realizados, mas apenas da sorte ou azar geográfico ou da cor política do município onde se reside".

Considera "
caricata que a lei estipule que o valor das taxas de ocupação do subsolo seja fixado por regulamento da Assembleia Municipal de cada município, "permitindo assim que cada autarquia fixe, de forma livre e sem critério conhecido, quanto vai cobrar aos seus munícipes a título de taxa de ocupação do subsolo pelas redes de distribuição de gás natural."

A lei que permitiu a criação de taxas municipais por ocupação do subsolo (TOS)- o regime geral das taxas das autarquias locais - foi aprovada em 2006.

Em Abril do ano passado, o Conselho de Ministros aprovou uma resolução na qual se autorizava que as taxas seriam suportadas pelos consumidores de gás natural de cada município, através das respectivas facturas.


http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1683205

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/joao-miguel-tavares/a-taxa-municipal-de-ocupacao-do-subsolo




terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Líbia: fragmentações de uma explosão anunciada

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A Líbia é um caso à parte na actual revolta do mundo árabe. Porque tem muito petróleo, porque tem um líder carismático e porque é constituída por uma sociedade tribal.

Todos estes elementos fazem que o desfecho das revoltas possa ser uma explosão em pequenos focos de guerra civil.





Um líder carismático.


Apesar da suposta abertura do regime libiano, com destaque para a abertura nas relações internacionais, nada de fundamental mudou internamente. Do ponto de vista internacional, a Líbia diz ter oficialmente deixado de financiar o terrorismo internacional. Kadhafi já financiou toda a espécie de terrorismo: córsico, irlandês, filipino e até o sanguinário Abou Nidal.


Do ponto de vista interno, a vida dos seus 6 milhões de habitantes pouco se alterou, e quase metade da população vive perto do limiar de pobreza, apesar da riqueza proveniente do petróleo. Ainda assim, tem o mais alto PIB africano e a maior esperança de vida (cerca de 74 anos).



Em 1951, a Líbia foi o primeiro país africano a tornar-se independente. Mouammar Kadhafi chegou ao poder no dia 1 de setembro de 1069, nacionalizou os recursos económicos e desde de muito cedo governou a Líbia com um punho de ferro.




Os temíveis Comités Revolucionários.


Teoricamente a Líbia é uma "democracia directa" onde o poder é exercido pelo povo. Em cada localidade, as escolhas são debatidas e decididas por um congresso popular de base e a nível nacional as decisões são tomadas pelo congresso geral do povo. Do lado do executivo os comités populares gerais tomam as decisões. O Coronel Kadhafi não tem oficialmente qualquer papel político, a não ser o de "guia" que aconselha e inspira o povo.



A realidade é bem diferente, a chamada democracia directa é inteiramente controlada por Kadhafi e os seus terríveis Comités Revolucionários. Esta organização é um misto de partido político e de serviços secretos paralelos. Só elas estão autorizadas a ter uma estrutura política e são elas que em nome duma legislação baptizada de "lei para a protecção da revolução" prendem e matam qualquer opositor.



Meios de comunicação nas mãos de Kadhafi.


Apesar de ter assinado o Pacto Internacional Relativo aos Direitos Civis e Políticos, não existe qualquer liberdade de expressão na Líbia. Os quatro jornais diários, Al-Jamahiriya, Al-Chams O Sol »), Al-Fajr al-Jadid A Nova Madrugada ») et Al-Zahf al-Akhdar A Marcha Verde ») e os jornais oficiais dos comités, são controlados pelo estado, assim como as televisões e rádios.


No entanto, o nome oficial da Líbia continua a ser a Grande Jamairia árabe Líbia Popular e Socialista:

الجماهيرية العربية الليبية الشعبية الإشتراكية العظمى

Sendo a tradução de "Jamairia" o de "Estado das massas", sob entendido do povo. Contudo esse povo não tem direito a expressar qualquer opinião contrária à de Kadhafi, até durante os Congressos Populares, deve ser evitada qualquer crítica ao "guia" sob pena de ser preso.




Kadhafi: o megalómano.


Em dezembro de 2007, durante o seu périplo a Lisboa, Madrid e Paris, Kadhafi terá gasto cerca de 25 mil milhões de dólares em despesas de viajem (350 pessoas em vários aviões dos quais 2 para transporte de veículos blindados), compra de aviões e armamento.


Kadhafi e a sua família, que ocupa os lugares chave na vida política do país, não hesitam em eliminar pura e simplesmente os eventuais opositores. Kadhafi já foi alvo de várias tentativas de atentados, das quais se destacam a de Anwar el-Sadate e a o famoso bombardeamento da sua residência comandada por Reagan com a participação de Margaret Thatcher.



Todo o dinheiro proveniente da venda do petróleo é gerido pelo coronel Kadhafi que o distribui a quem bem entende. Calcula-se que os lucros da venda do petróleo líbio terão sido desde 1970 de 1 milhão de milhões de dólares, ou seja o equivalente ao PIB de todo o continente africano de 2006.


Com a sua enorme produção de petróleo, seria esperar que o nível de vida da população tivesse melhorado bastante, mas quando comparado com a Malásia, outro país muçulmano sem grandes reservas naturais, vemos que enquanto o PIB da Malásia foi multiplicado por 7 nos últimos 20 anos, o da Líbia apenas duplicou nos últimos 30 anos.


As forças de que dispõe Kadhafi.


Agora com estas revoltas do povo líbio, seguindo as pegadas dos vinhos árabes, fala-se em perto de 1000 mortos provocados pelos militares, por snipers e até por tiros de helicópteros. Dada a falta de informação, este número é difícil de confirmar, poucos são os media no local e muitas das comunicações telefónicas foram cortadas.



O regime de Kadhafi tem à sua disposição 60 000 homens de segurança e 30 000 milicianos dos Movimentos dos Comités Revolucionários. Mas o verdadeiro pilar do regime é a guarda pessoal composta por cerca de 22 000 soldados de elite, mais bem equipados do que a sua tropa e pertencendo quase todos à tribo do "guia", a tribo dos Kadhafa.


A grande incógnita é saber se as tropas regulares permanecerão fieis ao regime. Por enquanto tudo leva a crer que sim. De qualquer maneira Kadhafi ainda pode contar com os rebeldes tuaregue da Nigéria e do Mali que regularmente recebem treino militar no sul da Líbia, e eventualmente dos rebeldes do Darfur do Movimento para a Justiça e Igualdade. Pensa-se que também disponha de uma centena de mercenário.



Uma sociedade tribal.



A sociedade líbia é muito diferente da do Egipto: é uma sociedade tribal.
Kadhafi conseguiu controlar as tribos concedendo-lhe um papel social importante, mas foi sobretudo no seio das forças de segurança que o modelo das tribos se faz mais notar com generais militares de cada uma delas a dirigir os vários sectores.


A situação do país pode tornar explosiva dada esta organização tribal. Na região oriental do país, onde as manifestações de revolta se fazem mais sentir são as tribos mais influentes, dos Al-Zauya e dos Al Warfalla, que estão prestes a tomar o poder.



Esta zona oriental da Líbia faz fronteira com o Egipto, país onde as forças armadas continuam a deter o poder. Estas estão muito ligadas aos Estados Unidos, que queriam ver instalar-se na região um sistema que combinaria um islamismo político moderado e armado à semelhança da Turquia ou do Paquistão.


As tribos na Líbia têm actualmente um papel sobretudo social, e se é verdade que muitos chefes tribais aproveitaram inicialmente o sucesso económico do país, rapidamente este equilíbrio se deslocou para o clã Kadhafi, que pertence à tribo Kadhafa do centro do país.


Os líderes religiosos também nunca viram com bons olhos um país muçulmano reivindicar-se socialista e onde as mulheres têm um estatuto invejável para um país árabe, com igualdade de direitos e proibição da poligamia.



O mundo árabe tomou consciência que não está condenado a viver sob regimes arcaicos e totalitários, dirigidos por líderes da época da descolonização. É o fim da excepção árabe onde as populações cultas não tinham acesso à democracia.




http://www.jeuneafrique.com/jeune_afrique/article_jeune_afrique.asp?art_cle=LIN12026lavriemmohl0

http://www.jeuneafrique.com/Article/ARCH-LIN16127deuxmruojra0.xml/

http://www.rfi.fr/afrique/20110222-libye-avenir-regime-kadhafi-question

http://socio13.wordpress.com/2011/02/24/la-lybie-quelques-donnees-importantes-par-danielle-bleitrach/

http://www.rfi.fr/afrique/20110223-mouammar-kadhafi-combien-divisions


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Islamismo nas revoluções árabes

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O mundo árabe está em ebulição, mas nem sempre os nossos comentadores jornalísticos conseguem ter uma visão justa do que se está a passar. O texto seguinte é baseado nas opiniões escritas de Zhor Firar, Fouad Imarraine e Omar Mahassine, militantes do Centro Malcom X de Paris.

Esta é uma visão diferente dos acontecimentos, vinda de tunisinos que vivem na Europa.




Preconceitos ocidentais.


As revoluções tunisina e egípcia tomaram de surpresa o mundo ocidental, os especialistas do mundo árabe, os media e os enviados especiais. Julgavam que o povo árabe estava mantido em coma profundo e que as ditaduras no poder eram inabaláveis.


Essas mesmas ditaduras, suportadas pelo ocidente, eram consideradas como o único baluarte contra o islamismo. Pensava-se que o povo árabe não era suficientemente civilizado para poder acolher a democracia.


Os preconceitos simplistas foram abalados na ideia de que uma revolução árabe era sinónimo de fanatismo enquadrado por perigosos islamitas. De repente, apercebemo-nos que as revoltas árabes pedem apenas liberdade, dignidade e democracia.


A população, sobretudo jovem, farta de ser subjugada, torturada, explorada e humilhada, revolta-se.




O inimigo islâmico.


Ontem o inimigo era o comunismo, hoje, sobretudo depois dos acontecimentos do 11 de setembro, o inimigo é o islamismo. Este tornou-se numa arma psicológica de propaganda islamofóbica, utilizada para moldar o inconsciente das massas e as obrigar a aceitar os regimes autoritários colocados no poder. O raciocínio é que os países muçulmanos não merecem a democracia, e que só uma ditadura é capaz de manter a paz nestas regiões.


O islamismo político, como fonte de libertação, é uma tem uma história antiga, inerente à época pós-colonial e à reconstrução da identidade do mundo árabe. De facto a maioria dos movimentos de resistência à colonização ocidental referiam-se ao islão como alavanca contra essa ocupação.


Para os ditadores colocados no poder, o islamismo libertador tornava-se assim tão perigoso para eles como o tinha sido durante o período colonial para o ocupante. Foi então que esses regimes começaram a encorajar movimentos e seitas oriundas de um islão hermético e arcaico, para justificar a repressão, esquecendo que o verdadeiro islão é libertador.

O islamismo tenta responder à necessidade de aspiração a uma liberdade de tomar conta do destino dos seus povos. Reclama uma rotura com uma cultura ocidental dominante ligada ao consumismo, que sacrifica as heranças culturais dos povo. O desafio islâmico é o de ter uma postura civilizacional e universalista tendo em conta as particularidades.


O islamismo conseguiu colocar no centro dos debates mundiais a identidade cultural de vários povos, mas o islamismo não ira para além do seu ciclo.


Claro que irão aparecer radicais, mas estes serão minoritários. Como na Europa, o mundo muçulmano será obrigado a compor-se com todas as suas tendências, mas uma etapa acabou de ser ultrapassada: a do medo. Um medo alimentado em nome da luta contra os perigos do islamismo para impedir os seus povos de se tornaram soberanos.



O que vai mudar na nossa visão do mundo?



As nossas civilizações ocidentais não vão desaparecer, mas não vão poder continuar a ser exclusivistas. O ocidente está à beira de sair do seu etnocentrismo com a emergência de novas potências económicas mas também ideológicas.


Já não se trata de saber quem vai dominar o mundo, trata-se sim, de saber como preservar o mundo na sua diversidade, e neste capítulo, o mundo muçulmano vai ter de dar a sua contribuição. Este é a próxima prioridade no seu processo de libertação.




http://nawaat.org/portail/2011/02/15/les-revolutions-arabes-ou-est-lislamisme/

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Caramelo poderá provocar cancro




Não, não se trata do caramelo caseiro das nossas avós, mas sim daquele corante de caramelo amplamente utilizado na alimentação que por questão de menor custo de produção é fabricado por reacção química com substância potencialmente cancerígenas.




Fabricar caramelo industrial.


O açúcar que consumimos é extraído da cana-de-açúcar por pressão aos esmagar as canas ou da beterraba por difusão em água quente. Uma vez separados os outros componentes, é cristalizado e secado.


Para produzir caramelo, ele não é fabricado como se faz em casa aquecendo o açúcar com água num tacho até que este escureça e caramelize. Na indústria, para acelerar o processo, utilizam-se sulfito cáustico, amoníaco ou sulfito amoniacal. O caramelo é o corante mais utilizado na alimentação, e tem como códigos: E150a (natural, caramelo cáustico), E150b (processado através do sulfito cáustico), E150c (processado através do amoníaco) e o E150d (processado através do sulfito amoniacal).


Encontramos estes corante de caramelo em numerosas bebidas como as colas, whisky, rum ou brandy, mas também em sobremesas ou nos cereais que comemos ao pequeno-almoço. Os mais utilizados são o E150c e o E150d.


Uma outra maneira de obter o caramelo industrial é através do milho. Aqui além dos químicos usados no seu fabrico temos também a probabilidade de esse milho ser transgénico, com todos os possíveis problemas para a saúde que estes colocam.



Caramelo cancerígeno.


Esta semana, um grupo de consumidores pediu à FDA (Food and Drug Administration) a proibição da utilização de certos corante de caramelo, e em particular os usados na Coca-Cola e Pepsi-Cola, por suspeição de provocar cancro.


O Center for Science in the Public Interest (CSPI) americano, declarou que vários estudos foram feitos em animais e que o consumo de corante de caramelo provoca o aumento da incidência de vários cancros. Explicam que as reacções dos açúcares com o amoníaco e os sulfitos produzem dois agentes cancerígenos: o 2-metilimidazol (2-MEI) e o 4-metilimidazol (4-MEI).



A formula da composição da Coca-Cola desmistificada?


A Coca-Cola, grande consumidor de caramelo, por enquanto não se pronuncia. Ainda a propósito da Coca-Cola, a receita que foi criada em 1886 pelo farmacêutico John Pemberton acabou agora por ser divulgada. O site ThisAmericanLife.org revelou ter descoberto a receita, através de uma fotografia publicada num artigo em 1979, no Atlanta Journal Constitution.


Na imagem vê-se um livro aberto, com a lista de ingredientes utilizados por Pemberton e com as respectivas medidas que tornam único o sabor da Coca-Cola.

Receita secreta da Coca-Cola será:

Extrato fluido de coca - 3 tragos
Ácido cítrico - 3oz (aprox. 90ml)
Cafeína - 1oz (aprox. 30ml)
Açúcar - 30 # (na receita a medida não é clara)
Sumo de limão - 1qt (aprox. 950ml)
Baunilha - 1oz (aprox. 30ml)
Caramelo - 1.5oz (aprox. 45ml)

Aromatizante 7X

Álcool - 8oz (aprox. 230ml)
Óleo de laranja - 20 gotas
Óleo de limão - 30 gotas
Óleo de noz-moscada - 10 gotas
Óleo de coentros - 5 gotas
Óleo de canela - 10 gotas
Óleo de neroli - 10 gotas

A marca já reagiu às notícias avançadas esta terça-feira, desmentindo que tenha sido divulgada a verdadeira composição da bebida.

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Offshore: as empresas fantamas da Madeira





O "jornal i" revela na sua edição de hoje, que das 2981 empresas registadas na zona offshore da Região Autónoma da Madeira, 2435 não têm qualquer trabalhador, ou seja 82% dessas empresas não têm qualquer funcionário.




As empresas offshore são um cancro económico que permite legalmente a fuga aos impostos e a lavagem de dinheiro. Essas empresas em 2009 apresentaram resultados líquidos de 3,7 mil milhões de euros, mas apenas pagaram 5,9 milhões de euros de impostos em vez dos 750 milhões a uma taxa média de 20% como seria normal. Convém lembrar que o IRC para as empresas pode ir até 27,5% com a derrama.



Apesar das modificações introduzidas recentemente, as empresas offshore constituídas até 2013 gozam de um estatuto especial até 2020. Esta excepção permite que essas empresas irão apenas pagar entre 3 a 5% de IRC ao ano.


As empresas mais antigas que deveriam ser sujeitas a um imposto mais pesado, podem para contornar a nova legislação pedir um novo licenciamento, dissolver-se e criar uma nova empresas ou trespassar os activos. Para beneficiar do futuro imposto reduzido, deverão criar apenas um posto de trabalho por empresa.


Como podemos ver, a teoria segundo a qual a zona offshore da Madeira trás benefícios para Portugal não faz qualquer sentido: não tem qualquer proveito para os cofres do Estado e não cria postos de trabalho. Só servem os seus próprios interesses.


Em 2004 o Washington Post revelou que a empresa TSKJ, com sede no offshore da Madeira e filial da gigante americana de engenharia Halliburton, tinha tentado subornar funcionários da Nigéria com um suborno de 180 milhões de dólares.
O suborno destinava-se à atribuição de um projecto de construção de uma unidade de gás natural no valor de 5 000 milhões de dólares. É também para isto que servem as offshores.








Num artigo anterior, já aqui foi referida a empresa Wainfleet-Alumina, instalada na zona franca da Madeira, que apesar de ter o maior volume de vendas de Portugal, não paga qualquer imposto.

Num artigo sobre as injustiças fiscais também foram abordadas as offshores.

Por fim, quem estiver interessado em compreender como funcionam as offshores deve ler o artigo: "Offshores: a viagem de uma banana".




http://www.ionline.pt/conteudo/104479-zona-franca-da-madeira-82-das-empresas-nao-tem-trabalhadores

http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?id_news=41769

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

África: caixote de lixo das vacinas

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A organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu organizar várias campanhas de vacinação contra a gripe A em África, tendo já sido iniciadas no Togo e na Nigéria.

Estas campanhas são feitas com os dons de vacinas dos países da Europa e dos Estados Unidos, assim como de alguns laboratórios farmacêuticos. Generosidade desinteressada?






Lembram-se? Logo em janeiro de 2010 surge a polémica das sobras de vacinas não utilizadas nos países desenvolvidos pela inexistência de epidemia e a sobreavaliação dos estoques. Pois bem, a maioria das vacinas tinham um prazo de validade que terminava no final de 2010. Era necessário desfazer-se desses milhões de doses.



Com efeito, tanto os governos, como os laboratórios não podem, assim sem mais nem menos, deitar para o lixo todas essas doses excedentárias, é necessário seguir vários protocolos rígidos e sobretudos com elevados custos. Então, num gesto "benemérito" essas entidades decidiram doar as vacinas excedentárias aos países africanos.



O transporte, armazenamento e os profissionais de saúde para administrar essas vacinas tem um custo, esse custo é em grande parte suportado pelos próprios países africanos a braços com problemas sanitários muito mais urgentes.


Mas como dizia um representante da OMS: "quando temos dons disponíveis, temos de os utilizar". É verdade, mesmo quando as populações em questão não os pediram e se vêem forçadas a os utilizar.


Os países africanos têm prioridades sanitárias graves, como o paludismo e o continente africano foi dos poucos que não foi atingido pela "pandemia" de gripe A, apenas se registaram alguns casos mais numerosos na África do Sul e com fraca mortalidade.


Aliás, não foi a própria OMS que declarou no dia 10 de agosto de 2010 que a pandemia tinha acabado? Então porquê vacinar países onde não foi registada a doença? A OMS responde que "ainda pode existir algum risco, sobretudo nos países africanos onde as populações são mais frágeis"!



Será lícito, que para despachar, a menor custo, o excedente de vacinas, obrigamos uma população inteira a uma vacinação sem a avaliação da sua pertinência e dos seus riscos? Mais uma vez chegamos à conclusão que os países do hemisfério norte continuam a encarar o continente africano como o seu caixote de lixo.



Fonte: http://www.bakchich.info/L-Afrique-ou-la-poubelle-a-vaccins,12296.html

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Oposição no Egito financiada pelos USA

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Muitos dos movimentos de contestação no Egito, são financiados por fundações americanas e as manifestações convocadas pelo Twitter e Facebook. A própria Irmandade Muçulmana sempre foi apoiada e instrumentalizada pelos americanos.

A questão é saber o que vai ficar deste movimento de contestação egípcio quando tudo voltar à normalidade. Um dos problemas do Egito é a fraca organização de uma verdadeira oposição ao regime.



Movimentos de oposição "americanos".


O movimento Kifaya foi um dos primeiros a organizar movimentos de contestação a Mubarak em 2004. Só que este movimento é financiado pelo International Center for Non-Violent Conflict, uma organização americana, tendo entre outras coisas apoiado as posições americanas em relação à Palestina.


A fundação americana Freedom House organizou a formação de estagiários egípcios em segurança numérica na internet, produção numérica de vídeos e concepção de mensagens no Facebook. Objectivo: promover através das redes sociais manifestações e contestações ao regime instalado de Mubarak.


Outro movimento de oposição é o chamado "Movimento da Juventude do 6 de Abril", composto por cerca de 70000 membros das classes com níveis de educação mais elevadas. Também utiliza as redes sociais para organizar manifestações. É secretamente totalmente financiado pelos Estados Unidos. Este apoio foi noticiado pelo Daily Telegraph, citando documentos secretos da embaixada americana.


A "Irmandade Muçulmana" constitui um dos mais conhecidos movimentos de oposição a Mubarak.
Proibidos os partidos políticos religiosos, estes formam contudo a maioria parlamentar como "independentes". Muitos ocidentais consideram-nos uma ameaça para os interesses americanos na região, dadas as suas pretensas reivindicações radicais islâmicas.

Nada menos verdade. Na realidade, a Irmandade Muçulmana sempre foi apoiada, financiada e instrumentalizada pelo Reino Unido e os Estados Unidos, através dos seus serviços secretos. Já nos anos 50, a CIA apoiava a Irmandade Muçulmana na tentativa de demover do poder o presidente egípcio Nasser.



Em conclusão, a oposição ao regime de Mubarak não está verdadeiramente organizada, encontra-se demasiado fragmentada e amplamente controlada pelos Estados Unidos.




Uma "revolução" americana.


Pelo exposto, podemos verificar:

- que a destituição de Hosni Mubarak já estava planeada deste há muitos anos pelos Estados Unidos,

- a mudança de regime servirá a continuidade, dando a ilusão de uma mudança política real,

- o programa delineado pelos Estados Unidos para o Egito consiste em desviar o movimento de contestação popular genuína e substituir Mubarak por um novo fantoche obediente,

- o objectivo americano é manter os interesses das multinacionais estrangeiras no país,

- a mudança de regime egípcio já não necessita de um regime militar autoritário, pode muito bem ser construído com partidos da oposição infiltrados por movimentos da sociedade civil manipulados pelos americanos.




Dadas as intenções dos Estados Unidos utilizarem este movimento de contestação popular para substituir um ditador por um outro fantoche, este movimento deveria centrar as suas atenções na manipulação em curso, desmantelar certas reformar neoliberais, fechar as bases americana no território, e não se focalizar nos actores do regime, mas centrar-se em mudar o regime em profundidade e instalar um verdadeiro governo soberano.





http://www.historycommons.org/context.jsp?item=western_support_for_islamic_militancy_202700&scale=0

http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=66&program=84

http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=115&program=84&item=87

http://www.voanews.com/english/news/middle-east/Tunisia-style-Rallies-Planned-in-Egypt-114540164.html

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=22994

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Informação e manipulação fotográfica

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Toda a gente sabe que "uma imagem vale mais do que mil palavras". A credibilidade de uma informação passa muito pela imagem, mas nem sempre o que vemos e pensamos corresponder à realidade é verdadeiro.



Hoje em dia é extremamente fácil manipular as imagens, incluindo as que são difundidas nos meios de comunicação. O exemplo que segue até tem o mérito de estar na actualidade, trata-se da manipulação realizada pelo maior jornal egípcio favorável a Mubaraka, mas acontece diariamente em todos os países. Devemos estar alertas e críticos em relação a qualquer informação ou imagem jornalística ou televisiva.



No dia 01 de setembro de 2010, teve lugar nos Estados Unidos uma importante reunião para a paz no Médio Oriente. Esta reunião organizada pelos Estados Unidos juntou os dirigentes da Jordânia, da Palestina, de Israel e do Egipto.



Na fotografia oficial, como é normal em termos de protocolo, dada a reunião ter sido organizada pelos USA, Obama toma a dianteira no tapete vermelho, seguido pelos restantes participantes nas negociações.


Eis a foto original tirada na Casa Branca:


Original White House image, 1 September




O maior quotidiano egípcio, Al-Ahram, próximo do poder, publicou uma fotografia manipulada, onde graças à magia do Photoshop, é o líder egípcio Hosni Mubarak que aparece em primeiro plano, dando a sensação que foi ele que liderou a reunião.



Eis a fotografia publicada pelo jornal Al-Ahram:


Altered image which ran in Al-Ahram (Courtesy al-Masry al-Youm)



Origem da informação: BBC

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pendemrix acusada de provocar narcolepsia

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Mais uma suspeita em relação à vacina contra a gripe A. Desta vez poderá estar associada a um estranho aumento de casos de narcolepsia.
A vacina em questão é a Pandemrix comercializada em Portugal pela GlaxoSmithKline (GSK).




A narcolepsia é uma doença neurológica crónica rara, caracterizada por surtos de de uma necessidade extrema de sono acompanhados por catalepsia, isto é episódios de perda do tónus muscular, após estar sujeito a emoções fortes como cólera ou riso.


Esta doença, como já foi dito é rara, atinge na Europa apenas 20 a 30 pessoas em 100 000 , com uma incidência anual de 7 a 8 novos casos.


O Instituto nacional finlandês da saúde acaba de revelar ter registado 60 novos casos de narcolepsia em jovens entre os 4 e os 19 anos de idade entre 2009 e 2010, um número anormalmente elevado, três vezes superior ao habitual. O ponto em comum é que 90% destes jovens tinham sido vacinados com Pandemrix nos dois meses anteriores ao aparecimento da doença.


O comunicado das autoridades finlandesas conclui que esta associação entre a doença e a vacina é de tal modo evidente, que parece pouco provável existirem outros factores para explicar este fenómeno.


Os laboratórios GSK dizem já terem sido administradas 31 milhões de doses de Pandemrix em 47 países e que até este momento tem conhecimento de 162 casos de narcolepsia após a vacinação, 70% dos quais na Finlândia e na Suécia.


Perante estes factos foi pedido à Agência Europeia do Medicamento uma investigação. O facto destes casos estarem concentrados nos países do norte da Europa, e em particular na Finlândia, baralha os investigadores. Alguns avançam a hipótese de uma sensibilidade genética particular nos finlandeses. Recentemente foi descoberto que existe um mecanismo auto-imune na base da narcolepsia e que o gene implicado é o mesmo que da esclerose em placas.


Uma coisa é certa, a vacinação em massa acarreta risco em populações sãs e os benefícios nem sempre são evidentes, como é o caso da vacina contra a gripe A. Isto sem contar que o laboratório produtor desta vacina sempre nos disse que ela não produziria qualquer efeito secundário.




http://www.psychomedia.qc.ca/grippe/2011-02-02/a-h1n1-vaccin-pandemrix-narcolepsie

http://www.thl.fi/en_US/web/en/pressrelease?id=24103

http://www.jim.fr/en_direct/pro_societe/e-docs/00/01/DD/66/document_actu_pro.phtml

A banca paga um imposto irrisório em 2010

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Os três maiores bancos privados portugueses BCP, BES e BPI tiveram um aumento dos lucros de 8% em relação ao ano anterior, foram 1 mil milhões de euros de lucros. Afinal a crise não atinge toda a gente.


Mas o mais espantoso, é que os bancos pagaram menos impostos do que o ano passado, apenas 35 milhões de euros, em vez de 200 milhões de euros em 2009. Fazendo as contas, enquanto os cidadãos pagam um limite máximo de 46,5% de IRS e as empresas 27,5% de IRC, a banca pagou apenas 3,5%.



Bem sei, que parte dessa manobra financeira passa pela retenção de lucros sobre a forma de aumento de capital por incorporação de reservas e pelo aumento dos impostos diferidos, mas estes números não deixam de ser escandalosos.


Afinal, o sector bancários que anda sempre a "chorar" por causa da crise financeira que os atingiu fortemente, está de boa saúde e os lucros não param de aumentar. Uma das razões diz a banca, é que esses bons resultados devem-se em grande parte aos resultados acima das expectativas nas operações realizadas no estrangeiro.


A verdade é que muito desse lucro provem das taxas escandalosas cobradas em comissões aos clientes, esses cresceram em 9,73% e representam quase 2 mil milhões de euros.


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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O futuro de Israel em perigo?


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Os recentes noticiários são preenchidos com o tema da revolução do mundo árabe, mas muito pouco tem sido dito sobre o futuro de Israel. Falar de Israel não deve ser um assunto tabu e a história recente do holocausto do povo judeu não justifica a ocupação e as atrocidades cometidas contra o povo palestiniano. Parceiro privilegiado dos Estados Unidos e indesejado na região, qual será o futuro de Israel nesta redistribuição geopolítica?




Apesar das diferenças existentes, os actuais movimentos populares de contestação nos países árabes têm alguns pontos em comum. Todos combatem as ditaduras instaladas no poder pelos Estados Unidos e a Europa. Para além das causas objectivas e profundas, como a pobreza, o desemprego e a opressão, existe uma causa politica: os povos árabes já não aceitam serem submetidos e humilhados por regimes ao serviço de países estrangeiros.


Os discursos ocidentais sobre direitos humanos, democracia e laicidade, têm servido para desarmar espiritualmente e politicamente os povos destas regiões. A razão ocidental mais hipócrita para a sua intervenção no mundo árabe tem sido "a estabilidade da região". E essa estabilidade interessa sobretudo a Israel.


Pouco se tem falado nos media do futuro de Israel, mas esta questão é fundamental. O centro político e ideológico da opressão dos países árabes encontra-se em Tel Aviv. Israel apoia-se numa vasta rede de lobbies, grande parte dos quais sediados nos Estados Unidos. Nesta revolução árabe o que está em jogo também é a segurança de Israel. Assim se compreende melhor os discursos, numa primeira fase, prudentes de Obama ou Sarkozy.

Em cima da mesa os Estados Unidos têm um grande dilema: qual a melhoro solução para eles e para Israel. O que fazer?

Apoiar um banho de sangue no Egito e perder um pouco da simpatia dos seus amigos na região? Essa solução só faria deslocar o problema e poderia criar um novo "Afeganistão".

Voltar a falar do espantalho do islamismo radical? O problema é que estas manifestações não estão a ser controladas por nenhum partido.



Não. A solução é protelar o problema, ganhar tempo. Para quê? Para ver se os regimes desses países são capaz de dominar a situação com promessas de abertura política às oposições ou para ter tempo de organizar a substituição dos actuais ditadores por outros da confiança dos Estados Unidos com vista a proteger Israel.


Os Estados Unidos parecem, por enquanto, terem sido ultrapassados pelos acontecimentos. Com a precipitação dos acontecimentos, Obama tem cada vez mais pressa em instalar um novo regime no Egito, com ou sem Moubarak. Hoje, até acabou de anunciar que está disposto em apoiar a participação da Irmandade Muçulmano num futuro governo egípcio. Este súbito volte-face parecer ter como objectivo tomar de velocidade a constituição de uma oposição estruturada.


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