Uma das faces escondidas do derrame de petróleo da BP no Golfo do México é falta de condições de segurança dos trabalhadores de limpeza da maré negra. Substâncias nocivas para a saúde, equipamento inexistente, dispersantes perigosos,... tudo em nome do lucro.
Como já foi referido num artigo anterior, os seguros deverão cobrir praticamente a totalidade da limpeza da maré negra no Golfo do México. Neste campo os custos para a BP são mínimos No entanto é a BP que dirige as operações de limpeza, e como tal contratou os pescadores que ficaram sem trabalho para realizar esta tarefa. Estes receberam uma formação rudimentar e trabalham sem equipamento de segurança.
Esta maré negra é uma verdadeira "sopa" de químicos altamente tóxicos, provenientes do petróleo, benzeno, enxofre, sulfureto de hidrogénio,... agravado pelos dispersantes usados no seu combate. Muitos destes produtos nocivos, só terão efeitos visíveis para a saúde dezenas de anos mais tarde.
Rikki Ott, toxicologista que trabalhou em 1989 aquando da maré negra do Exxon Valdez, refere que a maioria dos trabalhadores que participaram na limpara adoeceram e que muitos têm agora uma incapacidade de 100% e uma esperança de vida diminuta.
Apesar das autoridades de saúde alertarem para a necessidade de "evitar qualquer contacto com o petróleo ou os dispersantes com a pele, as cavidades nasais e orais, e utilizarem fatos apropriados, mascaras , luvas e botas", poucos são os que têm acesso a esse material. Muitos pescadores não irão referir problemas de saúde, reconhecidos por a BP lhes ter oferecido trabalho.
Apesar de tudo são cada vez mais os casos de pessoas que se queixam de tosse, garganta irritada, dificuldade respiratória, náuseas, dores no peito, irritação ocular e dores de cabeça. De início os responsáveis da BP terão dito que se trataria de um intoxicação alimentar, isto ocorrendo em pessoas distantes de quilómetros!
A empresa de limpeza, Boots & Coots, coincidentemente comprada uma semana antes da explosão pela Halliburton, responsável pela cimentação que terá estado na origem do acidente, utiliza sobretudo dois tipos de dispersantes: Corexit EC9527A e Corexit EC9500A. Estes são produzidos pela Nalco que tem uma ligação privilegiada com a BP. Assim fica tudo em casa.
Os dispersantes transformam o lençol de petróleo em pequenas gotas que ao contacto com as bactérias presentes no mar favoriza a sua degradação. O problema com estes dois dispersantes utilizados, é que são dos mais tóxicos e menos eficazes. O que para a BP tanto faz, dado que o objectivo é "esconder" a maré negra sendo que as gotículas são praticamente invisíveis e assim a BP não se verá confrontada com as imagens impressionantes dos lençóis de petróleo deste desastre ambiental.