Justiça norte-americana acusa 14 pessoas de corrupção, entre elas nove actuais e antigos dirigentes da FIFA e cinco executivos de empresas de promoção de eventos desportivos.
Joseph Blatter, que ocupa a presidência da FIFA desde 1998, candidata-se a um quinto mandato consecutivo na sexta-feira. E, como é habitual, é o grande favorito.
Na lista dos acusados e a maioria está envolvida nas organizações Concacaf, a confederação de associações de futebol da América do Norte, Central e Caraíbas, e na Conmebol, da América do Sul.
Está também em causa alegadas redes de lavagem de dinheiro nas organizações dos campeonatos do mundo na Rússia e Qatar.
As suspeitas de corrupção apontam para que representantes de empresas de desporto tenham estado envolvidos em esquemas de pagamento a responsáveis do futebol, que incluem delegados e outros funcionários da FIFA. Os montantes em causa ascendem a mais de 150 milhões de dólares.
Apesar disto tudo, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, continua sereno e acima de qualquer suspeita (por enquanto), mas será possível não estar envolvido quando muitos dos seus directos colaboradores o estão?
Há pelo menos 20 anos que se suspeita de corrupção na FIFA.
Reposição de um artigo deste blogue de 18 de agosto de 2011:
http://octopedia.blogspot.pt/2011/08/fifa-mafia.html
A FIFA , Federação Internacional de Futebol, possui mais membros (208) do que a ONU (192), e tem a sua sede em Zurich, na Suíssa, onde tem o estatuto de utilidade pública, o que lhe permite ter enormes privilégios fiscais.
Entre
2007 e 2010 pagou apenas 3,1 milhões de francos suíços de impostos
quando se fosse considerada uma empresa teria pago 180 milhões.
Só
no ano passado, a FIFA distribuiu 50 milhões de francos suíços aos seus
dirigentes o que para uma organização considerada de utilidade pública
não deixa de ser ridículo
Durante o último
mundial na África do Sul, a FIFA ficou isenta de impostos, pelo governo
sul africano, por já pagar impostos na Suíça
Durante esse mesmo
mundial na África do Sul, a FIFA realizou 2,35 mil milhões de francos
suíços enquanto esse país teve perdas de 3 mil milhões.
Estas são alguns exemplos e
privilégios da FIFA onde reina a corrupção a todos os níveis, seja para a
eleição do seu presidente ou para a atribuição da Copa do Mundo, tudo
funciona com subornos.
O jornalista de investigação
(ainda existem) britânico Andrew Jennings realizou um documentário onde
revela que a FIFA funciona internamente como uma verdadeira máfia.
Tudo começou com a falência da
empresa ISL de Zurich, encarregue pela FIFA dos direitos de marketing e
transmissão televisiva dos mundiais de 2002 a 2006. Durante a auditoria,
constatou-se que altos funcionários da FIFA tinham recebido dinheiro em
contas no estrangeiro.
Durante esse período, dá-se um
incidente: um montante que deveria ter sido depositado num paraíso
fiscal vai parar directamente nas contas da própria FIFA. O caso é
abafado ao mais alto nível, isto é, pelo tribunal de Lausana que impõe o
segredo sobre os montantes e a identidade dos corruptos.
Durante o inquérito, o
jornalista descobre que esse dinheiro destinava-se ao antigo presidente
da FIFA, Joao Havelange e a Jean-Marie Weber, vice presidente da ISL,
amigo íntimo do actual presidente da FIFA.
Muitas empresas multinacionais
recorriam à ISL, que detinha a exclusividade publicitária, para verem a
sua marca aparecer ao lado do logótipo da FIFA. Como contrapartida,
essas empresas pagavam avultadas somas como suborno. Assim, Joao
Havalange terá recebido 250 000 francos suíços
O sistema eleitoral para a
eleição do presidente da FIFA parece dos mais democráticos: um país, um
voto. Na realidade, tudo é feito para subornar os votantes, como é o
caso do presidente da CONCACAF que representa os votos do continente da
América do Norte, América Central e Caraíbas. Nada mais, nada menos do
que 35 votos dos 208 possíveis.
O presidente da CONCACAF é Jack
Warner e esta confederação terá recebido várias dezenas de milhões de
euros da FIFA para influenciar as votações. Além disso, Jack Warner é
dono de uma agência de viagens, a Simpaul, que tem a exclusividade da
venda de bilhetes para os mundiais dessa confederação em Trindade e
Tobago.
Em 1984 e 1986, para a
realização do campeonato sub-20 da CONCACAF, a construção dos estádios
esteve a cargo de um dos filhos de Jack Warner e o serviço de
restauração entregue a outros dos seus filhos.
Na FIFA tudo fica em família.
Philipe Blatter, filho de Joseph Blatter, recebeu 50% dos direitos
televisivos do último mundial. Para manter o alto estilo de vida com que
vive e se deslocam os altos dirigentes da FIFA, até os bilhetes que
sobram são vendidos discretamente no mercado negro a um preço
proibitivo.
Corrupção
Na FIFA não existe contestação,
todos veneram o seu presidente. Como numa máfia, esta organização vive
do tráfico de bilhetes, subornos e corrupção. A rede está bem montada.
Jack Warner, por exemplo recebeu graciosamente no último mundial, da parte da FIFA, 6000 bilhetes: benefício 1 milhão de euros.
Nicolas Leoz, presidente da
confederação sul americana, o único identificado em vários subornos
recebidos nas suas contas em paraísos fiscais, nos anos 90, continua
como membro executivo da FIFA.
A FIFA decretou, no último, a
proibição da venda de qualquer alimento, por parte dos habitantes dos
bairros pobres sul africanos, perto dos estádios para não prejudicar o
seu principal sponsor, Mc Donald.
Não existe qualquer documento
que permita saber quanto ganha Joseph Blatter, quando é possível saber
quanto ganha qualquer político ou chefe de estado.
A atribuição do mundial à África
do Sul só foi possível porque o continente africano (50 votos) tinha
participado na eleição do padrinho da máfia da FIFA, era a
contrapartida.
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