
O mundo árabe está em ebulição, mas nem sempre os nossos comentadores jornalísticos conseguem ter uma visão justa do que se está a passar. O texto seguinte é baseado nas opiniões escritas de Zhor Firar, Fouad Imarraine e Omar Mahassine, militantes do Centro Malcom X de Paris.
Preconceitos ocidentais.
As revoluções tunisina e egípcia tomaram de surpresa o mundo ocidental, os especialistas do mundo árabe, os media  e os enviados especiais. Julgavam que o povo árabe estava mantido em  coma profundo e que as ditaduras no poder eram inabaláveis.
Essas mesmas  ditaduras, suportadas pelo ocidente, eram consideradas como o único  baluarte contra o islamismo. Pensava-se que o povo árabe não era  suficientemente civilizado para poder acolher a democracia.
Os  preconceitos simplistas foram abalados na ideia de que uma  revolução árabe era sinónimo de fanatismo enquadrado por perigosos  islamitas. De repente, apercebemo-nos que as revoltas árabes pedem apenas liberdade,  dignidade e democracia. 
A população, sobretudo jovem, farta de ser subjugada, torturada, explorada e humilhada, revolta-se. 
O inimigo islâmico.
Ontem o inimigo era o comunismo, hoje, sobretudo depois dos acontecimentos do 11 de setembro,  o inimigo é o islamismo. Este tornou-se numa arma psicológica de  propaganda islamofóbica, utilizada para moldar o inconsciente das massas  e as obrigar a aceitar os regimes autoritários colocados no poder. O raciocínio é que os  países muçulmanos não merecem a democracia, e que só uma ditadura é capaz de  manter a paz nestas regiões.
O  islamismo político, como fonte de libertação, é uma tem uma história antiga, inerente à época pós-colonial e à reconstrução da identidade do mundo  árabe. De facto a maioria dos movimentos de resistência à colonização  ocidental referiam-se ao islão como alavanca contra essa ocupação.
Para os ditadores colocados no poder, o islamismo libertador tornava-se assim tão perigoso para eles como o tinha sido durante o período colonial para o ocupante. Foi então que esses regimes começaram a encorajar movimentos e seitas oriundas de um islão hermético e arcaico, para justificar a repressão, esquecendo que o verdadeiro islão é libertador.
Para os ditadores colocados no poder, o islamismo libertador tornava-se assim tão perigoso para eles como o tinha sido durante o período colonial para o ocupante. Foi então que esses regimes começaram a encorajar movimentos e seitas oriundas de um islão hermético e arcaico, para justificar a repressão, esquecendo que o verdadeiro islão é libertador.
O  islamismo tenta responder à necessidade de aspiração a uma liberdade de  tomar conta do destino dos seus povos. Reclama uma rotura com uma  cultura ocidental dominante ligada ao consumismo, que sacrifica as heranças  culturais dos povo. O desafio islâmico é o de ter uma postura civilizacional e  universalista tendo em conta as particularidades.
O islamismo conseguiu colocar no centro dos debates mundiais a identidade cultural de vários povos, mas o islamismo não ira para além do seu ciclo.
  Claro que irão aparecer radicais, mas estes serão minoritários. Como na  Europa, o mundo muçulmano será obrigado a compor-se com todas as suas  tendências, mas uma etapa acabou de ser ultrapassada: a do medo. Um medo  alimentado em nome da luta contra os perigos do islamismo para impedir  os seus povos de se tornaram soberanos.

O que vai mudar na nossa visão do mundo?
As nossas civilizações ocidentais não vão desaparecer, mas não vão poder continuar a ser exclusivistas. O ocidente está à beira de sair do seu etnocentrismo com a emergência de novas potências económicas mas também ideológicas.
Já não se trata de saber quem vai dominar o mundo, trata-se sim, de  saber como preservar o mundo na sua diversidade, e neste capítulo, o  mundo muçulmano vai ter de dar a sua contribuição. Este é a próxima  prioridade no seu processo de libertação.
http://nawaat.org/portail/2011/02/15/les-revolutions-arabes-ou-est-lislamisme/
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