quarta-feira, 24 de março de 2010

A eficácia dos antidepressivos é igual à do placebo.



Os antidepressivos da "geração Prozac" foram saudados como drogas milagrosas e propiciaram gigantescos lucros para a indústria farmacêutica.


Mas um novo e controverso estudo alega que esta geração de drogas, que em grande parte substituiu medicamentos mais antigos na década de 1990, têm efeitos pouco positivos para a grande maioria dos doentes que os usam.





Os antidepessivos têm resultados sobreponíveis ao do placebo!


Estes medicamentos são conhecidos como sendo do grupo de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

Muitos artigos publicados têm demonstrado que ISRS ajudam a aliviar a depressão. Mas os ensaios clínicos em que drogas falharam por vezes não aparecem nas revistas, um fenômeno chamado viés de publicação.

Estes ensaios negativos, entretanto, são enviados ao Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, e esta Agência também os avaliam quando da análise para a liberação de um novo medicamento.Irving Kirsch psicólogo da Universidade de Hull, no Reino Unido, usou dados do FDA para melhor avaliar os verdadeiros benefícios dos antidepressivos.Usando o Freedom of Information Act, Kirsch obteve do FDA a análise dos resultados para todos os ISRS aprovados.

Os antidepressivos de nova geração, como o Prozac e o Seroxat, não são mais eficazes do que placebos (comprimido de açucar) na maioria dos doentes de depressão, segundo um estudo da universidade britânica de Hull divulgado no dia 26 de fevereiro de 2008. Um estudo publicado em 2002 já tinha chegado às mesmas conclusões e foi muito criticado na altura. Este novo estudo, da autoria de Jay Fournier, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), veio confirmar o anterior.

"A diferença na melhoria entre os pacientes que tomam placebos e os que tomam antidepressivos não é significativa. Isso significa que as pessoas que sofrem de depressão podem passar melhor sem um tratamento químico", explicou o professor Irving Kirsch, do departamento de psicologia da Universidade de Hull.

Kirsch faz parte de um grupo de especialistas que analisou os dados publicados e não publicados - mas colocados à disposição de organismos certificados - relativos a 47 ensaios clínicos de inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRS), ou seja, antidepressivos da terceira geração.


Um negócio de milhões...


Estão neste caso os princípios activos de alguns dos antidepressivos mais prescritos como a fluoxetina (Prozac, da Lilly), venlafaxina (Efexor, da Wyeth) e a paroxetina (Seroxat, da GloxoSmithKline) .

Segundo o estudo, publicado pela revista especializada Public Library of Science-Medicine, os ISRS não são mais eficazes que placebos nas depressões ligeiras e na maior parte das depressões graves.

No caso das depressões muito graves, a diferença de resposta deve-se mais a uma menor reacção dos pacientes ao placebo do que a uma reacção positiva aos antidepressivos, segundo o estudo.

"Tomando por base estes resultados, parece não haver justificação para a prescrição de tratamentos antidepressivos, com a excepção das pessoas que sofrem de depressão muito grave, a menos que os tratamentos alternativos não tenham produzido melhoras", explicou Irving Kirsch.

O director-adjunto do Real Colégio de Psiquiatria, de Londres, professor Tim Kendall, considerou por seu turno estes resultados "fabulosamente importantes" e sublinhou "o perigo" de a indústria farmacêutica não publicar o conjunto dos dados à sua disposição.

Não existe qualquer prova científica que as pessoas deprimidas sofram de uma carência de serotonina, ou de qualquer outra disfunção ligada a esta substância e que precisam de um medicamento que tenha uma acção sobre ela para que passam a funcionar normalmente.
Antes da chegada dos ISRS no mercado, considerava-se que a depressão atingia 100 pessoas em cada milhão. Depois do lançamento desses medicamentos, calcula-se que são 50 000 a 100 000 pessoas por cada milhão, ou seja uma taxa 500 a 1000 vezes superior.
O facto é que antes da enorme publicidade promotora dos ISRS, considerava-se que a depressão era um problema que na maioria das vezes podia ser resolvido sem tratamento. Hoje em dia a pressão junto dos médicos para os prescrever é de tal ordem que quem não o fizer corre o risco de ser considerado negligente e até pode ser atacado no plano jurídico.
Após terem examinado mais de 200 estudos, o American College of Physicians, publicou em 2008 nos Annals of Internal Medicine, um artigo que além das depressões graves, os ISRS, chamados antidepressivos de segunda geração, não demonstraram qualquer vantagem em relação aos de primeira geração a não ser no custo mais elevado e nos numerosos efeitos secundários.
Em Portugal, a venda de antidepressivos aumentou mais de 80% nos últimos 6 anos. As vendas, só nos Estados Unidos, representam 7 mil milhões de Euros.


1 comentário:

  1. Isso é mentira, tomo Fluoxetina e não sei o que teria sido de mim sem esse eficaz medicamento. Só quem sofre e muito de depressão crõnica pode avaliar o alivio que Fluoxetina proporciona.
    Típica materia preconceituosa contra as doenças emocionais. Lamentável.

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