domingo, 1 de setembro de 2013

Síria: hipocrisia e banalização das guerras

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Antigamente, as guerras eram mais simples, tinham algo de inato: o mais forte atacava o mais fraco e pronto. 

Agora as guerras são uma espécie de telenovelas com antevisão dos próximos capítulos: a guerra será no próximo fim de semana. Não no próximo fim de semana não dá jeito porque os inspectores da ONU ainda estão no terreno. Vai então ser na quinta-feira, parece um bom dia. Não afinal não dá jeito porque temos que consultar o Congresso que está de férias e só volta na sexta-feira. Então será no fim de semana a seguir...




Uma guerra civil.


O que se passa na Síria é uma guerra civil (com ajuda externa é verdade) os países terceiros não têm de intervir. Bashar Al-Assad não é um santo, serão muito poucos os países que têm um santo a comandar os destino das suas nações, mas os "rebeldes" também não.


A Síria é composta por um mosaico religioso e étnico: sunitas, alauitas drusos e curdas. Apesar de minoritários (12% da população) estão no poder. Apesar de muitos sírios não gostarem de Bassar al-Assad, temem a subida ao poder dos radicais islâmicos.


Resultado disto tudo, Bassar al-Assad tem o apoio de perto de 40% da população. Com que direito moral o ocidente tem de intervir?



Um confronto regional sunita-xiita.


Os alauitas são xiitas, apesar das diferenças, muito os aproxima. Estes têm um grande poder no Líbano através do Hezbollah, e onde conquistaram o poder no Iraque graças aos americanos. Nesse campo, o Irão (xiita) tem uma grande influência e a prepotência dessa comunidade é mal aceita pelos sunitas (90% dos islâmicos). Se a Arábia Saudita e o Qatar apoiaram os rebeldes, não foi com intenção de promover a democracia, mas sim para depor um regime xiita aliado do Irão.


Nesse campo o ocidente não deve intervir. Claro que não é bem assim, vai defender os seus interesses instalados e apoiar os governos pró-americanos por eles instalados dados os negócios energéticos da região controlados por eles.



Os Estados Unidos em busca do domínio militar, sobretudo depois do "apagamento" do bloco russo, tenta impor a lei do mais forte. De facto, passando por cima de qualquer direito internacional, os Estados Unidos dominam pela força qualquer região mundial.


Dominada internamente pelo lobby sionista, apõem incondicionalmente o intruso Estado de Israel, que nenhum país árabe deseja, mas que é tacitamente tolerados pelas monarquias sunitas instaladas no poder pelos Estados Unidos que sustenta esses mesmos regimes apesar de atrasados, como é o caso da Arábia Saudita.


O Estado de Israel é apenas viável dentro deste contexto, o dia em que o castelo de cartas se desmoronar, ele cai. Alguns grandes lideres árabes tiveram essa visão, mas foram eliminados. Enquanto houverem poderes fantoches instalados no poder e aproveitarem os seus privilégios com a protecção americana, a situação irá manter-se, no dia em que os povos muçulmanos compreenderem a situação finda.


Resumindo, já não existem guerras como antigamente, pelo menos nessas sabíamos quem eram os bons e os maus. Agora temos guerras "limpas", "cirúrgicas", "humanitárias", tudo eufemismos para justificar as guerras, que por muito "limpas" que sejam implicam mortes.





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3 comentários:

  1. http://www.globalresearch.ca/chemical-hallucinations-and-dodgy-intelligence/5347508

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  2. Com que direito moral têm outros países que intervir? Arrepia-me essa lógica moral e individualista, despida de empatia. Que direito tem um indivíduo de intervir numa situação em que um criminoso tira a vida a outro? Como homem, repugna-me essa cognição. Como psicólogo, não há aqui espaço nem a privacidade que o assunto requer.

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  3. Manuel Leal,

    Colocado nos termos que refere, claro que perante um crime toda a gente tem o direito e o dever de intervir, perante uma situação óbvia em que alguém tira a vida a outro.

    Mas nesta situação parte do princípio que Bashar al-Assad é o mau e que os rebeldes são os bons. Não defendo Bashar al-Assad como sendo o exemplo do coitado invadido por forças estrangeiras. é um ditador como o seu pai o foi, mas não me revejo nos rebeldes como "inocentes" que pretendem salvar o povo das suas garras.

    Primeiro, não acredito que este último ataque tenha sido com armas químicas, muito menos sarim, porque terão de me explicar como é que é possível fazer reportagens nesses locais sem roupa especial.

    Segundo, parte do pressuposto que foi efectivamente o regime a perpretrar esses ataques, o que não é óbvio.

    Finalmente escolhe um campo esquecendo os inúmeros ataques "preventivos", "huaminitários e outros que mais não tinham que uma intenção de cobiça territorial, energética ou política.

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