Para além das querelas políticas, João Cordeiro (presidente da Associação Nacional de Farmácias) tem razão quando afirma que o Zebinix do laboratório Bial não apresenta nada de novo.
O Zebinix é um antiepiléptico investigado e produzido pelo laboratório português Bial. Começou a ser comercializado em Portugal em Abril deste ano, depois de já ter sido lançado em nove países europeus, sendo comparticipado em cinco.
O Zebinix tem como princípio activo o acetato de eslicarbazepina, ora esta molécula é muito semelhante aos já existentes no mercado como a carbamazepina (Tegretol) e sobretudo ao oxcarbazepina (Proaxen, Zigabal) do qual a eslicarbazepina é um metabolito. A vantagem do Zebinix é ser estar sob a forma de um acetato, o que permite ser rapidamente hidrolisada em eslicarbazepina.
Como podemos verificar, na representação molecular seguinte, as três moléculas são muito semelhantes:
Assim sendo, as vantagens do Zebinix sobre os outros dois medicamentos já comercializados em Portugal não é evidente e não podemos considerar a eslicarbazepina como um medicamento inovador.
A verdade, é que o Zebinix está a ser comercializado a um preço diário 10 vezes superior aos seus equivalentes.
O grupo Bial investiu mais de 300 milhões de euros nos últimos 15 anos na investigação do Zebinix, esperando um retorno do investimento depois de cinco a seis anos do início da comercialização.
A comercialização do Zebinix vai permitir à empresa triplicar a facturação para 450 milhões de euros nos próximos três a cinco anos.
A empresa já recebeu 170 milhões de euros pela concessão do direito de comercialização do fármaco às empresas Eisai e Sepracor, o que vai permitir a sua venda em 38 países.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1679385
http://www.pharmacorama.com/ezine/20090610100547.php
http://www.oje.pt/noticias/negocios/so-a-alemanha-e-a-dinamarca-aprovaram-comparticipacao-para-o-primeiro-remedio-portugues-o-zebinix
Parabéns pelo blog. Não posso deixar de comentar este seu post. Dizer que a vantagem da eslicarbazepina quando comparada com OXC é estar sobre a forma acetato, é sinal que não anda a ler a melhor literatura científica. Rapidamente, a eslicarbazepina, apesar de estruturalmente semelhante a CBZ e OXC permite toma única diária e fácil titulação, logo mais compliance dos doentes. Mais importante, apresenta um perfil de tolerabilidade superior e menos risco de efeitos secundários iatrogénicos, por ex., rash e hiponatrémia.
ResponderEliminarParece-me inovação suficiente e uma clara mais valia no armamentário antiepilético
Sugiro pesquisa no pubmed, alguns artigos independentes são free e bem mais fidedignos que JNs, pharmacoramas, ojes, cordeiros e afins.
Cumprimentos
Caro leitor,
ResponderEliminarTem toda a razão ao referir que, pela avaliação feita à eslicarbazepina, esta parece ter menos efeitos secundários. Além disso, ao que parece, existem menos interacções medicamentosas.
Contudo, permita-me discordar de si. Estas razões não são suficientes para a considerar uma molécula inovadora.
Tal como o lansoprazol, esomeprazol ou pantoprazol não representam uma inovação em relação ao omeprazol, apesar de terem menos interacções medicamentosas.
Quanto à questão das fontes independentes, que todos os médicos sabem serem difíceis de encontrar, as minha nunca foram o JN ou ANF, só as citei por serem as fontes que toda a gente lê nos média.
Considero o site Pharmacorama ou Prescrire como dignos de credibilidade, mas apesar de tudo, consulto sempre os artigos clínicos científicos de referência de onde têm origem.
Agradeço a sua sugestão em relação a pubmed.
http://en.wikipedia.org/wiki/Eslicarbazepine_acetate
ResponderEliminarPois é se fosse uma Glaxo, Uma MSD, uma Pfizer a afzer o lançamento deste novo e inovador farmaco...era uma festa pegada era mais uma grande noticia para toda a industria farmacêutica (se valhar o Sr Cordeiro iria ganhar mais algum por fora). Como é Português é o que se vê até um mero farmacêutico de vão de escada põe a boca no trombone só para dizer asneiras. Era bom isso sim que a PJ investigasse os lucros fabulosos desse Sr e de onde surgem. Quem paga o quê e a quem...
ResponderEliminarMas quando é que a eslicarbazepina foi considerada uma substância inovadora? Nem a EMA nem o Infarmed o fizeram...
ResponderEliminarAntes de criticarem, vejam o resumo da avaliação do Infarmed (http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_USO_AMBULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS/LISTA_RELATORIO_AVALIACAO_PEDIDOS/Zebinix_eslicarbazepina.pdf) ou da EMA (http://www.ema.europa.eu/docs/en_GB/document_library/EPAR_-_Public_assessment_report/human/000988/WC500047229.pdf).