quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guiné Equatorial: a agonia de um povo.






A Guiné Equatorial tem um território semelhante ao Alentejo, mas é o terceiro maior exportador de petróleo do continente africano. Para além disso, tem gás natural e outras riquezas escondidas no subsolo.


Apesar de ter o maior PIB per capita do continente africano, 77% da população continua a viver abaixo do limiar da pobreza.




Uma ditadura pouco falada nos média.



Este pequeno país com 650 mil habitantes viu a chegada ao poder de Teodoro Obiang, através de um golpe de Estado em 1979. Este acabou com o regime de terror do seu tio Macias Nguema, mas manteve o poder despótico, a corrupção excessiva e as violações dos direitos humanos.


Em 1991 Obiang introduziu formalmente o multipartidarismo; contudo, as eleições nunca foram livres. Os 13 partidos políticos autorizados eram formados por membros do governo.


O Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) sempre exerceu o monopólio absoluto sobre a vida política e económica do país. PDGE e os seus aliados obtiveram 99 dos 100 assentos no parlamento. Nas eleições presidenciais de Novembro de 2009, Obiang foi reeleito com 95,4% dos votos


O atual presidente, Teodoro Obiang foi eleito pela revista Forbes o oitavo governante mais rico do mundo. No ranking da corrupção da Transparência Internacional o país ocupa o 168º lugar, numa lista de 180 países.


A familia Obiang dedica-se a roubar as propriedades privadas sem pagar um centimo por elas. Os seus habitantes não dispõem de serviços sanitários, educação, segurança ou justiça. Por exemplo, só exite um hospital, em Malabo, e quem o quer utilizar terá de pagar a estadia e tratamento com antecedência e levar com ele todo: desde seringas, medicamentos, colchão e comida!


Teodoro Obiang (conhecido como "El Jefe") está rodeado de perigosos criminais que realizam detenções arbitrárias, torturas e assassinatos contra os seus opositores. Calcula-se que durante os seus 30 anos de mandato, foi exterminada 10% da população e muitos estão desaparecidos ou detidos ilegalmente.




Petróleo: razão de silêncio e complacência.


A Guiné Equatorial produz 400 000 barris de petróleo. Exporta 1 000 000 de metros cúbicos de madeira tropical por ano. A Guiné Equatorial é o maoir centro de tarfico de droga de àfrica.

A elite governante possui 98% da riqueza nacional, enquanto que 80% da população vive com menos de 20 euros por mês.



A intolerável entrada na CPLP


Os membros efectivos da CPLP são actualmente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Existem, além destes, três membros associados: Guiné Equatorial (línguas oficiais: Castelhano e Francês), Senegal (Francês), Ilhas Maurícias (Inglês).

A língua portuguesa, o principal critério da pertença à CPLP, é maltratada no contexto da adesão da Guiné Equatorial, onde as línguas oficiais são o castelhano e o francês, introduzido em 1998. Para poder ser membro da CPLP, a Guiné Equatorial teve de introduzir o português como terceira língua oficial. No caso do regime despótico de Obiang, esta introdução fez-se por decreto presidencial, impensável num país democrático.

A CPLP alega razões históricas que justificariam a adesão da Guiné Equatorial, visto que o território pertencia a Portugal até 1778. Contudo, menos a pequena ilha de Annobón (17 km²), durante 300 anos, nunca foi colonizado por Portugal.

O principal motivo da aproximação da CPLP da Guiné Equatorial não tem nada a ver com história nem língua, mas sim com o potencial económico. Em 2011 o país organizará a cimeira da União Africana e em 2012 realizará, com o Gabão, o Campeonato Africano das Nações, eventos que prometem aumentar os investimentos em infra-estruturas. Não admira que também empresas portuguesas e brasileiras queiram participar nas oportunidades de negócio. Espera-se que a integração na CPLP lhes facilite a competição pelos contratos lucrativos.

A solicitação de Obiang já tem o apoio do Brasil e dos países-membros africanos que esperam beneficiar da riqueza da Guiné Equatorial. Resta saber se Portugal estará também pronto a ignorar os próprios princípios da CPLP para aceitar a ditadura de Obiang no seio da comunidade lusófona. Uma vez integrada na CPLP qualquer influência sobre a ditadura na Guiné Equatorial é impossível, visto que outro princípio da comunidade é a não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado.

A Guiné Equatorial é vítima da maldição do petróleo, e como podemos imaginar, países como a China, os Estados Unidos ou a França farão todos os possíveis para manter no poder Obiang e assim garantir a manutenção das suas companhias petrolíferas.




1 comentário:

  1. Parabéns pela sua publicação .
    De uma olhada nessa petição e divulgue .

    Lutando e gritando pela democracia

    http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N2640

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