terça-feira, 6 de julho de 2010

Limpeza da maré negra da BP em condições escandalosas.







Uma das faces escondidas do derrame de petróleo da BP no Golfo do México é falta de condições de segurança dos trabalhadores de limpeza da maré negra. Substâncias nocivas para a saúde, equipamento inexistente, dispersantes perigosos,... tudo em nome do lucro.



Petróleo: um risco para a saúde.

Como já foi referido num artigo anterior, os seguros deverão cobrir praticamente a totalidade da limpeza da maré negra no Golfo do México. Neste campo os custos para a BP são mínimos No entanto é a BP que dirige as operações de limpeza, e como tal contratou os pescadores que ficaram sem trabalho para realizar esta tarefa. Estes receberam uma formação rudimentar e trabalham sem equipamento de segurança.


Esta maré negra é uma verdadeira "sopa" de químicos altamente tóxicos, provenientes do petróleo, benzeno, enxofre, sulfureto de hidrogénio,... agravado pelos dispersantes usados no seu combate. Muitos destes produtos nocivos, só terão efeitos visíveis para a saúde dezenas de anos mais tarde.


Rikki Ott, toxicologista que trabalhou em 1989 aquando da maré negra do Exxon Valdez, refere que a maioria dos trabalhadores que participaram na limpara adoeceram e que muitos têm agora uma incapacidade de 100% e uma esperança de vida diminuta.


Apesar das autoridades de saúde alertarem para a necessidade de "evitar qualquer contacto com o petróleo ou os dispersantes com a pele, as cavidades nasais e orais, e utilizarem fatos apropriados, mascaras , luvas e botas", poucos são os que têm acesso a esse material. Muitos pescadores não irão referir problemas de saúde, reconhecidos por a BP lhes ter oferecido trabalho.


Apesar de tudo são cada vez mais os casos de pessoas que se queixam de tosse, garganta irritada, dificuldade respiratória, náuseas, dores no peito, irritação ocular e dores de cabeça. De início os responsáveis da BP terão dito que se trataria de um intoxicação alimentar, isto ocorrendo em pessoas distantes de quilómetros!


Dispersantes: pior a emenda?

A empresa de limpeza, Boots & Coots, coincidentemente comprada uma semana antes da explosão pela Halliburton, responsável pela cimentação que terá estado na origem do acidente, utiliza sobretudo dois tipos de dispersantes: Corexit EC9527A e Corexit EC9500A. Estes são produzidos pela Nalco que tem uma ligação privilegiada com a BP. Assim fica tudo em casa.


Os dispersantes transformam o lençol de petróleo em pequenas gotas que ao contacto com as bactérias presentes no mar favoriza a sua degradação. O problema com estes dois dispersantes utilizados, é que são dos mais tóxicos e menos eficazes. O que para a BP tanto faz, dado que o objectivo é "esconder" a maré negra sendo que as gotículas são praticamente invisíveis e assim a BP não se verá confrontada com as imagens impressionantes dos lençóis de petróleo deste desastre ambiental.





quinta-feira, 1 de julho de 2010

Celebrex, Solexa, Arcoxia e Exxiv deveriam ser retirados do mercado.







Muita gente ainda se lembra da triste história do Vioxx (da Merck). Este anti-inflamatório da classe dos coxibs, apesar de numerosos estudos independente que apontavam para a sua grande toxicidade para o sistema cardiovascular, só foi retirado do mercado após ter sido apontado como o responsável nos Estados Unidos por cerca de 140 000 infartos dos quais muito mortais. Merck teve de pagar 5 mil milhões de Dólares de indemnizações às vítimas.








Não satisfeito, o laboratório Merck Sharp & Dohme lançou pouco tempo depois um novo anti-inflamatório da mesma classe, o Arcoxia (etoricoxib). Após o escândalo do Vioxx, a opinião pública americana tornou-se muito crítica em relação à indústria farmacêutica, a alguns médicos que a apoiam e às autoridades sanitárias que nos Estados Unidos é representada pela FDA. Este organismo, em 2007, recusou a introdução no mercado do Arcoxia por 20 votos contra um, dado que a FDA não via nenhuma vantagem neste produtos e que este expunha os pacientes a riscos cardiovasculares graves.




Em Portugal (e na Europa) este medicamento é comercializado e com ele outros da mesma classe terapêutica. No nosso mercado temos os seguintes anti-inflamatórios da classe dos coxibs:


- Celebrex (Pfizer) e Solexa (Medinfar), ambos celecoxibs,


- Arcoxia (MSD) e Exxiv (Bial), ambos etoricoxibs,


- Dynastat (Pfizer), um parecoxib, injectável de uso hospitalar, utilizado para o tratamento de curta duração da dor pós-operatória.



Os coxibs são utilizados em todo o tipo de dores: artroses, traumatismos, lombalgias,.. No artigo da revista "Prescrire", os autores após passarem em revista vários estudos clínicos concluem:


- os coxibs não são melhores na diminuição da dor do que o ibuprofeno, o naproxeno ou o diclofenac,


- os coxibs apresentam uma mortalidade total superior à do naproxeno, num estudo comparativo,


- os coxibs não apresentam uma diminuição do risco de perfuração, ulcera ou hemorragia digestiva, numa analise a longo prazo em 5441 doentes, - os coxibs representam um risco mais elevado de risco trombótico do que os outros anti-inflamatórios, em três estudos num total de 34701 doentes.








Resumindo, o aparecimento do coxibs no fim dos anos 90 não mostrou serem mais eficazes do que os anti-inflamatórios já existentes, não mostrou uma diminuição do risco digestivo e em contrapartida aumenta o risco cardiovascular. Como tal que dificilmente serão retirados do mercado, o que seria desejável, quando for necessário um medicamento para o alívio da dor deverá utilizar o paracetamol ou no caso de ter de escolher um anti-inflamatório, este deverá ser o ibuprofeno que tem um risco digestivo menor.