quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mali: uma guerra pode esconder uma outra

.







François Hollande com seis meses de antecedência, retractou a intervenção francesa no Mali como uma decisão de emergência em resposta aos acontecimentos dramáticos. Este esquema visa não apenas agarrar o ouro e urânio do Mali, mas também para abrir caminho à desestabilização da Argélia.


Diz-se que o apetite vem com o comer. Depois de ter recolonizado a Costa do Marfim e a Líbia, depois de ter tentado obter um porão na Síria, a França tem agora em mira o Mali, para atingir a Argélia pela retaguarda.


Durante o ataque à Líbia, os franceses e os britânicos fizeram amplo uso dos islâmicos para lutarem contra a estrutura do poder em Tripoli, uma vez que  os separatistas de Cyrenaica não tinham interesse em derrubar Muammar al-Gaddafi, assim que Benghazi se tornasse  independente.


Quando a Jamahiriya (Líbia) caiu, fui pessoalmente testemunhar a recepção dos líderes da AQMI (Al Qaeda do Mahgreb islâmico) pelos membros do Conselho Nacional de Transição no Hotel Corinthia, cuja segurança foi entregue a forças especiais britânicas que tinham vindo do Iraque para o efeito.





Ficou muito claro que o próximo alvo de colonialismo ocidental seria a Argélia, e que seria o AQMI a desempenhar o seu papel, mas na época eu não pude ver que o conflito poderia ser usado para justificar uma intervenção internacional. Paris imaginou um cenário em que a guerra entraria na Argélia através de Mali.


Pouco antes da captura de Tripoli pela NATO, os franceses conseguiram subornar os grupos tuaregues. Eles tiveram tempo de  lhes fornecer recursos abundantes e armas, mas já era tarde demais para desempenharem um papel no campo. Quando a guerra acabou, eles voltaram para o deserto.


Os tuaregues são um povo nómada que vive no deserto do Sahara central e nas fronteiras do Sahel, vasta área partilhada entre a Líbia, a Argélia, Mali e Níger. Enquanto tiveram protecção dos dois primeiros estados, foram ignorados pelos dois últimos. Como resultado, desde 1960, eles têm sido um desafio à soberania do Mali e do Níger nas suas terras. Logicamente, esses grupos, armados pela França, decidiram usar as suas armas para impor as suas demandas ao Mali. 


O MNLA (Movimento Nacional de Libertação do Azawad) tomou o controle sobre quase todo o norte do Mali, onde vivem. No entanto, um pequeno grupo de islamitas Tuareg, Ansar Dine, que está ligado à AQMI, aproveitou esta ocupação para impor a Lei sharia em algumas áreas.


No dia 21 de Março de 2012, um estranho golpe de estado foi perpetrado no Mali. Um misterioso grupo chamado CNRDRE (Comité Nacional para a Recuperação da Democracia e da Restauração do Estado) derrubou o presidente Amadou Toumani Touré, e declarou a sua intenção de restaurar a autoridade do Mali, no norte do país. Isto resultou numa grande confusão, já que os golpistas eram incapazes de explicar como as suas acções iriam melhorar a situação.


O derrube do presidente foi ainda mais estranho, uma vez que a eleição presidencial seria realizada dentro de cinco semanas. O CNRDRE é composto de oficiais treinados nos Estados Unidos. Pararam o processo eleitoral e entregaram o poder a um dos seus candidatos, que passou a ser o francófilo Dioncounda Traore. Este truque de prestidigitação foi legalizado pela CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados Africanos do Oeste), cujo presidente é  Alassane Ouattara,  colocado no poder na Costa do Marfim pelo exército francês um ano antes.


O golpe de Estado exacerbou  divisões étnicas no país. Unidades de elite do exército do Mali (treinado nos Estados Unidos), cujo comandante é um tuaregue, juntou-se a rebelião, levando com eles as suas armas e os seus equipamentos.


No dia 10 de Janeiro, Ansar Dine - apoiado por outros grupos islâmicos – atacou a cidade de Konna. De seguida, sai do território Tuareg  para espalhar a lei islâmica no sul de Mali. O Presidente da transição, Dioncounda Traore, declarou o estado de emergência e pediu à França  ajuda. Paris interveio na hora para evitar a queda da capital, Bamako. Clarividente, o Elysée já tinha posicionado tropas Mali: a Primeira  Infantaria de Pára-quedas  (“colonos”), 13 regimentos de pára-quedistas  Dragoon, helicópteros do COS (comando de operações especiais), três Mirage 2000D, dois Mirage F-1, três C135, um Hercules C130 e um Transall C160.


Na realidade, é altamente improvável que Ansar Dine representasse  uma ameaça real, já que as verdadeiras forças de combate não são islamitas, mas os nacionalistas tuaregues, que não têm ambições no sul de Mali.
A fim de realizar a sua intervenção militar, a França virou-se para um certo número de países para pedir apoio, incluindo a Argélia.  Arlgélia ficou encurralada – ou aceitava colaborar com o antigo poder colonial, ou corria o risco de um afluxo de islâmicos no seu território. Depois de alguma hesitação, concordou em abrir o espaço aéreo à aviação francesa.


Mas, então, um grupo islâmico não-identificado atacou um terminal de gás da British Petroleum no sul da Argélia, acusando Argel de cumplicidade com Paris no caso Mali. Uma centena de pessoas foram levadas como reféns, os quais não eram só argelinos e franceses. O objectivo deste ataque é claramente o de internacionalizar o conflito, transportando-o para a Argélia.


A técnica de intervenção francesa é uma cópia da implantada pela administração Bush: usar os grupos islâmicos para gerar conflitos, a seguir intervir e ocupar a área, sob o pretexto de restaurar a ordem. É por isso que a retórica de François Hollande pega na “guerra contra o terrorismo”, frase que tem sido abandonada por Washington. O habitual elenco de actores pode ser encontrado neste jogo, o Qatar comprou acções das grandes empresas francesas instaladas no Mali, e o emir do Ansar Dine tem laços estreitos com a Arábia Saudita.


O bombeiro incendiário também é um aprendiz de feiticeiro. A França decidiu reforçar as suas medidas antiterroristas, o «plano Vigipirate”. Paris não tem medo das acções dos militantes islâmicos do Mali em solo francês, mas do afluxo de jihadistas da Síria. Na verdade, ao longo dos últimos dois anos, o DCRI (Central Direcção de Inteligência Interior) favoreceu o recrutamento de jovens muçulmanos franceses para lutarem com o Exército de Libertação da Síria contra o Estado sírio. Desde que o SLA (Exército de Libertação da Síria) está em queda, estes djihadists estão actualmente a regressar à sua terra natal, onde poderão ser tentados, por solidariedade com Ansar Dine, a usar as técnicas terroristas que lhes foram ensinadas na Síria.




Tradução artigo Mali: One war can hide another
 
 
Publicado no blogue:

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sahel: alvo de todas as cobiças

.




Uma maldição parece ter-se abatido sobre os países do Sahel com uma instabilidade permanente na última década.

Petróleo, gás, ouro,urânio, diamantes, . . . são as razões da desestabilização dos países do Sahel, palco de tráficos de toda a espécie: tráfico de droga, tráfico humano, imigração clandestina e terrorismo.









Depois da desestabilização do Sudão, da Mauritânia, do Chade, do Níger e da Somália, chegou a vez do Mali.


A criação de um departamento dedicado ao Sahel e Oeste africano no seio da OCDE, revela a importância desta região do mundo, considerada o futuro quintal energético do capitalismo ocidental e podendo tornar-se em breve numa fonte energética tão importante como a do Média Oriente.


Os Estados Unidos e a União Europeia querem lançar mão sobre as riquezas do Sahel antes da China e da Índia. 


A estratégia é sempre a mesma, desestabilizar a região através de grupos terroristas armados e financiados pelos próprios países ocidentais para depois poderem apoiar as reivindicações de suposta ânsia de autodeterminação desse grupos e assim instalarem-se no terreno.


A Argélia tem neste cenário um papel fundamental. Com gastos militares seis vezes superior ao de todos os países do Sahel reunidos, a Argélia  poderia ser um catalizador para explorar, em conjunto com os vários países do Sahel, as riquezas desta região. Mas por essa mesma razão, e para que isso não aconteça, é que a Argélia poderá muito em breve ser palco de desestabilização por parte dos países ocidentais.



.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Utilize preferencialmente o açucar de mesa (sacarose)

.









A frutose conduz à obesidade.



A omnipresença de frutose nos alimentos poderá ser um dos factores da epidemia de obesidade verificada, nas últimas décadas, nas populações ocidentais.


Num estudo publicado este mês na revista "Journal of the Americain Medical Association" (JAMA), os investigadores constataram que contrariamente à glucose, a frutose interage nas regiões cerebrais que regulam o apetite.
A frutose estimula muito menos a produção de insulina que favoriza a saciedade, e por consequente, a vontade de comer.
A frutose está presente em numerosos alimentos industriais por ter um grande poder adoçante e por melhorar o aspecto e a textura dos alimentos cozinhados no forno. A frutose também está presente em inúmeras bebidas.

Os resultados deste estudo confirmam que a frutose favorece um maior consumo alimentar.



Os vários tipos de açucares e edulcorantes:


Açucares:

A sacarose é o açúcar de mesa utilizado habitualmente, é extráido da beterraba ou da cana de açúcar. Quimicamente é uma mistura de glucose e de frutose.

A glucose é um açúcar presente na fruta, tem um poder adoçante inferior à sacarose.

A frutose está presente na fruta e no mel, tem um poder adoçante superior à sacarose e à glucose, o que permite a sua utilização em menor quantidade para um poder adoçante equivalente.



Edulcorantes:

Fornecem uma sensação adoçante intensa, não têm nenhuma caloria e não têm impacto na glicémia.


Químicos: 

O aspartano, foi criado em 1965 pela empresa americana G.D. Searle & Company, comprada posteriormente pela Monsanto. Tem um poder adoçante 200 vezes superior à sacarose. É largamente utilizado nas bebidas.

O acessulfano de potássio (descoberto em 1967)

O ciclamato de sódio (1937)

A sacarina (1879, derivado do petróleo)


Naturais:

A taumatina (extraído de uma planta, 2000 vezes mais adoçante do que a sacarose)

O neohesperidin (extraído de um citrino, 1800 vezes mais adoçante do que a sacarose)

A sucralose (descoberto em 1976, derivado da sacarose, 600 vezes mais aduçante)

A rebaudiose (extráido da planta stevia)

Os álcoois de açúcar (não são açúcares nem substâncias alcoólicas, no sentido comum do termo):
Sorbitol, Manitol, xilitol, Lactitol,...






Cuidado com as pastilhas elásticas sem açúcar.


Nas pastilhas elásticas sem açúcar, este é substituído por sorbitol. Este edulcorante diminui a absorção intestinal, tendo assim um efeito laxante. Em certos indivíduos, basta um consumo diário de uma caixa de vinte pastilhas elásticas para provocar efeitos secundários graves como diarreias, perda de peso e perturbações nutricionais.





Edulcorantes e doenças.


Como já vimos, o uso intensivo de edulcorantes, sobretudo nas bebidas gasosas dietéticas, poderá estar na origem do incremente da obesidade verificada nestes últimos anos. O seu uso também pode produzir alterações metabólicas, hipertensão, doenças cardíacas e diabetes.

No caso do asparatano, este pode aumentar o risco de cancro, em especial o do pulmão e do fígado, e até poderá estar na origem de um maior risco de parto prematuro. 




.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Manipuladores: armadilha silenciosa









Na vida sentimental existem manipuladores dotados da capacidade de ouvir os outros e de manter um diálogo de charme para armadilhar as suas presas. Os manipuladores fazem apelo ao que de mais profundo existe no ser humano: os sentimentos, o medo e a esperança. As técnicas não diferem muito das utilizadas na manipulação política, religiosa ou pseudo-científica.



Manipulador:
Pessoa que explora a boa-fé de alguém para com isso obter ganho ou vantagens (dinheiro, prestígio), fingindo ou aparentando ter qualidades ou habilidades que na verdade não possuem.






Técnicas que funcionam.



As vítimas são frequentemente pessoas psicologicamente debilitadas, que atravessam uma fase de insatisfação ou que aspiram a uma vida melhor. O predador sabe ouvi-las, obtendo assim dados da vítima através de uma conversa hábil, oferecendo-lhe a promessa de obtenção do que elas desejam.


Os manipuladores alimentam as suas vítimas com esperança. Sedutores natos, bons faladores, aprisionam a vida das suas presas numa teia alimentada, dia após dia, com a ajuda inconsciente das suas vítimas que vão fornecendo dados sobre as suas ânsias, os seus medos, as suas fragilidades e a vida a que aspiram.


A insatisfação social, profissional ou familiar, com os respectivos sintomas de depressão ou ansiedade, tornam as vítimas vulneráveis. Esses períodos são verdadeiros oásis para os predadores. Vendedores de esperança, representam igualmente uma quebra na monotonia do casal.




Existem várias espécies de manipulações:



O aldrabão:
O único objectivo é o lucro, aproveita-se da situação e da vulnerabilidade de uma pessoa para a levar a atingir os seus objectivos, que podem ser sentimentais, políticos, religiosos ou monetários.

O bruto: 
É aquele que tem certos problemas psicológicos, com personalidades perversas, narcisistas ou psicopáticas e que gosta de controlar os outros. Gosta de uma relação perversa com dependência afectiva e controlo da vítima.


O bom:

Contrariamente aos anteriores, este manipulador acredita nos seus bons sentimentos, apresar de não ser detentor de qualquer verdade, acredita que pode mudar o mundo ou as pessoas que o rodeiam.

 


As presas:



Tanto o homem como a mulher podem ser vítimas, habitualmente de um manipulador de sexo oposto. Na nossa sociedade baseada no domínio masculino, é muito fácil um bom falante retribuir às mulheres o que estas estão à espera: confiança, lugar social, compreensão, esperança e sexo. No fundo, tudo a que têm direito mas que a sociedade desigual não lhes concede. Por seu turno, o homem é frequentemente atraído pelo aspecto físico e sexual da manipuladora, sendo que aqui as promessas sociais são menos habituais.

 
O principal problema da presa é a perda de confiança em si, na sua relação com os outros e nos seus objectivos de vida. O manipulador inicialmente fascina, depois desvaloriza a sua vítima, ocupa pouco a pouco lugares vazios que sabe ocupar, os sinais de alarme que podem existir em relação ao manipulador são minimizados pela presa.




Existem vários critérios para desmascarar os manipuladores:


 - culpabilizam os outros, em nome de uma qualquer ligação sentimental, de amizade, de amor, ou de consciência profissional,

- colocam a responsabilidade nos outros, demitindo-se das suas próprias responsabilidades,

-  não comunicam claramente as suas opiniões, sentimentos ou necessidades,

-  respondem de uma maneira geral de forma muito vaga,

- emitem opiniões em função das pessoas e situações presentes,

- evocam razões lógicas para disfarçarem os seus pedidos,

- evocam que cada um deve ser perfeito,

- duvidam da capacidade dos outros, das suas competências, desvalorizando-as,

- transmitem as mensagens e opiniões através de outra pessoa,

- criam conflitos fictícios para criar confusão, dividir para reinar,

- colocam-se sempre no papel vítima para serem objecto de compaixão,

- não responde à questões essenciais, apesar de dizerem estarem a tratar delas,

- utilizam os princípios morais dos outros para atingirem os seus fins,

- utilizam a ameaça, mesmo quando disfarçada, para chegarem seus objectivos,

- mudam frequentemente de assunto quando não lhes interessa,

- apostam na ignorância dos outros em certos assuntos para mostrarem a sua superioridade,

- mentem,

- utilizam factos falsos para afirmarem as suas ideias que dizem verdadeiras,

-  são egocêntricos,

- podem ser ciumentos,

- não suportam as críticas e negam as evidências,

- não têm em conta os direitos, as necessidades e os desejos dos outros,

- utilizam o último momento para ditarem ordens ou fazerem com que outro tome decisões,

- os seus discursos parecem lógico e coerente apesar das suas atitudes parecerem o contrário,

- lisonjeiam e oferecem prendas,

- colocam no outro um sentimento de mau-estar e de não liberdade,

- são eficazes para atingirem os seus objectivos em detrimento dos outros,

- obrigam o outro a fazer coisas que provavelmente em circunstâncias normais não o teria feito,

- são objecto das conversas, mesmo quando ausentes.






.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Karachi: a cidade mais perigosa do mundo






Karachi, Paquistão, 18 milhões de habitantes, a terceira mais povoada do mundo, 32 milhões daqui a 15 anos, capital económica, 50% de desemprego jovem, 8 crimes diários, paraíso do terrorismo, polícia ineficaz e corrupta, sistema judiciário corrupto, partidos políticos corruptos, 24% da população consumidora de heroína, tráfico armas, conflitos étnicos e religiosos, máfias que controlam bairros inteiros; bem-vindo ao inferno.








Uma cidade desmesurada.



De 2 milhões de habitantes nos anos 50, a população actual ultrapassa os 18 milhões, 32 milhões daqui a quinze anos. Esse aumento deveu-se muito à emigração, particularmente depois da divisão da Índia em 1947 com a chegada de muçulmanos de língua urdus, mas também de pachtuns fugindo o Afeganistão.


Mais de 90% da população é muçulmana, a grande maioria sunita, mas também tem um grande grupo xiita, e uma pequena minoria de cristãos, menos de 2%. Juntando a isso, os números clãs tribais, temos então um cocktail explosivo marcado pelas rivalidades, sinónimo de violência e ajustes de contas sem fim à vista.


No entanto, Karachi também é a principal região económica do país: 33% da indústria, 26% do comercio, 61% da actividade bancária e também onde reside a alta burguesia que vai fazer compras a Londres e envia os seus filhos estudar nas melhores universidades americanas.







Quando islamismo rima com repressão.



Com mais de 90% da população muçulmana, insultar o profeta  maomé é um blasfema com direito à pena de morte. Este facto é utilizado pelas autoridades paquistanesas para pressionar as minorias religiosas. Mas, para além disso, a morte está presente em cada esquina dessa cidade, só em 2012, 2200 pessoas foram assassinadas nas suas ruas. A morte por ajuste de contas étnicas, religiosas ou mafiosas tornou-se banal.


A politização das forças policias e o laxismo do sistema judiciário fomenta a violência. Quanto os suspeitos são presos, são mortos pelas forças da ordem ou caminham para processos jurídicos sem fim, onde as testemunhas recusam participar por medo de represálias. Na maioria dos casos são libertados por falta de provas.


Os partidos políticos controlam grupos armados e controlam grande parte do crime organizado que encomenda o assassinato dos opositores, sendo as principais vítimas membros do partido oposto. Qualquer pessoa pode comprar uma arma que chegam sem qualquer controlo ao porto de Karachi.







O paraíso dos criminosos.



Karachi tornou-se assim o paraíso dos criminosos, dos gangues, de várias máfias que vivem do rapto, tráfico de armas e heroína, mas também dos talibãs na sua luta contra o ocidente. Mais de uma centena de navios aportam em Karachi, abastecendo a cidade e o país em toda a espécie de contrabando. Do porto também se pode embarcar sem qualquer controlo para qualquer país próximo. Milhões de dólares são aí transferidos para qualquer parte do mundo.


Nestas condições, a população miserável torna-se um alvo fácil de manipulação, em particular a religiosa. As mesquitas e madrassas abundam, e é possível "comprar" um atentado suicídio por apenas 220 euros.







A elite diverte-se.



Karachi também é a cidade mais liberal do Afeganistão, nos bairros ricos, protegidos por altos muros e uma guarda armada, os mais abastados fazem uma vida ao estilo europeu, as mulheres não usam véu, promovem desfiles de moda e organizam festa sumptuosas onde as drogas e o álcool, proibido pelo islão, é consumido sem moderação.


Esta elite utiliza o inglês e os filhos frequentam escolas inglesas: Saint-Patrick, Saint-Joseph e sobretudo a prestigiada escola Karachi Grammar School.


Fundada em 1847 pela igreja inglesa, para as crianças dos oficiais das forças armadas na Índia, associada à universidade de Cambridge, a Grammar School, está no mesmo patamar que as melhores escolas inglesas, os país pagam 240 euros por trimestre, país onde o ordenado médio de um operário no Paquistão é de 35 euros.


As pessoa da alta sociedade frequentam os bairros chiques de Karachi, deslocam de carro e na maioria dos casos, um segurança senta-se ao lado do condutor, viajando a família nos bancos de trás. Mas na maioria dos casos, organizam festas particulares em casa de um deles, o que permite consumir álcool, proibido nos cafés e restaurantes desde o fim dos anos 70.








Interesses estratégicos dos USA e tráfico de droga.



Há 30 anos, o Paquistão era um ponto nevrálgico na defesa dos interesses do Estados Unidos contra o Afeganistão, que o financiaram e armaram, nessa altura as armas proliferavam.
Ainda agora, a "missão" da NATO no Afeganistão seria impossível sem o porto de Karachi, onde 80% do armamento com destino ao Afeganistão passa por Karachi.


O tráfico de droga serve para financiar parte do projecto da NATO e no recrutamento de rebeldes para atacar os postos fronteiriços com a Índia. A droga está a destruir o pouco que ainda resta de Karachi, é o próprio estado com os seus agente que controlam o seu tráfico. Muitos bairros forram construídos com o dinheiro da droga, a maioria dos bancos paquistaneses estão implicados directa ou indirectamente com o tráfico de droga.


A NATO e a CIA necessitam da droga produzida no Afeganistão e norte do Paquistão para se financiarem, e o mundo ocidental precisam dessa droga para se abastecer, sendo que as principais vítimas da violência em Karachi, não são os atentados mediáticos atribuídos aos extremistas, que abram os telejornais, as principais vítimas são os seus próprios habitantes sem qualquer solução para os problemas diários que enfrentam que para além de um problema étnico e religioso estão confrontados com domínios territoriais económicos mafiosos.






.