sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As bebidas alcoólicas reduzem o risco de doenças cardiovasculares.






Desde há muitos tempo que o consumo de bebidas alcoólicas está associado a acidentes de viação, delinquência, violência familiar e doenças. Poucos são os artigos e estudos que falam dos seus benefícios, e no entanto eles existem.


Não se trata aqui de promover o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, mas de desvendar o proveito do seu consumo moderado na redução do risco cardiovascular.



Dados:



Vários estudos clínicos e epidemiológicos comprovam que a ingestão regular de bebidas alcoólicas reduz a incidência de doenças cardiovasculares e de vir a desenvolver diabetes.


Alguns estudos observam este efeito preferencialmente com a ingestão de vinho, sobretudo vinho tinto, mas de uma maneira geral tais efeitos também se observam com a ingestão de cerveja, e até whisky.


Nos indivíduos com enfarte agudo do miocárdio recente, os que consumiam 2 a 4 copos de vinho por dia apresentaram reduções na ordem dos 50 a 60% no risco de recorrência da doença coronária.


A ingestão de bebidas alcoólicas também reduz o risco de diabetes tipo 2 em 20 a 40% e o de desenvolver hipertensão arterial.





Quanto à quantidade ideal para tais profilaxias, os vários estudos apontam para uma ingestão diária de álcool de 10 a 30 gramas, correspondente a 150 a 200 ml de vinho e cerca de 500 ml de cerveja. Alguns estudos preconizam até 60 gramas diários de álcool.







Mecanismo de acção:





O consumo de álcool promove um aumento significativo no organismo do colesterol HDL (o "bom" colesterol). Alguns estudos referem que cada mg de aumento do HDL reduz de 2% a 3% o risco de vir a sofrer de doenças cardiovasculares. A ingestão diária de 1ml por quilo de peso aumenta o HDL em 18%.


A ingestão de álcool também aumenta a sensibilidade à insulina o que conduz a um menor risco de vir a desenvolver diabetes.


As bebidas alcoólicas possuem compostos que têm efeitos anti-oxidantes e anti-inflamatórios e que poderão ser responsáveis pelas suas propriedades anti-aterogénicas e consequente diminuição do risco de desenvolvimento da aterosclerose.


Este texto foi baseado no excelente artigo do Dr. José Manuel Pereira de Moura, publicado na revista "Factores de Risco", nº18, Julho/Setembro 2010. Nele podem ser encontradas todas as numerosas referências aos respectivos estudos clínicos no qual este foi fundamentado.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ginásios: IVA a 23%

A Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP) calcula que o aumento do IVA (para 23%) vai reduzir em 15% a frequência destes espaços.



Segundo a associação, o sector será obrigado a despedir cerca de 2.850 trabalhadores, que poderão passar para o Sistema de Apoio Social do Estado, gerando uma despesa de 17 milhões de euros.
Ora a receita prevista de nove milhões de euros com os cerca de 600.000 praticantes nos ginásios privados vai esbater aquele impacto. No entanto, o resultado final são gastos de oito milhões de euros para os cofres do Estado.


Um exagero nas contas da AGAP.


Temos pena, deste sector, mas quando o IVA passou de 21% para 5% em janeiro de 2008, foram esses mesmos ginásios que transformaram a redução de imposto em aumento das suas margens de lucro.


Efectivamente, quando o estado desceu a taxa de IVA de 21% para 5% para incintivar a prática desportiva, várias foram as queixas apresentadas aos vários ginásios por não comprirem a lei. O Holmes Place, por exemplo, uma das maiores redes de ginásios em Portugal, quando confrontado com tal facto, inventou uma sobretaxa de "actividade em grupo", não prevista nas condições contratuais para absorver a descida do IVA.


Na altura, o Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, disse que os ginásios iriam ser investigados para garantir que não havia cartelização no sector, já que a descida do IVA não tinha provocado uma baixa generalizada no preço das mensalidades.


Disse ainda que "Temos consciência que o mercado dita as suas regras e uma das regras é a fixação livre de preços, que tem a ver com a sã e livre concorrência. Mas algumas práticas que detectámos não correspondem a essas regras". O secretário de Estado queria ainda que fosse fiscalizada a real aplicação da taxa de IVA, para que seja confirmado se estava ou não a haver uma "correspondência fiscal ao definido".


Algum houviu falar das conclusões dessas investigações por parte da ASAE?


Pois bem, quanto à suspeita de cartelização, como habitualmente nestes casos, a resposta é que não foi possível chegar a tal acusação.


Quanto às reclamações da não descida do preço, a ASAE encaminhou o processo para a DGCI-Inspecção Tributária, por não ter competência para analisar as reclamações. Este organismo nunca divulgou as sua sconclusões.



É verdade que devido à situação de crise que vivemos em Portugal, poderá haver uma ligeira quebra na frequência dos ginásios, mas a maioria dos utilizadores desses ginásios pertencem à classe média e média-alta e o aumento do IVA poderá não se fazer sentir quanto ao número de frequentadores. De referir que na União Europeia os preços praticados são muitissimo mais baixos.



Uma chamada de atenção pertinente, se é verdade que o IVA de todos os serviços de actividades de prática desportiva, como os ginásio, vai subir para 23%, de fora ficam os espectáculos, as provas e manifestações desportivas (por ex., um jogo de futebol) ou outros divertimentos públicos que continuam com a taxa antiga. Porquê?






Por fim, e para evitar surpresas, a DECO recomenda que antes de se inscriver num ginásio:


- faça uma lista de ginásios e compare serviços, preços e instalações;
- se lhe oferecerem condições especiais extra-contrato, exija-as por escrito;
- veja se pode cancelar sem ser penalizado, em caso de doença. Por vezes, obrigam a um período de fidelização;
- esteja atento a renovações automáticas que o comprometem por um tempo fixo;
- peça cópias do contrato ou regulamento.



http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=13&id_news=145847

http://www.uwu.pt/noticias/detalhe.php?id=414

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como tornar um medicamento rentável.








A propósito da retirada do mercado da rosaglitazona (Avandia, Avandamet) é interessante lembrar como foi possível colocar no mercado uma molécula sem grande interesse terapêutico e torná-la num medicamente altamente rentável.





O percurso de uma medicamento...



O laboratório farmacêutico que propõe uma nova molécula, tem que reunir um dossiê e submete-lo às autoridades administrativas competentes. Estas são a EMEA, a INFARMED (em Portugal), a AFSSAPS (em França), a FDA (nos Estados Unidos), etc.


Quando um medicamento novo é colocado no mercado, este vai ser caro, dado que foi o culminar de uma investigação dispendiosa, apesar do seu interesse terapêutico poder ser limitado e fundado sobre critérios indirecto de substituição.


Uma vez comercializado, pode vir a ser alvo de estudos clínicos que colocam dúvidas quanto ao seu risco/benefício. O laboratório que o produziu continuará a dizer junto dos médicos, através sobretudo dos delegados de informação médica, que este é seguro e que os artigos que suspeitam do medicamento estão a exagerar.



Quando através da farmacovigilância se chega à conclusão que existem cada vez mais efeitos secundários referenciados, coloca-se a questão da sua eventual retirada do mercado. Mas inicialmente ele não é retirado do mercado; em contrapartida, vão-se colocar na bula do medicamento sucessivas "precauções" no seu uso, muitas delas impossíveis de por em prática por parte do médico.Entretanto a promoção desse medicamento continua.



Por fim, quando os estudos clínicos desfavoráveis são demasiado numerosos para serem escondidos, e muitas vezes após a morte de vários doentes, o medicamento é finalmente retirado do mercado.




Como limitar os "novos" medicamentos?




A questão pertinente é: será possível limitar a saída de "novos" medicamentos que não apresentam um valor terapêutico real?

Será, para isso, necessário criar novas comissões ou aumentar o número de especialistas?


Não, estas comissões já existem em número suficiente e os especialistas também. Trata-se na realidade de uma questão de bom senso, que assentam em regras simples de política geral. Por exemplo não julgar uma nova molécula apenas com critérios de substituição, mas sim baseados em parâmetros clínicos fundamentados em tempo suficiente de observação. Isto claro, nas moléculas que não aparentam apresentar um tratamento inovador inquestionável.


Isto não será possível enquanto as relações entre a indústria farmacêutica e as agências governamentais forem promíscuas. Actualmente essas relações são de tal forma complexas e intricadas à escala nacional e internacional, que é difícil as coisas mudarem.


Esta situação faz com que a indústria farmacêutica, perante a dificuldade de verdadeira inovação, se contentem em colocar no mercado moléculas parecidas com as já existentes ou sem valor terapêutico. A guerra depois é feita ao nível da promoção do "novo" medicamento junto da classe médica, que devido a ausência de formação contínua, absorve e acredita no que os laboratórios lhes transmitem.


Quando as agências governamentais retiram do mercado um medicamento, dizem-nos que isso é a prova da sua eficácia, quando na maioria das vezes trata-se da correcção de um erro que poderia ter sido evitado.


Octopus

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guiné Equatorial: a agonia de um povo.






A Guiné Equatorial tem um território semelhante ao Alentejo, mas é o terceiro maior exportador de petróleo do continente africano. Para além disso, tem gás natural e outras riquezas escondidas no subsolo.


Apesar de ter o maior PIB per capita do continente africano, 77% da população continua a viver abaixo do limiar da pobreza.




Uma ditadura pouco falada nos média.



Este pequeno país com 650 mil habitantes viu a chegada ao poder de Teodoro Obiang, através de um golpe de Estado em 1979. Este acabou com o regime de terror do seu tio Macias Nguema, mas manteve o poder despótico, a corrupção excessiva e as violações dos direitos humanos.


Em 1991 Obiang introduziu formalmente o multipartidarismo; contudo, as eleições nunca foram livres. Os 13 partidos políticos autorizados eram formados por membros do governo.


O Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) sempre exerceu o monopólio absoluto sobre a vida política e económica do país. PDGE e os seus aliados obtiveram 99 dos 100 assentos no parlamento. Nas eleições presidenciais de Novembro de 2009, Obiang foi reeleito com 95,4% dos votos


O atual presidente, Teodoro Obiang foi eleito pela revista Forbes o oitavo governante mais rico do mundo. No ranking da corrupção da Transparência Internacional o país ocupa o 168º lugar, numa lista de 180 países.


A familia Obiang dedica-se a roubar as propriedades privadas sem pagar um centimo por elas. Os seus habitantes não dispõem de serviços sanitários, educação, segurança ou justiça. Por exemplo, só exite um hospital, em Malabo, e quem o quer utilizar terá de pagar a estadia e tratamento com antecedência e levar com ele todo: desde seringas, medicamentos, colchão e comida!


Teodoro Obiang (conhecido como "El Jefe") está rodeado de perigosos criminais que realizam detenções arbitrárias, torturas e assassinatos contra os seus opositores. Calcula-se que durante os seus 30 anos de mandato, foi exterminada 10% da população e muitos estão desaparecidos ou detidos ilegalmente.




Petróleo: razão de silêncio e complacência.


A Guiné Equatorial produz 400 000 barris de petróleo. Exporta 1 000 000 de metros cúbicos de madeira tropical por ano. A Guiné Equatorial é o maoir centro de tarfico de droga de àfrica.

A elite governante possui 98% da riqueza nacional, enquanto que 80% da população vive com menos de 20 euros por mês.



A intolerável entrada na CPLP


Os membros efectivos da CPLP são actualmente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Existem, além destes, três membros associados: Guiné Equatorial (línguas oficiais: Castelhano e Francês), Senegal (Francês), Ilhas Maurícias (Inglês).

A língua portuguesa, o principal critério da pertença à CPLP, é maltratada no contexto da adesão da Guiné Equatorial, onde as línguas oficiais são o castelhano e o francês, introduzido em 1998. Para poder ser membro da CPLP, a Guiné Equatorial teve de introduzir o português como terceira língua oficial. No caso do regime despótico de Obiang, esta introdução fez-se por decreto presidencial, impensável num país democrático.

A CPLP alega razões históricas que justificariam a adesão da Guiné Equatorial, visto que o território pertencia a Portugal até 1778. Contudo, menos a pequena ilha de Annobón (17 km²), durante 300 anos, nunca foi colonizado por Portugal.

O principal motivo da aproximação da CPLP da Guiné Equatorial não tem nada a ver com história nem língua, mas sim com o potencial económico. Em 2011 o país organizará a cimeira da União Africana e em 2012 realizará, com o Gabão, o Campeonato Africano das Nações, eventos que prometem aumentar os investimentos em infra-estruturas. Não admira que também empresas portuguesas e brasileiras queiram participar nas oportunidades de negócio. Espera-se que a integração na CPLP lhes facilite a competição pelos contratos lucrativos.

A solicitação de Obiang já tem o apoio do Brasil e dos países-membros africanos que esperam beneficiar da riqueza da Guiné Equatorial. Resta saber se Portugal estará também pronto a ignorar os próprios princípios da CPLP para aceitar a ditadura de Obiang no seio da comunidade lusófona. Uma vez integrada na CPLP qualquer influência sobre a ditadura na Guiné Equatorial é impossível, visto que outro princípio da comunidade é a não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado.

A Guiné Equatorial é vítima da maldição do petróleo, e como podemos imaginar, países como a China, os Estados Unidos ou a França farão todos os possíveis para manter no poder Obiang e assim garantir a manutenção das suas companhias petrolíferas.




segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O que esconde a sua factura de electricidade !



Portugal é dos países da União Europeia com preços de energia mais elevados, tendo em conta o poder de compra das famílias.



No entanto a electricidade vai sofrer, em 2011, um novo aumento de 3,8% que se traduzirá na realidade num aumento total de 4,7% da sua factura.



De onde vem este valor tão elevado? O que esconde a sua factura de electricidade?









Electricidade cada vez mais cara - EDP cada vez mais lucros.











A electricidade é 23% mais cara em Portugal do que em Espanha


Enquanto os preços médios na UE-27 baixaram 1,5%, em Portugal registaram um aumento de 4,5% em 2009.


Apesar dos lucros de cerca 1.100 milhões de Euros em 2009, a EDP vai aumentar os preços da electricidade em 3,8% em 2011, muito acima da inflação prevista. Na realidade a subida da factura chegará aos 4,7% com a contribuição audiovisual.


Para ficar claro os interesses que a ERSE está a defender, interessa referir que no fim de 2008, segundo o Relatório e Contas da EDP (pág.156), 49% do capital desta empresa estratégica já estava nas mãos de accionistas no estrangeiro (Espanha: 15%; Inglaterra:13%; Resto da Europa: 12%; EUA 9%). E, internamente, alguns dos principais accionistas são grandes grupos económicos (BCP com 3,39% do capital; BES: 3,05%; José de Mello com 4,82%).



E segundo o artº 67º do EBF, que o governo de Sócrates se tem recusado continuamente a alterar, 50% dos dividendos distribuídos aos seus accionistas por empresas que foram privatizadas (e a EDP é uma delas) estão isentos do pagamento de IRS e de IRC, enquanto os rendimentos do trabalho estão sujeitos a impostos elevados. Como refere Eugénio Rosa: "os comentários parecem ser desnecessários".



Se somarmos os lucros líquidos da EDP nos últimos 5 anos e 9 meses, eles totalizam 5.399,1 milhões de euros a preços correntes (a preços actuais são muito superiores), o que mostra, por um lado, que o Estado perdeu uma fonte importante de receitas com a privatização da EDP; por outro lado, que a EDP privatizada se transformou num instrumento importante de exploração dos consumidores e de acumulação dos lucros para os seus actuais proprietários





Uma sanguessuga chamada RTP.




Se pegar na sua factura de electricidade, pode constar o valor pela contribuição audiovisual (antiga taxa de radiodifusão), serve para financiar o serviço público de radiodifusão e televisão e é cobrada indirectamente através da factura da electricidade.




(Neste caso o valor corresponde a dois meses)


A contribuição audiovisual, paga nas facturas eléctricas, vai disparar 29% para 2,25 euros, segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2011.
Os consumidores de electricidade vão assim pagar mais para financiar a RTP para compensar os cortes de indemnizações compensatórias para a televisão pública.
Ordenados acima da média para as mesmas funções, mau serviço público, défice financeiro crónico, uma medida que seria bem-vinda.




As insustentáveis energias renováveis.



Integrado nas negociações para a criação do mercado ibérico de energia (Mibel), o mecanismo de garantia de potência é uma velha reivindicação da indústria, a qual reclamava um tratamento idêntico ao praticado do outro lado da fronteira, onde chegou a pesar 1,2 mil milhões de euros.


Os Governos de Portugal e de Espanha acordaram harmonizar a aplicação dos mecanismos de garantia de potência a adoptar para cada um dos sistemas ibéricos tendo em consideração as especificidades próprias de cada sistema.

A medida responde a preocupações manifestadas ao governo pelas eléctricas quanto à rentabilidade destas barragens, que mais que gerarem energia têm a função de estabilizar o efeito das renováveis no sistema eléctrico.


Pode verificar no rodapé da sua factura: " o valor indicado inclui os custos relativos ao uso das redes e os custo de interesse económico geral que decorrem de medidas de política energética". Estes somam mais de 50% do valor total.






O solar e as eólicas são, em parte, os responsáveis por termos de pagar a electricidade tão cara. Era bom que os portugueses percebesem bem para onde vai o que pagam na factura eléctrica.


O mecanismo de garantia de potência deve-se ao desastroso investimento anti-económico na energia eolica. No passado não havia nenhum mecanismo de "garantia de potência" porque uma central convencional não pára. E as empresas investem em centrais maiores que as necessidades porque a diferença entre altos e baixos é menor.Ora com as eolicas se não houver vento capaz, milhões de euros de torres eolicas ficam paradas sem fazer nada. Logo é preciso ter uma alternativa com mais milhões de Euros investidos.


Por falta de vento, as eólicas só conseguem produzir electricidade em 30% da sua “capacidade” instalada, há a necessidade de investir em centrais “tradicionais” para acorrer à satisfação da procura de electricidade sempre que as eólicas não funcionem.
Este sobrecusto (de investimento) da factura eléctrica decorrente da intermitência das eólicas (e das solares) soma-se ao sobrecusto, também de investimento, para acorrer à sobreprodução das eólicas, ou seja, nas verbas aplicadas na construção de albufeiras dotadas de equipamento de bombagem que armazenam a energia produzida (sob a forma de água) quando ela não é necessária (perdendo 25% no processo).


A EDP Renováveis aumentou em 32% a sua produção de electricidade durante o primeiro semestre de 2010, face a igual período do ano anterior.


Portugal propôs-se a, em 2010, dispor de 39% da energia eléctrica gerada a partir de fontes renováveis (directiva europeia 2001/77/CE), a 3ª maior contribuição na UE15.


Espanha dispõe de sete centrais nucleares. No caso de ocorrer um acidente na central espanhola mais próxima, a de Almaraz, que dista 100 km da fronteira, o território português será igualmente atingido. No entanto a hipótese nuclear continua a não ser equacionada.


http://economico.sapo.pt/noticias/electricidade-23-mais-cara-em-portugal-face-a-espanha_10703.html



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Imposto a custo zero para banca !




Banca: imposto extraordinário de....0,01% a 0,05% !!



O primeiro-ministro, José Sócrates, já tinha avisado que iria ser criada uma taxa sobre os bancos e a proposta de Orçamento de Estado para 2011 vem agora confirmar aquilo que o Executivo designa como contribuição extraordinária: um novo imposto resultante da aplicação de uma taxa entre 0,01% e 0,05% sobre o seu passivo, depois de deduzido o valor dos fundos próprios de base e complementares e de subtraído o montante dos depósitos abrangidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos. As receitas vão ajudar a reduzir o défice público.





Imposto a custo zero para a banca!



Este novo imposto renderá ao Estado mais de 100 milhões. Quem paga? Os clientes claro! São os próprios bancos que o garantem.


O presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, já tinha avisado que serão os clientes a pagá-lo.


Explicação:

"As variações no custo do funding repercutem-se mais tarde ou mais cedo no custo do crédito", admite António de Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB).
A expressão de "funding" aqui é só para baralhar, trata-se simplesmente do financiamento.

Em vez dos clientes, deveriam ser os accionistas a pagar.



Esta medida não passa de uma medida simbólica para nos dizerem que a banca também paga a crise. A confirmarem-se os valores máximos, o imposto representará um aumento de 20% (que não o vai pagar, mas sim os clientes) em relação à carga fiscal da banca em 2009 (529 milhões de euros), ultrapassando o IRC total pago pelos bancos (74 milhões de euros). Mas não esquecer que a banca em Portugal o valor real de impostos pagos pela banca é de 4,3%, quando valor do IRC + derrama pagos pelas empresas é de 26,5% !


O sistema financeiro mundial não é sustentável.

O sistema financeiro mundial que evoluiu a partir do modelo do Banco da Inglaterra não é sustentável. Ele gera quase todo o dinheiro como dívida.




Tal dinheiro só existe enquanto alguém está disposto e é capaz de pagar juros sobre ele. Esse dinheiro desaparece, total ou parcialmente, em recorrentes crises financeiras. Este sistema exige que novas dívidas sejam criadas mais rapidamente do que os pagamentos do Valor principal e Juros devidos na dívida antiga.






Um sistema financeiro sustentável permitiria à economia real ser mantida década após década, século após século, no seu pleno potencial de utilização sem inflação e recessão recorrentes. Por este padrão, um sistema financeiro que gera dinheiro apenas com a criação da dívida é insustentável.


Quando um banco faz um empréstimo, o montante principal do empréstimo é adicionado ao saldo devedor do banco. O mutuário, (aquele que contrai o empréstimo) no entanto, prometeu pagar o empréstimo, acrescido de juros mesmo que esse empréstimo tenha criado apenas a quantidade de dinheiro necessário para pagar o valor principal, mas não o montante dos juros.


Portanto, a menos que o endividamento cresça continuamente, é impossível que todos os empréstimos sejam pagos na data de vencimento. Para além disso, durante a vigência do empréstimo, uma parte do dinheiro será guardado e re-emprestado por compradores de títulos individuais, por bancos, seguradoras, etc. Estes empréstimos não criam dinheiro novo, mas criam sim dívida.


Enquanto nós usamos apenas um mecanismo ou seja - empréstimos bancários - para criar dinheiro, também usamos vários mecanismos para criar dívida, tornando assim inevitável que a dívida cresça mais rapidamente do que o dinheiro para pagá-la. Ciclos recorrentes de inflação, recessão e depressão são uma consequência quase inevitável.


Se, na tentativa de deter a inflação dos preços, resultantes de uma excessiva taxa de criação da dívida, as autoridade monetárias aumentam a taxa de juros, resultando num provável pânico financeiro. Isto normalmente resulta em numa redução acentuada dos empréstimos.
As autoridades monetárias responderem para socorrer o sistema aumentando as reservas bancárias. Os governos normalmente respondem através do aumento da dívida pública, arriscando tanto a inflação como crescentes deficits do governo



QUATRO regras de senso comum


Governos meteram-se nesta confusão por violarem quatro regras de senso comum sobre as suas políticas, fiscal e monetária. Estas regras são as seguintes:


1. Nenhum governo soberano devera jamais em circunstância alguma, dar o controle democrático da seu fornecimento de dinheiro a banqueiros.


2. Nenhum governo soberano deve jamais, sob quaisquer circunstâncias, tomar emprestado dinheiro de qualquer banco privado.


3. Nenhum governo (em qualquer nível, seja nacional ou regional ) deverá contrair empréstimos em moeda estrangeira para aumentar as compras no exterior, quando existir excessivo desemprego interno.


4. Governos, tal como empresas, devem distinguir entre gastos "capitais" e gastos "actuais" e quando é prudente fazê-lo, financiar os aumentos de capital com o dinheiro que o governo criou para si.



Algumas palavras sobre as duas primeiras dessas regras ...


1- Há uma pressão persistente dos banqueiros centrais e economistas académicos para libertar os bancos centrais da obrigação de considerarem os efeitos das suas acções sobre os níveis de emprego e produção, para que possam concentrar-se na estabilidade dos preços.
Esta é uma péssima ideia. Dominados pelos banqueiros e economistas, os bancos centrais estão inteiramente e demasiadamente propensos a dar atenção exclusiva aos seus próprios interesses com exclusão dos interesses dos trabalhadores. Cartas que altera o banco central para dar-lhes a independência de controlo democrático, ou a criação de "estabilidade de preços" como seu único objectivo seria concluir sua submissão aos interesses dos banqueiros


2- Qualquer pessoa que entenda que os bancos criam o dinheiro que eles emprestam, pode ver que não faz sentido para um governo soberano, o qual pode criar dinheiro a um custo próximo de zero, pedir dinheiro emprestado a um custo elevado a um banco privado que é o caso dos Estados Unidos com o Federal Reserve Bank.
O facto de a maioria dos governos contraem empréstimos de bancos privados é um dos maiores erros do nosso tempo. Se um governo precisa de dinheiro destinado para pagar as despesas públicas, deve criar o próprio dinheiro através do seu próprio banco;



Tradução de um artigo de John H. Hotson

http://www.henrymakow.com/understanding_money.html


No grafico seguinte, podemos ver como é que os bancos criam dinheiro "inexistente":




terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nos bastidores das armas climáticas

Quando alguém fala em armas climáticas, frequentemente é tratado de adepto de ficção científica ou de teorias da conspiração.


No entanto existem vários documentos oficiais que provam senão a sua existência a vontade de as criar Com os conhecimentos actuais, estaremos nós capazes de as produzir. Será que alguns fenómenos tidos como naturais não serão fruto de mão humana?




Se as armas climáticas não existem porquê regulamentá-las ?



No dia 10 de Dezembro de 1976, as Nações Unidas adoptam a convenção ENMOD que proíbe as modificações climáticas com fins militares. "...os acordos ilustram, entre outros, uma serie de exemplos não exaustivos da utilização de técnicas de modificações do meio ambiente: tremores de terra, tsunamis, alterações do equilíbrio ecológico de uma região, modificações das condições atmosféricas (nuvens, precipitações, ciclones e tornados), modificações das condições climáticas, das correntes oceânicas, da camada de ozone ou da ionosfera".

Se as armas climáticas fossem pura ficção, não seria necessário proibi-las.

http://www.icrc.org/web/fre/sitefre0.nsf/htmlall/5FZHYX/$FILE/1976_ENMOD.pdf



Durante a guerra fria, a URSS planeava destruir a costa americana com sismos e tsunamis.



Enquanto Gorbatchev discutia com Reagan como por fim à guerra fria, generais soviéticos estudavam a maneira de devastar os Estados Unidos com tremores de terra e tsunamis. Estas revelações são de Oleg Kalougine, antigo general do KGB, refugiado político nos USA e condenado pelos russos a quinze anos de prisão por divulgação de segredos de estado. A devastação seria feita com a ajuda de "bombas sísmicas", isto é bombas termonucleares detonadas em profundidade.


Nos anos sessenta, os sismólogos soviéticos tinham constatado que após uma explosão subterrânea nuclear, um tremor de terra acontecia nos dias seguintes, por vezes a vários quilómetros de distância.


Os soviéticos fizeram explodir 32 bombas subterrâneas no seu território para estudar os seus efeitos. Nos anos oitenta estudaram a maneira de através as explosões deslocar as placas tectónicas. O facto dos sismos se produzirem alguns dias depois, era um álibi perfeito para não serem considerados culpados.

http://www.jp-petit.org/TSUNAMI/science_et_vie_1999.htm




Aplicação civil:




A segunda International Conference on Urban Disaster Reduction de 2007 teve como tema: "Discharge of tectonic stresses in the earth crust by high-power electric pulses for earthquake hazard mitigation". Trata-se de uma investigação civil para prevenir e reduzir os riscos sísmicos Além de prevenir os grandes sismos, o poder alterar o seu impacto é outro dos grandes objectivos da ciência Mas, somos nós capazes de produzir tremores de terra à distância?




O projecto soviético Pamir.



Os russos, através do Department of Pulsed MHD Power Systems & Geophysics, criaram uma máquina capaz de produzir sismos, trata-se da Pamir.

Os tremores de terra estão ligados ao deslizar das placas tectónicas ao longo das falhas. Não sabemos quando mas sabemos que um grande sismo irá ter lugar por exemplo na Califórnia.

Nos anos sessenta, os soviéticos construíram um enorme gerador que lhes permitia actuar nas camadas mais profundas do subsolo através de ondas electromagnéticas. Do ponto de vista físico, trata-se de transferência de energia, que permiti desestabilizar um região da placa tectónica em locais bem definidos e assim desencadear um sismo nos locais de maior tensão. Este sistema permite uma potência de 15 MW durante 6 a 10 segundos.

http://www.ihed.ras.ru/mg/otdel6.htm







Tsunamis para todos os gostos.


Em 1999, foi desclassificado e tornado público o "projet Seal". Este projecto militar secreto da Nova Zelândia, visava elaborar uma arma que permitisse criar ondas gigantes capazes de destruir a costa japonesa.

A arma foi testada em Whangaparaoa, na costa de Auckland, entre 1944 e 1945. As experiências foram conduzidas pelo professor Thomas Leech. O ministério da defesa inglês que acompanhava as experiências disse tratar-se de um projecto tão importante como a bomba atómica.

Foram realizadas várias perto de 4000 explosões com bombas de fraca potência durante sete meses, nove das quais criaram pequenos tsunamis. O projecto foi abandonado por terem sido detectados alguns erros teóricos nos planos.


Como construir a sua pequena bombinha climática...

Ainda nos documentos desclassificados, descobrimos um verdadeiro manual de como fabricar uma bomba geradora de tsunamis. Trata-se do "Handbook of explosion-generated water waves", do Office of Naval Research, Washington DC, de Outubro de 1968. São 176 páginas de um documento com cálculos complicados sobre as experiências realizadas em Mono Lake em 1966.




Qual é a ligação entre a ionosfera, os sismos e os tsunamis?


Na revista Futura-Sciences de Junho de 2004, podemos ler: "...as medições dos satélites que observavam a ionosfera terrestre evidenciaram fenómenos estranhos, estes parecem estar ligados À actividade sísmica das regiões sobrevoadas. Em 1982, as duas antenas magnéticas do satélite franco-russo Aureol 3 detectaram um sinal de 800 Hz antes e durante um sismo de magnitude 5,4 que ocorreu ao largo das ilhas Fidji quando este sobrevoava a região. Estas observações são todavia escassas para tirar conclusões definitivas".

Desde então, os científicos estabeleceram uma correlação (ainda mal definida) entre a actividade da ionosfera e os sismos e os tsunamis. Sabemos agora que uns dias ou horas antes de um sismo ou de um tsunami, ocorrem mudanças na ionosfera.





Também sabemos que o programa HAARP consegue modificar a ionosfera, aliás foi para isso que ele foi criado...



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Portugal e as injustiças fiscais...



A taxa máxima de IRC em Portugal é de 25%, aplicável a matéria colectável superior a 12.500 euros. Para matéria colectável inferior a 12.500 euros, a taxa aplicável é de 12,5%. 42% é a taxa máxima de IRS.

Quanto pagam os especuladores sobre as mais-valias bolsistas?






Injustiça fiscal: Portugal como exemplo.



Pergunta :
As “mais-valias” (resultados positivos) realizadas com a venda de acções (na bolsa portuguesa, ou numa bolsa internacional), estão sujeitas a IRS?


Resposta :
Sim. A realização de mais-valias (resultantes da venda de acções) está sujeita a uma taxa de tributação de 10%. Contudo, se as acções vendidas tiverem sido adquiridas há mais de 12 meses, não ficam sujeitas à referida tributação.


Tão pouco?
Sim. Portugal é um dos países da Europa em que a generalidade das mais-valias mobiliárias não são tributadas. Mais precisamente as mais-valias de acçoes detidadas por menos de 12 meses. Portugal é um dos países mais generosos no que a pagamento de impostos de mais-valias diz respeito, os outros países onde as taxas são tal como em Portugal de 0% são: Bélgica, Republica Checa e Suíça.


Peritos querem que o Estado cobre 20% como taxa única sobre as mais valias do mercado de capitais. Tal como na maior parte dos países da OCDE. Na Itália as mais valias de acções são tributadas a 12,5 %, na Espanha a 18 %, na Alemanha 25 % e enquanto que na Dinamarca até chegam aos 43%.


Em França por exemplo, o montante pago sobre as mais-valias é de 18%, acrescido de 12,1% de quotizações sociais, ou seja 30,1%. Este montante decresce um terço por ano a partir de cinco anos e só fica isento a partir do oitavo ano.


Toda a gente paga imposto. Tudos?

O sistema fiscal português é constituído por mais de 20 impostos que tributam o consumo, o rendimento, a propriedade e certos actos, e que contribuem para as receitas fiscais centrais nas seguintes proporções:

Em Portugal todos os rendimentos são taxados, salários, rendas, lucros e dividendos, até as pensões de reforma são sujeitas a impostos. Isto é o que leva muitos economistas a dizer tratar-se de um escândalo, a bolsa portuguesa não ser tributada como a maior parte das outras bolsas dos países da OCDE.


Politicamente é uma questão polémica, e difícil de tratar. Em 2000 o governo do então primeiro-ministro António Guterres tentou fazer pagar impostos aos milhões de contos de mais valias, pela reforma “Pina Moura/Sà Fernandes”, que previa taxas gerais progressivas, indo de 15% até 40%. Só que este caso causou fortes criticas das entidades empresariais, que ameaçaram com fugas do mercado de capitais português. O que levou ao abandono desse projecto-lei.


Os que consideram não poder haver alterações neste sistema argumentam que: uma medida de pagamento de impostos podia trazer efeitos negativos para o mercado de capitais, e ainda, que as mais-valias a serem tributadas, era restringir o acesso das empresas ao financiamento.



Necessidade de uma reforma fiscal.



Bloco de Esquerda quer aproveitar a crise no Estado para fazer uma reforma fiscal. Este plano alternativo libertaria os contribuintes da subida de impostos e tributava a Portugal Telecom, as SGPS e as transferências financeiras para offshores. Ao todo, seriam 1950 milhões de euros.


Na receita fiscal, os contribuintes em geral seriam poupados. A maior fatia viria da Portugal Telecom, que, em vez de ficar isenta de impostos pelos seis mil milhões de mais-valias da venda da operadora brasileira Vivo à espanhola Telefónica, teria de pagar mil milhões de euros. Da mesma forma, o BE acabava com a isenção de tributação nas mais-valias geradas pelas sociedades gestoras de participações sociais (200 milhões de euros). Finalmente, o BE imporia uma taxa sobre as transferências de capitais para os offshores (750 milhões).




PT/Vivo: desvio legal de dinheiro.



Em 1998, a Portugal Telecom pagou 1,75 mil milhões de dólares por uma participação de 50% na Vivo. Treze anos depois a mesma posição vai ser vendida por 9,7 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros), mas a mais-valia de 7,9 mil milhões de dólares (seis mil milhões de euros) conseguida com a operação está totalmente isenta de impostos. Tudo perfeitamente legal e de acordo com as regras nacionais e europeias.


A posição da Portugal Telecom na Brasilcel é detida pela Brasilcel BV, empresa de direito holandês, que por sua vez é controlada pela Portugal Telecom SGPS. É é este emaranhado de relações ‘familiares' que permite isentar a operadora portuguesa do pagamento de impostos sobre mais-valias. As sociedades SGPS estão automaticamente isentas do pagamento de impostos sobre dividendos.


Offshores: injusticia legal.


Já foram aqui abordados os benefícios fiscais das offshores e das zonas francas.

Na Zona Franca da Madeira, para além de vários outros benefícios ("São isentos de imposto de selo os documentos, livros, papéis, contratos, operações, actos e produtos previstos na tabela geral do imposto de selo (...)" - artigo 33 do Capitulo IV do Estatuto dos Benefìcios Fiscais), todas as entidades licenciadas na Zona Franca da Madeira beneficiam de isenção de IRC ou IRS até Dezembro de 2011. De igual forma, entidades que participem no capital de sociedades aí instaladas gozam também de isenção de pagamento de IRC e IRS relativamente a lucros e outro tipo de rendimentos provenientes dessas sociedades.



Zebinix não é um medicamento inovador.




Para além das querelas políticas, João Cordeiro (presidente da Associação Nacional de Farmácias) tem razão quando afirma que o Zebinix do laboratório Bial não apresenta nada de novo.






O Zebinix é um antiepiléptico investigado e produzido pelo laboratório português Bial. Começou a ser comercializado em Portugal em Abril deste ano, depois de já ter sido lançado em nove países europeus, sendo comparticipado em cinco.


O Zebinix tem como princípio activo o acetato de eslicarbazepina, ora esta molécula é muito semelhante aos já existentes no mercado como a carbamazepina (Tegretol) e sobretudo ao oxcarbazepina (Proaxen, Zigabal) do qual a eslicarbazepina é um metabolito. A vantagem do Zebinix é ser estar sob a forma de um acetato, o que permite ser rapidamente hidrolisada em eslicarbazepina.





Como podemos verificar, na representação molecular seguinte, as três moléculas são muito semelhantes:






Assim sendo, as vantagens do Zebinix sobre os outros dois medicamentos já comercializados em Portugal não é evidente e não podemos considerar a eslicarbazepina como um medicamento inovador.


A verdade, é que o Zebinix está a ser comercializado a um preço diário 10 vezes superior aos seus equivalentes.

O grupo Bial investiu mais de 300 milhões de euros nos últimos 15 anos na investigação do Zebinix, esperando um retorno do investimento depois de cinco a seis anos do início da comercialização.

A comercialização do Zebinix vai permitir à empresa triplicar a facturação para 450 milhões de euros nos próximos três a cinco anos.

A empresa já recebeu 170 milhões de euros pela concessão do direito de comercialização do fármaco às empresas Eisai e Sepracor, o que vai permitir a sua venda em 38 países.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=447063

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1679385

http://www.pharmacorama.com/ezine/20090610100547.php

http://www.oje.pt/noticias/negocios/so-a-alemanha-e-a-dinamarca-aprovaram-comparticipacao-para-o-primeiro-remedio-portugues-o-zebinix

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Toma de Viartril (glucosamina): sem qualquer benefício.




Há uns anos atrás, o Viartril (Glucosamina do laboratório Delta) apareceu no mercado como sendo um medicamento "milagre", retardava a progressão da osteoartrose e reconstituía a cartilagem destruída.


Vários estudos clínicos confirmam que a sua toma não tem qualquer efeito benéfico para estes doentes.



Podemos ler nas indicações do Viartril (e o mesmo é valido par aos numerosos genéricos da glucosamina: tratamento dos sintomas da osteoartrose, isto é dor e limitação da função.


Grande parte da população idosa sofre de doença óssea degenerativa, em que a cartilagem que cobre os ossos se degrada, provocando dores e limitações funcionais. A glucosamina é uma molécula endógena, isto é sintetizada pelo próprio organismo a partir da glucose. Esta molécula está presente nas cartilagens ósseas sob a forma de glicosaminoglicanos.



Os comprimidos de glucosamina são propostos como adjuvante no tratamento a longo prazo para a artrose, o que representa um aliciante e vastíssimo mercado para a indústria farmacêutica.




Já em 2008, no dia 19 de Fevereiro, o "Annals of Internal Medicine" publicava o resultado de um ensaio clínico com a glocosamina: "Effect of glucosamine sulfate on hip osteoarthritis". Nele, 222 doentes com coxartrose foram divididos em 2 grupos: um recebia 1500mg por dia de glucosamona e o outro recebia um placebo (medicamento sem qualquer efeito terapêutico). Ao fim de 2 anos foram avaliados. Os resultados tiveram em conta a dor, a rigidez, a mobilidade e o aspecto radiológico. Em todos estes parâmetros, os resultados dos doentes que tomavam glucosamina não foram melhores dos que não tomavam nada (placebo).



Este ano, a revista JAMA (Journal Of the American Medical Association) publicou um ensaio clínico com doentes que também tomavam 1500mg de glucosamina versus placebo, em doente com dores lombares por artrose. Como esperado, a glucosamina não teve quaisquer efeitos benéfico nos doentes com ela medicados.



Finalmente, no dia 16 de Setembro de 2010, o British Medical Journal" (BMJ), publicou "Effects of glucosamine, chondroitin, or placebo in patients with osteoarthritis of hip or knee: network meta-analysis", uma revisão de 10 ensaios clínicos. Mais uma vez, este artigo confirma que a glucosamina não tem qualquer efeito benéfico em relação à dor ou à diminuição do espaço interarticular.






http://www.bmj.com/content/341/bmj.c4675.abstract?papetoc


http://www.annals.org/content/148/4/268.abstract

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A ingestão suplementar de ómega 3 é inútil.





Desde há muito tempo, que sabemos que o peixe é bom para a saúde, mas desde que se sabe que este é rico em ómega 3, então a dieta rica em peixe tornou-se fundamental.


Recentemente, as prateleiras dos supermercados estão cheias de alimentos ricos em ómega 3.


Donde vem a moda da necessidade de ingestão de ómega 3? Será mesmo necessário ingerir alimentos adicionados com ómega 3? Estará mesmo provado cientificamente que este tem um efeito cardioprotector?




No início era..o peixe.



Foi ao estudar as populações de esquimós inuitas, que os investigadores descobriram a ligação entre o consumo de peixe, contendo ómega 3, e a diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Pensa-se que o consumo semanal de peixe duas vezes por semana seja suficiente para esse efeito protector.


Hoje em dia, sabe-se que os ómegas 3 são essenciais ao bom funcionamento do cérebro favorecendo a aprendizagem, e que contribuem também para o funcionamento dos nervos e que melhoram a sensibilidade da retina.





Mas, o que são os ómega 3?


Este termo designa uma família de lípidos, ácidos gordos polinsaturados. São assim chamados porque sendo ácidos carboxílicos, a dupla ligação está situada no terceiro carbone a partir da extremidade oposta à carboxila. Muitos deles são chamados de essenciais porque não podem ser sintetizados pelo nosso corpo, devendo ser ingeridos.


Existem hoje em dia muitos produtos enriquecidos com ómega 3 e até comprimidos, mas esta gordura encontra-se em grande quantidade em muitos alimentos, como o peixe, as nozes, as castanhas e óleos vegetais como o azeite, a soja e o milho.


A moda da ingestão suplementar de ómega 3, parece não estar suficientemente sustentada em qualquer estudo clínico, como iremos ver. Além disso, não sabemos se a ingestão de grandes quantidades de ómega 3 é prejudicial para a saúde, dado que não existem estudos quanto às consequências do excesso de ómega 3 no organismo. Não sabemos se tomar suplementos de ómega 3 poderá ser perigoso para a saúde, mas de qualquer maneira pelo menos sabemos que é inútil




Ingerir suplementos de ómega 3 é inútil.






Apesar de se constatar que as pessoas que têm níveis elevados de ómega 3 parecem ter níveis mais baixos de triglicéridos e de colesterol-LDL, vários estudos clínicos não revelam qualquer diminuição da morbilidade ou da mortalidade com a ingestão suplementar de ómega 3.


Já em 24 de Março de 2006, a revista médica British Medical Journal (BJM), publicava um artigo "Risk and benefits of omega 3 fats for mortality, cardiovascular disease, and cancer: systematic review", no qual, após uma análise dos estudos publicados até então, chegava à conclusão que a ingestão suplementar de ómega 3 não reduzia nem a mortalidade, nem o risco cardiovascular, nem o risco de cancro.


Recentemente, no dia 14 de Agosto de 2010, a revista Lancet, chegava à mesma conclusão após analisar 106 estudos.


A revista New England Journal of Medicine (NEJM), também em Agosto deste ano, estudou doentes com antecedentes de enfarto do miocárdio, entre os 60 e 80 anos, que tomaram um suplemento de ómega 3 durante 40 meses. A conclusão foi, mais uma vez, que a toma suplementar de ómega 3 não levou a qualquer redução de acontecimentos cardíacos ou na redução da mortalidade global.





Em conclusão, podemos dizer que apesar de existirem estudos clínicos que sugerem a importância da ingestão alimentar regular de ómega 3, a sua ingestão suplementar não corresponde a qualquer critério clínico provado.




http://www.pharmacorama.com/ezine/20100906114855.php

http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)60445-X/abstract

http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1003603

http://www.bmj.com/content/332/7544/752.abstract