terça-feira, 31 de agosto de 2010

A farsa do julgamento de Milosevic

Em Fevereiro de 2002 começava o mediático julgamento de Milosevic por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI).


Não se trata aqui de avaliar se Milosevic era ou não culpado, trata-se sim de denunciar os vícios de um julgamento cujos resultados finais, construídos antecipadamente, iriam ilibar a NATO da sua intervenção ilegal na antiga Jugoslávia.









Março 2001:


Os Estados Unidos fixam um ultimato ao governo "reformado" de Belgrado: Milosevic tem de ser feito prisioneiro antes do dia 31 de Março, sob pena do país vir a sofrer sanções económicas. O presidente Kostunica, a quem o ocidente "ofereceu" a vitória eleitoral alguns meses antes, hesita. Não quer abdicar da soberania nacional entregando Milosevic.




Abril 2001:


Sobre pressão do seu primeiro-ministro Djindjic e da Alemanha, Kostunica cede e aceita que um comando de forças especiais cerca a residência de Milosevic. Após 36 horas, este rende-se às autoridades.



Junho 2001:


Apesar de ir contra as leis sérvias, Milosevic é extraditado para a Haia, na Holanda, sede do Tribunal Penal Internacional, onde irá ser julgado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade perpetrados na Jugoslávia.




Fevereiro 2002:


Começa o julgamento de Milosevic. Muitos dos que, fazendo parte da NATO violaram as convenções internacionais com a intervenção na Jugoslávia, acusam agora Milosevic de infracções graves à Convenção de Genebra. Perante isto, Milosevic contesta a legitimidade deste Tribunal em julga-lo, apesar de tudo aceita, mas sendo jurista assume a sua própria defesa.




Março 2002:


Milosevic dispõe de dois conselheiros jurídicos sérvios da sua confiança para o assistir na defesa. A canadiana Louise Arbour dirige a acusação, será mais tarde Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos do Homem. Será substituída pela suíça Carla Del Ponte. Até Setembro, a acusação vai apresentar as provas de culpabilidade de Milosevic no Kosovo, depois e até Dezembro de 2003 será vez das provas de culpabilidade na Bósnia e na Croácia.




Abril 2003:


Milosevic consegue defender-se das acusações, a tal ponto que o jornal "Le Monde Diplomatique" dirá: "a defesa ofensiva de Slobodan Milosevic está a conseguir destabilizar as testemunhas acusatórias". Multiplicam-se testemunhos contraditórios e documentos falsificados. Alguns jornais definem o julgamento como um fiasco .




2003:


O estado de saúde de Milosevic deteriora-se, sofre de hipertensão, de stress e de cansaço extremo, como confirma o cardiologista da prisão. A acusação sabe que é difícil um só homem gerir um dossiê deste tamanho e inunda Milosevic com novas peças de convicção e montanhas de documentos. O ritmo da audiência abranda e as interrupções são cada vez mais frequentes. Aproveitando o estado de saúde debilitado do acusado, o tribunal propõe-lhe um advogado de defesa escolhido pelo TPI. Milosevic recusa.




Abril 2004:


Chegou finalmente a vez de Milosevic chamar as suas testemunhas. Dão-lhe três meses para se preparar, quando seriam necessários dois anos. Milosevic quer chamar a depor o mesmo numero de testemunhas que a acusação.




Agosto 2004:


Milosevic declara em tribunal: "não só as vossas acusações são uma teia de mentiras, mas também representam uma incrível desnaturação da verdade histórica". Continua com a apresentação da defesa.




Setembro 2004:


O tribunal nomeia dois advogados de defesa com o pretexto que a saúde precária de Milosevic não lhe permite defender-se sozinho. Milosevic protesta e recusa cooperar com o tribunal.



Outubro 2004:


Os dois advogados de defesa nomeados pelo tribunal pedem a demissão




Abril 2005:


O julgamento prossegue na ausência do acusado, ausente por problemas de saúde. Muitas das testemunhas recusam comparecer enquanto não estiver presente Milosevic.




Junho 2005:


Milosevic volta ao tribunal, mas quando faz uma comentário ou coloca uma questão julgada incomoda para a acusação, o seu microfone é desligado.




Janeiro 2006:


O estado de saúde de Milosevic piora e a Rússia propõe a sua deslocação a Moscovo para tratamento.




Fevereiro 2006:


O processo não ata nem desata e Milosevic revela que suspeita que o queiram matar.




11 Março 2006:


Milosevic morre na prisão. Causa oficial: enfarto.




18 Março 2006:


Enterro de Milosevic em Belgrado. Apesar de mais de 500 000 pessoas presentes, os representantes da NATO fizeram pressão para que o governo sérvio não realizar obsequias nacionais.


Como comentário final de todo este processo, ficam as palavras do próprio Milosevic: "O objectivo deste pretenso julgamento é produzir uma falsa justificação para os crimes de guerra cometidos pela NATO na Jugoslávia".




http://membres.multimania.fr/wotraceafg/yougo.htm#milosevic

http://usa-menace.over-blog.com/article-2762164.html

http://www.slobodan-milosevic.org/

http://www.csotan.org/textes/textes.php?type=TPI

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A construção mediática do "monstro" sérvio.

Quase vinte anos depois, a imagem do "monstro" sérvio ainda está bem presente na mente dos ocidentais. Os média veicularam voluntariamente, na altura da guerra, uma imagem dos sérvios como sendo os responsáveis de genocídios e crimes contra humanidade.


Esta mediatização está na base da aceitação da intervenção da NATO na ex-Jugoslávia.


Hoje sabemos que muitas das imagens e informações dessa época foram manipuladas.



(Nota: os seguinte texto mostra uma "imagem" diferente da habitualmente aceite das guerras da ex-Jugoslávia e não tem como objectivo desculpabilizar todas as atrocidades cometidas por uma da partes, neste caso a servia.)





1992, 1994, 1995: os "massacres" de Sarajevo.



27 de Maio de 1992, uma explosão numa rua de Sarajevo mata vinte pessoas que formavam uma fila frente a uma padaria. Instantaneamente, os média denunciam este massacre como sendo devido a um tiro da artilharia sérvia. Curiosamente não se vê qualquer buraco de impacto de obus e quase todas as vítimas são servias. Não obstante, uma equipa de televisão muçulmana da Bósnia aproveita para filmar estas cenas de horror que irão dar a volta ao mundo como sendo obra dos malditos sérvios a matar inocentes.


Na realidade, veio-se a saber mais tarde que este massacre tinha sido perpetrado pelas milícias bósnias. Finalidade: promover a instalação de tropas estrangeiras no país e obter o embargo internacional contra Belgrado; o que se veio a verificar três dias mais tarde.


5 de Fevereiro de 1994, novo massacre "sérvio" desta vez num mercado de Sarajevo: 68 mortos e 200 feridos. A cadeia de televisão CNN, no local, transmite cenas de terror. No dia 28 desse mês, aviões da NATO abatem aviões sérvios na Bósnia como forma de represália. Será o primeiro acto de guerra da NATO desde a sua fundação.



28 de Agosto de 1995, não há duas sem três. Mesma forma de actuar e no mesmo local que em 1994. Desta vez 37 mortos. Real motivo deste atentado: quebrar definitivamente a resistência servia na Bósnia e fazer com que a NATO dite as suas condições. Em Setembro, os bombardeamentos da NATO têm início na república de Srpska. Em Novembro, começam as negociações que porão fim a guerra


Nestes três casos, o mesmo cenário teve como objectivo os mesmos efeitos: chocar a opinião pública, e conduzi-la a aceitar, e até a reclamar, medidas enérgicas contra os "carrascos" de Belgrado. O "truque" da morte de inocentes em pleno mercado funcionou.



O "genocídio" de Srebrenica.



Julho de 1995: na Bósnia e na Croácia, a guerra eterniza-se, com mortes e a destruição das economias. Chega a um momento em que é mais lucrativo reconstruir do que continuar a destruir o que já está destruído. A NATO decide organizar uma intervenção massiva e directa da sua aviação para resolver de uma vez por todas a presença sérvia na Croácia. Os planos estão pronto, só falta uma "justificação moral" para atacar.


Essa justificação vai ser dada pelo caso de Srebrenica, um enclave muçulmano da Bósnia em território sérvio. Dos dois lados foram numerosos os mortos em três anos de combates, mas a NATO opta por propagandear apenas as vítimas muçulmanas civis.


O Tribunal Penal Internacional (TPI), dominado pelos aliados da NATO prepara a acusação. Fala em 7500 mortos civis muçulmanos assassinados pelos sérvios. Só faltam as provas e ... os corpos das vítimas. São encontrados 600 cadáveres. Não são suficientes para a classificação de genocídio com que este tribunal pretende responsabilizar os sérvios. Não encontrando mais cadáveres, o TPI declara que os 7000 cadáveres anunciados que faltam em Srebrenica deverão ter sido escondidos pelos sérvios



Resumindo: se temos os presumíveis assassinos e a ausência de vítimas, é porque estes monstros esconderam os corpos, portanto são duplamente responsáveis. A propaganda anti-servia funciona, a indignação dos países europeus está no auge.


No espaço de quatro dias os Croatas com a ajuda da NATO conquistam o conjunto dos territórios cobiçados e obrigam à fuga de 400 000 sérvios. Os 5% de sérvios que permanecem na Croácia perdem os seus direitos, dado que a Croácia não reconhece minorias nacionais com menos de 8%...




O "massacre" de Racak no Kosovo.



Três anos mais tarde é a vez do Kosovo estar na mira dos ocidentais. No início de 1999, os separatistas albaneses tentam retirar a sua província do que ainda resta da Jugoslávia. No dia 15 de Janeiro, a polícia servia acompanhada pelos observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) e de uma equipa de televisão da Associated Press entram em Racak, uma aldeia dominada pelo UCK (Exército de Libertação do Kosovo). Dá-se uma troca de tiros com a morte de quinze albaneses. Os sérvios e a comitiva de estrangeiros deixam Racak.


No dia seguinte, o UCK faz visitar Racak por um grupo de jornalistas e William Walker, chefe da missão da OSCE. Este mostra aos jornalistas uma fossa com 45 "civis" barbaramente abatidos pelos sérvios. Esta notícia dá a volta ao mundo amplificada pelos média, pela NATO e pelos governos ocidentais. Estava encontrado o crime contra a humanidade que todos necessitavam.



Bill Clinton, na Casa Branca, está indignado. Mas alguns jornalistas têm duvidas. O número de mortos era excessivo e os relatos das testemunhas albanesas não correspondiam ao que estes jornalistas tinham observado na véspera. A UCK, com a cumplicidade de Walker, tinha reunido todos os militares mortos na zona de Racak e vestido os cadáveres com roupas civis para expor assim o "crime" sérvio. No local não havia vestígios de sangue ou de cartuchos deste bárbaro "fuzilamento".


A constante mediatização ocidental produz efeito. Dois meses depois, o mundo está preparado para aceitar a "guerra humanitária" da NATO com o bombardeamento da Jugoslávia e a ocupação do Kosovo.



Em Janeiro de 2001, uma equipa finlandesa de especialistas em medicina legal confirma que nunca ter havido um massacre em Racak, mas já é tarde...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Tribunal Penal Internacional é ilegal, político e privado.



O Tribunal Penal Internacional (TPI) é a primeira jurisdição penal internacional permanente e tem competência para julgar crimes como os genocídios, os crimes contra a humanidade e os crimes de guerra. Tem existência legal desde 2002 e sede em Haia na Holanda. Apenas 112 países sobre os 192 reconhecidos pela ONU o assinaram e ratificaram, entre outros, não o ratificaram: a China, a Rússia, Israel e os Estados Unidos.



Para muitos, o TPI é um tribunal político e acaba por promover uma justiça de vencedores. Além disso é um tribunal privado, visto ser financiado por contribuições de governos, organizações internacionais, particulares e empresas. Nestas circunstâncias, podemos legitimamente questionar a sua independência.
O julgamento de Milosevic.


A propósito do julgamento de Milosevic, André Mazy, prestigiado advogado belga, diz: "Não sou competente para julgar se Milosevic é culpado ou não. Todavia interrogo-me: será que se justifica a existência de um tribunal penal internacional? Esta é a primeira pergunta que faço.
Um tribunal civil que que debateria os litígios entre os vários estados seria certamente útil. Mas um tribunal penal internacional tem outra ambição.
A questão fundamental é: será normal, do ponto de vista penal, uma instância supranacional julgar uma pessoa, mesmo para um crime estabelecido, segundo um direito e um procedimento estranhos ao acusado? O acusado deve ser julgado no país onde foi cometido o crime. É uma regra absoluta que permite ser julgado segundo as suas próprias leis e pelos seus próprios tribunais. É uma garantia para o direito de defesa."

E acrescenta: "O TPI faz literalmente o que lhe apetece! Cumula os poderes jurídicos legislativos e executivos, o que é contrário ao fundamento de qualquer Estado de direito."

http://www.michelcollon.info/index.php?view=article&catid=&id=55&option=com_content&Itemid=2


O TPI impõe o direito anglo-saxónico aos acusados, o direito do vencedor sobre o vencido. Ele não tem polícia judiciária nem juiz de instrução. O procurador investiga as provas das infracções como lhe apetece, sem sequer se desloca ao local do crime, assim sendo, não respeita os métodos normais de inquérito, até pode considerar como prova certos rumores públicos.


Um estado democrático não extradita os seus nacionais, isso seria renunciar à sua soberania. No caso jugoslavo, Milosevic foi entregue pelo próprio governo da altura, contra a opinião do presidente Kostunica e das autoridades jurídicas.
Mais grave ainda, o governo reconheceu ter recebido dinheiro para o fazer. Trata-se portanto de um verdadeiro acto de corrupção do governo sérvio. Um tribunal que actua desta forma comete uma infracção e portanto o processo deveria ser considerado automaticamente nulo.

A própria agressão da NATO contra a Sérvia constitui um crime de guerra que deveria ser julgado e que nunca o será.


Como disse o próprio Milosevic durante o processo: "O objectivo deste pretenso processo é de produzir uma falsa justificação dos crimes de guerra cometidos pela NATO na Jugoslávia".


Os Média e a manipulação de imagem

A maioria das pessoas aceita as informações que vê na televisão ou lê nos jornais como verdadeiras.

Não estamos suficientemente alertados para duvidar dos média, sobretudo quando essas informações são acompanhadas de fotografias. Pensamos: deve mesmo ser verdade, até porque eu vi.

O exemplo que segue é uma lição de manipulação dos média com fins políticos e militares.




O "campo de concentração da sérvio" de Trnopolje.


Em 1991 começa o desmantelamento da Jugoslávia com a independência da Eslovénia e da Croácia em Junho, depois em Setembro com a Macedónia e em Março de 1992 com a Bósnia Herzegovina. Nas regiões onde a população não é homogénea dão-se conflitos étnicos e religiosos. A guerra é mais intensa na Croácia e na Bósnia. Esta é estimulada e amplificada por países ocidentais como a Alemanha. Pouco depois, as primeiras tropas estrangeiras chegam à Croácia com a bandeira da ONU.

Em Agosto de 1992, os militares ocidentais estão igualmente presentes na Bósnia. Entretanto, pouco a pouco os meios de comunicação social passam a imagem de que os sérvios são os principais responsáveis no entrave para que os povos da antiga Jugoslávia vivam em liberdade. Dizem deles que são hegemónicos, ditatoriais, sanguinários e que o seu chefe, Milosevic, é um doente mental.

No dia 6 de Agosto de 1992, a televisão inglesa ITN passa imagens aterradoras. Mostram o campo de concentração sérvio de Trnopolje, na Bósnia, onde estes "novos nazis" exterminam os muçulmanos bósnios capturados. Como podemos ver na fotografia acima reproduzida que circulava, um pobre prisioneiro magro e faminto encontra-se atrás do arame farpado. Estamos de volta ao tempo de Auschwitz no centro da Europa em pleno século vinte. Então a questão que se punha era se iriamos continuar a tolerar este horror a poucos quilómetros das nossas casas. Que fazem os governos europeus? Que faz a Europa? Que faz a NATO e a ONU? Como acabar com este pesadelo?


Contrariamente às aparências, a "vítima" bósnia que se vê por trás do arame farpado, não está na realidade por trás dele. Pelo contrário quem está atrás do arame farpado é o fotógrafo. Na realidade, Trnopolje não é um campo de concentração, mas sim um campo de refugiados aberto a quem necessita dele para garantir uma certa segurança. O arame farpado não se encontra à volta do campo, mas sim à volta de um armazém de material de ajuda e serve para para proteger dos roubos e isto muito antes da guerra. O fotógrafo desonesto encontrava-se dentro desse armazém protegido pelo tal arame farpado quando tirou a fotografia.



Com esta e outras fotografias os média conseguiram fazer com que a opinião pública assimilasse os sérvios a autênticos nazis. Várias expressões fortemente emocionais começaram a circular, como "depuração étnica", "campos de concentração", evocando a Alemanha Nazi e os campos de concentração como Auschwitz.



A opinião pública estava preparada para aceitar a intervenção militar americana...

Atentados no Iraque sob falsa bandeira.



Só quem não conhece minimamente a religião muçulmana pode acreditar que, apesar das divergências, um sunita poderá matar indiscriminadamente um xiita através de atentados suicidas em que as vitimas serão também mulheres e crianças inocentes.

O Corão proibi expressamente a morte de inocentes e condena o suicídio.Só por má-fé podemos acreditar que possam ser perpetrados por qualquer muçulmano, atentados contra uma mesquita, local sagrado por excelência.







Diariamente, os média relatam atentados no Iraque que fazem dezenas de mortes. Ao fim de algum tempo, instala-se uma certa banalização da barbaria. Tentam fazer-nos crer que esta é devida à crueldade de um povo que não se entende.

Qual a melhor maneira de manter um país a ferro e fogo que de perpetrar e organizar regularmente atentados com carros armadilhados? ... e assim atribuir sistematicamente esses atentados aos islamitas fundamentalistas.

Desta maneira, os Estados Unidos conseguem manter sob pressão o país ocupado fazendo reinar o terror e impedido a sua unidade.

De tão monstruoso, temos dificuldade e acreditar que seja possível matar inocentes com fins políticos, mas é o que se passa actualmente no Iraque. Se é verdade que existem atentados dirigidos contra as forças americanas de ocupação, os que são cometidos às cegas contra a população civil são maioritariamente obra da CIA disfarçados de atentados cometidos por bombistas suicidas. São os cahamados atentados "sob falsa bandeira" frequentemente utilizados pelos servoços secretos americanos. Estes permitem justificar a presença dos soldados americanos para "proteger" a população iraquiana.



Pense dois segundos: acredita que muçulmanos, durante anos, matariam os seus irmãos indiscriminadamente, crianças, mulheres, idosos, por exemplo num mercado ou numa mesquita? Isso tornaria as suas causas mais populares? Simplesmente não faz sentido.



As forças de resistência iraquianas sempre desmentiram esses atentados. Numerosos comunicados foram publicados onde dizem não serem os autores destes actos gratuitos, e que estes não serviriam os seus interesses militares ou morais. Apenas reivindicam os que são dirigidos contra os interesses dos Estados Unidos. Então, porque é que no ocidente as pessoas não acreditam neles e preferem continuar a ouvir a propaganda americana que continua a acusar a resistência?

Como se fabricam atentados...



Imad Khadduri tem um blogue (abutamam.blogspot.com) muito interessante em árabe e inglês na internet. Apesar de ser um blogue marcadamente de resistência contra a ocupação americana, este relata alguns testemunhos dos métodos empregues para fazer crer que os atentados são fruto dos próprios iraquianos. Muito elucidativo.


1º caso:


Um condutor iraquiano é controlado pelas forças americanas presentes no território. Os seus documentos são apreendidos e este é convidado a recuperá-los numa das bases americanas, se tudo estiver em ordem. Este é autorizado a entrar com o seu veículo na base. Meia hora depois, os americanos dizem-lhe que se pode ir embora, mas que para recuperar os seus documentos terá que se dirigir ao posto de polícia de Al Khadimiya que se encontra em zona xiita. Durante o percurso o condutor apercebe-se que o seu veículo parece mais pesado, também repara que curiosamente um helicóptero acompanha-o durante todo o seu trajecto. Pára, abre a mala do carro e descobre 100 quilos de explosivos.


2º caso:


Mesmo cenário em Mosul, um condutor vê os seus documentos apreendidos que poderá recuperar no posto de polícia da cidade. Durante o trajecto o seu carro tem uma avaria. Pára, o mecânico que o socorre descobre que o pneu sobresselente está cheio de explosivos.

3º caso:


Desta vez, um camponês de Hilla, Haj Sijjad, acompanhado do seu filho de 11 anos, transporta na sua carrinha de caixa aberta a sua colheita de tomates para os vender em Bagdad. Pelo caminho são travados por um "check point" americano que inspecciona demoradamente o cargamento de tomates durante uns bons dez minutos. Depois, são autorizados a continuar o caminho. Durante o percurso, o seu filho diz ter visto os soldados colocar um objecto cinzento do tamanho de um melão junto do cargamento de tomates. Ele pára e, sendo um antigo militar, verifica tratar-se de uma bomba com um dispositivo de explosão retardada.

Fica uma questão pertinente: quem beneficia com os atentados no Iraque?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

As guerras ocultas dos Estados Unidos contra a China.

Os Estados Unidos têm medo da China que está a um passo de se tornar na maior potência industrial e económica do mundo.

Para o impedir, estão a tentar destabilizar a região circundante fazendo que a China não consiga o aprovionamento petrolífero de que tanto necessita. É raro o dia em que esses países não aparecem nos média, fruto sobretudo dos atentados neles perpetrados. Quem está por detrás desses atentados e guerrilhas são os que deles beneficiam.

Abordagem de uma visão geoestratégica da região...



A situação estratégica do Xingjiang.


A província chinesa de Xingjiang ocupa uma situação impar. Faz fronteira com o Cazaquistão, o Quirguistão, o Tajiquistão e o Uzbequistão, mas também e sobretudo com o Afeganistão e o Paquistão. Tudo países com uma população predominantemente muçulmana. Estes paises têm sido palco, nos últimos anos, de atentados e conflitos armados que como iremos ver não são apenas fruto de tensões internas.

A região de Xingjiang pertence à China desde 1759 e é composta por uma maioria Uigur (45% da população), sendo a restante de 40% chineses Han e 15% chineses Hui. Dada a instabilidade dos países vizinhos e uma fronteira com mais de 5 000 km, representa a província mais vulnerável da China. Por ser uma região estratégica para a China, os Estados Unidos tentam de destabilizar esta província desde 1979 com guerrilhas permanente vínculas na comunicação social como etnicas.



Quem controlar a região de Xingjiang controla parte do sul da Rússia e sobretudo parte do eixo Europa-Ásia como podemos verificar neste mapa:






Obama desloca a guerra para o Paquistão.



Não podendo fazer frente directamente à China, tanto do ponto de vista militar como económico, os Estados Unidos estão a deslocar uma das suas guerras do Afeganistão para o Paquistão. Motivo? Cortar a alimentação energética chinesa cujo petróleo iraniano, principal fornecedor, passa pelo Paquistão. Neste país os atentados não param de aumentar e têm como finalidade justificar a intervenção americana. Como podemos ver no mapa seguinte, a propósito do gás, mas também os oleodutos, que abastecem a Índia e a China percorrem o território paquistanês:





Uma outra rede de gasodutos e oleodutos abastece a China através das antigas Repúblicas Soviéticas muçulmanas, também elas palco de recentes conturbações sociais:






A guerra contra o terrorismo serve de desculpa para os Estados Unidos intervirem igualmente no Iémen e na Somália, onde várias guerras etnico-religiosas assolam as regiões, grande parte delas orquestradas pela CIA. Isto não é puro acaso, pelo estreito de Ormuz circula 40% do petróleo transportado por via marítima, ou seja 20% das trocas petrolíferas mundiais.


O exemplo do Cáucaso.



A recente crise do Cáucaso está estreitamente ligada ao controlo dos oleodutos que o atravessam. O ataque da Geórgia à Ossétia do Sul, no dia 7 de Agosto de 2008, foi cuidadosamente planificado pelos Estados Unidos. Este deu-se uma semana após os imponentes exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Geórgia do dia 15 a 31 de Julho desse ano. Com efeito, a Geórgia é um posto avançado da NATO na fronteira com a Rússia e perto dos teatros de guerra da Ásia Central. A Geórgia é sobretudo o ponto de passagem do oleoduto "Baku-Ceyhan Pipeline" que permite o transporte do petróleo de Baku sem o controlo da Rússia, como podemos verificar no mapa seguinte:








Destabilizar as regiões com "atentados terroristas".



Henry Kissinger dizia há 30 anos: "O domínio por parte de um só país da Europa ou da Ásia do bloco Euro-asiático, constitui um perigo para os Estados Unidos. Porque esse país poderia ultrapassar os Estados Unidos do ponto de vista económico ou militar e portanto temos de combater esse perigo".


E pelos visto conseguiram-no bastante bem. Trinta anos mais tarde e milhões de mortes depois, olhando para trás vemos uma sucessão de conflitos dos quais o Afeganistão foi apenas o princípio.


Zbigniew Brzezinski, conselheiro de Obama, escreveu que todos os futuros desafios económicos eram Euro-asiáticos. Quando lhe perguntaram numa entrevista ao "Nouvel Observateur", após ter revelado que a guerra entre a URSS e o Afeganistão fora provocada com base na sua estratégia e do então presidente Jimmy Carter, se não estava arrependido; ele respondeu: "Foi uma ideia genial. Os russos caíram na armadilha afegã e queria que eu estivesse arrependido?".




Muitos são os que acreditam que mais tarde ou mais cedo o Irão irá ser atacado pelos Estados Unidos e Israel. A verdade é que, sendo este o principal fornecedor energético da China, representa um obstaculo aos planos americanos que estes gostariam de ver ultrapassado. Neste momento, o Irão encontra-se completamente cercado pelas tropas americanas como podemos facilmente constatar neste mapa:







quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Composição da Coca-Cola: mitos e realidade.









Cada dia no mundo, são vendidas 1,5 mil milhões de garrafas de Coca-Cola, com receitas de 30 mil milhões de Dólares.

A composição oficial da Coca-Cola é de: água gaseificada, açucar, corante da caramelo E150d, ácido fosfórico como acidificante, extratos vegetais e aroma de caféina.

Na verdade, a fórmula "secreta" da Coca-Cola, hoje em dia, desvenda-se facilmente com a ajuda de um espectrómetro. O problema é que a patente impede que esta seja copiada. A fórmula da Pepsi tem uma diferença básica da Coca-Cola para evitar processos judiciais.


Alguns componentes da Coca-cola e consequências para a saúde:


Um dos compnente é o Cloreto de Sódio (sal), em exagero, que refresca e ao mesmo tempo dá sede a dobrar, pedindo outro refrigerante, e não enjoa porque o tal sal mata literalmente a sensibilidade ao doce, que também existe em grande quantidade : 39 gramas de "açúcar" (sacarose). Mais de 10% da Coca-Cola é açúcar. Imagine numa lata de Coca-Cola, mais de 1 centímetro e meio da lata é açúcar puro... isso dá aproximadamente umas 3 colheres de sopa cheias de açucar por lata!


Em termos gerais a composição da Coca-Cola é a seguinte:

Concentrado de Açúcar queimado - Caramelo - para dar a cor escura e o gosto; ácido ortofosfórico (azedo); sacarose - açúcar ( HFCS- High Fructose Corn Syrup - açúcar líquido da frutose do milho); extrato da folha de cocaína e outros aromatizantes naturais de outras plantas, cafeína, e conservante que pode ser Benzoato de Sódio ou Benzoato de Potássio, Dióxido de carbono ( muito ) para causar aquela sensação de ardor na garganta quando você a toma e junto com o sal dar a sensação de refrigeração.


O uso de ácido ortofosfórico e não o ácido cítrico como todos os outros usam, é para dar a sensação de dentes e boca limpa ao beber, este ácido literalmente corrói tudo, e em grande quantidade pode até causar a destruição do esmalte dos dentes, o ácido cítrico ataca os dentes com muito menor violência. Este ácido pode até causar osteoporose, particularmente em crianças dos 2 aos 14 anos.



Composição exacta (?) da Coca-Cola:

Após Pendergrast já ter publicado a composição da Coca-Cola, William Poundstone publicou um livro em 1983 com a formula que se julga, hoje em dia ser a mais exacta da sua composição:


Xarope:

Açucar (2400 g, diluido em água)

Caramel (91,99 g)

Caféina (3,1 g)

Ácido fosfórico (13,2 g)

Folhas de cocaína descocaínizada (1,1 g)

Noz de Cola (0,37 g).

Sumo de lima (30 g)

Extrato de baunilha (1,86 g)

Glicerina (19 g)

Esmagar as folhas de cocaina e as nozes de cola em 22 g de álcool a 20%. Juntar o sumo de lima, a glicerina e o extrato de baunilha. Assim obtemos o xarope.


Os engrediente aromáticos:

Laranja (0,47 g)

Limão (0,88 g)

Noz muscada (0,07 g)

Canela da China (0,2 g)

Lima (0,47 g)

Umas pitadas de Flor de Laranjeira, de Coentros e de alfazema.


Misturar estes aromas com 4,9 g de álcool a 95% e 2,7 g de água. Deixar repousar 24 horas a 60ºF. Aparece uma espuma que juntamos ao xarope. Por fim juntar água suficiente para obter um galão (3,785 litros) de xarope.

Para obter bebida final de Coca Cola junta-se 1 onça de xarope em 5,5 onças de água gaseificada.


Um pouco de história...



O nome "Coca-Cola" é uma marca americana patenteada em 1887. O nome deriva da sua primeira constituição: a folha de cocaína e a noz de cola. Na origem, era utilizada pelo seu inventor e farmacêutico, John Pemberton, como medicamento para problemas gastrointestinais, como dores de estomago e diarreia. Ainda hoje é considerado um bom antidiarreico.

A noz de cola, de gosto amargo, tem uma grande quantidade de caféina. Fez parte durante muito tempo da composição da Coca-Cola, mas dado o seu elevado custo, há quem pense que hoje em dia terá sido subtituída por aromatizantes artificiais.

A primeira receita tinha o nome de "French Wine Coca" e terá sido inspirada da receita do vinho francês "Mariani" que era uma bebida composta por vinho de Bordéus ao qual se juntavam extratos de folhas de cocaína e de noz de cola. Era portanto uma bebida alcoolizada.


Com a proibição do álcool em Atlanta (USA), de onde é originária a Coca-Cola, este deixou de fazer parte da sua composição. Mais tarde foi a vez da cocaína ser retirada. Em 1886, um copo de Coca-Cola tinha mais ou menos 9 g de cocaína.





Curiosidades:


Cada fabricante, sob licença da Coca-Cola, recebe o concentrado e só tem de juntar água. Como a água não tem o mesmo gosto em todas as regiões, esta é tratada com UV para ter um gosto identico em todo o mundo.

Por ainda serem utilizadas as folhas de cocaína, apesar de descocaínizadas, a Coca-Cola importa todos os anos cerca de 160 toneladas dessas folhas da Bolívia.

A Coca Cola é o maior consumidor mundial de Baunilha.




O negócio dos incêndios




Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.





Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:





1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?


Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?


Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair?


Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?


Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?





2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...


3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.


4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.


5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.









Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime... Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?


Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.





Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:


1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.


2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).


3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores


4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.


5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.


6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.


Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.




"A indústria dos incêndios", um texto de autoria de JOSÉ GOMES FERREIRA , sub-director de informação da SIC.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O mito do sal na hipertensão.

Apesar de numerosos estudos, a relação entre o sal e a pressão arterial ainda permanece controversa e mal entendida. Nenhum estudo prova que o sal provoca hipertensão arterial numa pessoa saudável.


E no entanto, a ditadura da normalização quer impor-nos a sua redução através de leis.







"pãozinho sem sal"



O jornal "Público" de hoje anuncia na primeira página: "Excesso de sal no pão dá multas até 5 mil euros a partir de hoje". E refere que "Portugal é, a partir de hoje, o primeiro país do mundo ocidental a ter uma lei que impõe limites ao teor de sal no pão. Produzir e vender pão com mais de 1,4 gramas de sal (por 100 gramas de produto final ou 0,55 gramas de sódio) passa a poder ser punido com coimas até cinco mil euros, estipula a legislação que os representantes dos panificadores desvalorizam, garantindo que já está a ser cumprida na maior parte dos casos"



"São os próprios autores da lei que admitem que o objectivo era ir mais longe. A ideia era começar pelo pão e avançar de seguida para outros alimentos".




O "Journal of the American College of Nutrition" publicou em 2006, um artigo de Norman K. Hollenberg que faz a revisão de vários estudos clínicos quanto à utilização de sal na alimentação. Este chega à conclusão que a redução diária de 6 gramas de sal tem um efeito muito modesto na redução da tensão arterial, apenas 1 a 3 mmHg na pressão sistólica e 0 a 2 mmHg na diastólica.



O autor conclui que a imposição da redução de sal na alimentação, como se fosse um veneno, é uma medida exagerada dada a fraca redução que este teria nos valores da tensão arterial.



A sensibilidade ao sal varia muito de pessoa para pessoa e essa sensibilidade é afectada pela idade, a raça, a obesidade,...



Quanto à fisiologia, sabe-se hoje em dia que a ingestão de sal no indivíduo saudável é normalmente eliminada pelos rins. Mas o mito instalou-se de que a sua ingestão leva a um aumento do volume dos fluidos, uma das razões da hipertensão arterial.



Estudos recentes mostraram que existe um segundo mecanismo regulador e que este ajusta e deposita o sódio no organismo, sem retenção de água suplementar (Titze et al. Osmotically inactive skin Na+ storage in rats. In: American Journal of renal Physiology, 2003).



Nem todas as pessoas hipertensas vão beneficiar, e de uma forma muito limitada, da redução de sal na alimentação. Sem esquecer que uma dieta pobre em sal pode conduzir a uma hiperactivação do sistema renina-angiotensina e do sistema nervoso simpático, a um aumento à insulina e À desidratação (sobretudo nos idosos). Tudo isto contribui então para um aumento dos factores de risco cardiovasculares.





A loucura da normalização.







Recomendar a indivíduos saudáveis uma redução da ingestão de sal não assenta em nenhuma vantagem bem definida.




O que está aqui em causa é querer impor normas alimentares sem a possibilidade da escolha individual em nome da saúde. A limitação da liberdade individual, como o sermos obrigados a comer pão com pouco sal, conduz-nos pouco a pouco para uma verdadeira ditadura do estado sobre os indevíduos.



Muito do aumento das doenças alimentares actuais deve-se à progressiva deterioração da qualidade dos alimentos devido à corrida desenfreada da procura do lucro fácil por parte da indústria alimentar. Os alimentos além de terem perdido o sabor, também perderam parte dos seus componentes originais, a tal ponto que hoje em dia somos obrigados a compra-los adicionados dos mais diversos componentes.



Comprar um litro de leite "normal" num supermercado revela ser uma verdadeira aventura: porque têm adicionado ferro, ómega 3, vitaminas e até cálcio (como se o leite não tivesse já a dose de cálcio natural necessária). Sou saudável e gosto do pão com bastante sal, mas vou ser obrigado a comê-lo com pouco sal, ou então terei de o fabricar, até que um dia a ASAE tenha também a autorização de vir controlar em minha casa o teor de sal do pão que confeccionei.




http://www.jacn.org/cgi/content/full/25/suppl_3/240S

http://www.prnewswire.co.uk/cgi/news/release?id=185290

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Banca: com cada vez mais lucros paga cada vez menos impostos !


Ainda se lembram da crise financeira mundial em que os estados tinham que ajudar a banca?


Pois bem, a banca vai bem e recomenda-se. Agora que já saiu da "crise" será que esta vai ajudar os que a ajudaram? Não, pelo contrário, paga cada vez menos impostos.






Imposto da banca: 4,3% !



Eugénio Rosa, economista, comenta a divulgação dos recentes resultados da banca referentes a 2009 da a Associação Portuguesa de Bancos. Apesar dos lucros terem atingindo 1.725 milhões €, a banca deverá pagar, dos lucros obtidos em 2009, apenas 74 milhões € de imposto (IRS mais derrama), o que corresponde a uma taxa efectiva de imposto de 4,3%.


E isto porque a banca conseguiu diferir 201 milhões € de impostos que podem “ser recuperados no futuro se forem gerados lucros suficientes” (pág. 21, Boletim Informativo 45 da Associação Portuguesa Bancos). E certamente a banca vai gerar lucros suficientes.


Se considerarmos o período 2004-2009, segundo dados divulgados pela Associação Portuguesa dos Bancos, os lucros, antes de impostos, da banca somaram, 13.425 milhões €, tendo o valor dos impostos pagos (IRC mais derrama) atingido apenas 1.740 milhões €, o que corresponde a uma taxa efectiva de imposto de apenas 12,96%. Se a banca tivesse pago a taxa legal, teria sido obrigada a pagar 3.557,6 milhões de euros de IRC e de derrama; portanto, a banca pagou menos 1.818 milhões de euros de imposto do que teria pago se fosse tributada à taxa legal de 26,5% (IRC mais derrama), aumentando mais os seus lucros à custa de impostos não pagos ao Estado.



Engenheiria financeira...




O governo quando o confrontamos na legislatura anterior na própria Assembleia da República com estas taxas, nega-as apresentando taxas, que embora ainda inferiores às taxas legais, são mais elevadas. E procurando iludir a opinião pública e os próprios deputados recusa-se a explicar como chegou às taxas que apresenta.


E a «habilidade» que utiliza é a seguinte: calcula as taxas efectivas não com base no lucro real efectivo dos bancos, aquele que eles anunciam e que serve de base para distribuir os dividendos aos accionistas, mas com base no lucro tributável, ou seja, aquele que se obtém depois de retirar aos lucros reais da banca o valor dos benefícios fiscais mais os prejuízos de empresas pertencentes ao grupo bancário que são deduzidos no lucro do banco.


É desta forma, que o governo procura ocultar, defendendo assim os elevados lucros da banca, as baixíssimas taxas efectivas de imposto que a banca continua a pagar em Portugal.

Este assunto já tinha sido abordado neste blogue num artigo do ano passado.


Algumas explicações para lucros cada vez maiores:


Como já vimos, a banca tem mais lucros mas paga menos ao fisco. Só o BCP, BES e BPI ganharam três milhões por dia, no primeiro semestre do ano, mas pagaram menos um terço de impostos. Isto num contexto de crise que levou a banca a apertar as condições de acesso ao crédito às empresas e famílias.


Assim, grande parte destes lucros foram obtidos à custa da exploração dos utentes dos serviços bancários, através do recurso a práticas como o aumento dos 'spreads', das taxas de juro e das comissões bancárias, que no conjunto de 2008 e 2009 (dois anos de profunda crise) atingiram os 4,8 mil milhões de euros.

O BCP, que pagou menos 24,2 milhões de euros de imposto, justifica o facto com as operações internacionais e o pagamento de impostos no estrangeiro. E, neste primeiro semestre do ano, as operações internacionais do BCP cresceram 188,4%. "Tivemos resultados muito maiores no estrangeiro, pagamos os impostos nos países onde operamos e que têm taxas diferentes da portuguesa. Há aqui um efeito ajustado às geografias onde operamos", explicou fonte do banco.



E até há quem não pague impostos!



As ajudas generalizadas à banca foram um dos pontos principais dos planos anti-crise que todos os países adoptaram. No seu conjunto, o G20 injectou 2,2% do PIB para estabilizar o sistema financeiro


Em 2005 o Montepio apresentou, segundo o relatório da Associação Portuguesa de Bancos (APB), um lucro de 57,7 milhões de euros, o segundo resultado líquido mais elevado dos últimos seis anos.

Mas não pagou impostos sobre os lucros. Sendo considerada uma associação mutualista, a instituição beneficia de um regime excepcional de isenção no pagamento de IRC

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), associada ao Montepio, é considerada uma Pessoa Colectiva de Utilidade Pública (PCUP), qualidade que lhe confere um regime fiscal que a isenta total ou parcialmente de alguns impostos. O Montepio explica que a CEMG não tem fins lucrativos e que todos os seus resultados são aplicados exclusivamente em projectos de solidariedade social.

Outro caso: o Deutsche Bank também não pagou impostos em 2005, apesar de ter apresentado um lucro de 834 mil euros em Portugal. Este não pagamento de impostos resulta do facto de o banco alemão ter tido um prejuízo de 4,7 milhões em 2004.


Não se preocupem, o estado ajuda...


À excepção dos que vão à falência (como o BPN ou o BPP) um banco não tem “prejuízos”. o que às vezes acontece é que eles têm "trágicas" quebras de lucros. Por exemplo, em vez de ganharem 100 milhões, ganham só 99.


Se surgir algum problema o estado ajuda a Banca. Foi assim que em plena crise financeira mundial, nos finais de 2008, o BCP, o BES, o BPI, a CGD e o Santander Totta emitiram dívida para financiar a actividade bancária recorrendo às garantias do Estado, que foram aprovadas pelo Governo e totalizaram 20 mil milhões de euros, o equivalente a 11 por cento do PIB português.



...e o contribuite paga!



O Banco de Portugal admite que as contra-garantias que o BPP deve ao Estado podem não chegar aos 672 milhões de euros. Os contribuintes podem não reaver o valor pago pelo Estado pela garantia dada ao empréstimo que o BPP pediu aos bancos.
Tudo porque as contra-garantias que o banco deve ao Estado português podem não chegar ao tal valor inicial de 672 milhões de euros.


O Estado português assegurou aos bancos que emprestaram dinheiro ao Banco Privado Português que não ficariam lesados. Em troca dessa garantia, exigiu ao BPP activos no valor de 672 milhões de euros.
Se o banco deixasse de pagar aos credores, como efectivamente aconteceu, e o Estado, por ter dado o seu aval, tivesse de avançar com o pagamento, como teve de fazer, os bens da contra-garantia poderiam ressarcir os cofres públicos.


Outra notícia, é a do BPN ir finalmente regressar ao mercado. Cerca de 20 meses depois de ter sido nacionalizado, o Governo, em Conselho de Ministros, aprovou a reprivatização do banco.


O Governo montou uma engenharia financeira de forma a vender o BPN limpo, procurando maximizar o encaixe previsto na privatização. Sem o buraco, o Governo espera um encaixe mínimo de 180 milhões com a venda da rede de retalho do banco. De fora da privatização do BPN ficarão um conjunto de activos - alguns créditos sobre clientes, imobiliário e participações e filiais - e os respectivos passivos.

No meio desta argamassa de activos e passivos está o buraco de 1,9 mil milhões de imparidades deixadas pela anterior administração, bem como o financiamento de 4.000 milhões que a Caixa tinha dado ao BPN através da emissão de papéis comerciais.

Resumindo: o BPN vai para o mercado enxuto e o Estado fica entre mãos com uma enorme interrogação. Mesmo reescalonado o prazo para a recuperação e cristalização dos activos que passam para o Estado, nada garante que estes gerem ‘cash' suficiente para pagar as responsabilidades, nomeadamente à CGD. Esta incógnita é o preço a pagar pela nacionalização do BPN.




segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Azeite: um trafico tão rentável como a cocaína !





Na década de 90 constatou-se que a população da bacia do mediterrâneo tinha uma incidência de doenças cardiovasculares, doenças degenerativas e cancro significativamente inferior à dos habitantes dos restantes países desenvolvidos.


Veio a demonstrar-se que o factor determinante para esta menor incidência de doenças crónicas e degenerativas era a alimentação tradicional da bacia do Mediterrâneo



O azeite é um alimento importante dessa dieta. O seu consumo tem vindo a aumentar e dado tratar-se de um alimento caro não tardou a constituirem-se verdadeiras redes mafiosas que vendem óleo por azeite. Um trafico altamente rentável e muito menos arriscado que o das drogas.



Parâmetros de um bom azeite:



Ao comprar azeite o mais seguro é comprar azeites embalados e rotulados. Quanto aos parâmetros para a avaliação da qualidade, temos a prova, a acidez e o índice de peróxidos e as absorvências.


Na prova, avaliam-se os defeitos que podem ser ranço, tulha, etc; os índices de peróxidos e as absorvências, dizem o estado do azeite relativamente à oxidação de que o ranço é o último estádio; o teor de ceras avalia apenas a genuinidade. Basta que um dos parâmetros seja anormal, para que o azeite tenha que ser sujeito às operações de refinação iguais às de qualquer óleo.


Voltando à acidez, este parâmetro, por lei, só pode aparecer nas embalagens se os outros - índice de peróxidos, absorvências e teor de ceras - constarem em caracteres de igual dimensão.


Quanto à acidez, temos: Azeite Virgem Extra -acidez inferior ou igual a 0,8%; Azeite Virgem - inferior ou igual a 2%; Azeite - contém azeite refinado e azeite virgem - inferior ou igual a 1%.


O azeite refinado é obtido do azeite virgem por operações de refinação, que se destinam a eliminar substâncias que podem conferir aromas, cor, sabor e acidez elevada. A refinação efectua-se mediante operações de neutralização dos ácidos gordos livres com soluções alcalinas, ou de separação desses ácidos por destilação em ambiente rarefeito, bem como de descoloração com absorventes inócuos e de desodorização pela passagem do vapor de água em ambiente rarefeito.



Falsificações:



O azeite à venda em Portugal é relativamente seguro. Apesar de tudo, em 2007, num teste comparativo a 19 marcas de azeite virgem extra, a DECO PROTESTE encontrou duas amostras falsificadas: "Insular Clássico" e "UP - Uni.Preço Clássico". A adulteração, num produto nobre como é o azeite virgem extra, é intolerável e ilegal. Neste caso, houve adição de azeite refinado.


Em 2006, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 124 mil litros de azeite falsificado, no valor de 600 mil euros.

O caso foi iniciado pelas autoridades espanholas que apreenderam azeite falsificado, que se viria a descobrir estar a ser fabricado em Portugal.

Mais de uma dúzia de empresas estavam envolvidas no fabrico ou empacotamento do azeite falsificado, localizadas nos distritos de Braga, Porto, Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Setúbal e Faro.

O produto falsificado destinava-se na sua quase totalidade ao mercado externo, nomeadamente Bulgária, Canadá, Espanha e alguns países de África.

O produto era comercializado como sendo azeite virgem, mas era na realidade azeite misturado com vários tipos de óleo e com alguns aditivos.



Morte por consumo de azeite falsificado em Espanha.


Há 25 anos em Espanha, tinha inicio o que é ainda hoje considerado o mais grave caso de intoxicação alimentar em Espanha, que afectou, de acordo com dados oficiais, 18 mil pessoas e provocou a morte de 1500.


Este foi detectado pela primeira vez em Maio de 1981, as investigações determinaram que os afectados tinham em comum o consumo de azeite de colza desnaturalizado com anilina. O óleo de colza fora importado de França para uso industrial, depois foi distribuído por alguns produtores de azeite, que tentaram extrair a anilina a altas temperaturas, um processo que, segundo os investigadores, deu lugar à criação de compostos tóxicos. O azeite falsificado com óleo de colza foi vendido em garrafas de plástico, por vendedores ambulantes, o que na altura ainda era permitido.



Azeite: zona de produção limitada.


Devido às suas caracteristicas, o azeite é produzido exclusivamente na região do Mediterrâneo, sendo a Espanha o principal produtor com 1 200 000 toneladas (44% da produção mundial), vem depois a Itália com 550 000 toneladas (20%), a Grécia com 370 000 toneladas (13%), e em menor quantidade: Marrocos, Turquia e Tunisia. A produção de Portugal é cerca de 30 000 toneladas, o que representa 1% da produção mundial.



Um negócio apetecível.


O mercado mundial do azeite representa 11 mil milhões de Dólares anuais, e o seu consumo não para de aumentar dado os seus efeitos benéficos para a saúde. Em 2004, nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) autorizou que os produtores de azeite colocassem nos rótulos que o fraco teor de gorduras monosaturadas do azeite contribuia para a redução de doenças cardiovasculares.

No entanto, os benefícios do azeite têm um custo, cada litro custa entre 5 e 40 Euros.

Este facto não passou despercebido aos traficantes. Em 1997, o azeite era o produto agricola mais traficado na União Europeia, a tal ponto que a represão de fraudes foi obrigada a criar um departamento especial para o azeite.

As máfias do "ouro verde".




O trafico deste "ouro verde" representa para os traficantes benefícios comparáveis ao do trafico de cocaína com riscos mínimos. Assim existe todo um comercio de navios carregados com óleos diversos que partem da turquia para chegar à Grécia e a Itália que depois os vendem como sendo azeite de primeira qualidade. A análise das garrafas mostra que estas contêm colza, girassol e até óleo industriais.

A política agricola europeia acaba por encorajar este trafico com a atribuição de subsídios em função das quantidades produzidas e não da qualidade, ora os grandes fabricantes de azeite estão frequentemente ligados às máfias italianas e da região dos Bálcãs.

Em 2007, as autoridades italianas testaram 757 produtores de azeite e descobriram que 205 juntavam óleos ao azeite. Por vezes até juntam clorofila para acentuar a cor verde, e assim um simple óleo é então vendido como azeite virgem extra.



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um grupo de anti-hipertensores suspeito de provocar cancro e morte cardiovascular.

O grupo de medicamentos antagonistas dos receptores da angiotensina, utilizados para a hipertensão arterial pode conduzir a um aumento da incidência de cancro e até do aumento da mortalidade cardiovascular.


Esse grupo de medicamentos inclui: o losartan (Cozaar), condesartan (Atacand), irbesartan (Aprovel), olmesartan (Olsar, Olmetec), telmisartan (Micardis, Pritor) e valsartan (Diovan, Tareg).




Os antagonistas dos receptores da angiotensina têm a vantagem de não provocar tosse ou edema como por vezes se observa com outros anti-hipertensores, nomeadamente os IEC (Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina) por exemplo o captopril ou o lisinopril. Todavia apesar de estes serem tão eficazes para a redução da tensão arterial como os restantes grupos, estudos recentes sugerem que poderão estar na origem de um aumento das incidências de cancro e acidentes cardiovasculares.




O "Lancet Oncology" publicou no dia 14 de Junho de 2010 um texto em analizava cinco estudos clínicos recentes em que o telmisartan (Micardis, Pritor) era utilizado versus um placebo num universo de 30 014 doentes. A incidência de cancro foi de 7,2% nos doentes que tomavam o telmisartan enquanto essa incidência foi apenas de 6% no grupo de controlo.




A FDA (Food and Drug Administration) por seu lado referia que após a analize dos estudos ROADMAP e ORIENT, ambos com o olmesartan (Olsar, Olmetec), em doentes com diabetes tipo 2, o risco de morte cardiovascular era superior aos que faziam placebo. No estudo ROADMAP, com 4 447 doentes, as mortes cardiovasculares foram de 15, nos que tomavam olmesartan contra 3 nos que não o tomavam. No estudo ORIENT, esses números foram de 10 e 3 respectivamente.




Nem tudo é mau com os antagonistas dos receptores da angiotensina, um estudo publicado no dia 12 de Janeiro de 2010 no British Medical Journal (BMJ), concluiu que num universo de homens com mais de 65 anos tratados com este grupo farmacológico a incidência de demências, e em particular de doença de Alzheimer, era menor do que nos doentes que recebiam outro tipo de anti-hipertensores.




Na prática, na escolha de um anti-hipertensor, os Inibidores da Enzima de Conversão da angiotensina (IEC) já deram provas de reduzirem a mortalidade de origem cardiovascular e portanto são preferíveis até se apurarem novos estudos. Não esquecer, por fim, que e tanto os IEC como os antagonistas dos receptores da angiotensina não devem ser prescritos em mulheres em idade de procriar, dado que a toma durante a gravidez, sobretudo no 2º e 3º trimestre, pode causar graves malformações fetais.







quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Corrupção no futebol, ou porque é que a Espanha vai ganhar o Campeonato do Mundo em 2010



Hans Vogel, escreveu um excelente artigo que vale a pena ler, sobre os meandros da corrupção no fubebol. Neste caso, trata-se das escolhas políticas dos vencedores dos Campeonatos do Mundo.


A previsão de que a Espanha iria ganhar o deste ano estava certa, as razões são aqui explicadas.


Este artigo foi publicado no dia 16 de junho de 2010, no dia em que a Espanha tinha acabado de perder o seu primeiro jogo e logo contra a Suiça, e no entanto...





Um desporto milionário.



É um cliché afirmar que o futebol é um grande negócio. Futebol, o desporto mais popular do planeta, gera bilhões de dólares. É também um cliché afirmar que em todos os lugares onde há dinheiro, há corrupção. Quanto mais dinheiro, mais corrupção. Infelizmente, clichés tendem a ser verdade, é por isso que eles são chamados clichés.


É importante manter isso em mente quando você assistir aos jogos da Copa do Mundo. Da próxima vez que ligar o aparelho de TV para ver alguma acção emocionante, especialmente um daqueles jogos onde as apostas são altas, sugiro que você pergunte a si mesmo uma pergunta simples. Você realmente acha que poderosos interesses económicos deixariam a critério de alguns árbitros falíveis com um salário modesto, poder decidir o destino do seu investimento? E a propósito, você acredita que os árbitros tomam as suas decisões puramente de forma independente?


Porque é que a Espanha vai ganhar o Campeonato do Mundo de Fubebol de 2010 ?




Se tem seguido a evolução do futebol nas últimas décadas, está certamente ciente dos vários escândalos relacionados com o futebol em toda a Europa e América Latina, envolvendo guarda redes venais, árbitros comprados lesões misteriosas e muitas outras coisas incongruentes. Como sempre, o que vem a céu aberto é apenas a ponta do iceberg.

Este ano de 2010, mais do que nunca, os riscos são extremamente elevados. Estes riscos são altos porque, para além da Grécia, pelo menos, seis países que participam no Campeonato do Mundo, são confrontados com a desintegração sócio económica iminente. Todos aqueles que estão a par do que vem acontecendo na Grécia desde 2008 poderão imaginar o que está para acontecer em Espanha, Portugal, Inglaterra, França, Itália e ... os E.U.. Todos esses países estão à beira do colapso económico extremo. Para eles, não é uma questão de se, mas quando o desastre acontecerá. Embora de eles irem cair como pedra de dominó, é quase certo que a Espanha será o primeiro a ir. Os seus problemas são enormes e graves:

Crescimento económico negativo consistente, desemprego na faixa dos 20%, desemprego juvenil, 40%, endividamento total no valor de 270% do PIB, e 1,6 milhões de propriedades não são vendidas no mercado imobiliário. A população está desesperada e fervendo de raiva. Já há algumas semanas, as principais cidades da Espanha foram inundadas com centenas de milhares manifestantes amedrontados clamando por justiça. Tudo continuou em paz, por agora. O actual governo espanhol é incapaz de resolver os problemas que está enfrentando. É apenas um pequeno consolo que não há ninguém que possa salvar a Espanha.
A salvação está além do alcance de qualquer pessoa. A única coisa que pode ser feito é o caminho do perdedor: Ganhar tempo.
A suspensão da execução só pode ser obtida de uma forma: A Espanha ganhar a Copa do Mundo.




Vitórias convenientes.
Na realidade, há um amplo precedente histórico da vitória ser atribuída uma nação com necessidades especiais de sucesso Atlético por razões políticas, sócio económicas ou mesmo razões de prestígio. Em várias ocasiões, a Copa do Mundo foi para um país que estava passando por algum tipo de crise.

Em 1954, a Alemanha derrotou a Hungria num final miraculoso, depois de ter sido quase aniquilada pela Hungria, durante um jogo do torneio anterior. A Alemanha, cujas cidades foram despedaçadas por selvagens bombardeamentos britânicos e E.U., cujas fábricas foram saqueadas por todos os vencedores cuja população foi dizimada e humilhada, estava ansiosa por alguma coisa para recuperar um sentido de dignidade. Que melhor maneira de atingir esse objectivo do que uma vitória atlética?


Em 1966, a Inglaterra sediou a Copa do Mundo e, embora a sua equipe não fosse certamente a melhor e mais brilhante, ela foi premiada com a taça após uma disputada final contra a Alemanha. Na época, a Inglaterra (ou melhor, a Grã-Bretanha) estava numa posição fraca devido a crise da Rodésia. A Inglaterra lá engatinhou para a final, com os árbitros a dar uma mãozinha, como durante quartos de final no jogo contra a Argentina. A Inglaterra tinha um offside reconhecido e mesmo assim ganhou o jogo. Os Argentinos ficaram desequilibrados quando o seu capitão foi expulso de campo por alegado abuso verbal.


A vez da Argentina veio doze anos depois, quando organizou a Copa do Mundo em 1978. Foi criada de forma de ter a Argentina disputando um encontro com a favorita universal, a Holanda, no final. Naturalmente, os holandeses não tiveram hipótese (chance) porque a junta militar que regia a Argentina precisava de um sucesso desportivo para solidificar a sua posição e para completar o seu programa de reorganização da economia argentina. Os E.U. e outras nações apoiaram a junta (incluindo o governo holandês), tinham grandes expectativas. Eles queriam que a Argentina assumisse a liderança na transformação das economias latino-americanas para o tipo do cruel neoliberalísmo que a grande parte do mundo agora adere. A Argentina foi designada como uma vitrina para o capitalismo de núcleo duro.


Johan Cruyff, jogador de futebol considerado o melhor do mundo nessa época recusou-se a juntar-se à equipe holandesa, alegando preocupações com a sua segurança. Pode imaginar a enorme pressão que ele sofreu para viajar à Argentina mas Cruyff persistiu na sua recusa e não cedeu. Ele tinha conhecimento que o lado holandês, não tinha a menor chance e que a final tinha sido ajustada muito antes para garantir uma vitória à Argentina. Em 1982 a vitória foi para o lado Italiano. Talvez esta não fosse também uma coincidência, a Itália estava praticamente à beira de uma guerra civil. Os chamados anos de chumbo (anni di Piombo) foram caracterizados por um elevado nível de violência do Estado e de violência anti-estado e um generalizado descontentamento e desconfiança pública vis-à-vis o governo e as instituições. A Vitória da Itália teve certamente um efeito atenuante sobre no público.




Manipulações na arbitagem:


Antes de cada Copa do Mundo, os árbitros recebem instruções claras a respeito de que lado eles estão a favor, em caso de existirem dúvidas. Nações cuja vitória não faria uma contribuição significativa para o avanço do desporto nunca são favorecidas.


Independentemente do mérito Atlético de suas equipes, você realmente acredita que a Coreia do Norte (cujo governo é sistematicamente vilipendiado pelos E.U. e pelos seus estados clientes), tem uma boa chance de ficar em algum lugar? Você acha que as Honduras irão chegar longe? Ou a Argélia? E sobre o Irão, quando ele participou na fase final há um par de anos atrás? Até mesmo os E.U., com todo o seu aparato militar e influência política e económica, não pode esperar ganhar o torneio. Isto deve-se ao facto de que apesar dos esforços maciços feitos nos E.U., o futebol não evoluiu num jogo verdadeiramente popular.


Naturalmente, isto não quer dizer que a Copa do Mundo não tenha nada a ver com futebol. Claro que o futebol é parte significante mas os poderosos interesses económicos e políticos, quase sempre sem o conhecimento do grande público, podem afectar o resultado de cada jogo.


Na verdade, se você realmente gosta de futebol, você deve desligar o seu televisor agora. Você está sendo enganado, você é uma vítima involuntária de um esquema gigantesco, o equivalente a esquema de Ponzi atlético. Se você gosta de futebol, vá jogar com os seus amigos ou então vá a um parque e assista as crianças locais exibindo as suas habilidades. Mas sinceramente, pare de desperdiçar o seu tempo assistindo a um torneio fixado de antemão.


Este ano, a Espanha, além de ter um lado bom, enfrenta enormes problemas sócio económicos. A vitória espanhola seria do interesse não só do governo espanhol, mas também dos governos da UE e da administração da E.U.. Uma vitória para a sua equipe seria desviar a atenção do público espanhol e torná-los talvez mais maduros nas suas críticas às políticas governamentais. Quanto mais tarde a ulcera Espanhola rebentar, quanto melhor para os outros estados em dificuldades económicas. É por isso que pode ser profetizado com uma precisão razoável que a Espanha ira ganhar a Copa do Mundo.

Além disso, eu não sou o único a dizê-lo. Johan Cruyff já afirmou publicamente que ele pensa que a Espanha vai ser o Campeão do Mundo.