Na década de 90 constatou-se que a população da bacia do mediterrâneo tinha uma incidência de doenças cardiovasculares, doenças degenerativas e cancro significativamente inferior à dos habitantes dos restantes países desenvolvidos.
Veio a demonstrar-se que o factor determinante para esta menor incidência de doenças crónicas e degenerativas era a alimentação tradicional da bacia do Mediterrâneo
O azeite é um alimento importante dessa dieta. O seu consumo tem vindo a aumentar e dado tratar-se de um alimento caro não tardou a constituirem-se verdadeiras redes mafiosas que vendem óleo por azeite. Um trafico altamente rentável e muito menos arriscado que o das drogas.
Parâmetros de um bom azeite:
Ao comprar azeite o mais seguro é comprar azeites embalados e rotulados. Quanto aos parâmetros para a avaliação da qualidade, temos a prova, a acidez e o índice de peróxidos e as absorvências.
Na prova, avaliam-se os defeitos que podem ser ranço, tulha, etc; os índices de peróxidos e as absorvências, dizem o estado do azeite relativamente à oxidação de que o ranço é o último estádio; o teor de ceras avalia apenas a genuinidade. Basta que um dos parâmetros seja anormal, para que o azeite tenha que ser sujeito às operações de refinação iguais às de qualquer óleo.
Voltando à acidez, este parâmetro, por lei, só pode aparecer nas embalagens se os outros - índice de peróxidos, absorvências e teor de ceras - constarem em caracteres de igual dimensão.
Quanto à acidez, temos: Azeite Virgem Extra -acidez inferior ou igual a 0,8%; Azeite Virgem - inferior ou igual a 2%; Azeite - contém azeite refinado e azeite virgem - inferior ou igual a 1%.
O azeite refinado é obtido do azeite virgem por operações de refinação, que se destinam a eliminar substâncias que podem conferir aromas, cor, sabor e acidez elevada. A refinação efectua-se mediante operações de neutralização dos ácidos gordos livres com soluções alcalinas, ou de separação desses ácidos por destilação em ambiente rarefeito, bem como de descoloração com absorventes inócuos e de desodorização pela passagem do vapor de água em ambiente rarefeito.
Falsificações:
O azeite à venda em Portugal é relativamente seguro. Apesar de tudo, em 2007, num teste comparativo a 19 marcas de azeite virgem extra, a DECO PROTESTE encontrou duas amostras falsificadas: "Insular Clássico" e "UP - Uni.Preço Clássico". A adulteração, num produto nobre como é o azeite virgem extra, é intolerável e ilegal. Neste caso, houve adição de azeite refinado.
Em 2006, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 124 mil litros de azeite falsificado, no valor de 600 mil euros.
O caso foi iniciado pelas autoridades espanholas que apreenderam azeite falsificado, que se viria a descobrir estar a ser fabricado em Portugal.
Mais de uma dúzia de empresas estavam envolvidas no fabrico ou empacotamento do azeite falsificado, localizadas nos distritos de Braga, Porto, Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Setúbal e Faro.
O produto falsificado destinava-se na sua quase totalidade ao mercado externo, nomeadamente Bulgária, Canadá, Espanha e alguns países de África.
O produto era comercializado como sendo azeite virgem, mas era na realidade azeite misturado com vários tipos de óleo e com alguns aditivos.
Morte por consumo de azeite falsificado em Espanha.
Há 25 anos em Espanha, tinha inicio o que é ainda hoje considerado o mais grave caso de intoxicação alimentar em Espanha, que afectou, de acordo com dados oficiais, 18 mil pessoas e provocou a morte de 1500.
Este foi detectado pela primeira vez em Maio de 1981, as investigações determinaram que os afectados tinham em comum o consumo de azeite de colza desnaturalizado com anilina. O óleo de colza fora importado de França para uso industrial, depois foi distribuído por alguns produtores de azeite, que tentaram extrair a anilina a altas temperaturas, um processo que, segundo os investigadores, deu lugar à criação de compostos tóxicos. O azeite falsificado com óleo de colza foi vendido em garrafas de plástico, por vendedores ambulantes, o que na altura ainda era permitido.
Azeite: zona de produção limitada.
Devido às suas caracteristicas, o azeite é produzido exclusivamente na região do Mediterrâneo, sendo a Espanha o principal produtor com 1 200 000 toneladas (44% da produção mundial), vem depois a Itália com 550 000 toneladas (20%), a Grécia com 370 000 toneladas (13%), e em menor quantidade: Marrocos, Turquia e Tunisia. A produção de Portugal é cerca de 30 000 toneladas, o que representa 1% da produção mundial.
Um negócio apetecível.
O mercado mundial do azeite representa 11 mil milhões de Dólares anuais, e o seu consumo não para de aumentar dado os seus efeitos benéficos para a saúde. Em 2004, nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) autorizou que os produtores de azeite colocassem nos rótulos que o fraco teor de gorduras monosaturadas do azeite contribuia para a redução de doenças cardiovasculares.
No entanto, os benefícios do azeite têm um custo, cada litro custa entre 5 e 40 Euros.
Este facto não passou despercebido aos traficantes. Em 1997, o azeite era o produto agricola mais traficado na União Europeia, a tal ponto que a represão de fraudes foi obrigada a criar um departamento especial para o azeite.
As máfias do "ouro verde".
O trafico deste "ouro verde" representa para os traficantes benefícios comparáveis ao do trafico de cocaína com riscos mínimos. Assim existe todo um comercio de navios carregados com óleos diversos que partem da turquia para chegar à Grécia e a Itália que depois os vendem como sendo azeite de primeira qualidade. A análise das garrafas mostra que estas contêm colza, girassol e até óleo industriais.
A política agricola europeia acaba por encorajar este trafico com a atribuição de subsídios em função das quantidades produzidas e não da qualidade, ora os grandes fabricantes de azeite estão frequentemente ligados às máfias italianas e da região dos Bálcãs.
Em 2007, as autoridades italianas testaram 757 produtores de azeite e descobriram que 205 juntavam óleos ao azeite. Por vezes até juntam clorofila para acentuar a cor verde, e assim um simple óleo é então vendido como azeite virgem extra.
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