Lucros excepcionais em tempo de crise...
Crise financeira mundial, o sistema ia-se desmoronar. Nada disso. Esta crise anunciada de longa data, mais não fez mais de que uma redistribuição da riqueza pelos mesmos. Os vários bancos que foram à falência, foram comprados por outros.
Em portugal, no fim do ano passado, a banca tinha que permanecer saudável, sendo supostamente o motor da ecónomia. O estado, à imagem de outros países, forneceu 20 mil milhões de Euros de garantia para a banca. Todos os bancos recorreram a ela para aumentar a sua liquidez. Na realidade, o dinheiro dos contribuintes serviu para "emprestar" dinheiro às instituições bancárias com um juro "favorável" para que estas nos podessem emprestar esse mesmo dinheiro com um juro mais elevado. É como se eu empresta-se 100 Euros a um amigo, e quando eu pedisse esse dinheiro de volta ele me desse apenas 80 Euros.
Assim se percebe melhor, como é que os cinco principais bancos portugueses obtiveram mil milhões de Euros de lucro no 1º semestre deste ano.
Mais 24% do que no período homólogo do ano passado! O BPI, por exemplo, multiplicou o seu lucro por 10! E isto em período de crise...
Fuga ao fisco na banca é...legal!
A banca por definição não pode perder dinheiro. Empresta dinheiro e ganha os juros desse empréstimo. Como qualquer empresa em Portugal deveria pagar 25% de IRC, mais 2,5% de derrama, o que daria 27,5% de IRC. A derrama é uma taxa de imposto municipal aplicável ao lucro de cada empresa, varia entre 0 e 1,5%.
O problema é que no caso da banca, o IRC não incide nos lucros reais, mas sim nos lucros fiscais.
Nos lucros reais totais, a banca tem a possibilidade de deduzir:
- os prejuízos das empresas pertencentes ao grupo bancário,
- a zona franca da madeira permite uma taxa de IRC de 2% em relação a 15% do lucro,
- dedução de 50% do rendimento de dividendos de empresas que foram privatizadas e que pertencem a esse grupo bancário.
Feitas as contas, e deduzindo esses benefícios, os lucros para efeito fiscais são muito menores. Isso permite que a banca pague apenas cerca de 13% de IRC, em relação aos seus lucros reais.
http://resistir.info/e_rosa/banca_paga_13pc_sobre_lucros.htmlBPN e BPP, dois casos exemplares.
O BPN e BPP, são dois bancos em que houve claramente fraude. O estado gastou 2,5 mil milhões de Euros com a viabilização e nacionalização do BPN. O que representa 1% do PIB português. Por seu lado, a falência do BPP, vai custar aos contribuintes 500 milhões de Euros.
Todas estas ajudas estatais foram feito para salvar a banca, pilar fundamental da economia. Essa mesmo, que em período de crise, teve um aumento dos seus lucros de 24 %!
A banca, quando tem lucros, não distribui parte dos seus lucros á economia. Porquê ajuda-la quando têem dificuldades? No fundo é uma empresa como outra qualquer, com os seus riscos.
Como dizia o economista Michael Hudson, "o sistema financeiro, não faz parte da economia real da produção e do consumo. O activo e a riqueza de um sector, é diferente da produção desse mesmo sector. Podemos pensar no sistema financeiro como um parasita, este extrai juros da economia, apodera-se da economia real, faz-lhe crer que é parte dessa economia. A ideia de salvar os bancos, para salvar a economia, está errada. Não se pode salvar o parasita e o hospedeiro."
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