terça-feira, 29 de março de 2011

Os professores devem ser avaliados, mas os alunos também

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Agora que a oposição parlamentar aprovou a revogação do actual sistema de avaliação dos professores, uma questão continua no ar: devem os professor serem avaliados, como qualquer outra profissão? A resposta só pode ser: sim. 


Claro que os moldes em que esta deve ser feita tem de ser revista, mas estarão os professores prontos para aceitar uma avaliação semelhante aquela que se realiza em França, através de inspectores da educação que fazem a avaliação nas escolas da aplicação das directrizes do ministério e a avaliação dos professores?


Antes de pensar numa tal avaliação, temos que retirar aos professores a incumbência de educar os seus alunos, essa pertence aos país, além disso, ao exigir mais rigor aos professores, temos que aceitar o fim do facilitismo em relação aos alunos.



O professor Alfredo Barbosa publicou hoje no "jornal i" um artigo a esse proposito que vale a pena ler:


Avaliação e ignorância


PARA QUEM NASCEU poucos anos depois da II Guerra Mundial, interveio na Guerra do Ultramar, viveu o 25 de Abril e procura compreender o mundo da internet, das redes sociais, da blogosfera, da instantaneidade, do conhecimento superficial, a ausência de uma cultura de avaliação emerge como um dos traços mais negativos do povo português. Em democracia, criou-se uma cultura clientelar, partidocrática, sobre uma outra, amiguista, que destruíram a confiança nos concursos de admissão e criaram uma fauna de padrinhos de "jobs for the boys" e géneros semelhantes.


Estamos longe, em Portugal, da ideia de um antigo presidente da Ford, Lido Anthony "Lee" Iacocca (n. 1924), para quem a competitividade de um país começa não na fábrica ou no laboratório de engenharia, mas na sala de aula.

O professor foi retirado do centro da escola, em detrimento do aluno, e para piorar a situação puseram-se os pais em segundo lugar. Postos nas bordas do ensino, obriga-se os professores a cumprir uma missão que devia pertencer aos pais: educar. Ao mesmo tempo que se lhes exige que "dêem aulas" de acordo com aquilo que os alunos desejam. E estes, um dia, hão-de achar (pensar é exigente) que um "15" é pouco, mesmo que não saibam calcular uma percentagem ou persistam em usar a vírgula a separar o sujeito do predicado.

A ignorância sobre como usar o conhecimento aumenta exponencialmente. Cumpre-se o axioma de McLuhan. E realiza-se o silogismo de Arthur Schlesinger Jr. (1888-1965): ignoramos o presente, ignoramos o futuro e acabamos a ignorar o quanto somos ignorantes; o que é imperdoável.

 

2 comentários:

  1. O sistema até hoje esteve sempre do lado dos professores....

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  2. Não é verdade, Osga. Só pode pensar assim, quem ainda vive há 50 anos atrás ou quem não conhece a realidade das escolas. Informe-se primeiro e fale depois. Não quero com isto dizer que não se erre nas escolas ou que os profs tenham sempre razão. Não! Os professores devem ser avaliados, mas devem se-lo por aquilo que é a sua missão: ensinar conteúdos/transmitir conhecimentos e não educar criancinhas a saber comportar-se numa sala de aulas. Isso, como diz o post, deve já vir ensinado de casa e os profs não terão mais do que continuar a educação parental na escola. Ah!, mais uma coisa: estudar não é uma actividade lúdica por excelência; é um trabalho que requer esforço e, se for feito a brincar e com prazer, tanto melhor. Ana M-L

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