A maioria dos economista, que vimos desfilar nos debates televisivos, têm tendência em considerar que a sua desciplina é uma ciência exacta, tal como a física. Consideram que, lá por que a economia utiliza formulas matemáticas na colocação dos problemas, e que a matemática não pode sofrer qualquer contestação, então o que dizem tem o valor de um evangelho.
É então que os economistas começam a escrever livros para o comum dos mortais, explicando de forma doctrinal como funciona o Estado, os impostos, a oferta e a procura, e porque é que é impossível continuar a sustentar todos os serviços públicos que, dizem, só podem ser fonte de deficit.
Isto tudo é dito num tom que não aceita qualquer contradição. Terá vocês a ousadia de contradizer um físico que lhe fornece a composição do átomo?
Pois é, mas voltemos à Terra: a economia não é uma ciência.
Para fazer parecer que a economia é uma espécie de "física do mundo económico", procuram as "leis da economia", leis gerais, invariáveis e transhistóricas, uma espécie de "gravitação universal" própria. Como dizia Frédéric Lordon, o decorrer da história, com as suas crises, provou que a economia pura não chega, temos de ter em consideração a história, a antropologia, a sociologia...
Observando com atenção, a comunidade de físicos, por exemplo, vimos que partilha um consenso comum, sendo uma ciência exacta, trabalham todos com as mesmas bases, obtendo os mesmos resultados. Um dia, algum deles poderá por em causa um dos modelos e acabarão por rever os paradigmas, chama-se a isso o progresso, mas nunca irão coexistir duravelmente dois paradigmas diferentes.
O caso dos economistas é bem diferente, não existe qualquer paradigma geral e consensual, mas sim vários paradigmas que se defrontam ferozmente. Os dois principais são o liberal (a oferta condicional a procura) e o Keynesiano (a procura condiciona a oferta).
Desta forma, tudo o que diz um economista, pode ser contradito por outro economista que se apoiará em referências intelectuais sólidas, em verificações teóricas e empíricas válidas, mas dizendo exactamente o contrário do primeiro.
Friedrich Hayek, prémio Nobel em 1974, dizia: "A economia é a única disciplina onde duas pessoas podem partilhar o mesmo prémio Nobel escrevendo coisas completamente opostas".
Na realidade, na economia não existe um verdade única, mas sim verdades orientadas politicamente.
Marty Allen referia, que um economista é uma pessoa que pode perfeitamente explicar hoje que se tinha enganado ontem. E também, que um estudo económico muitas vezes serve apenas para revelar qual teria sido o melhor momento para comprar um determinado produto o ano passado.
A economia não é uma ciência no sentido em que os seus resultados não são universais, transgeográficos e transhistóricos, contrariamente às ciências exactas. O que torna a economia uma disciplina apaixonante é justamente o facto de ela não ser uma ciência. Se é verdade que ela necessita na sua concepção do rigor matemático, ela encontra as suas respostas em hipóteses sociais e políticas, e portanto filosóficas.
Para acabar, o economista Stephen Goldfied referia: "Um economista é uma pessoa que vez como as coisas funcionam na prática e que se interroga se elas poderiam funcionar na teoria.
Este artigo foi escrito e traduzido com base no texto de opinião de Vianney
http://deshautsetdebats.wordpress.com/2010/10/06/leconomie-nest-pas-une-science/
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