Num artigo anterior, (Islândia: como sair da crise sem ajudar os bancos), vimos como é que este pequeno país de 400 000 habitantes recusou injectar dinheiro para salvar o banco privado Icesave. Pela segunda vez, o presidente islandês Òlafur Grímsson recusou promulgar a lei que permitiria o Estado reembolsar os investidores privados da Holanda e do Reino Unido, ligados à falência dessa banca, num montante de 3,9 mil milhões de euros.
Mas a pressão financeira internacional está a fazer tudo para que a Islândia pague. Retrato de um país refém dos mercados internacionais...
A coragem do "não".
Antes de perseguir, temos de nos lembrar o que está em causa. Após a falência do banco Icesave, e após uma petição assinada por 25% do eleitorado, o presidente da República tinha recusado no ano passado promulgar a lei para que a Islândia pagasse 3,9 mil milhares de euros aos particulares holandeses e britânicos que tinha investido nesse banco. Foi realizado um referendo em março de 2009 que obteve 93% de "não", a Islândia não pagará.
Pouco depois, as negociações recomeçaram, e em vez do pagamento em 8 anos, a Holanda e o Reino Unido propõem o pagamento dessa soma em 30 anos e o abaixamento da taxa de juro inicial de 5,5% para 3%.
O governo estava de acordo, mas novamente aparece uma petição assinada por 20% dos eleitores e o presidente recusa novamente promulgar a lei. Em virtude do artigo 26 da constituição, isso obriga à convocação de um novo referendo, marcado para 9 de abril deste ano. o "não" está à frente nas sondagens.
As ameaças
Mas desta vez, várias ameaças pesam sobre o povo islandês: bloqueio das exportações islandesas (sobretudo as pescas) ou o bloqueio das negociações para a sua entrada na União Europeia (o que poderá não ser mau, visto o que estão a sofrer a Grécia e a Irlanda).
O Fundo Monetário Internacional (FMI) também ameaça cortar a ajuda financeira. O FMI formalizou financiar a Islândia, em novembro de 2008, com um empréstimo de 2,1 mil milhões de euros dividido em várias prestações, a terceira das quais vai ser brevemente submetida ao conselho de administração do FMI dos quais fazem parte um holandês e um britânico que poderão votar contra.
Este caso da Islândia é bem revelador do sistema em que vivemos,mas muitos continuam a tentar ignorar os factos,pelo menos até eles mesmos sofrerem na pele as injustiças.É quase como irmos todos a caminho do abismo mas muitos continuarem a afirmar que tem de ser esse o caminho.
ResponderEliminarConcordo que o governo não tem que pagar dívidas privadas dos bancos, e não acho bem que os outros países europeus ameaçem a islândia.
ResponderEliminarEspero que a Islândia ganhe esta batalha.
Paula Correia