E se fosse a Alemanha a ter um problema com a acumulação das dívidas que compra aos países da zona Euro e não os estados devedores? É com esta premissa, que com humor, o economista francês Charles Gave, vê este problema.
Desde há anos que a Alemanha subvenciona a sua produção, taxa os seus consumos (aumento do IVA) e recusa desregulamentar o seu sector dos serviços, onde não é competitiva.A finalidade era obter excedentes exteriores, que para os alemães significava um sinal de boa gestão.
Assim, durante os últimos 10 anos acumulou um excedente comercial de 700 mil milhões de euros à custa dos seus parceiros da zona Euro, isto é vendeu 700 mil milhões de euros a mais do que comprou. Em troca acumulou notas e mais notas de euros emitidos pela Grécia, Itália, Portugal ou a Irlanda.
Quando existe um excedente nas contas correntes, temos um défice na balança dos capitais, isto é emprestamos dinheiro aos que compram os nossos produtos. Foi o que aconteceu na Alemanha.
O pagamento das diferenças da balança comercial foi executada pela Alemanha, por exemplo aceitando a divida emitida por esses países. Temos pois esses papéis guardados nos cofres das bancas alemãs.
No caso da Irlanda, os bancos da Alemanha emprestaram 180 mil milhões de euros aos bancos irlandeses, com a compra das suas obrigações ou sob a forma de empréstimos directos, esse valor representa 3 vezes o PIB irlandês. Como é que foi possível um total de empréstimos tão grande? Pode-se pensar que houve uma falha das autoridades alemãs competentes no controle dos seus bancos.
E agora a Alemanha, credor irresponsável, vira-se para esses países e dizem que está fora de questão não serem reembolsados, nem que as populações desses países tenham que cair na miséria para salvar esses banqueiros incompetentes.
Se eu fosse ministro das finanças desses países, diria:
- se eu devo um milhão ao banco, tenho um problema,
- se eu lhe devo mil milhões, é o banco que tem um problema!
E não me venham com a história de que a boa-fé dos banqueiros foi apanhada de surpresa, emprestar 3 vezes o PIB da Irlanda a esse país, ajudado os bancos Irlandeses a especular, deve ter envolvido grandes comissões que não foram perdidas para todos.
Então eu diria simplesmente à senhora Merkel:
- Vocês estão na origem do problema, os primeiros bancos a irem à falência são os vossos, é urgente encontrarem uma solução como continuar a financiar o resto da Europa e desregulamentar os sectores onde não são competitivos para poderem vender qualquer coisa. Ser credor não vos dá qualquer direito especial, sobretudo pela má distribuição que fizeram desses créditos. Não é empobrecendo os outros europeus que as dividas que acumularam serão pagas, ao contrario.
A Europa só sairá reforçada se as economias, todas as economia, crescerem.
http://lafaillitedeletat.com/2010/12/16/berlin-on-a-un-probleme-article-a-paraitre-dans-le-jdf/
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