terça-feira, 5 de abril de 2011

O recurso ao FMI não traz confiança aos mercados

.


As agências de rating continuam a baixar os níveis de Portugal, todos dizem que este deveria recorrer ao FMI. A taxa de juro das Obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos já é superior aos 8%. 

Realmente parece tentador. A Grécia recorreu ao FMI em 2010, pagará durante 7 anos, mas como tem um período de carência, só irá começar a pagar em setembro de 2014. Além disso as taxas de juros serão de 3,5% durante os primeiros 3 anos e depois de 4,5% durante os restantes 4 anos. Tentador, não é?



Os mercados não acalmam.


O primeiro problema, é que isso não foi suficiente para, como se diz, acalmar os mercados. A taxa de juro das OT da Grécia a 10 anos ultrapassam os 13%, mais do que no momento em que se viu forçada a pedir apoio externo. O mesmo aliás se passa coma Irlanda, com uma taxa perto dos 10%.


A ajuda à Grécia é de 110 mil milhões de euros, será paga em várias fatias, mas para continuar a receber a ajuda prevista a Grécia vai ter de fazer privatizações num valor total de 50 mil milhões de euros até 2015, 15 mil milhões só nos próximos 2 anos. Inicialmente o "acordo" o objectivo das privatizações era de 7 mil milhões.



A Grécia está à venda!


Um representante da Comissão Europeia, Servaas Deroose, prepôs numa entrevista ao jornal "To Vilma" que "a Grécia deveria vender as suas praias para desenvolver o turismo e o mercado das propriedades privadas. Também poderia vender o antigo aeroporto de Atenas por uns 5 mil milhões de euros e os seus portos e terrenos circundantes por uns 35 mil milhões de euros".


A mesma opinião foi manifestada por Poul Thomsen, chefe da missão do FMI, acrescentando que a Grécia necessita de acelerar as suas reformas.


Não tarda que a Grécia vai ter que vender o Panteão ou a ilha de Santorini à JP Morgan ou à Goldman Sachs para os transformar em locais turísticos privados ao serviço de grandes banqueiros internacionais!



Estas declarações confirmam o que está a acontecer na Grécia: a pilhagem do património público em beneficio de uma oligarquia bancária dona da emissão monetária e dos média.




Exemplo de algumas medidas impostas à Grécia:


- redução em 8% dos salários da função pública,
- congelamento desses salários da função pública durante 3 anos,
- supressão do 13º e 14º mês para os reformados com menos de 60 anos,
- congelamento das pensões,
- imposto especial de 45% para rendimentos acima dos 100 000 euros anuais,
- aumento do IVA de 19% para 23%, e de 11% para 13%,
- centenas de produtos passam da taxa mínima de IVA para a máxima,
- aumento dos impostos sobre os combustíveis, álcool e tabaco,
- facilitação nas regras de despedimentos,
- redução das indemnizações por despedimento,
- aumento da idade da reforma,
- aumento do número de anos de trabalho de 37 para 40 anos para ter a totalidade da reforma,
- calculo da reforma com base em todos os anos de trabalho,
- privatização de inúmeras empresas públicas,
- previsão de nova redução salarial no sector público (fala-se em 25% em algumas empresas),
- congelamento das progressões nas carreiras no sector público,
- aumento do tempo de trabalho passando para 8 horas diárias para todos os empregados,
- privatização dos transportes, aeroportos, portos, água, electricidade, caminhos de ferro, e alguns bancos.


Durante este último ano de "ajuda" do FMI, o desemprego passou de 10% para 13%, a inflação de 3% para 5%, o PIB desceu, o poder de compra diminui em 10%. Decididamente, cada vez mais na Grécia o problema não é a crise económica, mas sim a sua solução.



.

2 comentários:

  1. Realmente.. isso que voçê diz.. não é mentira nenhuma..aconselho-lhe a ver um documentario que está no youtube "A queda da república" são 15 partes.. mas é basicamente a explicação com factos reais.. do que voçê escreveu. A solução que eu vejo para esta situação..era uma "revolta global" controlada por algum grupo de pessoas com o mesmo sentimento e com a mesma vontade..(vontade de liberdade de exclusao de Bancos..Mercados..no fundo do capitalismo)porque se caso acontecesse uma "revolta global" sem ser controlada.. mafiosos..banqueiros e corruptos..tomariam conta da revolta e continuariam a mandar..e no fundo morreriam pessoas..em vão. Como costumo dizer...vivemos num sistema que apoiamos..mas é esse mesmo sistema que nos está a "comer" e a "lixar"..ou seja..estamos "entre a espada e a parede" porque mesmo que queiramos sair deste sistema, necessáriamos de algo global..caso contrário..instituições tal como..ONU,OMC,FMI,BCE,BM..(etc)faziam de tudo..mas mesmo de tudo..para fazer da nossa "revolta" como um acto de dilenquelentes sem margem de razão nenhuma.. e ate aposto que fazeriam passar esta situação como um acontecimento de cariz "terrorista".

    PS: Por último referir duas coisas: Esta crise de 2009 foi tudo faixada.. como também foi tudo planeado de forma a que os Bancos ganhassem dos Governos (tal como sucedeu em Portugal) mais dinheiro injectado por terem medo que fossem a falência. Quanto a situação de Portugal pedir ajuda externa era inivetavel não porque Portugal não conseguisse resolver os seus problemas sozinhos..mas porque todas essas instituições externas..fizeram de tudo para nos fazer pedir..mais recentemente os Juros e as agências de rating..no fundo fizeram chantagem conosco..(ou pedem ajuda..e fazem as coisas como queremos ou ainda ficaram pior) mas ninguém ou quase ninguém vê isso..e isso é que o mais triste.

    ResponderEliminar
  2. Caro anónimo,
    concordo com tudo o que escreveu.
    Infelizmente, a maioria das pessoas não pensam da mesma maneira e os media, nas mãos dos grandes grupos financeiros, tudo fazem para anestesiar o povo e fazer-lhes crer que uma outra via não é possível.

    ResponderEliminar