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Dois países bem diferentes.
O mito do radicalismo islâmico.
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Os media ocidentais estão apaixonados pelas manifestações do Egito e pela possível instalação de uma democracia do tipo ocidental no Médio Oriente.
Vêm nesta revolta um paralelismo com o que se passou na Tunísia. Nada de mais errado.
Vêm nesta revolta um paralelismo com o que se passou na Tunísia. Nada de mais errado.
Dois países bem diferentes.
As manifestações no Egito não são recentes, já têm alguns meses. Os media ocidentais não faziam eco delas porque pensavam que elas não iriam ter qualquer impacto. Na realidade não foram os egípcios que foram contaminados pelos tunisinos, mas sim o contrário. Os tunisinos o que fizeram foi abrirem os olhos dos ocidentais sobre o que se estava a passar na região.
Também existe uma grande diferença quanto às razões das revoltas. Os tunisinos manifestaram-se contra um governo e uma administração corruptos que empobreceram as classes mais desprotegidas. No Egito essa revolta é contra um governo que tem servido os interesses estrangeiros durante anos e que se esqueceu das necessidades básicas da população.
A Tunísia estava administrada por um regime policial, enquanto o Egito é administrado por um regime militar.
Essa diferença fez com que fosse possível na Tunísia os militares colocarem-se ao lado do povo. Além disso, o Tunísia tem uma tradição laica e uma elite culta e com formação universitária. e é um país que soube explorar os seus sectores produtivos, a começar pelo turismo.
O mito do radicalismo islâmico.
Destas revoltas nos países árabes podemos desde já tirar uma lição, o perigo do extremismo islamita que servia de espantalho para que esses países fossem dominados por ditadores colocados no poder pelos Estados Unidos e Israel, não existe. Por enquanto, ainda não ouvimos dizer que as manifestações ocorridas tivessem sido manipuladas por facções extremistas religiosas, todas foram mais ou menos espontâneas. Os povos do Médio Oriente não querem substituir as ditaduras policiais ou militares por ditaduras religiosas.
Existem no Egito duas organizações de massa que se opõem: a Irmandade Muçulmana e a igreja copta. Os media ocidentais fizerem crer na opinião pública que os acontecimentos recentes de mortes de cristãos coptas foram perpetrados pelos muçulmanos, quando na realidade foram orquestrados pela ditadura de Moubarak.
Os países árabes sempre foram apresentados como sendo incapazes de assumir uma democracia popular e participativa. Este discurso foi criado pelos países ocidentais para justificar a instalação no poder um regime forte comandado por um ditador. Os Estados Unidos e a Europa sempre estiveram preocupados em controlar a emigração desses países e os seus recursos petrolíferos através das suas multinacionais.
Substituição de marionetes?
Substituição de marionetes?
O presidente egípcio, Hosni Moubarak, no poder há 30 anos, foi colocado e armado pelos Estados Unidos, e tem um importante acordo de paz bilateral com Israel. De facto, o Egito ocupa uma posição estratégica regional, tendo uma importância fundamental na região. Na realidade, no Egito não é o ditador que controla as forças militares, mas sim os militares que controlam o ditador. Este, no fundo, é apenas uma marionete que pode a qualquer momento ser substituído para os militares continuarem a usufruir dos seus exorbitantes privilégios.
Totalmente controlada pelos Estados Unidos e pela CIA, as forças armadas egípcias, numa primeira fase, deixaram instalar-se o caos à espera de saber se Moubarak era capaz de restabelecer a sua autoridade. Se tal não for possível, será substituído por uma outra marionete dos Estados Unidos.
O substituto, tudo leva a crer, poderá ser Mohamed El Baradai, antigo director da AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica). Ele teve um papel de relevo na diabolização do Iraque e do Irão, apesar de mostrar posições moderada nos seus discursos.
O substituto, tudo leva a crer, poderá ser Mohamed El Baradai, antigo director da AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica). Ele teve um papel de relevo na diabolização do Iraque e do Irão, apesar de mostrar posições moderada nos seus discursos.
Um facto relevante, foi o de ter feito o seu primeiro discurso, na chegada ao seu país, numa mesquita, o que terá sido um piscar de olho ao eleitorado religioso.
Será El Baradai, que fez todos os seus estudos e carreira nos Estados Unidos, a próxima marionete que irá substituir Moubarak?
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