quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O futuro de Israel em perigo?


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Os recentes noticiários são preenchidos com o tema da revolução do mundo árabe, mas muito pouco tem sido dito sobre o futuro de Israel. Falar de Israel não deve ser um assunto tabu e a história recente do holocausto do povo judeu não justifica a ocupação e as atrocidades cometidas contra o povo palestiniano. Parceiro privilegiado dos Estados Unidos e indesejado na região, qual será o futuro de Israel nesta redistribuição geopolítica?




Apesar das diferenças existentes, os actuais movimentos populares de contestação nos países árabes têm alguns pontos em comum. Todos combatem as ditaduras instaladas no poder pelos Estados Unidos e a Europa. Para além das causas objectivas e profundas, como a pobreza, o desemprego e a opressão, existe uma causa politica: os povos árabes já não aceitam serem submetidos e humilhados por regimes ao serviço de países estrangeiros.


Os discursos ocidentais sobre direitos humanos, democracia e laicidade, têm servido para desarmar espiritualmente e politicamente os povos destas regiões. A razão ocidental mais hipócrita para a sua intervenção no mundo árabe tem sido "a estabilidade da região". E essa estabilidade interessa sobretudo a Israel.


Pouco se tem falado nos media do futuro de Israel, mas esta questão é fundamental. O centro político e ideológico da opressão dos países árabes encontra-se em Tel Aviv. Israel apoia-se numa vasta rede de lobbies, grande parte dos quais sediados nos Estados Unidos. Nesta revolução árabe o que está em jogo também é a segurança de Israel. Assim se compreende melhor os discursos, numa primeira fase, prudentes de Obama ou Sarkozy.

Em cima da mesa os Estados Unidos têm um grande dilema: qual a melhoro solução para eles e para Israel. O que fazer?

Apoiar um banho de sangue no Egito e perder um pouco da simpatia dos seus amigos na região? Essa solução só faria deslocar o problema e poderia criar um novo "Afeganistão".

Voltar a falar do espantalho do islamismo radical? O problema é que estas manifestações não estão a ser controladas por nenhum partido.



Não. A solução é protelar o problema, ganhar tempo. Para quê? Para ver se os regimes desses países são capaz de dominar a situação com promessas de abertura política às oposições ou para ter tempo de organizar a substituição dos actuais ditadores por outros da confiança dos Estados Unidos com vista a proteger Israel.


Os Estados Unidos parecem, por enquanto, terem sido ultrapassados pelos acontecimentos. Com a precipitação dos acontecimentos, Obama tem cada vez mais pressa em instalar um novo regime no Egito, com ou sem Moubarak. Hoje, até acabou de anunciar que está disposto em apoiar a participação da Irmandade Muçulmano num futuro governo egípcio. Este súbito volte-face parecer ter como objectivo tomar de velocidade a constituição de uma oposição estruturada.


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