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A Rússia com 17 milhões de quilómetros quadrados, 150 milhões de habitantes, 11 fusos horários e 150 etnias, não é um país qualquer e fácil de governar. A Rússia de Putin não é uma autocracia, dado que o seu presidente é eleito, é uma espécie de democracia autoritária.
Da infância ao poder...
Adulto, Putin vai apostar tudo no judo, por não se achar suficientemente forte e musculado. Apesar de ser um pequeno chefão das ruas do seu bairro, vai aprender a lutar não revelando as suas fraquezas ao seu adversário e aniquila-lo através das fraquezas desses adversários. É o mesmo método que utiliza hoje em dia para fazer frente aos Estados Unidos e à fraca Europa.
Um grande mestre de xadrez.
Putin é inteligente e um grande mestre de xadrez na actual política internacional.
Putin quer instaurar a ordem interna no país e restaurar a grandeza do povo russo, por isso é tão popular. Quando a Ucrânia lhe escapava, sobe salvaguardar os interesses russos: invadiu a Crimeia, que sempre foi território russo.
Na Ucrânia, como na Geórgia, aproveita os conflitos para que essas regiões não se tornem membros da NATO que está a tentar cercar a Rússia.
Na Síria, a Rússia não só quer manter o seu porto no mediterrâneo, como também quer manter as suas exportações de armamento, que representam cerca de 10 % das exportações militares.
Intervindo na Síria, também promove a sua identidade ortodoxa perante a tentativa muçulmana presente na Rússia com 15% da sua população.
A Rússia também reforça o seu papel no Médio Oriente: apoia o Irão (xiita) contra o poder dominante na região (sunita).
Putin o "moderador".
O Ocidente ao isolar a Rússia com as suas sanções fazem que esta se aproxime dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que utilizam os suas próprias divisas e banco de desenvolvimento, perante um dólar falido.
Perante a incapacidade do Ocidente, Putin é o único que consegue reunir numa mesma mesa de negociações o regime Sírio, os Árabes, os iranianos, os sunitas e os xiitas.
O que quer Putin?
Simplesmente o poder e recuperar a antiga potência da Rússia. Isolada nas sanções e enfraquecida pela baixa do preço do petróleo, Putin quer tornar a Rússia num pião incontornável no Médio Oriente e por extensão no mundo, e está a consegui-lo.
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Creio que essa visão sobre a Russia é um tanto simplista. Não me leve a mal. Essa minha afirmativa não tem como objetivo diminui-lo ou expressar que não sabe do que fala. Abraços cordiais de um leitor satisfeito como esse site.
ResponderEliminarCaro Renato,
EliminarConcordo consigo que tracei uma visão "simplista" que não reflete o que penso sobre vário aspecto da Rússia do ponte de vista económico, geoestratégica ou social; como muitas vezes tenho relatado (ainda recentemente).
Já me fizeram as mesmas críticas, que aceito, até porque nunca tentei menesprezar a Rússia e a sua importância a nível mundial.
Infelizmente acontece sempre a mesma coisa, sempre que tento escrever sobre um tema do ponto de vista puramente social de certos actores políticos haverá sempre críticas.
Acho essas posições interessantes e dignas de registo, mas penso que pecam por não situar o contexto.
Quando escrevi que do ponto de vista social o Partido Comunista Português (que sempre defendi como indespensável) tinha um resultado eleitoral muito acima da média europeia e que servia de "tampão" à extrema direita (residual em Portugal), fui acusado de anti-comunista. Essa não era a intenção.
Da mesma forma, quando, independentemente da potência russa, tento analizar a personagem Putin (que em outros recentes artigos descrevo como um estraego de alto gabarito) mas tem um tique de autocráta, sou acusado de "destruir" a Rússia.
Compreendo pois a sua posição e aceito.
Um abraço.
Era bom criticar o artigo do José Goulão, que lhe enviei.
ResponderEliminarDiogo Ferreira
Caro amigo,
EliminarAcabei de ler o artigo pertinente que me enviou.
Por acaso já tinha abordado em parte esse tema:
http://octopedia.blogspot.pt/2015/09/quando-os-estados-unidos-fabricam.html
Em que referia inclusivé:
"Primeira potência económica mundial e militar, os Estados Unidos poderiam acabar rapidamente com estes movimentos extremistas, mas não querem."
Um abraço
Compreendo que em certos momentos em que nos propomos a escrever, não queremos tocar em certos aspectos, pois o, ou os objetivos que se quer alcançar são outros. Peço desculpas por não lembrar-me desse detalhe tão importante. Quero salientar que, seus textos são esclarecedores e objetivos de modos que torna a leitura prazerosa.
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