terça-feira, 13 de abril de 2010

Portugal empresta dinheiro que não tem.



Neste momento, fala-se muito da dívida externa portuguesa. No entanto, aqueles que só agora mostram tanta preocupação, durante muitos anos ignoraram essa mesma dívida, embora ela já estivesse a crescer a um ritmo muito elevado. Entre 2004 e 2009, o valor do PIB em Portugal aumentou, em valores nominais, ou seja, sem entrar com o efeito da subida de preços, 13,6%, enquanto a dívida externa liquida cresceu 78,6%. Em milhões de euros, o PIB aumentou 19.608 milhões de euros, enquanto a dívida cresceu 72.484 milhões de euros, ou seja, 3,7 vezes mais. Como consequência, entre 2004 e 2009, a dívida externa líquida do Pais passou de 64% do PIB para 100,6% do PIB.

Portanto, vai ser necessário recorrer a mais emprestimos para pagar parte dos juros dessa dívida. No entanto, paradoxalmente, Portugal continua a fazer emprestimos a outros países e organizações...




Banco Central Europeu.



Todos nós sabemos que a Grécia atravessa uma situação bastante complicada em termos financeiros. A União Europeia prepara-se para ajudar a salvar as contas públicas do país. Portugal terá de emprestar até 774 milhões de euros à Grécia, caso o governo de Atenas não consiga evitar a falência das finanças públicas gregas, de um total entre os países da União Europeia de 30 mil milhões de euros.

http://globpt.com/2010/04/12/portugal-vai-emprestar-dinheiro-a-grecia/



Angola.


O Governo de Angola aprovou revisão do Orçamento Geral do Estado para 2009 e um acordo de financiamento no valor de 500 milhões de euros celebrado entre os ministérios das Finanças de Angola e de Portugal, informa a rádio estatal. O montante disponibilizado por Portugal vai financiar projectos de investimento público e de infra-estruturas a serem executados em Angola. Este acordo foi assinado, em Lisboa, durante a visita do Presidente da República angolano, José Eduardo dos Santos. De assinalar que não vai a muito tempo se perdoaram, a Angola, dividas de valor bem superior a este...



Angola, bis.



Portugal comprometeu-se com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a emprestar a Angola até 200 milhões de dólares (cerca de 140 milhões de euros) já em 2010, ao abrigo do mega-empréstimo no valor de 2,35 mil milhões de euros organizado pelo Fundo à ex-colónia portuguesa e a entrar nos cofres de Luanda já em Março próximo. Não deixa de ser caricato o facto de que para a concessão deste emprestimo, Portugal irá endividar-se ainda mais no exterior, num contexto de aumento das taxas de juro, para emprestar ao Governo de Eduardo dos Santos. Além disso sabemos, que a dívida externa portuguesa ultrapassa os 100% do produto interno bruto (PIB), e conforme os dados mais recentes do Banco de Portugal, e deverá aumentar nos próximos dois anos, com as casas de rating a a ameaçar Portugal com o aumento das taxas de juro que remuneram a dívida.




Moçambique.



O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou o mês passado, depois de uma reunião com o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, e com os membros do governo dos dois países, a duplicação da linha de crédito concessional. O crédito é financiado pela Caixa Geral de Depósitos e garantido e bonificado pelo Estado Português de 200 milhões de euros para o montante máximo de 400 milhões de euros. Esta linha destina-se ao financiamento de projectos de investimento em infra-estruturas em Moçambique.




Cabo Verde.



Em 2007 foi anunciado que Cabo Verde vai beneficiar de dois empréstimos de Portugal, de 140 milhões de euros, para construir estradas, portos e aeroportos. Os empréstimos foram feitos a uma taxa de juro abaixo da taxa de mercado, "em condições favoráveis e vantajosas para Cabo Verde", disse Teixeira dos Santos após a assinatura do acordo, explicando que um deles, de 100 milhões, é assegurado pela Caixa Geral de Depósitos mas com "o Estado português como garante". O segundo empréstimo, de 40 milhões de euros, irá financiar projectos de infra-estruturas rodoviárias nas ilhas de Santo Antão, S. Vicente, Maio e Fogo. O dinheiro para estes emprestimos a taxa de juro abaixo de mercado, é obtido por Portugal nos financiadores internacionais a taxas superiores às que depois são aplicadas a Cabo Verde.




FMI.



Em dezembro do ano passado, o Banco de Portugal assinou um acordo para emprestar 1,06 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Este acordo faz parte de um compromisso assumido pelos países da União Europeia em Março de 2009 para reforçarem a capacidade de financiamento do FMI, com fundos até 75 mil milhões de euros. O compromisso assumido pela União Europeia no sentido de reforçar o capital do FMI foi estabelecido no âmbito da reunião do G20 em Abril de 2009, tendo como objectivo ajudar os países mais afectados pela crise financeira e pela recessão mundial. Tendo em conta as políticas de desregulamentação comercial impostas pelo FMI para destruir as economias locais dos países em via de senvolvimento, favorecendo as grandes multinacionais, podemos estar certos que esse dinheiro irá ser "bem" aplicado!

3 comentários:

  1. BOM DIA

    MEU NOME RAMIRO LOPES ANDRADE

    VENHO CORRIGI-LO .........

    PORTUGAL TAMBEM VAI EMPRESTAR Á CABO VERDE ESTE MES DE ABRIL 100 MILHOES DE EUROS PARA UMA CENTRAL SOLAR E EOLICA.

    VIVA PORTUGAL !!!!!!! UM BORDEL DE LADROES E MARICAS.

    UM ABRAÇO, VOU CONTINUAR A SEGUI-LO.

    RAMIRO LOPES ANDRADE

    ramirolopesandrade.blogspot.com

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  2. Este novo empréstimo que Portugal vai conceder a Angola para que esta possa pagar uma parte da dívida que contraíu perante as construtoras portuguesas deve ter algum interesse subjacente para Portugal ou deve ser consequência de alguma pressão exercida por instituições financeiras internacionais (FMI). Em sua opinião, qual a razão de ser do mesmo?

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  3. Não deixa de ser curioso e paradoxal, Portugal conceder um credito a Angola para que este país pague o que deve às empresas portuguesas a actuar nesse país!
    Teixeira dos Santos disse à Agência Lusa, após uma reunião com o seu homólogo angolano, Carlos Alberto Lopes, que "ficou acertado que a linha de crédito de 500 milhões de euros, que já fora acordada em 2009, possa ser o mais rapidamente utilizada para efectuar pagamentos a empresas envolvidas em projectos angolanos e relativamente às quais possa haver atrasos nos pagamentos".
    Questionado pela Lusa sobre se estes 500 milhões de euros da linha de crédito portuguesa poderão servir para acudir às empresas de construção civil que se debatem com uma avultada dívida por parte do governo angolano, que no conjunto das empresas a operar no sector em Angola supera os 2, 5 mil milhões de dólares, Teixeira dos Santos respondeu que essa deverá ser a aplicação mais natural.
    Vamos esperar para ver...

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