segunda-feira, 11 de abril de 2011

As regras da propaganda mediática das guerras

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Como é que os media constroem a propaganda de guerra? Quatro regras fundamentais: esconder os interesses económicos das guerras, diabolizar os adversários através de uma mentira mediática, esconder a história e a geografia da região de conflito e por fim organizar a amnésia colectiva.



1 - Esconder os interesse económicos das guerras.


A regra fundamental da propaganda de guerra é esconder que essas guerras são organizadas para satisfazer interesse económicos específicos, os das multinacionais.

Seja para controlar matérias-primas, controlar as rotas de petróleo ou de gás, abrir mercados económicos ou quebrar países demasiado independentes, as guerras são sempre económicas. Nunca humanitárias. No entanto cada vez que surge uma guerra, é o contrário que os media querem fazer passar na opinião pública.



Guerra do Iraque:

Apresentada como uma guerra essencial para fazer respeitar o direito internacional.

Objectivos reais:

- destruir um regime que queria que os países árabes se unissem para resistir a Israel e aos Estados Unidos,
- manter o controle do petróleo no Médio-Oriente,
- instalar mais uma base militar na região.


Guerra da Jugoslávia:

Apresentada como uma guerra por razões humanitárias.

Objectivos reais:

- destruir uma economia demasiado independente em relação ás multinacionais,
- controlar a rota estratégica dos Balcãs e o projecto da instalação de oleodutos,
- instalar uma base militar na região,



Guerra do Afeganistão:

Apresentada como uma guerra de luta contra o terrorismo.

Objectivos reais:

- construir um oleoduto estrategicamente colocado para controlar o aprovisionamento do sudeste asiático,
- instalar uma base militar americana no centro da Ásia,
- enfraquecer os rivais dessa região: Rússia, Irão e sobretudo a China.



2 - Diabolizar os adversários através da mentira mediática.


Uma grande guerra começa por uma grande mentira mediática, do tipo: imagens atrozes provando que o adversário é um monstro e que a intervenção é necessária e portanto uma causa justa.


Para isso é necessário:

- imagens atrozes, mesmo que sejam falsificadas,
- repetição dessas imagens até à exaustão,
- monopolização dos media, excluindo a versão da outra parte,
- excluir as críticas e os críticos, pelo menos numa fase inicial, até que já seja demasiado tarde,
- qualificar os críticos de cúmplices por duvidarem da versão oficial.


Alguns exemplos:

- 1965, guerra do Vietname, com base na mentira mediática de um ataque contra dois navios americanos,
- 1991, guerra contra o Iraque, mentira mediática do roubo de incubadoras numa maternidade do Kuwait,
- 1995, intervenção da NATO na Bósnia com base na encenação de campos de exterminação e bombardeamentos contra civis de Sarajevo atribuídos aos sérvios, quando na realidade foram organizados pelos próprios aliados da NATO ,
- 1999, ataque contra a Jugoslávia, justificado pela encenação de um massacre de civis no Kosovo,
- guerra contra o Afeganistão após os atentados do 11 de setembro, quando os planos de agressão ao Afeganistão e ao Iraque já tinham sido preparados desde há muito tempo.



3 - Esconder a história e a geografia da região de conflito.


Os media ocidentais escondem da opinião pública os dados históricos e geográficos essenciais dos locais de guerra para impedir o conhecimento da situação real dessas regiões. 


Alguns exemplos:

- 1990, os media apresentam a ocupação do Kuwait pelo Iraque como uma invasão estrangeira.

Esqueceram-se de dizer que o Kuwait sem fez parte do Iraque só foi dele separado em 1916 pela colonização britânica para enfraquecer esse país e controlar o petróleo.


- 1991, apresentam a população sérvia como invasora na Bósnia.

Na realidade, os sérvios sempre viveram desde há séculos nessa região.


- 1993, intervenção humanitária na Somália por causa da instabilidade governativa.

Esqueceram-se de referir que as multinacionais americanas tinham acabado de comprar uma grande quantidade terrenos petrolíferos na Somália e que além disso, esta região é fundamental para o controle do transporte marítimo.


- 1994, genocídio no Ruanda.

A história de ódio entre os Hutus e os Tútsis foi deliberadamente promovida quando da colonização belga e francesa para dividir a região e assim, a poder controlar melhor.


- 1999, o Kosovo é apresentado como invadidos pelos sérvios.

O que os media não contam é que durante a segunda guerra mundial e a administração albanesa da região, muitos sérvios foram ali massacrados, e que ainda hoje, com a ajuda da UCK, essa limpeza étnica continua com a bênção da NATO. 


- 2001, os talibãs são os maus da fita.

Sendo verdade que têm um regime com praticas indefensáveis, foram colocados no poder foram os Estados Unidos.








4 - Organizar a amnésia colectiva.


Quando uma potência ocidental prepara o desencadeia uma guerra, não seria esse o momento para recordar as mentiras mediáticas das guerras anteriores?
Não, cada vez que surge uma nova guerra esta é apresentada como justa.

Os debates serão para mais tarde, ou nunca.



Artigo de Michel Collon, traduzido e adaptado por Octopus

http://www.mondialisation.ca/index.php?context=va&aid=23995


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