sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Prostituição: lágrimas silenciosas




O tráfico humano movimenta, anualmente, mais de 18 mil milhões de dólares em todo o mundo, sendo a terceira actividade ilícita mais lucrativa a seguir ao tráfico de droga e de armas.

O tráfico de mulheres representa, anualmente, cerca de 4 milhões de mulheres,só para a Europa Ocidental esse número é de meio milhão. O número mundial total de prostitutas será de 40 milhões, 75% das mulheres têm menos de 25 anos, e muitas são menores de idade.





A legalização não resolve o problema.


A pobreza, mas também, o aumento do número de países que legalizaram a prostituição são algumas da causas do rápido aumento deste tráfico. A Holanda, onde a prostituição é legal desde 2000, passou de 2 500 prostitutas em 1981, para 10 000 em 1985, 20 000 em 1989 e 30 000 em 2004. Nesse país, existem 2 000 bordéis e mais de 7 000 locais dedicados à prostituição. 80% são estrangeiras e a grande maioria vítimas de redes mafiosas, não tendo a legalização diminuído o impacto dessas redes.


Este assunto da legalização da prostituição permanece controverso, sendo verdade que a não legalização permite lucros avultados, não só para as máfias, mas também para algumas elites e permite entre outras coisas a lavagem de dinheiro.




A frieza dos números da prostituição em Portugal.


Calcula-se que nos países da União Europeia 87% da prostituição é composta por mulheres, 8% por homens e 6% por transgéneros. 70% da prostituição é praticada por imigrantes, sendo que Portugal é um dos poucos países em que esse número é de apenas 56%. 


No nosso país as prostitutas imigrantes são oriundas sobretudo da América Latina (65%) na sua maioria do Brasil, 8% vêm da Europa de Leste (sobretudo ucranianas e russas), 7% da Europa Central (moldavas e romenas, mais recentemente búlgaras) 6% de África (sobretudo nigerianas, senegalesas, ganesas e cabo verdianas), e 5% de Ásia.


Estamos a falar aqui apenas da prostituição de rua, dado que o número e características da prostituição de jornal e da Internet é de difícil avaliação. As prostitutas de rua portuguesas são na sua grande maioria toxicodependentes ou então mulheres mais velhas, muitas com mais de 60 anos.







Europa de Leste: principal exportadora de prostitutas para U.E.


São principalmente as máfias búlgaras, sérvias e albanesas as responsáveis pela introdução na União Europeia das prostitutas dos países de leste. Essas mulheres são compradas por cerca de 20 euros nos seus países de origem e depois passam por uma dezenas de vendas até chegar aos países de destino, podendo então o preço final ser de 20 000 euros.


A Bulgária está-se a tornar no país da Europa de Leste que mais prostitutas exporta. Calculas-se que sejam mais de 20 000 e representam quase 10% do PIB nacional.


Em certas cidades, como Sliven, o fenómeno está a tomar proporções alarmantes, uma em cada quinze mulheres entre os 15 e os 30 anos prostitui-se. Muitas vezes são as próprias famílias que as enviam prostituírem-se no estrangeiro para ganhar dinheiro, outras vezes são pura simplesmente raptadas, muitas delas são de origem cigana. 


Outro fenómeno preocupante são os chamados "lover boys". Este atraem raparigas, muitas das vezes ainda menores, tornam-se amantes delas, prometam emigrar com elas para terem uma vida melhor no estrangeiro e uma vez chegadas ao destino, ficam sem documentos e obrigadas a prostituírem-se.


A dimensão desta técnica tornou-se num verdadeiro quebra-cabeças para o governo búlgaro que difunde spots publicitários na televisão a chamar a atenção para este tipo de prática.


O método é frequentemente o mesmo, às mulheres traficadas para escravatura sexual, são-lhes retirados os documentos e praticamente tudo o que ganham é supostamente para pagar os documentos de volta. Num país estrangeiro, sem falar a língua local, são uma presa fácil dos traficantes. As poucas que ousam negar-se, são ameaçadas, violentadas ou mesmo mortas. Outra técnica é a ameaça contra os filhos ou família que ficou no país de origem.







Nigéria: prostituição e feitiçaria.


A Nigéria é o país africano que mais prostitutas exporta. Neste caso, o recrutamento das mulheres é bastante particular, geralmente é feito por uma "máma" que contrata um feiticeiro que vai, através do vudu, enfeitiçar a vítima que necessitará de somas colossais para anular a dívida para com a sua "máma". 


Estamos a falar de 35 000 a 50 000 euros, que para serem pagos, necessita da exportação da mulher para a Europa para se prostituir. Nestes casos, as mulheres aceitam a prostituição, porque esta representa a única maneira de arranjar esses dinheiro, caso contrário, acreditam que se não pagarem, o feitiço poderá torná-las loucas ou até morrerem.
 


Outras formas de prostituição.


As poucas mulheres que praticam a prostituição sem proxenetas, fazem-no para terem uma vida melhor. No caso da prostituição de rua, a mais mal paga, podem num só dia atingir os 400 ou 500 euros, o que representa num só dia um mês de salário mínimo, daí ser difícil a sua reintegração social fora da prostituição.


As prostitutas de luxo, frequentemente chamadas de "escort girl" podem ganhar 10 000 euros ou mais numa só noite.


A prostituição de estudantes universitárias representa uma pequena minoria e é feita sobretudo através de jornais ou Internet. São jovens que por dificuldades económicas e frequentemente para poder pagar os estudos, recorrem à prostituição, pelo menos durante uma fase das suas vidas.


Por fim, existe um caso muito particular de prostituição é a que é realizada no local de trabalho, em que o sexo é uma forma de obter regalias profissionais.







Acabar com a escravidão.


Esta nova forma de escravidão poucas vezes é debatida, no entanto a prostituição representa uma negação da pessoa humana, reduzida a objecto de prazer. Este silêncio é uma forma de negação do problema. A prostituição incomoda. Muitos pensam que não vale a pena o assunto ser abordado, dizem que sempre existiu e sempre existirá. 


A legalização, não resolve o problema, seria como uma espécie de legalização da escravatura, que só vai legitimar o proxeneta. O corpo das mulheres não pode ser negociado ou vendido. 


Por muito que alguns defendam que a prostituição funciona como um escape social, diminuído assim os casos de violação ou maus tratos, por parte do homem consumidor de sexo fácil, essa teoria mais não faz que transferir o sofrimento de algumas mulheres para outras.


Numa sociedade aberta e permissiva como a nossa, em que uma relação sexual consentida deveria ser a regra, nada justifica o recurso à prostituição.Sendo os homens os principais consumidores de "carne" humana para satisfazer os seus apetites concupiscentes, cabe-lhes a responsabilidade de dizer "não", pelo menos a um certo tipo de prostituição.




27 comentários:

  1. Octopus

    A verdade é que a prostituição só existe por causa dos homens, os homens em sua maioria são "humanos" depravados, a maioria dos homens que saem com prostitutas são homens casados, muitos políticos renomados, homens que precisam se afirmar como homens. Até na prostituição homossexual a maioria dos clientes são homens casados que se dizem heterossexual.
    A maioria das mulheres que são prostitutas detestam essa vida, fazem somente por dinheiro e por acharem que não existe outra alternativa, chegou o mundo a tal ponto que as mulheres até em seus serviços muitas vezes trocam sexo por promoção, pois foi o homem quem assim lhe propôs, e muitas mulheres sabem que o que menos importa para certos homens é a capacidade profissional de uma mulher, então ela se submete para ter posição melhor no emprego.
    É certo dizer que a prostituição sempre existiu e sempre existirá, pois bem sabemos que enquanto houver homens que saem com prostitutas, ela sempre existirá mesmo.
    Eu tento imaginar como um homem se sente sabendo que a mulher está ali somente por dinheiro, pois a mesma na maioria das vezes tem nojo do suposto cliente, isso mostra claramente que a maioria dos homens são egoístas, pensando única e exclusivamente em seu prazer.
    Nunca uma prostituta devería ser presa pelo seu "trabalho", quem devería ser preso é o homem que utiliza um ser humano para benefício próprio.
    Se não existisse clientes, com certeza não havería prostituição.
    Mas esse dia nunca chegará, pois quem faz as leis na maioria são homens, e com certeza eles não vão querer se prejudicar no seu "belo prazer" sexual.
    Aqui no Brasil, principalmente no nordeste, os europeus e norteamericanos vem para fazer turismo sexual, é uma parte do Brasil que ainda existe muita pobreza, então as mulheres (na maioria meninas) pobres se submetem aos turistas. Me pergunto como pode os homens do "primeiro mundo", que são tão cultos, tão inteligentes, virem ao Brasil para pagar prostitutas, na maioria das vezes meninas de 12 a 16 anos??? O que leva homens casados e com um nível cultural alto a cometerem esse tipo de atrocidade? Pois é certo que para quem se prostitui é algo muito atroz.


    Abraços

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    1. Amigo Burgos,

      Agradeço o seu comentário e fico muito contente por constatar que, também sendo homem, tem a mesma opinião.

      Um abraço

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  2. Caro Octopus, eu gosto de seu blog mas já percebi que vc é muito utópico e muitas vezes está fora da realidade da vida neste planeta.

    O trecho que vc escreveu, que destaco abaixo, mostra o quanto vc está distante da realidade.

    Admiro seu desejo por um mundo melhor, mas não estamos no Paraíso e a natureza das pessoas é diferente; não há modelos de comportamento ideais; tudo é incerto nesse mundo.

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    "Numa sociedade aberta e permissiva como a nossa, em uma relação sexual consentida deveria ser a regra, nada justifica o recurso à prostituição.Sendo os homens os principais consumidores de "carne" humana para satisfazer os seus apetites concupiscentes, cabe-lhes a responsabilidade de dizer "não", pelo menos a um certo tipo de prostituição".

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    1. Caro anónimo: è o auto do Blog que esta “fora da realidade da vida” ou é V. Ex.ª que é demasiado conformado com a realidade? Nem tudo é incerto neste mundo! Uma das certezas que tenho é a de que as mulheres (apesar de imperfeitas) são mais perfeitas que os homens, não me recordo de nenhuma guerra em toda a história da humanidade em que os combatentes eram mulheres. Não são (regra geral) as mulheres que procuram a prostituição. Os países mais desenvolvidos do mundo são os que tem mais mulheres na vida politica ( o caso da Islândia em particular e de toda a Escandinávia em geral) . A esmagadora maioria dos estudantes universitários são mulheres. No inicio de qualquer relação é a mulher que escolhe ( tal como em todo o mundo animal) Por fim, as mulheres são lindas ! ( ao contrario dos homens). Desde crianças que desenvolvemos um gosto por armas e jogos de força enquanto elas se preocupam em cuidar das bonecas preparando-se para ser mães ( regra geral) Portanto como diria o meu amigo Agua Lusa: “ quando ampliamos a mulher vemos Deus, quando ampliamos o homem vemos o demónio” ( È apenas uma metáfora entenda-se ) Creio que as mulheres mereciam melhor sorte no parceiro que a natureza lhes criou, somos violentos e temos uma exagerada apetência por sexo …Muito mais haveria por dizer…Mas concluo que apesar de reconhecer que o homem é demasiado influenciado pela testosterona continuo a gostar de ser homem…é a única forma de poder apreciar plenamente uma mulher , sim , porque apesar de admirar a sua beleza e todas as suas qualidades não me consigo imaginar a usar saltos altos ou a pintar os lábios… : ) Se para V. Ex.ª também estes raciocínios são utópicos então é porque nunca conheceu o meu amigo António Gedeão que me ensinou que : “ O sonho comanda a vida” Portanto subscrevo o que diz o Burgos ( embora me doa) e digo mais … ( segure-se bem caro anónimo !) O mundo deveria ser governado por mulheres para nosso próprio bem!

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    2. Caro Bruno, concordo com vc que as mulheres são lindas e eu mesmo tenho especial admiração por elas (sou homem).

      Mas isso não justifica uma crítica à prostituição sob o argumento de que as relações sexuais DEVERIAM ser seguidas por determinados princípios.

      Essa afirmação do Octopus é até certo ponto ditatorial. Se o Octopus fosse Hitler, certamente iria decretar que as mulheres deveriam fazer sexo assim que solicitadas pelos homens, para que, assim, a prostituição fosse erradicada.

      A afirmação do Octopus, que destaquei acima, é muito utópica.

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    3. No sex. XIX o serviço nacional de saúde era utópico, as reformas garantidas eram utópicas os direitos humanos eram utópicos…andar de avião era utópico e ate os direitos das mulheres eram utópicos, os homens e mulheres que desenvolveram o mundo e a humanidade foram aqueles que se fixaram no utópico e o tornaram realidade, curiosamente esses homens só são reconhecidos muitos anos depois da sua vida e obra, no seu tempo são regra geral considerados utópicos (em alguns casos uma forma educada de lhes chamar malucos). Caro anónimo temos obviamente pontos de vista divergentes mas “ posso não concordar com o que dizes, mas luto para que o digas!” Caro Octupus parabéns pela bravura e cortesia que emprega em defender os seus ideais.

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    4. Caro Bruno António,

      Obrigado pelas suas palavras, não podia estar mais de acordo.

      Partilhamos a mesma utopia, essa mesmo que um dia se tornou realidade para tantas coisas. Faz bem em relembrar que ainda há pouco tempo atrás as mulheres não tinham direito a votar e não tinham muitos outros direitos que hoje parecem normais, mas que só foram adquiridos graças a muitos e muitas utópicos.

      Apenas uma palavra para o anónimo.

      Citar Hitler e dizer que o que defendo é ditatorial é no mínimo de mau gosto e revela que pouco tem lido sobre as ideias que defendo, o que me entristece.

      Claro que acredito que as relações sexuais DEVEM seguir certos princípios, sendo que o mais importante é o do mútuo consentimento.

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  3. Só mesmo uma sociedade muito doente mesmo pode pensar sequer em legalizar algo que devia ser á partida intoleravel.

    Por vontade deles até a pedofilia era legalizada.

    E prostituição não é só essa,tens as prostitutas politicas,jornalistas venais e outros do genero,e esses casos bem mais graves pois não é por necessidade e não são obrigados por nenhum chulo.

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  4. O seu artigo é justíssimo, caro Dr. Octopus , e põe as coisas numa perspectiva politicamente muito correcta, indo ao fundo das questões na relação causa/efeito. Peca apenas por um senão: não se pode falar da prostituição em Portugal sem citar o nome de Inês Fontinha, directora da casa-abrigo " O Ninho" ( ver http://silencioculpado.blogspot.com/2009/05/ines-fontinha.html) que tem recuperado para a dignidade milhares de prostitutas que querem deixar essa vida mas precisam de uma ajuda para o fazer. Contrariando o mercantilismo vigente, onde tudo pode ser mercadoria, até a dignidade de poder dispor livremente do seu corpo sem ter de o vender ( ou alugar....).
    Podia-se dizer que se não houvesse procura diminuiria a oferta e, em parte, é verdade pois os jovens deveriam ser educados de forma a sentir repulsa por esse tipo de transacção onde não entra o afecto nem sequer a sedução.
    Eu, que sou do tempo em que os pais davam dinheiro aos filhos, chegada a idade de "serem homens", para "ir às meninas", agradeço ao meu pai,que era salazarista
    ( enquanto eu dei, mais tarde, em comunista... )mas, muito bom pai, por nunca o ter feito. Ainda hoje lhe estou grato por não ter perdido a virgindade dessa maneira...

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    1. Amigo Devir,

      Agradeço a sua justa e merecida referência à associação "O Ninho" que tem feito um trabalho notável.

      Este pequeno artigo não pretendia ser exaustivo. O tema da pedofilia, por exemplo, podendo em alguns casos ser incluindo na prostituição, ficou propositadamente de fora.

      O que queria é chamar a atenção para a crueza dos números e falar de um assunto muitas vezes esquecido.

      Fico feliz por constatar que muitos homens pensam como eu e que a prostituição não tem de ser considerada inevitável.

      Um abraço

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  5. Neste aspecto tenho de discordar do dr. Octopus e dos comentadores deste post. Se retirarmos toda a carga moralista ao acto sexual, vender o corpo para fins sexuais é exactamente o mesmo que vendê-lo para fins industriais, ou o mesmo que vender o cérebro num escritório de contabilidade ou de publicidade ou do que seja. A prostituição não é uma realidade específica, e se é degradante é exactamente tão degradante como trabalhar numa mina ou num jornal. Só uma sociedade tradicionalmente habituada a confundir sexo com amor é que pode ver na prostituição algo particularmente degradante. As prostitutas não vendem amor, que isso sim seria absurdo, pois o amor não pode ser comprado; o que elas vendem é apenas sexo, e isso é tão a-moral, no meu ponto de vista, como tratar de calos ou fazer massagens.
    O problema da prostituição, e o que a torna uma actividade imoral, é o facto de dar origem ao tráfico de mulheres. Mas esse tráfico, hediondo, só existe porque a actividade não está legalizada. Portanto, a única coisa que eu proporia em relação à prostituição seria a sua legalização. Com isso, acabaria o tráfico, e só se dedicaria à profissão quem quisesse; e parece-me uma ingenuidade considerar que nenhuma prostituta o é por vontade própria; para muitas mulheres, a prostituição é simplesmente uma forma fácil de ganhar a vida, e muito mais rendosa do que trabalhar num escritório. E quem as pode censurar por isso? São putas? Putas somos todos, ou pelo menos todos os que são diariamente explorados na sua força de trabalho.
    JMS

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    1. Você, Anónimo, só esta certo DENTRO do paradigma que representa esta sociedade capitalista ( aquela que você chama "livre e permissiva"..."livre" para quem? Para quem ganha o ordenado mínimo ou pensões de miséria e vê os seus direitos perdidos? "Permissiva" para explorar outrem ?), onde tudo pode ser mercadoria: a água ( só falta privatizarem o ar...), a saúde, a educação, a segurança-social, etc. Até privatizam o ADN das sementes, pondo em causa a soberania alimentar dos povos, como enfatiza o MST
      ( Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)que luta contra a entrada das sementes genítamente modificas (OGM)na Brasil paa que o seu país não fique sob a chantagem e dependência de agro-oligopólios como o tristemente célebre Grupo Monsanto.
      Até querem patentear o genoma humano, privatizando assim a própria vida!
      Isto anda tudo ligado: a prostituição é apenas uma das excrescências desta sociedade execrável que tem que acabar, antes que acabe connosco.
      Antes que acabe com tudo o que é decente e bom e justo!
      Mas, em Portugal, a prostituição já é legal. O que é ilegal é o proxenetismo, caro Anónimo ( já percebi pelas posições que tomam que há dois "Anónimos". Nunca sei a qual estou a dirigir-me...)

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  6. Octopus, Bruno, Devir e Anônimo

    Anônimo disse:
    "Mas isso não justifica uma crítica à prostituição sob o argumento de que as relações sexuais DEVERIAM ser seguidas por determinados princípios."

    A crítica a prostituição sempre é justificável, o problema no mundo é que as críticas estão indo sempre para o lado errado, sempre se critica a prostituta e nunca o "cliente".
    Sendo que as mulheres se prostituem por determinação dos homens, pois foi assim determinado pela classe masculina, não conheço nenhum homem que quando a mulher ofereceu seu corpo em troca de dinheiro ou favor, esse mesmo tenha recusado e a tenha ajudado sem aceitar seu corpo para o sexo.
    A chantagem também é muito usada pelos homens para conseguirem sexo no local de trabalho.
    A maioria das mulheres perderam a ilusão que sempre tiveram em relação a união estável com um homem, aqui no Brasil é comum vermos mulheres que sustentam a casa sózinhas, pois a maioria foi abandonada a própria sorte por um homem, homens esses que nem sequer tem sentimento pelos filhos que deixou para trás, e com isso vemos a criminalidade aumentar, pois bem sabemos que uma mulher não pode educar direito os filhos quando tem que ter vários empregos para sustentar um lar abandonado pelo marido, muitas resolvem se prostituir pois é na noite enquanto os filhos dormem que ela trabalha.
    Mas bem sabemos que os homens na maioria se sentem muito mais machos quando subjugam as mulheres. Na guerra os soldados quase sempre estupram as mulheres dos "inimigos", estão matando e ao mesmo tempo "comendo".
    Não conheço nenhuma mulher estupradora, será que existe?

    Anônimo diz: "parece-me uma ingenuidade considerar que nenhuma prostituta o é por vontade própria; para muitas mulheres, a prostituição é simplesmente uma forma fácil de ganhar a vida, e muito mais rendosa do que trabalhar num escritório."

    Esse é o pensamento do verdadeiro machista e consumidor de sexo com prostitutas, acham que é uma forma "fácil" de ganhar a vida.

    Aqui não estamos falando de amor sexual, estamos falando de sexo puro, comparar um trabalho em contabilidade ou publicidade com a prostituição mostra como é a mente de certos homens, sim, o homem faz sexo puro, enquanto para a maioria das mulheres sexo vem sempre acompanhado de atração recíproca, o que não acontece na prostituição, pesquisas e depoimentos mostram que as mulheres que se prostituem tem nojo na maioria dos homens clientes. Então como pode um homem subjugar uma mulher para sexo sabendo que a mesma terá nojo do sexo e estará fingindo que gosta?

    Com certeza as relações deveriam seguir certos princípios, mas infelizmente não funciona assim no mundo, porque a maioria dos homens nem sabem o que são princípios, e a maioria dos homens são falsos moralistas.

    E volto a reafirmar: A prostituição só existe porque tem procura, e a procura atualmente é maior que a oferta, infelizmente.

    Os filhos homens seguem quase sempre o exemplo do pai, e se o pai não tem respeito pelas mulheres e foi ausente na educação, o filho certamente também será igual ao pai.


    Abraços

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    1. Explique-me lá então, sem entrar em argumentos moralistas cristãos, porque é que não se pode comparar o trabalho sexual com o trabalho num escritório. Se retirar da equação moralismos espúrios e que já não fazem sentido, perceberá que o sexo é uma necessidade como qualquer outra. Você acha mal ir comer a um restaurante quando se tem fome? Acha mal comprar um copo de água para beber quando se tem sede? Acha mal recorrer a um massagista quando tem um ombro deslocado? Com certeza que não. Logo...
      Para perceber o meu ponto de vista, vou lembrar-lhe uma historinha antiga: um dia o filósofo Diógenes desatou a masturbar-se na praça; quando o censuraram por estar a praticar tal acto em público, ele respondeu o seguinte: quem me dera poder esfregar também a barriga e ficar sem fome.

      E não, nunca frequentei prostitutas, nem prevejo vir a frequentar. Que você conclua isso, prova talvez que não concebe a possibilidade de um argumento filosófico e desinteressado; achará talvez que toda a gente argumenta em função dos seus interesses e para justificar os seus hábitos. Comigo, pelo menos, enganou-se.

      JMS

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    2. Quanto à ideia de que as mulheres só se prostituem quando obrigadas, é completamente falsa. Há mulheres obrigadas a tornarem-se escravas sexuais, quando caem nas mãos de redes mafiosas. Mas nem todas as prostitutas estão nessas condições. Muitas, reafirmo, preferem simplesmente esse modo de vida a outro. Eu conheci muitas mulheres que passaram grandes dificuldades económicas, que passavam inclusive fome, e nem lhes passou pela cabeça prostituirem-se. Hoje em dia, como já não existe uma sanção social e moral tão pesada, há muitas mulheres que optam simplesmente pela prostituição, porque, sim, é mais fácil do que lavar escadas ou labutar dez horas por dia por 500 euros. E eu não as censuro. O ideal seria haver um mundo em que ninguém precisasse de vender o corpo? Sem dúvida. Mas não vivemos num mundo ideal, como já terá reparado.
      Para rematar, lamento informá-lo de que as ideias que você tem sobre a sexualidade ou a prostituição já não sequer defendidas por muitas feministas. Camille Paglia, por exemplo, vê na prostituta uma dominatrix, que submete o homem com o seu poder sexual, e vê o homem como o elemento fraco nessa relação, como o dominado.

      JMS

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    3. Burgos,

      Concordo plenamente contigo, e destaco a frase: "Com certeza as relações deveriam seguir certos princípios, mas infelizmente não funciona assim no mundo, porque a maioria dos homens nem sabem o que são princípios, e a maioria dos homens são falsos moralistas".

      Efectivamente o princípio que deveria ser seguido numa relação sexual é o de mútuo consentimento.

      E claro que nem vale a pena comentar o anónimo que coloca em pé de igualdade o trabalhar num escritório e vender o corpo.

      Um abraço

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    4. Caro Octopus,
      Vender o corpo é o que fazem todos os assalariados. O facto irrefutável é que só introduzindo variáveis morais absurdas é que vocês podem defender que um serviço de massagens lombares é aceitável e um serviço de massagens genitais não o é. Eu não vejo nenhuma diferença ESSENCIAL entre massajar pilas e massajar costas. Serão as costas uma parte mais nobre e limpa do que o baixo ventre? Desculpe, mas esse excepcionalismo do sexo, essa divisão entre o que fica acima e abaixo do umbigo, é o que defendem historicamente as igrejas cristãs, com base em meros preconceitos. O que duas pessoas fazem na cama em regime de mútuo consentimento, com ou sem dinheiro envolvido, não é matéria de moral. Só a violência é imoral, e só é imoral e ignóbil a prostituição forçada. Isto parece-me clarinho como água. E a sua recusa em argumentar prova-me apenas que não tem argumentos.
      Em todo o caso, este diferendo é irrelevante. Suponho que todos teremos os nosso preconceitos.

      JMS

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  7. Não sou puritano ( se opção entre puritano e libertino fosse binária, preferia ser libertino...), mas acho tão mercantilista vender sexo como doar órgãos ou sangue a troco de dinheiro. Para mim todo o sexo é lícito desde que seja " between two ( or more) self-consenting adults" (entre dois [ ou mais] adultos, por mútuo e livre consentimento )E, esta dos adultos tem muita importância, pois, as crianças, apesar de terem uma sexualidade própria ( como demonstrou Freud ), não têm auto-determinação sexual, nomeadamente quanto à sua futura orientação sexual...
    A questão-chave, aqui, é o mútuo consentimento LIVRE, que numa prostituta, não pode existir porque a sociedade lhe retira o livre arbítrio, seja pela necessidade extrema (mães solteiras,iletradas ou que pura e simplesmente ficaram no desemprego), seja pelas "teias-de-aranha" que este tipo de sociedade lhes mete na cabeça levando-as a almejar coisas supérfluas
    ou acima das suas posses.
    Mas, concordo com quem disse que o problema principal está do lado da procura. Mas, essa é toda uma outra discussão, complexa,nem simples, nem, muito menos, simplista ( quando se quer tratar de forma ligeira ou simplista um assunto, está-se a mutilar esse assunto ), que tem vertentes políticas, económicas, sociológicas e até psicológicas a ter em conta...
    Abraços

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  8. Também não sou puritano, nem ao menos religioso, sou totalmente a favor do sexo sem preconceitos.
    Faço minhas as palavras do Devir e do Bruno Antonio, sexo com consentimento mútuo, pois bem sabemos que a mulher está na prostituição somente e exclusivamente por causa do dinheiro.
    E concordo totalmente com Camille Paglia, pois o homem é tão medíocre quando paga para ter sexo que muitas prostitutas tornam-se dominadoras.
    Perante uma prostituta a maioria dos homens tira a máscara e mostra realmente seu caráter.

    Abraços

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    1. A sua não-resposta prova-me que você não tem argumentos para refutar a minha equivalência entre trabalho sexual e trabalho não-sexual. Tem apenas preconceitos. Era o que eu pensava. Fiquei esclarecido.

      JMS

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  9. O que você chama de preconceito, eu chamo de bom senso e respeito pelo ser humano, por aqueles e aquelas que estão vendendo o corpo para satisfazer o fetiche de homens hipócritas, que em sua maioria são homens casados, que se dizem religiosos, políticos, doutores, etc.
    Não vai existir argumentos nesse mundo para provar o contrário na cabeça de pessoas que acham que a prostituição é a mesma coisa que trabalhar em contabilidade ou publicidade, que comparam vender o corpo a mesma coisa que ir comer em um restaurante ou beber um copo de água.

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  10. Eu concordo com todo mundo, existem prostitutas e existem clientes, mas se fizermos o raciocínio contrário se deixarmos de lado o moralismo judáico-cristão e as idiossincrasias pessoais, ou mesmo os preconceitos machistas e feministas, quem sabe se chegue a uma solução para todos estes problemas, mas antes como disse um anônimo existe a prostituição que também no meu ponto de vista não é só genital, existe a prostituição em todos os lugares, também não podemos esquecer que quem educa(?) os filhos normalmente são as mães e por conta disso eu até quero discorrer um pouco sobre o assunto, eu entendo que as manifestações feministas são destas mulheres que não deram certo e por isso são feministas, já que que foram na onda ideológica, na propaganda mercantilista do século passado. As mulheres foram doutrinadas pela mídia a terem inveja do masculino e a competir com ele. Então falar de prostituição de acusar este ou aquele é fácil. Quanta prostituição existe nos matrimônios de interesse?
    Mas como disse anteriormente vamos fazer um outro raciocínio...e se não houvesse prostitutas, haveria clientes?

    E se todos fossem bons não haveria pecado, não haveria inferno, não haveria nada, em suma a vida seria um tédio.

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  11. Este gajo a fazer propaganda á prostituição deve ser mais um marxista ou um liberal ou algo do genero.

    Os falsos humanistas ao serviço do sistema.
    Voçês só enganam mesmo os tolinhos...

    A prostituição humana está ligada aos partidos politicos através das mafias de imigração e tamos a falar de muito dinheiro.

    Putas pricipalmente de africa,leste e america do sul,míudos para pedofilia e pornografia,e trafico de orgãos.

    Daí a escumalha politica que tem salas de propaganda a monitorizar os blogs mais atentos,mandam estes artistas vir com a propaganda e com a sua retorica.

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  12. olá Dr.Octupus: parece que o sr. desencadeou uma discussão muito interessante...e apaixonante!
    Eu gostaria de deixar para a reflexão de todos algumas questões, tomando a prostituição como uma relação social histórica, ou seja,ao longo do tempo, e em função de diferentes culturas homens, mulheres, jovens e idosos vem praticando essa troca, que pode ou não envolver dinheiro.
    Posso atribuir uma conotação negativa as formas de prazer e iniciação sexual proporcionadas pelos pedagogos da Grécia antiga aos seus jovens discípulos, com o consentimento de ambos e a naturalidade de uma prática social comum?
    Posso chamar de prostituição as trocas de prazeres nas cortes europeias entre nobres e cortesãs, se consumado o ato, o nobre lhe ofertou em agradecimento uma flor ou um rubi? Ou se a senhora da nobreza satisfeito o seu libido, em retribuição deixou nas mãos de quem lhe dera prazer minutos atrás, um saco de moedas?
    Posso condenar o trabalho temporário de alunos homens meus, alunas mulheres minhas, e alunos e alunas homossexuais e transsexuais meus nas várias universidades por onde passei, que por livre vontade, preferiram vender prazer sexual, e quando conversávamos sobre o assunto, costumavam argumentar ser muito melhor vender algo que não se perde, como é quando se vende um rim?
    Sinceramente não consigo condenar nenhuma destas práticas. Mas, quero cumprimentá-lo, Dr. Octopus por postar sobre um tema que é um dos maiores fragelos da nossa sociedade: a exploração dos seres humanos por outros seres humanos. Por denunciar os milhares de cafetões e cafetonas que enganam meninas e meninos, jovens iludidas e sonhadoras com uma vida melhor, para obriga-las a uma jornada de trabalho insustentável e insuportável, para com esse negócio obter lucros fáceis e convidativos. Por denunciar a existência de milhares de mães que fazem da noite e de suas mazelas a única chance de alimentar seus filhos.Por chamar a atenção sobre milhares de filhos e filhas simplesmente vendidos/as seja para o prazer de um marido/esposa, de um turista ou de uma turista inconsequentes, seja para o repasto de um convento, seminário ou exército, seja para a retirada de órgãos e assassinato após o uso e abuso sexual. Seu post nos faz lembrar e condenar com veemência a situação das milhares de mulheres africanas e do Oriente Médio, muçulmanas na maioria, para as quais a virgindade e o contato sexual com um único parceiro é uma tradição cultural e religiosa, violadas por mercenários de todos os exércitos contemporâneos,obrigadas a serem fodidas até a extenuação, e posteriormente jogadas ao negócio ocidental do tráfico sexual. Seu post faz-me lembrar para condenar o abuso sexual de animais, de bebês, de idosos, de deficientes e doentes, e até mesmo de cadáveres, a quem sequer se paga. É o resultado do escárnio depravado dos humanos em estado de declínio da civilização.
    Abraços a todos

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  13. Maria,

    Penso que o conceito de prostituição envolve sempre a troca do corpo por uma qualquer vantagem, seja ela monetária ou não. Troca de favores é uma dela, quando por exemplo uma mulher (ou um homem) tem relações sexuais com o seu superior para aumento de ordenado, progressão da carreira ou acesso a um determinado posto.

    As práticas sexuais na Grécia ou Roma com jovens, por exemplo, era admitida por um certo estrato da sociedade. Não havia aqui qualquer troca monetária, portanto não considero prostituição. No entanto, dado que até uma certa idade um jovem não tem ainda totalmente desenvolvida a sua maturidade e opções sexuais, trata-se aqui do que hoje chamamos de pedofilia, quando menor. Quando maior de idade se a troca for consentida, não existe qualquer obstáculo, apenas, quando existe, esse poderá ser cultural.

    Já a troca de sexo, por vantagens monetárias ou não, nas cortes europeias, entra no quadro de um certo tipo de prostituição.

    Um aluno que vende um rim não é melhor ou pior do que aquele que vende o seu corpo, a dádiva de um rim é equivalente à dádiva do seu corpo, isto é sem nada em troca.

    Com este artigo, eu não quis, nem condeno a prática em si. Condeno sim aquele que se aproveita dessa prática, pagando.

    Achei este tema bastante interessante, por continua a ser frequentemente silenciado na nossa sociedade porque todos são contra, mas se existe é porque existe procura. Nesse caso, cabe aos homens (o mais frequente) dizer "não" à prostituição. Foi acusado de ser utópico, os que o fizeram têm toda a razão, mas reconforta-me constatar pelos comentário que não sou o único e curiosamente quase todos homens. Não os conheço pessoalmente, Burgos, Bruno, Devir, mas pela troca de opiniões já me apercebi que são pessoas singulares com um sentido ético acima da média.

    Defendo e defenderei sempre a igualdade da mulher em relação ao homem e lutarei sempre contra qualquer forma de escravidão sendo que a prostituição é uma delas.

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  14. Concordo com muito do que se diz no artigo sobre prostituição, mas não concordo com tudo...

    É muito bonito falar das prostitutas como coitadinhas, mas nem todas são coitadinhas e estão lá porque querem e porque sabem que ganham bem. Não as critico por isso, é lá escolha delas, mas também não faço delas todas umas coitadinhas.
    Coitadinhos é de nós os que trabalham enquanto que as prostitutas que ganham 5000 mil ao mês continuam a não declarar IRS, usufruem do mágico rendimento de inserção social e outros subsídios e o "preto que se lixe" como se costuma dizer.
    Claro que há as prostitutas que realmente sofrem e são vítimas, tal como menciona no seu blog, mas nem todas são assim...
    E não me venham com histórias sobre os homens serem uns porcos e blabla...nunca fui a prostitutas, mas a partir do momento em que ele quer sexo e ela também, a troco de dinheiro, sendo tudo consentido não me venha com tretas! Então pra isso vamos começar a chamar de porcos aos gajos que engatam gajas desconhidas nas discotecas e dão uma voltas com elas (e elas querem e elas entraram no jogo).

    Defender as mulheres significa defender a realidade das coisas.

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  15. Por que estão perdendo os pêlos se ainda não perderam as características de macaco?

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