Formidáveis vectores de difusão de ideias, mas também perigosos meios de manipulação das massas para atingir objectivos de política interior ou exterior, os média foram sempre uma arma de dois gumes.
A chegada das novas tecnologias, como a Internet, permite, além da mobilização da opinião pública em larga escala, que os poderes económicos e políticos se introduzam na nossa vida privada, e que os objectivos geoestratégicos avancem escondidos por este novo vector.
Com a generalização da Internet, Facebook e Twitter, uma nova arma emergiu, susceptível de modificar profundamente as relações de força no plano internacional. Jon Stewart, rei da sátira televisiva americana dizia: "Para quê enviar tropas, se destituir ditaduras via Internet é tão fácil como comprar um par de sapatos?"
Mas a Internet não é sinónimo de liberdade de expressão?
Na realidade, até Douglas Paal, antigo colaborador de Reagan e Bush, o reconhece: "a Internet é actualmente gerida por uma ONG que na prática depende do departamento do comércio dos Estados Unidos". Será só um problema de comércio?
James Bamford, um dos maiores especialistas dos serviços secretos americanos, dizia quando entrevistado pelo jornal alemão Die Zeit:"os chineses têm medo que firmas americanas como Google sejam em última analise instrumentos dos serviços secretos americanos no território chinês. Será uma atitude paranóica? Não, nada disso. Na realidade muitas organizações estrangeiras estão infiltradas pelos serviços secretos dos Estados Unidos. Estes interceptam as comunicações telefónicas em qualquer ponto do planeta e deveriam ser considerados os maiores hackers do mundo".
"Os grandes grupos Internet tornaram-se na ferramenta geopolítica americana. Antigamente eram necessárias longas operações secretas para apoiar movimentos políticos em países longínquos, hoje em dia, apenas é necessária um pouco de tecnologia de comunicação feita a partir do ocidente. A National Security Agency (NSA), o serviço secreto tecnológico dos Estados Unidos, estão a construir uma organização completamente nova para as guerras na Internet".
À luz de tudo isto, podemos abordar com uma nova visão os trágicos acontecimento na região chinesa de Xinjiang, de maioria muçulmana, em Julho de 2009.
Será que a explicação destes incidentes se deve a um problema de descriminação e opressão de uma minoria étnica e religiosa? Como já vimos num artigo anterior, esta região é fundamental para a China, a região de Xinjiang é atravessada por uma importante rede oleodutos e gasodutos.
O correspondente do jornal italiano La Stampa, Francesco Sisci, relata: "muitos Hans (de etnia chinesa) queixam-se dos privilégios dos Iugures (de etnia muçulmana). Apesar de serem uma minoria, os iugures têm condições de trabalho iguais aos Hans, mas com condições de vida bem melhores. Um iugur pode suspender o seu trabalho várias vezes por dia para as suas cinco orações diárias. Pode não trabalhar à sexta-feira, dia santo para os muçulmanos. Enquanto os Hans estão sujeitos à política de filho único, os Iugures podem ter vários filhos".
No entanto a propaganda ocidental acusa o governo chinês de limpeza étnica. Então em que é que ficamos? Verdade ou mentira?
As coisas não são simples, mas o que acontece desde há décadas é que os hans e iugures sempre viveram lado a lado sem qualquer conflito de relevo. O que se terá passado, em 2009, é que um rumor relatava a violação de uma rapariga han por operários iugures. Resultaram distúrbios com dois mortos de etnia iugur. Este rumor era falso, mas a rede Internet difunde então que centenas de iugures estavam a ser vítimas dos hans sob o olhar indiferente da polícia local. Resultado: revolta dos iugures com o balanço final de mais de 200 mortos quase todos hans.
A pergunta é a seguinte: estaremos nós em presença de uma informação infeliz e erradamente difundida pela Internet ou perante rumores falsos e propositados? A questão é: será que a "loucura colectiva" além de poder ser induzida por via farmacológica também o poderá ser por via das novas tecnologias de comunicação em massa como a Internet?
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