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A laicidade implica, entre outras coisas, a separação entre o Estado e a igreja (as religiões), fará então sentido manter nestas sociedades feriados religiosos?
Esta neutralidade significa que o Estado tem de ter neutro, ainda mais quando se trata de opiniões espirituais, ora os feriados religiosos contradizem essa laicidade.
A religião é um assunto privado. Portugal não é um micro-estado dependente do Vaticano. Apesar das suas raízes serem predominantemente cristãs, existiram outros cultos e actualmente existem outros cultos.
Por que é que igreja católica tem direito a privilégios quando outras confissões não as têm? Porque é que em nome da religião, um católico pode usufruir de um dia feriado para praticar o seu culto, quando um outro cidadão português se quer comemorar o seu dia de culto, não sendo feriado, tem de tirar um dia de férias?
Alguns falam em tradição, mas este é um falso argumento. Este argumento da tradição não constitui um argumento só por si. As sociedades estão construidas para poder alterar as tradições, poder suprimir algumas e acrescentar outras. Caso contrário a manterem-se, justificariam sacrifícios humanos praticados por várias religiões em nome da tradição.
Temos portanto feriados em nome de muitas coisas que não dizem nada a muitas pessoas, como a celebração do feriado da Pascoa, em nome da ressurreição de um hipotético Messias chamado Jesus ao mesmo tempo Deus e filho desse Deus único.
Temos um feriado da sua ascensão ao céu. Temos o natal teoricamente dia do seu nascimento, quando sabemos que e era inicialmente uma festa pagã romana, as saturninas.
E mais curioso ainda o 15 de agosto, feriado que celebra a ascensão da Nossa Senhora, a virgem Maria, que ascende ao céu escapando a uma morte natural, preservada do "pecado original", tendo "sacrificado o seu filho", e deixa assim a vida terrestre sem ter conhecido a "corrupção carnal".
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Concordo plenamente.
ResponderEliminarA laicidade do estado deve ser tida em conta por mais enraizadas que as tradições estejam na cultura portuguesa.
Ou isso ou adotar os feriados religiosos de outros cultos que têm tanta legitimidade quanto a religião catolica.