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Porque a memória é curta...
Muito do Estado Novo assentava em alguns mitos fundadores, entre os quais o mito da ruralidade e o mito da "pobreza honrada", com isso vivia-se na miséria e havia muita fome.
- Portugal era um país pobre, com cerca de 50% da população vivendo da agricultura, muitas vezes de subsistência.
- As crianças das aldeias ajudavam a família logo a partir dos 6 ou 7 anos nos trabalhos do campo.
- No caso das famílias mais pobres, migravam para vilas e cidades - as
raparigas muitas vezes para servir de criadas na casa de pessoas ricas
ou abastadas.
- O povo vivia em grande pobreza, por isso, os Portugueses começaram a emigrar, cerca de dois milhões até 1974.
- A emigração
para o estrangeiro, tinha como resultado as remessas dos rendimentos
de trabalho dos emigrantes. Desde finais da década de 60 e
toda a década de 70, foi uma das principais fonte de receitas do País.
- Em 1970, mais de 36,0% dos alojamentos familiares não possuía
electricidade.
- Cerca de 42,0% não tinha esgotos.
- Quase 53,0% não tinha
água canalizada.
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Essa concepção da pobreza no estado novo assentava em duas ideias, como a da ruralidade / pobreza honrada
ResponderEliminarNa ruralidade, sendo portugal um pais inevitavelmente predestinado a agricultura tradicional como uma das caracteristicas com especificas virtudes e um possivel laboratorio onde se criavam as verdadeiras qualidades do ser nacional portugues. A terra como a primeira fonte de riqueza possivel, e seguimento de um caminho para a ordem e harmonia social, as virtudes da patria e uma crítica a toda a industrialização, desconfiança da inovação, técnica, urbanização e proletarização, ou seja tudo que fomentasse uma segunda oportunidade de vida para as pessoas pondo em causa a vocação primaria rural como uma espécie de vocação natural da nação.
Salazar dizia
«Aqueles que não se deixam obcecar pela miragem do enriquecimento indefinido, mas aspiram, acima de tudo, a uma vida que embora modesta seja suficiente, sã, presa à terra, não poderiam nunca seguir por caminhos em que
a agricultura cedesse à indústria. Sei que pagamos assim
uma taxa de segurança, um preço político e económico, mas sei que a segurança e a modéstia têm também as suas compensações»
Na pobreza honrada portugal era um país essencial e incontornavelmente pobre devido ao seu destino rural, em que uma ausencia de ambiçoes doentias e desagregadoras de promoção social levavam cada um a conformar-se com o seu destino. Pobre e honrado como modo de vida habitual era um modo de felicidade possivel, ou seja os poderes do estado cultivavam uma vocação da pobreza. Este paradigma de cada um se conformar com o seu destino de pobreza cabendo aos outros uma função caritativa de aliviar essa pobreza era inculcado nas crianças desde a escola primaria, o livro da primeira classe trazia estas magnificas lições de virtudes pobreza e caridade no inicio dos anos 70
A dona de casa
Emilita é muito esperta e desembaraçada, e gosta de ajudar a mãe.
- Minha mãe: já sei varrer a cozinha,
arrumar as cadeiras e limpar o pó. Deixe-me
pôr hoje a mesa para o jantar.
- Está bem, minha filha. Quando fores
grande, hás-de ser boa dona de casa.»
Os pobrezinhos
- Batem à porta. Meu filho, vai ver quem é.
- É um pobre, minha mãe, um pobrezinho a pedir esmola.
A mãe veio logo com um prato de sopa e deu-o ao pobre. Depois, voltou para a sala
de costura e deixou o filho a fazer companhia ao mendigo. Este, quando acabou de
comer, disse por despedida:
- Deus faça bem a quem bem faz!
O menino ficou comovido: - Que pena tive do pobrezinho!
- E é caso para isso, respondeu a mãe. Os pobres são nossos irmãos. Devemos fazer-lhes
todo o bem que pudermos. Jesus ensinou que até um copo de água, dado aos pobres
por caridade, terá grande prémio no céu.»
A pobreza é um ciclo vicioso os descendentes herdam esse meio em que viveram e foram criados. Ja foram feitos estudos em que se demonstrou que raramente os descendentes conseguem quebrar o ciclo, muitos dizem que vivem melhor que os pais mas não conseguiram dar o verdadeiro salto. Deixaram de passar fome, não andam descalços mas não tem o esssencial para as necessidades basicas de um ser humano. Se os pais não tem condiçoes para oferecer uma possibilidade aos filhos de darem esse salto e a sociedade atraves do estado também se demite o ciclo fecha-se sempre a volta dos mesmos.
Excelente comentário,
ResponderEliminarDe facto, a nocão de pobreza no "temos alguma coisa" e a noção de caridade (com quem mais abastado) realizava a sua obra de caridade para com um pobre, foi a catastase do Estado Novo para o imobilismo: contentar-se com pouco e nunca colocar em questão a vida miserável.
Estes posts relativos ao Estado Novo deixam-me confuso. Confuso pq mesmo tão mal ainda cá estamos e pq actualmente temos o q temos, já com as tais benesses da democracia e adaptação ao mundo moderno e etc, etc
ResponderEliminarCreio q um dos principais problemas destas comparações é mesmo isso, comparar algo q não tem, nem nunca poderá ter, comparação.
Desde o papel da mulher na sociedade, à agricultura, à elevação da metrópole, educação/pobreza...teve a sua época. E viamos disto nos outros países, com a comparação possível, lógico.
Não vivi esses tempos, logo não posso opinar. De quem viveu dizem-me q era mau no recreio estarem separados das mulheres e a liberdade de expressão. Quanto ao primeiro, ainda não existem colégios específicos para cada género? Significa q são da ditadura?
Liberdade de expressão parece ser mesmo aquele ponto crucial, embora hoje haja o lápis azul a controlar tudo e uma bela merd@ de 'media' nacional, q deturpam os factos a belo prazer.
No entanto gostava de ver as diferenças de antes, durante e depois do Estado Novo.
Isso e um trabalho sobre quem financiou a rebelião em África. E q bem ficaram, ao abandono depois de terem sido espoliados dos bens mais importantes. Valeu o esforço por expulsar os Portugueses.
" comparar algo que nao tem nem nunca podera ter comparacao"
ResponderEliminarDe facto e isso mesmo nao se pode comparar aquilo que nao e comparavel, regimes democraticos mesmo que funcionando imperfeitamente e com defeitos, num povo que nunca viveu tirando uma breve experiencia republicana em democracia com regimes ditatoriais, mas existe uma coisa tambem tipica do portuguesismo, a chamada saudade quando as coisas nao funcionam bem e as comparacoes evidentes com o antes.
São comentários de quem ignorou toda a vida que Portugal tinha Ultramar.
ResponderEliminar“São comentários de quem ignorou toda a vida que Portugal tinha Ultramar.”
ResponderEliminarNão é verdade. Só que o problema é que havia pessoas que pensaram que o ultramar era para toda a vida e por isso até criaram uma nova legislação e uma nova língua, de colonias passamos a províncias ultramarinas para escapar a denominação de colonialismo, e ignoraram toda a vida o que estava a acontecer a sua volta no mundo colonial, em toda a africa, asia, médio oriente, desde o final da segunda guerra mundial. Com o fim do colonialismo e a autodeterminação, a guerra fria, a politica de blocos e a doutrina da coexistência pacifica dos Eua Russia. Por isso a corda esticou até partir. Não são comentários de quem ignorou que Portugal tinha ultramar e que ia chegar a um fim, mas sim interpelações de quem ignorou toda a vida que o ultramar ia chegar a um fim e pensavam que era para toda a vida.