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O deficit público ocorre quando o valor das despesas de um governo é maior que as suas receitas, sendo este valor expresso em percentagem sobre o PIB de um país.
A famosa meta dos 3%.
Por disciplina financeira, os países membros do euro definiram que o deficit público de cada país não deveria ultrapassar os 3% do PIB.
O limite de 3% de deficit público, fixado pelo Pacto de estabilidade, tornou-se uma verdadeira obsessão para os burocratas de Bruxelas. Na realidade, mesmo em período de crescimento económico, a não ser dois ou três pequenos países da UE, a grande maioria nunca respeitou esse valor.
Este fetischismo das contas públicas levou à instalação de planos de austeridade que conduziram à destruição económica de vários países através de medidas de contenção de salários, aumento de impostos e venda ao desbarato do aparelho produtivo.
Prisioneiros do euro, e perante o imobilismo do BCE, os países do sul da Europa não têm qualquer meio de escapar à destruição da sua economia, tudo em nome do sacro-santo deficit público imposto, que os países do norte da Europa não respeitam.
Deficit público um instrumento capitalista.
A possibilidade de poder fazer variar o deficit público é instrumento económico que permite limar os vários parâmetros conjunturais. A proibição dessa possibilidade, com o limite dos 3%, advém de uma concepção ultra-liberal baseada na capacidade do mercado se auto-equilibrar e estabilizar a economia.
Esta obsessão da limitação do deficit público tem como finalidade escondida o aproveitar as crises para a restructuração do capital à custa dos trabalhadores.
Assim, numa sociedade capitalista, se o investimento público se destinar a coisas úteis, o deficit não é um drama, antes pelo contrário. Um deficit público mais elevado pode funcionar por parte do Estado como um motor de arranque económico, a meta arbitrária dos 3% não faz qualquer sentido. O Reino Unido tem vivido normalmente com valores mais elevados, 8,3% em 2011 e 6,3% em 2012.
Uma dívida impagável.
Não esquecer que o torna actualmente as dívidas públicas insustentáveis na zona euro têm em grande medida origem no artigo 123 do Tratado de Lisboa, que proíbe o financiamento dos Estados directamente com o BCE. Os bancos comerciais europeus financiam-se no BCE com uma taxa de 1%, para a seguir emprestar aos Estados o dinheiro a taxas que podem atingir os 11% !
É urgente rever os tratados europeus para permitir que os Estados se financiem directamente no BCE.
Desde a primavera de 2010 que a crise da dívida pública se tornou um pretexto para promover medidas de austeridade na Europa. A dívida é antes de mais um assunto de classe, trata-se de uma "redistribuição ao contrário" em que os rendimentos da maioria da população se desloca para os mais ricos.
O rendimento do trabalho tem baixado ao mesmo ritmo que tem aumentado o rendimento do capital.
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"A dívida é antes de mais um assunto de classe,...". Portanto, de correlação de forças. SE houvesse força para " rever os tratados europeus para permitir que os Estados se financiem directamente no BCE.", significaria que viveríamos numa "Europa" diferente: a dos povos e não a do grande capital. E, esse, é um grande "se"...
ResponderEliminarOlá Octopus!
ResponderEliminarUma coisa é certa, neste sistema monetário em que existimos o ideal é não ter orçamentos deficitários, pois a existir défice, lá temos que ajoelhar e "rezar", e às vezes encostar a testa no chão e "rezar" (que é como estamos agora!)
Tudo porque as Famílias Donas do sistema criaram a BELEZA chamada JUROS!
Mas enfim... Não é para a minha época a mudança de consciência!
Abr
VOZ a 0 db
Voz,
EliminarO sistema capitalista está construído para criar juros de que dependem para criar capital.
Mas neste sistema em que vivemos, não vejo que o financiamento (desde que com taxas de juros razoáveis) seja um mal em si, permite ao Estado empulsionar o investimento público e criar o bem-estar.
Claro que o ideal seria não ser necessário, mas não faz qualquer sentido impor limites que os países ricos permitem-se de não cumprir enquanto nos pobres servem para sugar as suas economias.
Olá!
EliminarNão existe qualquer tipo, forma, feitio de necessidade da presença de "juros"... Eles são mera ferramenta de saque, e nada mais!
Este sistema e estas regras, já está mais que comprovado que não funciona em prol dos... bem em prol de NADA, excepto claro das Famílias DONAS da BANCA PRIVADA que controla o sistema.
E depois o estado pode impulsionar o investimento mesmo sem juros! Mas como isto iria apenas beneficiar muitos e não apenas meia dúzia, e como hoje em dia quem controla o estado são os mesmos do costume, é perfeitamente normal que até o próprio estado cobre juros!
Abr
VOZ
Amigo Devir,
ResponderEliminarEsse é o grande problema dos grandes grupos financeiros que acabaram por dominar a política (que deles provêm) e que estão feitos com eles. Enquanto não se quebrar esse ciclo nada mudará.