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Um relatório da ONG britânica Oxfam, divulgado nesta segunda-feira, mostra
que o património das 85 pessoas mais ricas do mundo equivale às posses
de metade da população mundial.
Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.
As 85 pessoas mais ricas do mundo têm um património de US$ 1,7 trilhão,
o que equivale ao património de 3,5 bilhões de pessoas, as mais pobres
do mundo. A Oxfam observou no seu relatório que, nos últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.
A renda líquida obtida em 2012 pelas 100 pessoas mais ricas do mundo,
240 bilhões de dólares, poderia acabar quatro vezes com a extrema
pobreza no planeta.
"É chocante que no século XXI metade da população do mundo não tenham mais do que a minúscula elite cujos números
podem caber confortavelmente num autocarro de dois andares", afirmou
Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam.
Hoje, as diferenças entre os países estão diminuindo, mas a
desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres dentro de cada nação
está crescendo.
A planeada desrugulamentação do sistema financeiro.
Globalmente, o que se passa é que os indivíduos e as companhias mais ricos escondem trilhões de
dólares dos impostos na enorme rede de paraísos fiscais espalhados pelo mundo, estima-se que US$ 21 trilhões estão assim "escondidos" sem registros.
Não é uma coincidência o aumento da desigualdade no mundo desenvolvido
desde os anos 1980. Foi nesta época que começaram a ter efeito as
políticas lideradas pelos governos de Ronald Reagan nos Estados Unidos
(1981-1989) e Margaret Thatcher (1979-1990) no Reino Unido, e adopatadas
em boa parte por outros governantes, como Helmut Kohl
(Alemanha), Ruud Lubbers (Holanda) e Bob Hawke (Austrália): impostos
mais baixos, desregulamentação do sistema financeiro, redução do papel
do governo e outras medidas integrantes do receituário neoliberal.
Essa
política, sustentada pela globalização, teve alguns efeitos positivos, mas foi
levada ao extremos por quem se beneficia delas. Para manter as políticas
desejadas, que aumentavam a sua riqueza (e também a desigualdade) esses
grupos de interesse encrustaram-se nos círculos de poder. Eles
sequestraram a política.
O resultado disso, seja nos Estados Unidos, na Europa, na Índia ou no
Brasil, é uma grave crise de representação. O cidadão não consegue
participar da vida pública e ter seus anseios ouvidos pelo governantes.
Os partidos, à esquerda e à direita, caminham cada vez mais para o
centro e, como diz o filósofo esloveno Slavoj Zizek, fica cada vez mais
difícil diferenciá-los. A esquerda, supostamente contrária aos absurdos
do liberalismo económico, ou aderiu a ele e também tem suas campanhas
financiadas por grandes corporações ou não tem um modelo alternativo e
crível a apresentar.
A política de austeridade factor de pobreza.
À escala da
Europa, se a política de austeridade for mantida pelos dirigentes
políticos actuais, há o risco de 25 milhões de europeus caírem numa situação de
pobreza até 2025. No seu documento, a
organização entende que o modelo europeu "está diretamente colocado em
questão por políticas de austeridade mal concebidas".
A directora do ramo
europeu da Oxfam, Natalia Alonso, criticou o recuo dos direitos sociais, "os cortes radicais nos
orçamentos da segurança social, da saúde e da educação, a redução dos
direitos dos trabalhadores e uma fiscalidade injusta", ingredientes
desde há três anos das purgas económicas destinadas alegadamente a
recuperar as finanças públicas na Europa.
O resultado desta política de austeridade terá como resultado a longo prazo a que um quarto da população se encontrem ameaçadas pela pobreza, incluindo a população activa com trabalho.
Os países sujeitos
ao regime de austeridade, como os casos de
Portugal e da Grécia, em troca de uma assistência financeira da UE e do
Fundo Monetário Internacional, mas também a Espanha e o Reino Unido,
"situar-se-ão em breve entre os países mais desiguais do mundo", se
prosseguirem as suas políticas.
Esta ONG apela "aos Estados
membros da UE para que defendam um novo modelo económico e social",
assente numa fiscalidade justa e em investimentos públicos nos serviços e
na inovação.
Sobre Portugal é ainda dito que entre 2010 e 2011 a desigualdade nos
rendimentos tem beneficiado as “elites económicas”, dando-se como
exemplo o crescimento do mercado de bens de luxo, e é dito que após as
crises financeiras em geral os mais ricos vêem os seus rendimentos
crescer 10% enquanto os mais pobres os perdem na mesma proporção.
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