O tráfico humano movimenta, anualmente, mais de 18 mil milhões de dólares em todo o mundo, sendo a terceira actividade ilícita mais lucrativa a seguir ao tráfico de droga e de armas.
O tráfico de mulheres representa, anualmente, cerca de 4 milhões de mulheres,só para a Europa Ocidental esse número é de meio milhão. O número mundial total de prostitutas será de 40 milhões, 75% das mulheres têm menos de 25 anos, e muitas são menores de idade.
A legalização não resolve o problema.
A pobreza, mas também, o aumento do número de países que legalizaram a prostituição são algumas da causas do rápido aumento deste tráfico. A Holanda, onde a prostituição é legal desde 2000, passou de 2 500 prostitutas em 1981, para 10 000 em 1985, 20 000 em 1989 e 30 000 em 2004. Nesse país, existem 2 000 bordéis e mais de 7 000 locais dedicados à prostituição. 80% são estrangeiras e a grande maioria vítimas de redes mafiosas, não tendo a legalização diminuído o impacto dessas redes.
Este assunto da legalização da prostituição permanece controverso, sendo verdade que a não legalização permite lucros avultados, não só para as máfias, mas também para algumas elites e permite entre outras coisas a lavagem de dinheiro.
A frieza dos números da prostituição em Portugal.
Calcula-se que nos países da União Europeia 87% da prostituição é composta por mulheres, 8% por homens e 6% por transgéneros. 70% da prostituição é praticada por imigrantes, sendo que Portugal é um dos poucos países em que esse número é de apenas 56%.
No nosso país as prostitutas imigrantes são oriundas sobretudo da América Latina (65%) na sua maioria do Brasil, 8% vêm da Europa de Leste (sobretudo ucranianas e russas), 7% da Europa Central (moldavas e romenas, mais recentemente búlgaras) 6% de África (sobretudo nigerianas, senegalesas, ganesas e cabo verdianas), e 5% de Ásia.
Estamos a falar aqui apenas da prostituição de rua, dado que o número e características da prostituição de jornal e da Internet é de difícil avaliação. As prostitutas de rua portuguesas são na sua grande maioria toxicodependentes ou então mulheres mais velhas, muitas com mais de 60 anos.
Europa de Leste: principal exportadora de prostitutas para U.E.
São principalmente as máfias búlgaras, sérvias e albanesas as responsáveis pela introdução na União Europeia das prostitutas dos países de leste. Essas mulheres são compradas por cerca de 20 euros nos seus países de origem e depois passam por uma dezenas de vendas até chegar aos países de destino, podendo então o preço final ser de 20 000 euros.
A Bulgária está-se a tornar no país da Europa de Leste que mais prostitutas exporta. Calculas-se que sejam mais de 20 000 e representam quase 10% do PIB nacional.
Em certas cidades, como Sliven, o fenómeno está a tomar proporções alarmantes, uma em cada quinze mulheres entre os 15 e os 30 anos prostitui-se. Muitas vezes são as próprias famílias que as enviam prostituírem-se no estrangeiro para ganhar dinheiro, outras vezes são pura simplesmente raptadas, muitas delas são de origem cigana.
Outro fenómeno preocupante são os chamados "lover boys". Este atraem raparigas, muitas das vezes ainda menores, tornam-se amantes delas, prometam emigrar com elas para terem uma vida melhor no estrangeiro e uma vez chegadas ao destino, ficam sem documentos e obrigadas a prostituírem-se.
A dimensão desta técnica tornou-se num verdadeiro quebra-cabeças para o governo búlgaro que difunde spots publicitários na televisão a chamar a atenção para este tipo de prática.
O método é frequentemente o mesmo, às mulheres traficadas para escravatura sexual, são-lhes retirados os documentos e praticamente tudo o que ganham é supostamente para pagar os documentos de volta. Num país estrangeiro, sem falar a língua local, são uma presa fácil dos traficantes. As poucas que ousam negar-se, são ameaçadas, violentadas ou mesmo mortas. Outra técnica é a ameaça contra os filhos ou família que ficou no país de origem.
Nigéria: prostituição e feitiçaria.
A Nigéria é o país africano que mais prostitutas exporta. Neste caso, o recrutamento das mulheres é bastante particular, geralmente é feito por uma "máma" que contrata um feiticeiro que vai, através do vudu, enfeitiçar a vítima que necessitará de somas colossais para anular a dívida para com a sua "máma".
Estamos a falar de 35 000 a 50 000 euros, que para serem pagos, necessita da exportação da mulher para a Europa para se prostituir. Nestes casos, as mulheres aceitam a prostituição, porque esta representa a única maneira de arranjar esses dinheiro, caso contrário, acreditam que se não pagarem, o feitiço poderá torná-las loucas ou até morrerem.
Outras formas de prostituição.
As poucas mulheres que praticam a prostituição sem proxenetas, fazem-no para terem uma vida melhor. No caso da prostituição de rua, a mais mal paga, podem num só dia atingir os 400 ou 500 euros, o que representa num só dia um mês de salário mínimo, daí ser difícil a sua reintegração social fora da prostituição.
As prostitutas de luxo, frequentemente chamadas de "escort girl" podem ganhar 10 000 euros ou mais numa só noite.
A prostituição de estudantes universitárias representa uma pequena minoria e é feita sobretudo através de jornais ou Internet. São jovens que por dificuldades económicas e frequentemente para poder pagar os estudos, recorrem à prostituição, pelo menos durante uma fase das suas vidas.
Por fim, existe um caso muito particular de prostituição é a que é realizada no local de trabalho, em que o sexo é uma forma de obter regalias profissionais.
Acabar com a escravidão.
Esta nova forma de escravidão poucas vezes é debatida, no entanto a prostituição representa uma negação da pessoa humana, reduzida a objecto de prazer. Este silêncio é uma forma de negação do problema. A prostituição incomoda. Muitos pensam que não vale a pena o assunto ser abordado, dizem que sempre existiu e sempre existirá.
A legalização, não resolve o problema, seria como uma espécie de legalização da escravatura, que só vai legitimar o proxeneta. O corpo das mulheres não pode ser negociado ou vendido.
Por muito que alguns defendam que a prostituição funciona como um escape social, diminuído assim os casos de violação ou maus tratos, por parte do homem consumidor de sexo fácil, essa teoria mais não faz que transferir o sofrimento de algumas mulheres para outras.
Numa sociedade aberta e permissiva como a nossa, em que uma relação sexual consentida deveria ser a regra, nada justifica o recurso à prostituição.Sendo os homens os principais consumidores de "carne" humana para satisfazer os seus apetites concupiscentes, cabe-lhes a responsabilidade de dizer "não", pelo menos a um certo tipo de prostituição.