terça-feira, 30 de junho de 2009

Colesterol: Como se "falsifica" um estudo clínico...



O colesterol está na moda, rende milhões de Euros aos laboratórios farmacêuticos e à indústria alimentar, através das suas margarinas e iogurtes pretensamente anti-colesterol.


Apesar dos niveis de colesterol nas mulheres e idosos, não terem qualquer influência na morbilidade ou mortalidade, estes medicamentos continuam a ser prescritos. Muitos investigadores pensam até, que baixar os niveis de colesterol em qualquer pessoa, homem ou mulher, não tem qualquer utilidade.











Mas, apesar dessas opiniões vindas de investigadores prestigiados, os estudos continuam a sugerir a importância do coleserol, como num dos últimos, chamado JUPITER, que revela que a Rosuvastatina (comercializada em Portugal com os nomes de Crestor da Astrazeneca e Visacor da Medinfar), reduz espectacularmente o risco cardiovascular.

Mas será mesmo assim...



Objectivo do estudo:


Estudar o efeito cardioprotector da Rosuvastatina, em pessoas, sem antecedentes cardiovasculares, com niveis de colesterol baixo ou normail, mas com a Proteina C-Reactiva (PCR) elevada. Pensa-se, actualmente, que esta última corresponde a um factor de risco importante neste tipo de patologia.


As conclusões deste estudo, foi publicado na prestigiada revista médica New England Journal of Medicine, a 20 de novembro de 2008.


http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18997196?dopt=Abstract


O estudo foi interrompido ao fim de 21 meses (devia durar 5 anos) porque os resultados dos beneficios eram de tal modo espectaculares, que era incorrecto deixar o grupo placebo sem tratamento. Fala-se de uma de redução de 50% das complicações cardiovasculares com a toma continua de Rosuvastatina. Incrível! Mas será mesmo ?



Análises dos resultados...



Esta análise, apesar de sumária, pode parecer massuda para um não-médico, mas vale a pena e é essencial para compreender como se manipulam estudos de substâncias farmacêuticas.

Grande parte destes comentários, foram tirados do excelente artigo do Dr. Michel de Lorgeril, cardiologista e investigador no CNRS (Centre National de Recherche Scientifique).

http://michel.delorgeril.info/index.php/2008/12/09/19-que-penser-de-jupiter-mensonges-et-propagande-encore-baroud-dhonneur-avant-banqueroute


Os resultados globais são os seguintes:



Curiosamente não temos dados quanto á mortalidade cardiovascular.

Mas podemos fazer as contas.

Deduzimos que a mortalidade por enfartes mortais é de 9 , no grupo com rosuvastatina (é a diferença entre "qualquer ocurrência miocardica" e "enfartes não mortais", nas linhas 2 e 3, isto é 31-22). Se nós fizermos as mesmas contas para o grupo placebo, que não temova qualquer medicação, temos 6 (68-62).

O mesmo se passa para os AVC mortais. No grupo com rosuvastatina, a mortalidade é de 3 (diferença entre "qualquer AVC" e "AVC não fatais" (linhas 4 e 5, isto é 33-30). Para o grupo placebo a mortaliade é de 6 (64-58).

Temos portanto no conjunto da mortalidade por acidente cardiovascular (infartes + AVC) os dois grupos completamente idênticos, 12 mortes para o grupo rosuvastatina e 12 mortes para o grupo placebo.

Agora, já percebemos melhor o facto da mortalidade não se encontrar referida, pois é igual nos dois grupos! O resultado espectacular na primeira linha, que representa todas as complicações, algumas das quais não o são. como a revascularização, é enganadora.


Um número de enfartos mortais estranhamente baixo!


Enfartos mortais de 9 ou 6, contra 62 ou 22 infartos não mortais, é um resultado incoerente. Pois desde há muito tempo que se sabe, que 50% dos infartes (com uma variação de 30 a 70% dependendo dos estudos e da população) são mortais nas semanas seguintes.

O que, por consequência, não bate certo com estes 29% no grupo rosuvastatina e 8,8% no grupo placebo.

Melhor ainda, isso revelaria uma mortalidade 3 vezes superior no grupo da rosuvastatina!





Interesses financeiros astronómicos...












  • Este estudo foi realizado em 17 802 doentes, mas os dados de cada doente, como sempre, pertence aos investigadores, não podem ser consultados. Só depois de "filtrados", é que são entregues aos profissionais das estatísticas.

  • O estudo é patrocinado e pago pelo laboratório farmacêutico que, obviamente, tem interesses financeiros e comerciais. Aliás, a indústria farmacêutica, é das poucas indústrias que avalia ela própria os seus produtos...

  • O principal investigador, o Dr. Ridker, tem uma patente registrada, como co-inventor do conceito do processo inflamatório vascular nas doenças cardiovasculares, este recebe "royalties" cada vez que é usado um Kit para a medição da PCR...

A coberto de estudos cientificos "insuspeitos", os médicos, são confrontados com verdades inquestionáveis. A grande maoiria da formação continua pós-licenciatura é fornecida pelo laboratórios farmacêutico e praticamente toda a informação medicamentosa através dos seus delegados de informação médica. Este acreditam piamente nos estudos, realizados pelos próprios laboratórios onde a independência não existe.

A propaganda destas multinacionais, fizeram-nos acreditar no mito do colesterol. Este é, por conveniência, o inimigo público número um.


Os doentes querem controlar o seu colesterol constantemente, para muitos, todos os meses seria o ideal. O medo está há muito tempo lançado, dificil será voltar atrás.


Calcula-se que, 30 milhões de pessoas em todo o mundo, toma medicamentos para baixar o colesterol, estes representam para a indústria farmacêutica benefícios anuais de 28 mil milhões de Dólares...

1 comentário:

  1. O Dr. Lorgeril tem um artigo recente e muito interessante - http://www.canibaisereis.com/2010/06/02/colesterol-estudos-com-estatinas-nao-reduzem-mortalidade/

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