sábado, 4 de julho de 2015

A coragem da Grécia

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A Grécia, ao fim de cinco meses de negociações, foi colocada perante os seus credores, perante as mesmas medidas de asfixia financeira.


Com um toque de humilhação, os países do norte da Europa propõem mais do mesmo: autoridade.





Os planos de ajustamento económicos levaram ao desastre: de 2010 a 2014 o PIB baixou de 25%, o desemprego passou a 26%, os salários baixarem 30%, a taxa de pobreza atingiu 36%, a dívida passou de 103% a 178%.


Sejam qual forem as opiniões, a Grécia da uma bela lição de coragem política, de defesa da soberania e da democracia. A Grécia necessita de tempo, como todos os países que precisam de reformas, mas o que a União Europeia propõe é uma redução do poder de compra. Não se pode condenar um país à autoridade perpétua.


 Parte da dívida grega pode ser renegociada e parte perdoada para relançar a sua economia. 


Fala-se muito que a dívida grega deverá ser paga por cada um dos europeus, mas esquecem de dizer que esses Estados emprestaram dinheiro com taxas de 5% quando o obtinham a 1%. Por exemplo os empréstimos franceses deram lucros de 2010 a 2014 de 729 milhões de euros.


A Grécia, berço da democracia, deu à Europa uma bela lição de democracia.






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3 comentários:

  1. O referendo grego não se trata de nenhum exercício de "defesa da soberania e da democracia"...

    1) Sobre a "soberania",

    Foi organizado por um partido pró-Comissão Europeia e pró-Banco Central Europeu (isto é, pró-União Europeia) - claramente controlado pelos mesmos interesses sinarquistas por trás destes elementos da "troika" e também do FMI. (Ver que já há quem, de entre as pessoas melhor informadas sobre este tipo de assuntos, comece a topar tal partido de farsa: http://journal-neo.org/2015/07/03/what-stinks-about-varoufakis-and-the-whole-greek-mess/)

    Se fosse este referendo algo de prejudicial para quem controla a União Europeia, nunca teria sido organizado. E, se foi organizado, é porque, de algum modo, beneficia o próprio poder estabelecido europeu. (Talvez porque ajuda a dar uma ilusão de "democracia" - e talvez porque uma decisão pelo "Não" contribui, possivelmente, para uma destruição ainda mais rápida da Grécia.)

    Veja-se, por exemplo, o que aconteceu a um outro Primeiro-Ministro grego, que queria organizar um referendo "incómodo": http://octopedia.blogspot.pt/2011/11/papandreou-suicidiu-ou-assassinato.html?showComment=1321206278510#c3718442454689245135

    2) Sobre a "democracia",

    Para começar, o que foi referendado é uma muito pequena parte de um acordo que terá, de algum modo, de ser alcançado. (Informação tirada do sítio Resistir.info: "REFERENDO ESPÚRIO - O voto no 'Sim' significa aceitar a 100% as exigências da Troika grega. O voto no 'Não' significa aceitar 'APENAS' 90% das exigências da dita Troika. A desonestidade do referendo do dia 5 proposto pelo governo SYRIZA-ANEL é intrínseca.")

    [continua]

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  2. [continuação]

    Para continuar, cerca de 40% das pessoas nem sequer votaram, por perceberem que muito pouco estão a decidir.

    E, para terminar, decidam as pessoas o que decidirem, nestes "referendos", o mal já está feito. Isto é, a dívida já está contraída. E, como tal, ficará a Grécia dependente dos banqueiros internacionais durante décadas - e pouco mais poderá fazer, em relação a isto, para além de se recusar a pagar a parte da dívida que é fraudulenta... (A não ser que haja uma verdadeira Revolução neste país, isto é.)


    Querem fazer referendos, a sério?

    Referendem a permanência, ou não, na União Europeia.

    Referendem as privatizações.

    Referendem a legalidade, ou não, da participação de líderes políticos eleitos em reuniões secretas com a alta finança e restante grande poder económico, em reuniões do Clube Bilderberg, lojas maçónicas e afins.

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  3. (1) Ou aceitam todas as condições da "troika" e se deixam empobrecer aos poucos, (2) ou recusam parte destas condições e têm um colapso económico, que irá destruir rapidamente a vossa economia.

    (Estrada velha ou auto-estrada, no caminho que irão tomar para o Inferno?)

    É, na melhor das hipóteses - e, pelo que percebo - o que poderá decidir este "referendo"...

    E isto, se é que (tal como também suspeito) não irá acabar por ir dar tudo ao mesmo, depois de todo este teatro - que só servirá para o Syriza poder enganar o povo grego, ao fingir estar a defender os seus interesses...

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