quinta-feira, 20 de junho de 2013

Erdogan tornou-se incómodo

.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nos últimos anos, a Turquia tornou-se cada vez mais um país dividido entre os que defendem um modelo islâmico-conservador e os que defendem um modelo nacionalista-laico, ambos modelos autoritários.
 
 
Obrigada a uma aliança imposta pelas forças armadas e os Estados Unidos, a Turquia mostra-se cada vez mais crítica para com Israel e quer assumir um papel de destaque no mundo islâmico regional.
 
 
 
 
 
 
Israel: principal alvo de Erdogan.
 
 

Muito apreciado pela "Irmandade muçulmana", Erdogan gostaria de se tornar uma espécie de califa universal do mundo árabe, os seus discursos destinam-se claramente a seduzir os povos islâmicos.
 

Nesse contexto, no dia 2 de março deste ano, numa reunião da ONU em Viena, dedicada ao "diálogo das civilizações", Erdogan disse que "tal como o sionismo, o anti-semitismo e o fascismo, a islamofobia deveria ser considerada um crime contra a humanidade".
 

Erdogan nunca renegou a sua ideologia islâmica radical cultivada na juventude, assim como o seu ódio para com Israel e o seu desprezo para com o Ocidente judaico-cristã.
 

No fórum de Davos, em 2009, Erdogan virou-se, num dos seus discursos, para Shimon Peres dizendo-lhe: "quando se trata de matar, sabem muito bem matar..."
 
 
No dia 31 de maio 2010, o partido de Erdogan apoio o envio de um navio, fretado por uma associação islâmica turca, com ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza. Após a intervenção israelita, Erdogan acusou Israel de praticar "terrorismo de Estado", mais tarde referiu que o Estado de Israel era "uma ameaça para a região".
 
 
 
 
 
Turquia: um parceiro incomodo, mas necessário.
 

A candidatura da Turquia para integrar a União Europeia baseia-se, em grande parte, no facto de ser um país "moderado" e "laico", quando na verdade, desde a subida ao poder do partido islâmico, este foi pouco a pouco desmantelando as instituições laicas.
 

Com 800 000 homens, a Turquia possui a segunda força militar da NATO em número de efectivos. Esta constitui uma potência militar fundamental para a União Europeia, numa região particularmente sensível. A integração da Turquia na EU reforçaria a credibilidade de uma Europa fragilizada.
 

Do ponto de vista geo-estratégico, a Turquia ocupa um espaço fundamental na região, servindo de tampão entre a Europa e o mundo muçulmano, faz fronteira com o Irão e a conturbada Síria.
 
 
 
 
 
 
 
 
Um gasoduto estratégico.
 

A Turquia não possui gás, nem petróleo, mas o projecto Nabucco irá brevemente atravessar o seu território com o gás vindo do Azerbaijão com destino á Europa. Que a Turquia venha a fazer parte ou não da EU, ela só poderá vender esse gás á EU.
 

O projecto Nabucco, financiado pela EU e USA, tem uma importância estratégica fundamental para reduzir a dependência europeia do gás russo.
 
 
 
 
 
 
Recentemente, Erdogan tem-se tornado numa personagem incomoda para a política americana e israelita na região, e é considerado por estas potências um alvo a abater.
 
 
Há pouco tempo, Erdogan, numa das suas intervenções no parlamento turco dizia: "Muitos dos meios de comunicação servem aos judeus e a Israel para difundirem notícias falsas do que se passa em Gaza e terem desculpas absurdas para bombardearem escolas, mesquitas e hospitais". Também acusa Israel de "utilizar bombas de fósforo branco contra a população civil de Gaza", e de "cometer actos inumanos".
 
 
"Como aceitar que um país (Israel) que ignora totalmente, e não aplica, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, faça parte das Nações Unidas?"
 
 
 
 
 
 
 
.

9 comentários:

  1. Olá Octopus,
    Excelente artigo!

    É sina da Turquia estar numa situação de divisão. Apoiu os aliados na
    Segunda Guerra mas não a deixaram fazer parte da UE... enfim, penso que será sempre assim.

    Quanto a Erdogan, não disse mais do que verdades, mas quem "casca" nos judeus é de imediato arrumado na prateleira... isto se andar com sorte...
    Erdogan só se esqueceu de dizer, que Israel é o único país do mundo, imune aos inspectores da AEIA e Dimona é um perigo para a humanidade, tanto na ameaça nuclear, como na química.

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Minha querida amiga,

      Vejo que ainda estás viva, e bem viva, o que muito me reconforta.

      Quanto a Israel e a sua política, acho que já está tudo dito, por ti e por outros bloguers.

      A Turquia está, e estará durante muitos anos, na fronteira entre o mundo judaico-cristã e a religião muçulmana. É uma fronteira inabalável que o Ocidente sempre quis preservar. É uma espécie de fronteira mística.

      Não é por acaso que a Turquia muito cedo fez parte da NATO, não é puro acaso que a Turquia serve e vai servir de tampão entre o Ocidente e o Oriente.

      Em termos internacionais, a Turquia sempre fez, e fará,parte do xadrez político internacional a favor dos seus mandatários os lacaois americano dominados pelo poder judaico.

      Um beijo do tamanho do mundo

      Um beijo grande

      Eliminar
  2. Erdogan pode ser tudo o que dizem e ainda mais, mas tem razão quanto a Israel!

    E não me venham acusar de anti-semitismo, porque os palestinianos são tão semitas quanto os judeus e têm tanto direito a uma pátria quanto os judeus.

    Aliás, fiquei chocadíssima ao saber que a extrema direita sionista tem relações estreitas com a extrema direita francesa e não só.

    Tudo de bom.

    ResponderEliminar
  3. São,

    Claro que para mim Erdogan tem toda a razão.

    Foi colocado no poder pelos mesmos de sempre com o objectivo de transformar a sociedade e fomentar o radicalismo que divide para reinar. Inicialmente, para servir os seus interesses, mas está-se a tornar incómodo pelas suas posições.

    Frequentemente acontece que o poder (mais do que o dinheiro) suba à cabeça, "os fantoches acham-se todos poderosos".

    Erdogan vai ter o mesmo destino do que subservientemente caiem na teia do "poder", vai ser afastado, como foi o caso da Líbia, da Tunísia, do Egipto.

    O "sistema" é implacável, quem já não serve é eliminado.



    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estamos de acordo : sempre assim foi!

      Logo que fazem o trabalho sujo, ps fantoches são eliminados por quem os colocou mo Poder.

      Mas porque não aprendem isto ao aspirantes a fantoches??






      Eliminar
  4. O que Erdogan diz ou pensa, e indiferente... O que interessa, é o que ele faz.

    E, em termos práticos, o que vejo é, entre outras coisas, a Turquia a continuar a ser um membro da OTAN e a permitir que o seu território seja usado para apoiar os rebeldes sírios e também usado para efectuar "ataques de bandeira falsa" que, depois, são culpados no vizinho regime sírio.

    O facto de poder, ou não, vir a ser um membro da UE (coisa que eu duvido que venha a acontecer) é indiferente. Pois, é um país do Médio Oriente (e muçulmano), e não é por aí que esses são controlados.

    As medidas que estão a ser implementadas na Turquia, vão no mesmo sentido do que as que, no Ocidente, visam restringir, cada vez mais, os direitos das pessoas.

    E, por isso, não só vejo estas respostas como algo que muito se justifica, como, vejo as mesmas como positivas.

    Continuo a achar que se trata de uma revolta justificada (e legítima) e de origem interna...

    ResponderEliminar
  5. http://www.voltairenet.org/article178820.html, http://resistir.info/turquia/o_que_nao_contam.html

    ResponderEliminar
  6. Fernando,

    Puro acaso já conhecia esse texto de Thierry Meyssan, e tenho os livros que publicou e que apreciou.

    Essa opinião só reforça o que sempre disse, a "Irmandade Muçulmana" foi sempre apoiada e colocada no poder pelos Estados Unidos.

    É importante saber que o Corão (que conheço um pouco) nunca defendeu as teorias de inferioridade da mulher ou da "jihad" contra os povos hebraicos ou cristãos. O Corão considera esses como irmãos.

    A "jihad" é uma luta individual para alcançar um estado que permite estar mais perto de Deus. Nunca foi um termo utilizado para uma espécie de guerra santa.

    O problema é que existem textos considerados sagrados que foram adicionados, à posteriori por razões puramente políticas!

    O mesmo se passa com a religião hebraica, os textos adicionados posteriormente (Talmude) nada têm a ver com os originais (Tóra). E não sou suspeito ao falar disto, dado que considero esses textos lendas.

    No entanto, todos estes textos que formam as ortodoxias religiosas são o problema religioso actual, foram feitos para dividir para reinar.

    Erdogan (que pertence ao Clube Bildeberg) foi colocado no poder para atrasar um país que estava-se a desenvolver. O ditadores são sempre colocados no poder para travar a evolução popular.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  7. (Em continuação ao que eu dizia, mais acima...)

    Da mesma maneira que acho que o que agora se passa no Egipto é uma revolta genuína e espontânea (de origem interna) contra um outro fantoche ocidental, que quer islamizar a sociedade e tirar direitos fundamentais às pessoas.

    (http://rt.com/news/egypt-milllions-protest-morsi-458/)

    Parece (e esperemos que assim seja, neste e noutros países - como é o caso do Bahrein, onde as pessoas têm dado imensa luta) que a fórmula usada na "Primavera Árabe" poderá estar, em grande parte, a ser um "tiro que saiu pela culatra".

    (Esperemos que o "tudo ou nada", que era o objectivo da mesma, resulte num "nada".) ;)

    ResponderEliminar