quinta-feira, 15 de março de 2012

Da Alemanha com amor...

.





A publicação na revista Stern de uma carta aberta de um alemão que se sente ofendido com o "estilo de vida" grego suscitou a devida resposta de um grego, também publicada na Stern. Pelos "equívocos" alemães no que respeita ao tomar o todo (que é o povo grego) pela parte (que são os políticos gregos), tanto quanto as múltiplas culpas que à Alemanha são imputáveis nas condições a que chegou o povo grego, vale a pena a leitura destas duas cartas.








“Carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”




Caros gregos,

Desde 1981 pertencemos à mesma família. Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.

Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo. Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.

No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo.


Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm. 

Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional. Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!





Na semana seguinte a Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Walter Wuelleenweber:



Caro Walter

Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.
O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que é por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares. 

Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.

A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.


Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.

Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia. Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:



1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.

3. Os empréstimos em obrigações que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., etc.).
6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega. 


Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada do que escrevo. Lamento-o. Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas. Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. 

Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker etc.

Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?

Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde. Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.

E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia: EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM! Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
E EXIJO QUE SEJA AGORA! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente,
Georgios Psomás


         


10 comentários:

  1. Respostas
    1. Disse tudo! O meu coração sente-se aliviado. Tanta coerência, lucidez e verdade. Também estou com Georgios Psomás.Grata, muito grata.

      Eliminar
  2. Memória curta essa do alemão não? com certeza ele deve ver muita TV com a abordagem dos fatos a partir da perspectiva alemã. A dominação não vai parar? Deve ser algum resquício dos tempos de Bismarck.

    ResponderEliminar
  3. Parece que Rothschild tem as suas guerras de "rolo compressor", digamos assim, quando quer. É para que o capitalismo se alimente assim, da morte e destruição, da fome e do ódio. A Alemanha está a caminho de algo obscuro. Para alemães e ainda pior, porque são mais servis à Alemanha, os imigrantes, já tecem uma onda de ódio e de poder, ainda de superioridade perante os povos do Sul da Europa. É o maldito do eterno retorno a que os sionistas nos condenaram.

    Realmente a eles História não lhes diz nada, porque enquanto os sionistas a estudam bem, para actuar sem falhas, os outros de memória curta e enublada pelos Media até querem lá saber onde nasceu a civilização europeia e Ocidental. Querem lá saber onde nasceu os termos Razão e Ética. Apenas são como os animais, a lei do mais forte vigora. Não é à toa que em tão pouco tempo conseguem dominar... tipo rolo compressor... e coitadinhos que sofreram tanto com duas guerras e ainda sofrem, para nos sustentarem... Estou com tanta pena deles... nem imagina.
    Depois vêm falar de Ética (será ou enganei-me?), que para mim significa Sentido de Justiça. Eles fazem à maneira deles... que para eles e apenas para eles... é a forma justa.

    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  4. Veja lá, como eles recorrem à História:
    neste artigo de onde
    destaco este excerto:

    Um conflito com tais dimensões tem por força de ser minuciosamente preparado. Assim, o lançamento das condições estratégicas que irão permitir o desencadear de nova guerra mundial começou a ser assegurado com o termo da II Grande Guerra e com os desenvolvimentos da Guerra Fria. NATO, CIA, CEE, sempre inscreveram no seu quadro de intenções a destruição do marxismo-leninismo como alternativa ao capitalismo político, económico e social.
    O objectivo físico a atingir (a destruição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) era idêntico ao que movera anteriormente a Alemanha nazi. Foi também ao longo da guerra fria (a paz armada prevista por Lénine) que se desenvolveram as teses da guerra das estrelas, da corrida armamentista, do domínio planetário, etc.

    Veio, a seguir, a incontestável derrocada dos estados com regime soviético. Vitória curta, entretanto, como agora se vê. O socialismo permanece vivo entre os povos como projecto do futuro. Mas o capitalismo também tem uma dinâmica irreversível que passa pela III Guerra Mundial. Passa… ou por lá fica, consumido pela pulverização do planeta!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito bem,Fada! Vejo que não enfernma do sectarismo de que alguns anti-comunistas acusam o PCP. Dar crédito e voz ao "Avante!" é, para mim, que compro e leio 52 Avantes por ano, para além de prova de nonestidade intelectual, uma prova de mera decência...
      Outros, constatando agora que os avisos do PCP contra a nossa entrada na CEE e, depois na moeda única, eram correctos, não têm a honestidade de reconhecer que foi ele, PCP, o primeiro a dizê-lo.
      A propósito:
      http://www.avante.pt/pt/1998/opiniao/119195/

      Eliminar
  5. Os gregos hoje são uma Merda Balcanica sustentados pela Alemanha! Israel é um Merda Judaica que vive de Esmola da Alemanha e Estados Unidos! Os gregos hoje em comparação com os alemães, são Macacos burros e primitivos pastores de ovelhas!Os primitivos gregos de hoje são a Maior Merda Comunista da Europa!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anonymus above, your name could be "Ranged Hydrofoby Wolf". Beware for no bite yourself...

      Eliminar
  6. Caro anónimo,

    Não usado as suas palavras, penso que a Grécia, tal como Portugal está nas mãos da ditadura da União Europeia.

    ResponderEliminar
  7. Grécia hoje é uma merda! Toda a sua cultura foi trocada pelo comunismo do judeu Kissel Mordekay, dito de "Karl Marx"! E hoje o "maior homem" da Grécia é o analfabeto e vagabundo comunista Mikis Teodorakis!Grécia, outrora berço da cultura europeia, hoje é o berço da "coltura" judaica comunista!

    ResponderEliminar