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Se quisermos compreender o que é realmente o dinheiro, e para que serve, basta inverter o velho adágio: "tempo é dinheiro". O dinheiro é tempo.
O dinheiro é o que permite comprar o tempo dos outros, o seja, o tempo que é necessário para produzir os produtos ou os serviços que consumimos.
O dinheiro, hoje em dia, é essencialmente virtual. Tem por realidade uma sequência de 0 e 1 nos computadores dos bancos. A maior parte do comercio mundial faz-se sem papel-moeda. Só 10% das transacções financeiras diárias correspondem a trocas económicas no "mundo real".
Os mercados financeiros constituem um sistema de criação de dinheiro virtual, de lucros que não são baseados na criação de riqueza real. Através do jogo dos mercados financeiros (que permite transformar em benefícios as oscilações das cotações), os investidores experientes tornam-se mais ricos com a simples circulação de electrões nos computadores.
Esta criação de dinheiro sem criação de riqueza económica corresponde à definição de criação artificial de dinheiro. O que a lei proíbe aos falsificadores, e o que a ortodoxia económica liberal proíbe aos estados, torna-se assim possível e legal para um número restrito de beneficiários.
Tecnicamente, o dinheiro é uma unidade de cálculo intermédio que permite trocar tempo contra tempo, sem que o tempo de uns e outros possa ser comparado directamente. Cada conversão entre o dinheiro e o tempo é feita sobre a base de uma estimativa subjectiva que varia de acordo com o equilíbrio da força económica entre o comprador e o vendedor.
Na prática, esse equilíbrio de forças é sempre desfavorável ao consumidor-assalariado.
Quando uma pessoa comum compra um produto, paga o tempo que foi necessário para fabricar esse produto, mas a um preço muito mais elevado do que o salário que lhe é pago por uma fracção equivalente do seu próprio tempo.
Por exemplo, os grandes fabricantes de automóveis produzem um caro num dia de trabalho, ou seja em 8 horas. Se tiver-mos em conta o trabalho dos comerciais, dos fornecedores de peças e do equipamento de produção, teremos no total 20 assalariados. Nestas condições, o salário diário de cada assalariado deveria ser igual a 1/20 do preço do caro, ou seja 1000 euros diários para um caro de 20 000 euros, o que está longe de ser verdade.
Quando um assalariado ocidental dá 10 horas do seu tempo, recebe apenas o equivalente a uma hora. No terceiro-mundo essa relação é de 1 000 horas para receber uma.
Este sistema é portanto a versão moderna da escravidão.
Os beneficiários do tempo roubado aos assalariados são as empresas e os seus dirigentes, cujo o salário é 100 vezes superior ao de um empregado comum, mas também esse roubo acontece quando o dinheiro arrecadado pelos impostos e taxas não é utilizado para o interesse geral.
Tradução de Octopus de parte de um texto de: http://syti.net/Topics2.html
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Exacto...Tempo e dinheiro são os pilares desta sociedade.....pilares ARTIFICIAIS!
ResponderEliminarabraço
A borboleta conta momentos e não meses, e tem tempo de sobra.
ResponderEliminar(Rabindranath Tagore)
http://marecinza.blogspot.com/
Um abraço. :)
Isto faz-me lembrar a história, "Momo e os senhores do tempo", do autor Michael Ende. É uma obra antiga, mas muito actual.
ResponderEliminarTambém se fez um filme: http://www.youtube.com/watch?v=ZSgGnGD5sTA
O economista alemão Bagus explica bem no seu livro "A Tragédia do euro" como este sistema euro está condenado e por arrasto explica o sistema monetário global e como o dinheiro se cria actualmente.
ResponderEliminarExcelente observação!
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