segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Irlanda: a continuação do plano da perda de soberania económica dos Estados Europeus.





Primeiro foi a Grécia, agora é a Irlanda, depois será Portugal e talvez a Itália e a Espanha.


Um após outro o que estamos a assistir é ao desmoronamento dos estados europeus mais fracos para dar lugar a um novo sistema económico comandado pelos grandes grupos financeiros com a cumplicidade dos governos dos países mais poderosos.




Chegou a vez da Irlanda...



32% do PIB! Este é o número astronómico do défice público irlandês que será atingido no final deste ano. A estimativa anterior era de "apenas" 11,6%. Paralelamente a sua dívida pública que era de 64% passará a 90% do PIB.


Como é que isto foi possível? Em grande parte para salvar o seu sistema financeiro. Só para salvar a Anglo Irish, nacionalizada em 2009 foram necessário 34 mil milhões de euros. Não deveria caber ao Banco Central Europeu (BCE) salvar os bancos europeus em vez dos estados? Não a Irlanda vai ter que se financiar junto dos bancos privados que lhes cobra uma taxa de 6% de juro quando estes se financiam junto do BCE com uma taxa inferior a 1%. O FMI também já espreita.


Quem vai pagar a crise mais uma vez será a população irlandesa. Uma nova estratégia de rigor vai ser necessária, a terceira em dois anos. A água até aqui distribuída gratuitamente vai passar a ser paga, os salários da função pública já cortados em 15% vão ter que sofrer um novo corte, cortes também nos subsídios de desemprego.




A planeada crise grega...



Antes da Irlanda tivemos a Grécia. No fim do ano passado, a agência de notação, Flitch Ratings, baixava a "nota" grega. Depois foi a vez da Deutsche Bank e da Goldman Sachs apostarem na baixa do preço das obrigações emitidas pelo estado grego. Por fim foi a venda massiva de euros e a compra de dólares. É este sistema financeiro internacional que controla os estados e promove as crises. No entanto, Marc Ledreit de Lacharrière, dono da Flitch Ratings dizia sem qualquer pudor: "a Grécia tem de ser ajudada". Os mesmos que iniciaram o seu afundamento.


Resumindo: o sistema financeiro dos países europeus mais poderosos, com a bênção dos respectivos governos, especulam sobre a falência da Grécia até que esta se torne critica. A seguir enviam os dirigentes políticos para "apagar o incêndio" que eles próprios acenderam, e por fim se a Grécia se encontra em situação de de não poder pagar, são eles que a socorrem...com os dinheiros públicos.





A reconfiguração da União Europeia já está em curso.



O jornal britânico "The Independent" revelou no principio deste ano alguns apontamento secretos de Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu e eleito pelo clube Bilderberg: " o que precisamos é do mesmo mecanismo que impusemos à Grécia para vigiar e analisar a situação de certos países europeus. A ideia é de colocar todos as economias europeias sob vigilância. Podem esperar decisões importantes que irão ser tomadas em breve".


A Grécia foi o primeiro país europeu a ser colocado sob a tutela da União Europeia. A Irlanda agora, e depois Portugal, a Itália e a Espanha seguirão. Todos estes países têm uma coisa em comum: a recusa de um governo económico centralizado na Alemanha e na França como está a tentar por exemplo Herman van Rompuy. Para obrigar os países que ainda têm dúvidas, é necessário que a situação se degrade ainda mais.


Estamos a assistir neste momento às primeiras fases de uma reconfiguração total da União Europeia, com a perda da soberania económica dos países membros e a futura criação de um imposto europeu. O artigo 269 do Tratado de Lisboa assim o permite: " A União Europeia tem de dotar dos meios para atingir os seus objectivos e assim conseguir levara cabo as suas políticas. Neste quadro, é assim possível estabelecer novas categorias de recursos próprios ou suprimir categorias já existentes".








2 comentários:

  1. E enquanto isto acontece aos poucos os portugueses começam a aceitar empregos que nada têm a ver com a sua formação, passam a receber salário mínimo porque tem de se trabalhar certo? Ou então não há comida.. Passados uns anos a maioria foi reduzida à escravidão os bancos chegam-se à frente com uma solução para a desastrosa crise económica e voilá sistema social chinês implantado no mundo industrializado. Talvez uma guerra ou ataques biológicos pelo meio para deixarmos esta gente bem assustada e pronta a aceitar o que lhe for posto à frente!

    Será que teremos um movimento disposto a sacrifícios maiores dos que vão ser impostos?

    Presumo que enquanto houver pessoas como tu a escrever blogs e a passar a mensagem se possa esperar algum tipo de resistência...

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