sexta-feira, 5 de julho de 2013

O escândalo mundial do desperdício alimentar

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Mais de 1/3 dos alimentos produzidos no planeta acambam no lixo, isto enquanto 1 em cada 6 pessoas sofre de má-nutrição.
 
O desperdício acontece a todos os níveis: no produtor, no transporte, no armazenamento, nos hipermercados e por fim nas nossas casas.










60% do peixe vai para o lixo.
 
 
 
No mar, os barcos de pesca rejeitam ao mar cerca de metade do pescado, isto porque alguns peixes não têm o tamanho exigido ou porque as espécies pescadas são interditas ou não são vendáveis.
 
 
Depois de selecionados os peixes ou crustáceos que não interessam são rejeitados ao mar, sendo que mais de metade está ferido ou morto, e nos feridos 70% não irá sobreviver.
 
 
Todos os anos, mais de 30 mil milhões de quilos de peixe, em todo o mundo, nem sequer chega à lota. Nas águas situadas a oeste da Irlanda e da Escócia, esse desperdício situa-se entre 30 a 90%.
 
 
Um escândalo ainda maior, é o facto de a grande maioria dos barcos de pesca estarem em contacto permanente com as lotas e podem seguir assim em directo a cotação das várias espécies, limitando-se assim a ficar com as mais rentáveis e rejeitar os que o são menos.
 
 
Na lota, o peixe que não é vendido a um determinado valor mínimo, é transformado em farina animal (75%) ou pulverizado com um produto que o torna inconsumível e vai assim para o lixo (25%), isto quando muitos dos que lá trabalham ganham um salário miserável. A explicação é de que a distribuição gratuita desse peixe iria quebra os preços.
 
 
De notar, que a farina animal proveniente desse peixe destina-se à aquacultura, mas também serve para alimentar outros animais cujo o peixe não faz parte da sua alimentação natural, muitos dos quais desencadeiam reacções que torna esses animais doentes.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30% da produção agrícola vai para o lixo.
 
 
 
Na fruta e legumes, os hipermercados impõem as suas leis. Os produtores são obrigados a produzir unicamente determinadas espécies e o aspecto deve obedecer a certas normas. Assim cerca de metade da produção de certos frutos da União Europeia vai logo para o lixo.
 
 
Durante o transporte e armazenamento também existem algumas perdas, mas é sobretudo nos hipermercados que ela se faz notar. Cerca de 4% da fruta e legumes exposta vai parar no lixo.
 
 
Com as medidas de normalização impostas pela União Europeia, uma cenoura um pouco torta ou uma maça com uma mancha são invendáveis. O próprio consumidor deixou-se pouco a pouco subjugar por esses critérios que se tornaram numa verdadeira obsessão. 
 
 
Interiorizamos de tal maneira o conceito de uma fruta ou legume esteticamente perfeito, que nos esquecemos que os nossos avós os produziam nas quintas e que estes tinham a forma que a natureza lhes dava. Nessa altura ainda tinha sabor autentico, e não o sabor insépido actual.
 
 
O desperdício global na agricultura é de 6% na colheita, 8% nos supermercados e 13% da responsabilidade do consumidor final.
 
 
A data limite de venda de um determinado produto faz com que sejam retirados das prateleiras de forma prematura. O medo criado no consumidor com as datas de validade leva a uma verdadeira "guerra" entre os hipermercados para propor produtos o mais fresco possível e nos fazer consumir mais.
 
 
Em muitos produtos essa data de validade é absurda. Um iogurte "resiste" perfeitamente 2 semanas para além desse prazo. Existem produtos em que essas datas não fazem qualquer sentido: as das massas ou do arroz, por exemplo. Foram descobertas nos túmulos do antigo Egipto lentilhas em perfeito estado de conservação que poderia ser consumidas hoje.
 
 
 
Em casa o desperdício também é grande. Uma coisa muito simples: num frigorífico a parte mais fria é a de baixo, aí é que deveriam ser colocadas as carnes, ora é sempre nesse local que se encontram as gavetas para os legumes, quando estes não necessitam de muito frio, frio esse que até pode alterar os seu metabolismo.
 
 
 
No Equador, um em cada 7 habitantes trabalha na produção de bananas. Devido ao tamanho, forma ou cor, 15% da produção vai para o lixo ou para alimentar gado. Cada ano, são assim deitadas fora 146 000 toneladas de bananas, o equivalente ao peso de 15 Torre Eiffel.
 
 
Nos Estados Unidos, reino do desperdício, o desperdício alimentar poderia alimentar duas vezes as mil milhões de pessoas que sofre de desnutrição no mundo.
 
 
 



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5 comentários:

  1. Bastante interessante e, consequentemente, preocupante!

    Realmente os tempos actuais deturpam a sociedade para uma imagem consumista e com base exclusiva nas aparências - boas, entenda-se!
    Costumo ver num supermercado que frequento descontos de 25% - 50% no produto por se aproximar o prazo "favorável" de consumo. De seguida, e pelas tais razões da suposta perfeição, seguem para o lixo: saladas, frutas, bolachas, iogurtes, etc.

    Tanto desperdício e noutros continentes nem uma maçã trincam!
    "Dá Deus nozes a quem não tem dentes!"

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    1. JPereira,

      Ao estudar um pouco este assunto fiquei escandalizado e indignado.

      Sabia que existia desperdício, mas nunca pensei que fosse de tal ordem.

      A loucura consumista, as regras impostas, o desprezo pela natureza, a uniformização do consumo, são de facto inimagináveis.

      É revoltante, e estou revoltado. Infelizmente quem mandam são as grandes multinacionais, algumas alimentares, que nos "obrigam" a consumir porcaria e que têm um poder tal que a facturação é superior ao PIB de muitos países!

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  2. Números escandalosos mesmo, que impressionam pela desigualdade e indiferença que comportam, e que confirmam que o problema da fome no mundo não é um problema de produção mas de acesso. Tudo tão mal distribuído.

    Obrigada, caro Octopus, e um abraço

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    1. Manuela,

      Alguns estudos independentes calculam que a produção alimentar actual poderia sustentar o dobro da população mundial actual.

      Como dizes, o problema está na distribuição.

      Um beijo

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  3. Olá Octopus,

    Como tenho dito lá no Guerra Food is a Weapon. Vai ser por aí que a coisa vai virar para o torto. Se impuserem uma "limpeza" pela fome, como é costume dos da cúpula quando querem fazer uma "limpeza populacional", e como já começou, não será para admirar que muita gentinha venha a chorar o que desperdiçou...
    Quanto às corporações sabemos já para o que trabalham. Não foi à toa que a alimentação entrou para o mercado especulativo em 2008 e desde aí, a alimentação encareceu 48%.

    Acho que estas palavras do judeu Rothschild encaixam aqui:

    (...)Consequentemente, no interesse da futura Ordem Mundial, da sua paz e tranquilidade, foi decidido levar a cabo uma guerra silenciosa contra o público americano e europeu, com o objetivo final de transferir a energia natural e social (riqueza) da massa indisciplinada e irresponsável para as mãos de alguns sortudos auto-disciplinados e responsáveis.

    Assim para atingir esse objetivo, foi necessário criar, proteger e utilizar novas armas, como o futuro o dirá, uma classe de armas tão subtil e sofisticado no princípio de funcionamento e aparência pública e têm o nome de "armas silenciosas "»

    A uns, matam-nos à fome, a outros é o que se vê... resumindo, vai tocar a todos.

    http://www.syti.net/ES/SilentWeapons.html

    Excelente trabalho!

    um beijo

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