segunda-feira, 7 de março de 2016

Honduras: violência sem fim à vista

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Tráfico de droga, extorsão e proxenetismo, o Honduras é o país mais violento do mundo com a maior taxa de homicídios mundial. É dominado por gangues violentos.

Um caso extremo que também gangrena, em menor escala, muitos outros países, alguns dos quais ocidentais.






A maior taxa mundial de homicídios...

O Honduras é um pequeno país da América Central, com uma superfície ligeiramente maior que Portugal e uma população de 8 500 000 de habitantes.


San Pedro Sula, com uma população de mais de 500 000 habitantes é a segunda cidade mais povoada (a seguir à capital Tegucigalpa) e é a cidade com a maior taxa de homicídios do mundo com 170 mortos por 100 000 habitantes, 16 vezes mais elevada que em São Paulo, no Brasil.


A taxa de homicídios, no Honduras, é a mais alta do mundo com 90 mortes por 100 000 habitantes, 100 vezes mais do que em França e 25 vezes mais do que nos Estados Unidos. 









Os gangues ditam as leis...

Nos bairros mais violentos da cidade de San Pedro Sula, como o de Rivera, às oito da noite não se vê ninguém nas ruas. 


A Polícia Nacional, com apenas 700 efectivos para toda a cidade, não penetra na maioria das zonas da cidade, a Polícia Militar também não, essas patrulhas estão a cargo de uma força especial, transportada em blindados, chamada Chamelecón.


Aqui quem dita as leis são os gangues Mara Salvatrucha e Mara 18. A lei hondurenha permite que cada cidadão possa ser dono de cinco armas. Qualquer mercado, farmácia ou restaurante tem um guarda armado.







Maras e suas origens...

O quartel general do crime de San Pedro Sula é pardoxalmente a prisão central. Com cerca de 2 300 presos, os criminosos continuam a controlar a cidade. São eles que fazem as leis, circulam à vontade na prisão, como se de uma pequena vila se tratasse, com zonas de comercio, de lazer e controle dos postos de vigilância.


Os Maras são gangues armados que controlam o tráfico de estupefacientes.


O nome "Maras" vem da abreviatura de marabunta, formigas "caçadoras" que promovem grande destruição quando se deslocam em grande número.


Os Maras estão sobretudo presentes no Honduras, El Salvador e Guatemala, em menor grau no México, na Nicarágua e na Costa Rica. 


Os dois principais são o Mara 18 (M18), em referência à 18ª rua de Los Angeles, inicialmente composto por mexicanos, e o Mara Salvatrucha 13 (MS13), em referência à 13ª rua de Los Angeles, formado inicialmente por salvadorenhos.


Após os desacatos de 1992 em Los Angeles, os Estados Unidos decidiram a expulsão de todos os implicados em gangues violentos. Esta decisão fez com que fossem "colonizar" grande parte dos seus países de origem, sendo muitas vezes acolhidos como heróis. 


Chegados aos países de origem, e alguns países vizinhos, impuseram as suas leis com a conivência de Estados demasiado fracos e corruptos. Foram conquistando bairros e territórios cada vez mais extensos extorquindo as suas populações.


Esses bairros foram pouco a pouco delimitados por graffitis e por tatuagens dos seus membros. Vivem do tráfico de droga, vinda da América do Sul em direcção aos Estados Unidos. Lutam entre eles com assassinatos para conquistar uma parcelas de território. São maioritariamente compostos por adolescentes.








Sem fim à vista...

Uma verdadeira economia subterrânea mais rentável que a economia real domina o país. 80% dos carros existentes no país são provenientes de tráfico ilegal com origem nos Estados unidos.


Quase todos os membros das Maras exibem imponentes tatuagens do seu gangue e que serve de aviso aos gangues rivais, assim como uma sensação de pertença a um determinado grupo social que representa a sua "família".


A integração nestes gangues está sujeita a um ritual que passa por matar um rival. A partir daí, as suas vidas limitam-se a matar ou serem mortos.


A polícia local tornou-se quase tão perigosa quanto os gangues. De dia obtêm os seus lucro à custa dos automobilistas e à noite participam no crime organizado. Quando não são os cabecilhas de grupos de narcotráficos, fecham os olhos para perpetuar os crimes.


O erro é ver a situação do Honduras como um caso isolado. Existem numerosos bairro no mundo, muitos deles nos países ocidentais com os mesmos problemas. Mais tarde ou mais cedo ficarão incontroláveis.


Neste caso, 51% da população do Honduras tem menos de 18 anos, 40% vive abaixo do limiar da pobreza e a emigração implodiu as famílias. 14 homicídios por dia. qual o futuro?







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