quarta-feira, 5 de maio de 2010

Grécia: Como se cria uma crise financeira.


Muito se tem falado da dívida pública grega. Como é que foi possível chegar a este ponto? Talvez parte da resposta esteja na maneira como as dívidas são contraídas Quem está por trás desta crise? Os mesmos que dela beneficiam: os grandes grupos financeiros.




Como se contraem as dívidas:


Não é a Grécia que vai ser ajudada com os recentes empréstimos, isto é não é o povo grego, mas sim os bancos credores do governo grego é que vão ser salvos do não-pagamento das dívidas. A partir de agora são os contribuintes europeus que vão pagar a dívida grega, o dinheiro vai ser utilizado para devolver o dinheiro que os bancos lhe prestaram.


Os principais beneficiários são os bancos alemães e franceses expostos ao risco de não reaverem os seus emprestimos. Esta divida é uma pura traição política. Na realidade os bancos emprestam dinheiro que não existe, é um simples jogo de escrituras autorizadas e legalizadas pelos governos. A explicação é a seguinte...


O artigo 123 do Tratado de Lisboa proíbe ao Banco Central Europeu e aos bancos centrais dos países membros de concederem qualquer empréstimo aos paíeses da União Europeia, estes empréstimos devem ser concedidos unicamente por bancos privados com taxas de juros bastante mais elevadas. Se os estados pudessem criar o seu próprio dinheiro, como antes do Euro, as dívidas públicas seriam praticamente nulas.


O Banco Central Europeu (BCE) pode emprestar dinheiro aos bancos privados, mas não pode comprar directamente as obrigações aos Estados. Ora, as taxas de juros dos empréstimos do BCE aos bancos é de 0,5%, enquanto estes, após comprarem as dívidas públicas, cobram aos estados taxas de 3,5%.


Portanto as medidas sociais e económicas drásticas que os governos tomam para pagar as dívidas, foram na realidade criadas pelos próprios, autorizando a criação monetária privada e a obrigação por partes dos estados a que os empréstimos sejam feitos pela banca privada.


Resumindo, quem beneficia com isto? Os bancos e os grandes grupos financeiros. E não será que foram eles que desencadearam esta crise?



Uma crise especulativa.


O Wall Street Journal refere que, em Março deste ano, os grandes grupos financeiros reuniram-se para concertar uma estratégia que visava a médio prazo a desvalorização do Euro em relação ao Dólar. Há poucos meses um Euro valia 1,51 Dólares, hoje vale 1,28 Dólares. O objectivo final é de uma paridade de um para um.


No mercado cambial (Foreign Exchange), é possível ganhar muito dinheiro com esta desvalorização do Euro. Com a crise financeira europeia, foi possível com os "hedge funds", que estão na origem desta especulação, ganhar mais de 3 mil milhões de Dólares de lucro em 3 meses.


A Grécia não é o único país com défices elevados, o mesmo se passa para 23 dos 27 países da União Europeia. Perante isto os objectivos ditados pelo Tratado de Maastricht de 3% do PIB para o défice e 60% do PIB para a divida não têm qualquer fundamento económico.


A finalidade dos mercados financeiros é o fim do modelo social europeu, com redução dos salários, redução dos serviços públicos e dos direitos sociais. Os próximos países são a Espanha, a Irlanda, Portugal e talvez a Itália.








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