quinta-feira, 14 de julho de 2011

O iminente colapso da economia mundial

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O PIB mundial de 2010 (dados do FMI) foi de 62 000 000 000 000 de dólares (em comparação, o PIB de Portugal de 2010 foi de 224 000 000 000 dólares).


Enquanto isso, a dívida pública mundial é de 42 000 000 000 000 de dólares.




Por seu lado, o valor total das transacções financeiras mundiais anuais é astronómico, 2 300 000 000 000 000 de dólares.




Com estes números podemos concluir que a dívida mundial nunca poderá ser paga e que as transacções especulativas financeiras não permitem fugir à ditadura dos grandes grupos financeiros mundiais.




A economia especulativa em relação a economia produtiva tem uma proporção de 40 para 1.
As transacções financeiras, no que diz respeito à economia real (troca de bens e serviços, que corresponde ao PIB mundial) representam apenas 3% do total das transacções financeiras mundiais. Mesmo juntando a esse número as transacções de trocas comerciais e turísticas, que representam 2% desse valor, temos como resultado, que 95% das transacções financeiras mundiais consistem em operações de pura especulação, ou seja o incrível valor de 2 185 000 000 000 000 de dólares.



De salientar que a liquidez necessária a esta especulação, aos números vertiginosos, passa e volta a passar várias vezes pelos bancos e provêm na sua origem dos bancos centrais. Temos assim que o principal fornecedor da liquidez mundial para a especulação financeira são os próprios bancos centrais que se tornam portanto os abastecedores dos grupos financeiros mundiais.


O sistema económico mundial está assim nas mãos do sistema financeiro, ele próprio dominado e auto-alimentado pela especulação. Esta massa monetária, que não corresponde a nenhum dinheiro real, aumenta em 15% por ano, enquanto que a economia real (produtora de bens e serviços) cresce de apenas 4%.


O paradoxo, é que estes mecanismos financeiros especulativos não criam nenhuma mais valia, mas enriquecem os que os controlam, permitindo que aos especuladores, que não criam qualquer produção de bens e serviços, ganharem o dinheiro que lhes permite apropriar-se desses bens.


Essa especulação tem vindo a crescer desde há um século, mas sobretudo nas últimas três décadas, com o fim da paridade ouro-dólar com o acordo de Bretton Woods, no inicio dos anos 70 e com a planeada e progressiva desregulamentação do sistema financeiro mundial.


Uma solução utópica seria por fim à dívida mundial, para recomeçar do zero, e a imposição de uma regulamentação financeira mundial, o que nunca poderá vir a acontecer, dado que os que dominam o sistema financeiro mundial detêm um poder monetário muito superior ao de qualquer Estado.



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7 comentários:

  1. Sem ter a ver com o post, achei este artigo interessante, especialmente para um médico.

    http://movv.org/2011/07/14/sobre-o-uso-de-folha-de-coca-na-coca-cola/

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  2. Obrigado pelo artigo que já conhecia e que de facto deixa muitas questões no ar.

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  3. Tantos disparates:
    1) O PIB também mede os ganhos do sistema financeiro. Não mede só a actividade industrial e primária.

    2) Se o PIB mundial são 62T€ (usando os prefixos do sistema internacional) e o total de dívida pública mundial são 42T€, isso significa que as coisas nem estão muito mal (a dívida pode ser liquidada na sua totalidade em pouco mais de 8 meses de trabalho). E já agora anda com os zeros trocados, pois só o PIB de Portugal é superior ao mundial.

    3) Confunde os bancos centrais (entidades reguladoras sob alçada dos governos dos respectivos países) com o sector bancário (empresas privadas com fins lucrativos). Ao contrário do que o nome indica, os bancos centrais não são bancos, são entidades reguladoras da actividade bancária e da política monetária. São nomeados pelos governos dos países que os constituem e respondem perante estes países. A sua autonomia é sempre limitada pela política monetária que for ditada pelos governos (que foram eleitos democraticamente nos países democráticos).

    4) Os "especuladores" de dívida vendem um serviço. Vendem algo que o comprador não tem: dinheiro imediato. Quando quer comprar uma casa também não tem dinheiro "em caixa" para a comprar. Por isso compra um serviço, ou seja compra um empréstimo de dinheiro. A actividade bancária é esta: comprar dinheiro barato (depósitos por exemplo) e vendê-lo caro (em empréstimos). Não é uma actividade muito diferente do feirante que vai ao agricultor comprar batatas e depois as revende mais caras na feira. Não é apenas especulação, o feirante forneceu um serviço: transportou as batatas até ao consumidor. Da mesma forma o "especulador" prestou um serviço: forneceu liquidez ao comprador.

    5) A paridade dólar-ouro (o gold standard) foi terminada para incentivar a circulação de dinheiro pela economia e promover o crescimento económico. Verificará que depois da desregulamentação do gold-standard a economia mundial cresceu a grande ritmo (enquanto que durante o gold standard estava estagnada). O gold standard também torna mais difícil aumentar a quantidade de moeda em circulação sem aumentar significativamente a inflacção, dada a raridade do ouro.

    6) Se toda a gente deixar de pagar o dinheiro que deve, muita gente vai perder dinheiro. Essa muita gente incluí fundos de pensões de muitos trabalhadores desfavorecidos (o que é que acha que a segurança social faz com o seu dinheiro?). Para além disso os bancos iriam todos à falência. Pode não parecer grande consequência, mas diga isso quando o seu patrão lhe disser que só lhe consegue pagar o seu ordenado daqui a 6 meses. É que os ordenados são pagos pelas empresas todos os meses, já as receitas só acontecem quando a empresa vende qualquer coisa (o que pode acontecer só em alturas específicas do ano, já para não falar nos prazos de pagamentos de muitas empresas que são de meses). Repare que não estou a falar de a empresa não lhe pagar o que lhe deve. Estou a falar de não receber nada durante 6 meses, e, daqui a seis meses, receber 6 ordenados de uma vez. Durante estes 6 meses vai viver do quê?

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  4. ficou sem resposta né...deve ter tirado o baca laureáto de inconomia nos anos 70



    1) O PIB também mede os ganhos do sistema financeiro. Não mede só a actividade industrial e primária.

    2) Se o PIB mundial são 62T€ (usando os prefixos do sistema internacional) e o total de dívida pública mundial são 42T€, isso significa que as coisas nem estão muito mal (a dívida pode ser liquidada na sua totalidade em pouco mais de 8 meses de trabalho). E já agora anda com os zeros trocados, pois só o PIB de Portugal é superior ao mundial.

    3) Confunde os bancos centrais (entidades reguladoras sob alçada dos governos dos respectivos países) com o sector bancário (empresas privadas com fins lucrativos). Ao contrário do que o nome indica, os bancos centrais não são bancos, são entidades reguladoras da actividade bancária e da política monetária. São nomeados pelos governos dos países que os constituem e respondem perante estes países. A sua autonomia é sempre limitada pela política monetária que for ditada pelos governos (que foram eleitos democraticamente nos países democráticos).

    4) Os "especuladores" de dívida vendem um serviço. Vendem algo que o comprador não tem: dinheiro imediato. Quando quer comprar uma casa também não tem dinheiro "em caixa" para a comprar. Por isso comp


    O PIB mundial de 2010 (dados do FMI) foi de 62 000 000 000 000 de dólares (em comparação, o PIB de Portugal de 2010 foi de 224 000 000 000 dólares).


    Enquanto isso, a dívida pública mundial é de 42 000 000 000 000 de dólares.




    Por seu lado, o valor total das transacções financeiras mundiais anuais é astronómico, 2 300 000 000 000 000 de dólares.




    Com estes números podemos concluir que a dívida mundial nunca poderá ser paga e que as transacções especulativas financeiras não permitem fugir à ditadura dos grandes grupos financeiros mundiais.




    A economia especulativa em relação a economia produtiva tem uma proporção de 40 para 1.
    As transacções financeiras, no que diz respeito à economia real (troca de bens e serviços, que corresponde ao PIB mundial) representam apenas 3% do total das transacções financeiras mundiais. Mesmo juntando a esse número as transacções de trocas comerciais e turísticas, que representam 2% desse valor, temos como resultado, que 95% das transacções financeiras mundiais consistem em operações de pura especulação, ou seja o incrível valor de 2 185 000 000 000 000 de dólares.



    De salientar que a liquidez necessária a esta especulação, aos números vertiginosos, passa e volta a passar várias vezes pelos bancos e provêm na sua origem dos bancos centrais. Temos assim que o principal fornecedor da liquidez mundial para a especulação financeira são os próprios bancos centrais que se tornam portanto os abastecedores dos grupos financeiros mundiais.


    O sistema económico mundial está assim nas mãos do sistema financeiro, ele próprio dominado e auto-alimentado pela especulação. Esta massa monetária, que não corresponde a nenhum dinheiro real, aumenta em 15% por ano, enquanto que a economia real (produtora de bens e serviços) cresce de apenas 4%.

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  5. Din resposta blev udgivet in 2012...

    e isso dos anúncios nã é entrar no jogo
    capitalista-especulador...
    A actividade bancária é esta: comprar dinheiro barato (depósitos por exemplo) e vendê-lo caro (em empréstimos). Não é uma actividade muito diferente do feirante que vai ao agricultor comprar batatas e depois as revende mais caras na feira. Não é apenas especulação, o feirante forneceu um serviço: transportou as batatas até ao consumidor. Da mesma forma o "especulador" prestou um serviço: forneceu liquidez ao comprador.

    5) A paridade dólar-ouro (o gold standard) foi terminada para incentivar a circulação de dinheiro pela economia e promover o crescimento económico. Verificará que depois da desregulamentação do gold-standard a economia mundial cresceu a grande ritmo (enquanto que durante o gold standard estava estagnada). O gold standard também torna mais difícil aumentar a quantidade de moeda em circulação sem aumentar significativamente a inflacção, dada a raridade do ouro.

    6) Se toda a gente deixar de pagar o dinheiro que deve, muita gente vai perder dinheiro. Essa muita gente incluí fundos de pensões de muitos trabalhadores desfavorecidos

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  6. Caro anónimo,

    A minha ausência de resposta deveu-se à falta de tempo.

    As críticas são legítimas e sempre bem-vindas.

    Permita-me discordar consigo em alguns pontos. Antes gostaria de salientar que não sou contra a actividade bancária, mas sim contra a falta da sua regulação, à sua taxação insuficiente quando comparada a outras actividades, à insuficiente taxação das transacções bolsistas, à existência de off-shores, para referir apenas alguns pontos.

    1) Se é verdade que o sistema financeiro também entra no PIB, o sector financeiro (bancos, seguros e outras sociedades financeiras) contribui apenas com 4,9% desse PIB para zona euro. Alemanha com 4,7% França com 4,9%. Fora da zona euro o Reino Unido com com 8,2% e a Suiça com 12,5%. Dados do Eurostat.

    2) O números referidos no artigo referentes ao PIB mundial e à dívida pública mundial, estão correctos e podem ser consultados em qualquer site oficial. De notar que em relação à dívida, devem ser acresentados os respectivos juros. A comparação destes dois valores tem como objectivo ter uma ideia da dívida em relação à riquesa produzida. Não deixa de ser ingénuo pensar que que a d´vida se pode pagar utilizando o valor do PIB. Assim sendo nenhum país estaria com dívidas.
    Por lapso de leitura sua, refere que o valore do PIB português seria superior ao mundial. Como pode verificar no texto, os números estão correctos:
    PIB mundia: 62 000 000 000 000 dólares
    PIB português: 224 000 000 000 dólares

    3) Não existe qualquer confusão, o que é dito, é que além de aplicar a política financeira dos respectivos países, os bancos centrais emitem a moeda. Portanto, são eles que, como é dito, "são os fornecedores da liquidez mundial".
    Quanto à eleição democrática, no caso da zona euro, a política monetária é ditada pelo BCE cujos seus representantes são nomeados pelos chefes de Estado sob proposta do Conselho Europeu. Estes organismo de uma forma geral são eleito de maneira totalmente opaca. Todos os orgãos executivos da União Europeia não são eleitos democraticamente.

    4) "Os especuladores de dívida" como diz, são os que provacam crises artificiais, como se viu recentemente com as famosas agências de rating, destruído economias inteiras. O lucro é apenas aceitável quando, como diz "fornece um serviço", não quando se manipulam os mercados. Pode-se ser a favor da economia de mercado e ser-se contra o capitalismo selvágem.

    5) Se é verdade que a paridade dólar-ouro limitava, o crescimento da massa monetária, ela assegurava uma certa estabilidade cambial e exigia um maior rigor financeiro limitando a expansão da dívida.

    6) O fim das dívidas não representa o fim da banca. Os bancos mais saudáveis não apostam unicamente nas dívidas, têm outros activos.

    Atentamente,
    Octopus

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