sexta-feira, 8 de julho de 2011

Criação de uma agência de rating europeia: o lifting da credibilidade

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A criação de uma agência de rating europeia não passa de uma manobra de diversão para nos fazer crer na isenção de uma nova agência, que na realidade será manipulada pelos mesmo actores de sempre, os grandes grupos financeiros mundiais.



Pode até parecer genuína a reacção de Durão Barroso perante o corte do rating de Portugal pela Moody's, mas esta desculpa chega mesmo no momento certo para anunciar a criação de uma agência de rating europeia. Na realidade tudo estava planeado desde há muito tempo para que isto acontecesse.


O jornal  "i" revela na sua edição de hoje, que "a Comissão Europeia está a trabalhar há seis meses num plano para constituir uma agência de rating europeia. Michel Barnier, comissário europeu do Mercado Único e Serviços - responsável pelas áreas de regulação e supervisão dos serviços financeiros e agências de rating -, está a liderar o processo no seio do braço executivo da União Europeia".


Esta agência europeia de rating terá o financiamento do Banco Central Europeu (BCE) que como sabemos é um órgão dependente dos grandes grupos financeiros. Nestas condições, é impossível não ver aqui um conflito de interesses potencial, do mesmo tipo daquele que agora apontam às agências americanas.
Portanto a criação de uma agência de rating europeia não irá resolver esse problema antes pelo contrário.


Outra questão é a nomeação dos responsáveis por essa agência. Pelo que tudo indica essa será feita pela Comissão Europeia, órgão composto por pessoas não-eleitas democraticamente, "sugeridas" pelo clube de Bilderberg e ao serviço da finança mundial.


Na realidade uma agência de rating europeia não vai servir para legitimar a existência de tais agência. Se for uma agência pública a sua imparcialidade será posta em causa pelos estados europeus que ela notar, se for privada a sua origem europeia não garante que as suas notas serão mais justas que as das actuais agência. Não esquecer que, apesar de serem suspeitas aos olhos de muitos pela sua origem anglo-saxónica, o principal accionista da Fitch é francês, trata-se de Fimalac, do grupo de Marc Ladreit de Lacharrière.


O que é preciso é por fim a este sistema de notação, seja ele o actual ou através do "lifting" da criação de uma agência dita europeia, controlada pelos mesmos actores.


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