sábado, 27 de fevereiro de 2016

Ciganos: entre o ódio e o políticamente correcto

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Odiados e perseguidos durante a história recente, os ciganos são frequentemente abordados pelos meios de comunicação social com "pinças" para não ferir susceptibilidades. 


Histórias, regras, mistérios, exclusão e auto-exclusão, um retrato da comunidade cigana em Portugal.











Origem cigana.

Os ciganos, conta uma lenda, no passado teriam tido um rei, numa cidade maravilhosa na Índia, chamado Sind. O povo era muito feliz até que foram expulsados pelos muçulmanos.


Desde então foram obrigados a emigrarem de um país para o outro, tornando-se nômades. Chegarem à Europa na idade média, constituído a maior minoria étnica desse continente, mas também a mais perseguida, vítima de preconceitos, discriminação e maltratos.  


Historicamente, os estereótipos negativos são consequência do passado, dadas as profissões que desempenhavam. Na idade média eram associados a ocupações mal vistas pela sociedade, como músicos (diversão), adivinhos (morte) ou ferreiros (lixo).


Uma das lendas populares associavam os ciganos (ferreiros) aos que tinham fabricado os pregos colocados em jesus na cruz e que os teria amaldiçoado condenando-os ao nomadismo.


Estes foram então excluídos e obrigados a uma união forte para sobreviverem.








Existem várias etnias ciganas.


Os ciganos não são uma etnia uniforme, existem na realidade várias etnias: os Rom, os Manouche, os Sinte, os Kale e os Gitanos.


Estas etnias, por sua vez, dividem-se em: Kalderasha, Lovara, Tchourara, Valshike, Sinte (francês), Galshkene, Sinte (alemão), Piemontesi, Sinte (italiano), Prajshtike, Sinte (prússio), Catalan e Andalou.


As línguas faladas, além da adaptação local, também são muito diferentes: Romani, Sinto ou Kalo. Cada uma com os seus dialectos: Kalderash, Lovari, Thourari, Manouche, Sinto piemontêz, Sinto prussiano ou Calo.


Calcula-se que existam em Portugal cerca de 50 000 ciganos. A Roménia tem a maior comunidade: perto de 2 milhões. Vem depois a Bulgária com 750 000, Espanha com 700 000, Hungria com 600 000, Sérvia com 400 000, Eslováquia com 400 000, Turquia com 350 000, França com 300 000, Macedónia com 250 000 e a República Checa com 200 000.









Discriminação positiva dos ciganos em Portugal.

Contrariamente ao que se possa pensar, existe uma discriminação positiva em Portugal em relação aos ciganos, medidas estas que parecem socialmente injusta em relação aos outros cidadãos:


- A grande maioria dos ciganos, em Portugal, são feirantes. A grande maioria não paga impostos, não têm actividade declarada e a grande maioria, apesar de conduzir carrinhas de mercadoria, não têm carta de condução.


- Mais de metade dos ciganos, em Portugal, recebe o "rendimento mínimo garantido", além de subsídios de outras instituições, como a igreja católica.


- Os bairros construídos para o efeito não contribuiu para a sua integração. Estes locais transformaram-se em "ilhas" de violência, tendo os imóveis atribuídos  sido sujeitos a degradação e vandalismo. 


- A quase totalidade desses ciganos recusam-se a pagar rendas (simbólicas), mas também água ou electricidade.


- A comunidade cigana representa uma percentagem elevada da população prisional.


- O crime organizado é pratica comum na população cigana, sendo o roubo ou trafico de armas prática comum. De salientar que a prostituição é condenada por certas etnias ciganas, assim como condenam a homosexualidade.


Os ciganos nunca estiveram interessados em integrarem-se nos países de acolhimento, tem as suas próprias regras, a sua própria justiça.









Uma comunidade com regras estritas.


As regras ciganas são muito estritas:

- Não cobiçar a mulher de um outro cigano,

- Não ter relações sexuais com uma virgem, a não ser para casar,

- Não trair um outro cigano,

- Não fazer mal a uma criança,

- Cuidar dos mais velhos,

- Render homenagem aos seus mortos,

- Ser solidário com os membros da família,

- Respeitar as sentenças dos mais velhos.


Na comunidade cigana, a mulher não trabalha, deve ocupar-se dos filhos e da casa.


A maioria dos ciganos tem um nível de escolaridade muito baixa. A escola não faz parte das prioridades. Quando se trata das suas filhas, os ciganos têm medo que elas se liguem a um "gadjo". 








As mulheres subjugadas à comunidade.

As mulheres devem ocuparem-se dos filhos e da casa, enquanto os homens ocupam-se do resto. O rapazes são a coisa mais importante, são eles que vão ter a sucessão dos seus país. Casada, a mulher fica dependente do marido. Os país irão ter sempre autoridade sobre os seus filhos, casados ou não, com 20, 30 ou 40 anos.


Os país do noivo devem oferecer um dote aos país da noiva, que pode ser muito caro.


Os casamentos são combinados para reforçar os laços de clãs, os rapazes casam muito novos, e as raparigas por vezes com 14 anos. 


Na cultura cigana, o clã tem a primazia sobre o indivíduo ou a família, qualquer falta cometida por um dos membros implica todo esse clã, assim como qualquer acto valorizante irá prestigiar esse mesmo clã.




A solidariedade é portanto um valor fundamental que é fonte de segurança e coesão social, a sanção mais grave é a exclusão do grupo.









































3 comentários:

  1. De vez em quando aparece um artigo na comunicação social sobre este povo, neste caso o autor está de parabéns pois nota-se um esforço para fugir aos estereótipos.
    Mas um esforço não basta, pois acaba por colocar os ciganos todos no mesmo saco, bastou utilizar "a grande maioria", mas podia referir que a grande maioria das pessoas que vive em bairros sociais sejam ciganos ou não, tem dificuldade em pagar renda, luz, gás, água e vive de prestações sociais.
    Em relação às feiras, a grande maioria dos feirantes não paga os devidos impostos, sejam ciganos ou não.
    Sem dados estatísticos, sobre as cadeias, é fácil dizer que os ciganos são a grande maioria...

    Como o artigo teve uma vertente internacional, podíamos referir a forte presença e influencia na cultura europeia.
    Influenciaram Gil Vicente "A Farsa das Ciganas", Cervantes "La Gitanita", Vitor Hugo "Nossa Senhora de Paris" etc. etc.


    Cumprimentos
    Vitor Silva

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    1. Caro Vitor Silva,

      Obrigado pelo seu comentário.

      Tentei, mal ou bem, não fazer das etnias ciganas um cancro para a sociedade, mas também não esquecendo a sua recusa à integração nas sociedades em que vivem.

      É sempre difícil escrever um artigo sobre este assunto porque surgem sempre estereótipos promovidos pela visão egocêntrica da sociedade em que vivemos.

      Este é um esboço e espero que alguns comentários possam alterar este artigo.

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  2. Sou protetor dos ciganos!

    Hoje, um jovem cigano, bateu no meu carro (um risco), apesar de toda boa minha vontade, nem sequer pude tirar a matricula, a mulher dele meteu-se à frente da matricula para não fosse fotografada ou escrita, fui ameaçado fisicamente, ameaçou que me partia o carro à noite (sabe onde moro), uma histeria...

    Será que estarei a discriminar os ciganos por não me queixar à polícia, ao contrário do que faria com outra pessoa? ohhh não, devo ser mais um gajo fofinho que acha que eles têm que ser protegidos...

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