sábado, 26 de abril de 2014

Estado Novo: manter as colónias a qualquer custo

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Porque a memória è curta...


Perdidas as riquezas atlânticas, o Estado Novo apostava tudo na fixação dos emigrantes portugueses em África para que pudessem amealhar receitas. 





- Salazar via nas colónias portuguesas mais do que uma questão económica, política ou administrativa, o colonialismo português prende-se com a ontologia de Portugal, uma nação, por definição, colonizadora.


- A guerra em África mobilizou mais de 800 000 soldados.


- Morrerem cerca de 9 000 soldados portugueses, metade foram atribuída a mortes em combate e a outra metade a "acidentes" e "doença".


- 30 000 feridos evacuados, em mais de 100 000 doentes e feridos.


- 14 000 deficientes dos quais 5 000 com deficiência superior a 60%.


- 140 000 com stress pós-traumático.


- Os recursos financeiros gastos com a guerra colonial representava 33% dos recursos do Estado, tendo atingido na segunda metade da década de 60 mais de 40%.


- Em 1930, a dívida à metrópole das colónias, nas quais se destacava Angola, ascendia a cinco por cento do PIB português.


- Salazar "deixou" sair mais de 900 000 portugueses de forma clandestina para fazer transparecer que se tratava de um fluxo impossível de controlar.


- No total, durante esse período saíram de Portugal mais de 2 000 000 de portugueses à procura de uma vida melhor.









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7 comentários:

  1. É bom ir relembrando estas coisas... que nunca se canse!

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  2. A protecção social do sistema corporativo esperava que os idosos, adultos incapazes de se sustentarem a si próprios se tornassem dependentes das suas famílias e da caridade local (nas áreas rurais), ou recebessem uma pensão, se tivessem trabalhado por conta de outrem como assalariados na indústria ou nos serviços, em caso de invalidez, doença ou velhice, as bases mais modernistas vem do marcelismo, Decreto-Lei n.º 277/70 18 de Junho de 1970 . O pseudo humanismo, dos fascistas em meio século foi nunca se lembrarem do mundo rural, não sei se a ideia do alargamento ao mundo rural foi do marcelo, mas foi no marcelismo que isso aconteceu de englobar o mundo rural, seja quem foi que teve a ideia só o posso incluir na categoria de homem bom ,em que se procurou acabar com uma miséria extrema de pés descalços sem precisar de fazer uma lei das alpergatas.

    Os objectivos e práticas de previdência social depois da revolução de 1974 foram alargados e universalizados com o intuito de incluir toda a população trabalhadora, a definição de família que subjaz ao sistema de benefícios mudou, inclui ainda a noção de família alargada, ao estabelecer as relações e as obrigações familiares, mas assenta agora numa concepção igualitária das relações entre cônjuges e entre pais e filhos, e não em filhos legitimos ilegitimos ou em casamento legitimo e coabitação.



    A educação tinha a ver com a realidade sociologica e economica do pais e das familias onde bastava a influência natural do estado sobre os cidadãos para que as coisas se abafassem numa população com um baixíssimo nível de escolarização. Hoje já ninguém se satisfaz com a 4ª classe dada por um qualquer meio embrutecido mestre escola de aldeia que descarregava as iras à reguada nos alunos mais pobres da turma e com menos hipoteses de aprender, naquela epoca a hipotese de muitos com capacidades intelectuais continuarem os estudos por falta de poder economico dos pais, eram os “padrinhos” alguém da familia ou o padre que remetia para o seminario,( situação esta bem descrita no romance manhã submersa ) mas era sempre alguém com poder economico que por indicação do mestre escola custeasse essa formação, e nunca o estado. Não deixa de ser caricato que o proprio salazar conseguiu isso mesmo a custa da igreja a quem sempre agradeceu a sua formação. Actualmente as pessoas vão, muitas delas, para as universidades , e aspiram a uma vida diferente.

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  3. “o colonialismo português prende-se com a ontologia de Portugal, uma nação, por definição, colonizadora.”


    Julgo que sim, embora o aspecto economico não seja de por de lado numa epoca em que portugal vivia isolado devido ao regime, mas o aspecto politico acho que era fundamental e dai alguma mudanças introduzidas na época quando começaram a surgir as ideias de autodeterminação dos povos no fim da segunda guerra mundial e que levou ao fim do colonialismo. Devido a esta situação de país com colonias portugal teve que mudar de terminologia linguistica e são feitas nessa epoca alterações legislativas de modo a acabar com a palavra colonia e substitui-la por provincia ultramarina, sendo assim portugal uma unidade admnistrativa subdividida em multiplas provincias que iam do minho a timor mas formado uma unica unidade soberana, e não um pais com colonias. Este artificio permitia contornar a acusação de colonialismo.


    Por outro lado penso que não se pode contestar muito que o ideal do regime era manter as colonias/provincias a todo o custo ou custasse o que custasse, o exemplo mais flagrante é o da ex- india portguesa. Salazar na india tinha decidido sacrificar ate a morte todo aquele pessoal militar so para apresentar uns martires, que no fundo foram mesmo depois disso ostracizados e mantidos em cativeiro na india muito tempo sem o regime se mostrar muito interessado na negociação para a sua libertação

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  4. Caro anónimo,

    A prepósito da terminologia, em que a palavra "colónia" foi substituída por "provivias ultramarinas", também temos o exemplo de "guerilheiro" que era apelidado de "terrorista".

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  5. "também temos o exemplo de "guerilheiro" que era apelidado de "terrorista".

    Exactamente, e essas terminologias variam consoante as facçoes e as ideologias. Para o estado novo eram os turras, terroristas, para outroseram rebeldes guerrilheiros que lutavam pela libertação e mais tarde figuras governamentais e diplomaticas como aconteceu em angola mocambique guine e mesmo em timor com xanana gusmão em relação a indonesia por exemplo.

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  6. A guerra em África não foi uma guerra em que as coisas eram "preto e branco".

    (Não estou a falar de raças, mas de ver as coisas de modo muito bem distinguido - com "bons", de um lado, e "maus", do outro...)

    E, não estou, com isto, a tentar justificar o lado do governo português, da altura - mas, apenas a tentar esclarecer as pessoas quanto à verdadeira natureza desta guerra, pois há quem faça uma análise muito simplista da mesma.

    Informem-se sobre a origem de algumas das principais cidades coloniais - que foram construídas em terrenos não ocupados pelos nativos.

    E, informem-se também sobre como começou a guerra.

    Foi com massacres racistas e terroristas (no verdadeiro sentido da palavra) de civis, por parte dos nativos (com gritos do tipo "mata o branco" e afins).

    (Vejam, por exemplo, os primeiros episódios da recente série de documentários que a RTP produziu sobre a mesma.)

    E, perante massacres destes, é muito compreensível que houvesse quem estivesse disposto a ir para lá, para proteger a população atacada - no que eram, na altura, consideradas mais províncias do que colónias.

    Que, depois, tenha evoluído para uma coisa mais "séria", não duvido. (Mas, a julgar pelas pessoas que depois tomaram conta de tais territórios, não parece ter sido tão séria como isso.) Da mesma maneira que, não duvido que tenha havido quem, na população nativa, tenha dado a sua vida por uma verdadeira liberdade do seu país. (Até ao ponto em que podíamos, na altura, falar de países - numa altura em que eram tais territórios, a nível da população nativa, meros agregados de várias tribos.)

    A dita "guerra colonial" portuguesa, foi uma extensão da Guerra Fria - com ocidentais, de um lado, e comunistas, do outro, a fomentarem e a apoiarem movimentos "independentistas", com o objectivo de ganhar o controlo de tais territórios, tão ricos em recursos naturais, através dos seus guerrilheiros-fantoche.

    http://www.american-buddha.com/cia.americasecretestab.2.5.htm

    E, para atingir estes objectivos, foram lavados ao cérebro, por agentes exteriores, muitos nativos, que não tinham verdadeira consciência do que faziam. Ainda que, sem dúvida, também houvesse certamente quem lutasse por vontade e consciência próprias.

    E, vejam a "liberdade" e "independência" que ganharam as populações nativas.

    Vejam como, em Angola, são reprimidas quaisquer manifestações opositoras ao regime. Vejam como Moçambique passou, de província/colónia portuguesa, para um estado-vassalo do Império Britânico. Vejam como a Guiné-Bissau é hoje um território governado por traficantes de droga.

    (Vejam o estado em que ficaram tais territórios - e comparem-nos com o estado anterior em que estavam.)

    Foi por um país melhor que lutaram tais pessoas?

    (E, com que direito, já agora, foram forçados a abandonar tais territórios, tantos que lá nasceram, só por serem de raça branca?)

    Mais uma vez, não quero com isto defender o que quer que seja - e estou, em grande parte, a fazer de "advogado do diabo".

    Apenas, achei que tinha interesse partilhar estes factos e observações, para melhor equilibrar a visão simplista que muita gente possa ter desta guerra.

    E, independentemente de tudo isto, a razão estará sempre do lado de quem luta pela autodeterminação dos seus povos nativos.

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    1. Feranado,

      Concordo plenamente contigo, o que de início era uma "ocupação territorial, tornou-se durante a chamda "guerra fria" apetecíveis regiões produtoras de matérias primas.

      Acho que falou a descolonização porque tradia e envolta numa revolução ao contrario da França e Inglaterra que souberam descolonizar as suas colónias (porque económicamente já não era sustentável e politicamente encomodas).

      A verdade é que a França e Inglaterra mantiveram os "seus" territórios africanos através do know how industrial e continuam a mandar nessas regiões. O poder militar susbtitui-se ao poder económico.

      Num processo revolucionário em que viviamos isso era impossível.

      Depois existe o facto do continente africano ter sido dividido sem ter em conta qualquer etnia histórica pelo poder europeu em que cada um tomava conta do seu "quintal".

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