quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Taxa sobre as transacções financeiras: uma medida positiva.

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O governo português está a estudar a introdução de uma taxa sobre as transacções financeiras, ao nível europeu essa medida, também conhecida como Taxa Tobin, tem estado em cima da mesa.

A CGTP propõe uma taxa de 0,25% sobre todas as transacções de valores mobiliários, independentemente do local onde são efectuadas (mercados regulamentados, não regulamentados ouo fora de mercado), com a excepção do mercado primário de dívida pública.

Essa medida permitiria uma receita de cerca de 2 mil milhões de euros.




(A CGTP também preconiza a criação de mais um escalão de 33,33% no IRC para as empresas com volume de negócios superior a 12,5 milhões de euros (o que permitiria mais mil milhões de euro), uma sobretaxa sobre os dividendos distribuídos (1,6 mil milhões de euros) e um maior combate à fraude e evasão fiscal.)



Vantagens:


A especulação exagera no sistema económico actual é a grande responsável pela actual crise económica, as operações financeira não gerem riqueza, fazem apenas que essa riqueza mude mãos. O sistema financeiro actual está extremamente inflacionado, não correspondendo a qualquer valor produtivo.

Ao desestimular o fluxo de capitais para operações a muito curto prazo, penaliza-se a especulação, isentando os investimentos, o que também confere uma maior estabilidade ao sistema financeiro. Coloca-se assim um freio numa economia excessivamente especulativa.

A França foi o primeiro país da Europa a impor uma taxa sobre transacções financeiras, no dia 1 de agosto deste ano. Essa taxa é de 0,2% sobre a compra e venda de acções e obrigações, não cobrido os produtos derivados. Essa taxa não foi seguida de qualquer fuga de capitais, sendo que o CAC 40 não sofreu qualquer queda acrescida desde essa data.



Desvantagens:


Esta medida é difícil de por em pratica unilateralmente. Sendo o mercado cambial descentralizado, não regulamentado e bastante volátil, o país que proceda desta forma poderá sofrer da saída de capitais para outro país onde esta taxa não é aplicada. 

Apesar de muitos países da União Europeia concordarem na sua introdução, os bancos têm muito poder e são eles que controlam a economia mundial e não estão dispostos à introdução dessa taxa.

Este imposto sobre as transacções financeiras poderá prejudicar a bolsa portuguesa, não esquecer que as mais valias já estão taxadas a 26,5%, quando há dois anos ou não eram ou no limite tinham uma txa de 10%.

Os investidores estrangeiros e nacionais irão investir o seu dinheiro nos mercados onde essa taxa não existe, sendo que actualmente as transferências de valores financeiros está apenas ao alcance de um simples "click".



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7 comentários:

  1. Uma economia "de mercado" ( eufemismo para capitalismo ) engendra uma sociedade de mercado. Onde tudo é mercadoria: a saúde, a educação, etc. Até a água!Só falta o ar...
    Até a própria vida, patenteando o genoma humano !
    Não quero esta sociedade, não quero este sistema, não quero esta banca nem estes grupos financeiros, criminosos e assassinos.
    E vou lutar para lhes pôr fim! Como tenho que começar por algum lado, vou começar por lutar para pôr fim a este governo...
    O capitalismo já demonstrou à saciedade que não resolve, antes agrava todos os problemas.
    O capitalismo falhou.
    Passemos ao Plano B !

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    1. Olá Devir.
      Concordo! Bem dito!

      ...E quem lhe garante que não paga já para respirar? alguma vez saberemos se Portugal já paga a taxa de emissões de carbono?

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  2. http://www.cgtp.pt/images/stories/imagens/2012/09/cartaz29SETEMBRO2012_160.jpg

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  3. Olá Dr. Octopus.

    Isso o que é?! uma aspirina para um moribundo?! eheheheh!!! Esqueceram~se da lei Glass Steagal e assim sendo, não vamos a lado nenhum que não seja uma guerra das grandes! Bem sabe que nem com essa lei evitaram a 2ª Guerra e veja os contornos bem mais negativos desta grande depressão... Estamos a lidar com predadores que sabem que o planeta não chega para todos, por causa deles mesmos e agora tomaram a posição: ou nós, ou eles. Siga para bingo!

    Um beijinho

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    1. Fada,

      O que tento é encontrar soluções dentro de um sistema que não concordo, para minimizar o impacto para a maioria das pessoas.

      Como tu não concordo com esta "democracia" legitimada pelo voto regular que coloca no poder mais do mesmo.

      O que penso frequentemente é o que fazer? Encontramos muitas pessoas em blogues alternativos que criticam o sistema, como eu também o faço, mas poucos são os que propões soluções.

      99% das pessoas nem sabem do que estamos a falar. 90% das pessoas concordam com tudo se isso não implica perdas monetárias nas suas vidas. 80% das pessoas vivem centradas nos seus pequenos e únicos problemas.

      O que fazer?

      Bom, o ideal era fazer compreender a esse mundo que este sistema é injusto, não promove igualdade, não lhes permite sonhar com um mundo melhor.

      A solução, quanto a mim seria uma revolução popular e uma mudança de paradigma: o poder não tem de ser exercido pelos partidos políticos corrompidos pelo próprio sistema, a verdadeira democracia tem de ser feita de baixo para cima. Mas ninguém irá perceber.

      Então, o sistema pode ser melhorado, lutando, alteram-do, por dentro.

      Sempre tive o sonho de ver as coisas mudar, mas quando falo com a maioria das pessoas que conheço, vejo que a grande maioria não vale nada. Já teria desistido há muito se não conhece-se pessoas como tu que acreditam noutra via.

      Cada vez mais chego à conclusão que a grande maioria das pessoas vive as suas pequenas vidas, com as suas pequenas telenovelas, as seus pequenos problemas familiares e está-se nas tintas para os outros. Talvez seja mesmo assim, mas não mudam.

      No meio desta "merda" toda, tento fazer perceber a alguns que nunca tinham pensado nisso, que a informação oficial não representa necessariamente a verdade, que outras vias são possíveis, daí que muitos dos meus textos não sejam demasiado incisivos como eu gostaria que o fossem, é mais para deixar as pessoas a pensar.

      Um beijo

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  4. Anda assim tudo alienado?? Nessas percentagens?! Então não há revolução que venha de dentro que nos valha, mas faz muito bem em divulgar, especialmente porque é muito detalhado nas explicações e afinal até o considero bastante incisivo.

    Quanto à merda, quem mexe nela é quem lhe sente o cheiro e por isso, é que os outros se estão nas tintas, mas como nós não damos vazão, não tarda nada, não há quem se safe dela até ao pescoço.

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  5. (Na continuação de um anterior comentário...)

    Para o autor do blogue, e não só, aqui vai então a minha opinião sobre o assunto...

    Taxar as transacções financeiras, já disse num outro comentário aqui, onde desmontava essa e outras medidas, é um dos objectivos do próprio poder estabelecido - que quer consolidar o seu poder e que o Capitalismo que temos passe de um modelo de chamado "Mercado Livre" para um modelo de Economia Planeada.

    Planeada, claro, por esse mesmo poder estabelecido (constituído pelos grandes capitalistas e banqueiros internacionais) através dos seus governos-fantoche, de um modo semelhante ao que se fazia nos regimes fascistas. Tudo para que o cartel formado pelo Clube Bilderberg, e afins, passe a constituir, de facto, uma espécie de Governo Mundial / Empresa Mundial S.A.

    Não sendo por acaso que quem anda a pressionar por esta reforma são grupos controlados por esse mesmo poder estabelecido - como é o caso da ATTAC, que surgiu por iniciativa do jornal Le Monde Diplomatique, criado pelo jornal Le Monde, membro do Clube Bilderberg.

    Sou, de um modo geral, contra os impostos e subsídios. Que considero, na sua maioria, ilegítimos e injustos. E não acho que roubar, de volta, quem rouba seja a solução. (O qual não é sequer o caso, no que falamos, pois o dinheiro que é extorquido a todos os capitalistas, neste tipo de impostos, nem sequer vai parar, de volta, às pessoas, mas sim passa para as mãos dos vários Estados e, através das dívidas fraudulentas por estes contraídas, por sua vez, para as mãos dos banqueiros e grandes capitalistas que constituem o Clube Bilderberg e afins, acabando os grandes capitalistas por reaver, deste modo, o seu dinheiro e constituindo também tudo isto, em boa parte, uma forma de roubo dos grandes capitalistas aos pequenos capitalistas.)

    Penso que o que é preciso é acabar com os roubos em si. E que, para isso, é preciso mudar a sociedade pela raiz e substituir o modelo económico que temos por um outro onde não haja roubos. Se isto é possível ou não, já é outra questão a debater. Mas é esta a única maneira correcta e coerente que vejo de mudar as coisas.

    Estar a pressionar por este tipo de reformas acaba por ser até uma maneira de legitimar, pelo menos em parte, o próprio sistema. E de dizer que o mesmo pode ser algo benéfico para as pessoas. Acabando também por diminuir a contestação das pessoas ao mesmo e por permitir a este que sobreviva e, através dos mencionados esquemas, se fortaleça até.

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