quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Crise dos bancos em Portugal...com mil milhões de Euros de lucro!

Ainda se lembram da crise financeira que atingia a banca mundial? Pois bem, a banca portuguesa que se queixava, há uns meses atrás, de uma catástrofe eminente, porta-se bem. Lucros de mais de mil milhões de Euros para os cinco principais bancos no 1º semestre deste ano! Surpreendido? Mas há mais! Garantia estatal de 20 mil milhões de Euros! IRC de 13%! Compra do BPN, pago com o nosso dinheiro! Liquidação do BPP com custos de 500 milhões para os contribuintes!







Lucros excepcionais em tempo de crise...






Crise financeira mundial, o sistema ia-se desmoronar. Nada disso. Esta crise anunciada de longa data, mais não fez mais de que uma redistribuição da riqueza pelos mesmos. Os vários bancos que foram à falência, foram comprados por outros.



Em portugal, no fim do ano passado, a banca tinha que permanecer saudável, sendo supostamente o motor da ecónomia. O estado, à imagem de outros países, forneceu 20 mil milhões de Euros de garantia para a banca. Todos os bancos recorreram a ela para aumentar a sua liquidez. Na realidade, o dinheiro dos contribuintes serviu para "emprestar" dinheiro às instituições bancárias com um juro "favorável" para que estas nos podessem emprestar esse mesmo dinheiro com um juro mais elevado. É como se eu empresta-se 100 Euros a um amigo, e quando eu pedisse esse dinheiro de volta ele me desse apenas 80 Euros.


Assim se percebe melhor, como é que os cinco principais bancos portugueses obtiveram mil milhões de Euros de lucro no 1º semestre deste ano.

Mais 24% do que no período homólogo do ano passado! O BPI, por exemplo, multiplicou o seu lucro por 10! E isto em período de crise...

Fuga ao fisco na banca é...legal!



A banca por definição não pode perder dinheiro. Empresta dinheiro e ganha os juros desse empréstimo. Como qualquer empresa em Portugal deveria pagar 25% de IRC, mais 2,5% de derrama, o que daria 27,5% de IRC. A derrama é uma taxa de imposto municipal aplicável ao lucro de cada empresa, varia entre 0 e 1,5%.

O problema é que no caso da banca, o IRC não incide nos lucros reais, mas sim nos lucros fiscais.

Nos lucros reais totais, a banca tem a possibilidade de deduzir:

  1. os prejuízos das empresas pertencentes ao grupo bancário,

  2. a zona franca da madeira permite uma taxa de IRC de 2% em relação a 15% do lucro,

  3. dedução de 50% do rendimento de dividendos de empresas que foram privatizadas e que pertencem a esse grupo bancário.

Feitas as contas, e deduzindo esses benefícios, os lucros para efeito fiscais são muito menores. Isso permite que a banca pague apenas cerca de 13% de IRC, em relação aos seus lucros reais.

http://resistir.info/e_rosa/banca_paga_13pc_sobre_lucros.html


BPN e BPP, dois casos exemplares.














O BPN e BPP, são dois bancos em que houve claramente fraude. O estado gastou 2,5 mil milhões de Euros com a viabilização e nacionalização do BPN. O que representa 1% do PIB português. Por seu lado, a falência do BPP, vai custar aos contribuintes 500 milhões de Euros.

Todas estas ajudas estatais foram feito para salvar a banca, pilar fundamental da economia. Essa mesmo, que em período de crise, teve um aumento dos seus lucros de 24 %!

A banca, quando tem lucros, não distribui parte dos seus lucros á economia. Porquê ajuda-la quando têem dificuldades? No fundo é uma empresa como outra qualquer, com os seus riscos.

Como dizia o economista Michael Hudson, "o sistema financeiro, não faz parte da economia real da produção e do consumo. O activo e a riqueza de um sector, é diferente da produção desse mesmo sector. Podemos pensar no sistema financeiro como um parasita, este extrai juros da economia, apodera-se da economia real, faz-lhe crer que é parte dessa economia. A ideia de salvar os bancos, para salvar a economia, está errada. Não se pode salvar o parasita e o hospedeiro."

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