.
A actual classe dominante nunca será capaz de resolver a crise, porque
ela é a crise! E não falo apenas da classe política, mas da educacional,
da que controla os media, da financeira, etc. Não vão resolver a crise
porque a sua mentalidade é extremamente limitada e controlada por uma
única coisa: os seus interesses. Os políticos existem para servir os
seus interesses, não o país. Na educação, a mesma coisa: quem controla
as universidades está ali para favorecer empresas e o Estado. Se algo
não é bom para a economia, porquê investir dinheiro?
No geral, os media já não são o espelho da sociedade nem informam de
facto as pessoas do que se está a passar, existem sim para vender e
vender e vender.
A identidade das pessoas não depende do que elas são, mas do que têm.
Quando se torna tão importante ter coisas, serves um mundo comercial,
porque pensas que a tua identidade está relacionada com isso. Estamos a
criar seres humanos vazios que querem consumir e ter coisas e que acabam
por se vestir e falar todos da mesma forma e pensar as mesmas coisas. E
a classe dominante está muito mais interessada em que as pessoas liguem
a isso do que ao que importa.
Se as pessoas fossem um bocadinho mais espertas, não iriam para
universidades estúpidas, nem veriam programas estúpidos na TV. Existe
uma elite comercial e política interessada em manter as pessoas
estúpidas. E isso é vendido como democracia, porque as pessoas são
livres de escolher e blá blá.
Se não fores crítico perante a sociedade mas também
perante ti próprio, nunca serás livre, serás sempre escravo. Daí que o
que estamos a viver não tenha nada a ver com democracia.
Percebemos que há coisas erradas no sistema de educação.
Porque não está interessado na pessoa que tu és, mas no tipo de
profissões de que a economia precisa. Se o preço é falta de qualidade,
se o preço é falta de dignidade humana, é haver tanta gente jovem sem
instrumentos para lidar com a vida e para descobrir por si própria o
sentido da vida ou que significado pode dar à sua vida, então criamos o
“Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley.
O que temos de enfrentar é: se toda a gente vai à escola, se toda a
gente sabe ler, se tanta gente tem educação superior, como é que
continuam a acreditar nestas porcarias sem as questionar? E porque é que
tanta gente continua a achar que quando X ou Y está na televisão é
importante, ou quando X ou Y é uma estrela de cinema é importante, ou
quando X ou Y é banqueiro e tem dinheiro é importante?
Se tirarmos as posições e o dinheiro a estas pessoas,
o que resta? Pessoas tacanhas e mesquinhas, totalmente
desinteressantes. Mas mesmo assim vivemos encantados com a ideia de que X
ou Y é importante porque tem poder. É a mesma lengalenga de sempre: é
pelo que têm e não pelo que são, porque eles são nada. E a educação
também é sobre o que podes vir a ter e não sobre quem podes vir a ser.
O medo da elite comercial é que as pessoas comecem a pensar. Porque é
que os regimes fascistas querem controlar o mundo da cultura ou
livrar-se dele por completo? Porque o poeta é a pessoa mais perigosa que
existe para eles. Provavelmente mais perigoso que o filósofo. Quando
usam o argumento de que a cultura não é importante e de que a economia
não precisa da cultura, é mentira! Isso são as tais políticas de
ressentimento, um grande instrumento precisamente porque eles nos querem
estúpidos.
Excertos de uma entrevista de Rob Riemen, filósofo holandês, ao jornal "i".
http://www.ionline.pt/mundo/rob-riemen-classe-dominante-nunca-sera-capaz-resolver-crise-ela-crise-1
.
PALCO 250 – EPIFANIA
-
É uma palavra lindíssima, ela esconde em si o mistério da revelação e do
sagrado. Epifania (do latim tardio … More
Há 2 horas