sexta-feira, 1 de julho de 2011

Crise financeira sistémica: a corrida para o caos

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"Mas, Rainha Vermelha, é estranho, corremos depressa e a paisagem à nossa volta não muda".

E a rainha responde: "Corremos para ficar sempre no mesmo lugar".



Esta passagem de "Alice no país das maravilhas" elucida-nos sobre o processo dinâmico tendendo para o caos do ser humano, uma ideia avançada pelo biólogo Leigh van Valen que refere que num grupo de organismos submetidos à concorrência, o esforço de adaptação está sempre a ser renovado, o que conduz inevitavelmente a um processo incessante de construção/destruição das civilizações, o mito de Sísifo revisitado.



Karl Marx tinha razão, e no entanto enganou-se na sua análise sobre o fim do capitalismo. Não é a baixa tendencial da taxa de lucro, uma ideia que não é dele mas sim de Adam Smith, que irá provocar o fim do capitalismo mas sim a híper concentração dessa taxa de lucro, o terrível "Eu" do nevrosado patologicamente dilatado.



O essencial dos lucros (lei de Pareto) é visto como in fine por um número reduzido de pessoas que acabam por acaparar o sistema. Chamo a isso o efeito Monopólio (célebre jogo no qual acaba for ficar um único vencedor que arruinou os outros).



Toda a gente fala de perigo sistémico, toda a gente está a tomar consciência do peso desproporcionado de certos organismos financeiros, e que estes representam um risco de explosão para o sistema, e no entanto, continuamos a fuga para a frente com a exponencialidade dos lucros.



Actualmente, 243 991 mil milhões de dólares de produtos derivados (instrumentos financeiros cujo valor deriva do valor de outras coisas) são detidos por 4 bancos americanos (as metástases), um valor exorbitante que só se compreende sabendo, por exemplo, que o PIB do planeta inteiro é de 65 000 mil milhões Dólares. Só no primeiro trimestre deste ano, esse valor aumentou 12 810 mil milhões de Dólares. Grotesco!



Todo o sistema, por muito luminoso que seja, possui a sua sombra e contém na sua essência um processo de putrefacção, a entropia, a inelutável evolução para a desordem. O fim do capitalismo será portanto o caos e consequentemente a ditadura, a menos que...



Texto de Gilles Bonafi

Tradução: Octopus

http://gillesbonafi.skyrock.com/3012390945-Crise-systemique-la-finance-jusqu-au-bout.html

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