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A clivagem entre direita e esquerda tem por origem o lugar que ocuparem os deputados na Assembleia francesa após a revolução de 1789.
Os deputados que defendiam a ordem estabelecida, a monarquia, colocaram-se do lado direito da assembleia e os deputados que defendiam uma novem ordem, uma monarquia constitucional, colocaram-se no lado esquerdo.
A partir dessa altura estava definido "a esquerda" e a "direita".
Ficou o habito nos vários outros países de designar os progressistas como sendo de esquerda e os conservadores de direita.
Do ponto de vista filosófico, a direita considera que o Homem é portador do bem e do mal, enquanto a esquerda acha que o mal é histórico e que pode cessar se se fizer tudo para que ele acabe. A esquerda considera que o ser humano pode acabar com o mal, uma espécie de pecado, quando alterar as estructuras sociais que tiveram na sua origem.
Esta visão da "esquerda" teve o seu apogeu com Rousseau e a sua teoria do "bom selvagem" que supõe que antes da "civilização" o Homem era por natureza bom. A Esquerda pretende que alterando a sociedade, sobretudo do ponte de vista económica, ele poderá voltar a sê-lo.
Ultimamente, tem-se assistido a uma transformação tanto da direita como da esquerda. A direita já considera que o Homem não é imutável e a esquerda pouco a pouco já renunciou a um "homem novo" através da transformação económica da sociedade.
Hoje em dia já não faz qualquer sentido falar de direita e esquerda, a direita não é menos progessista que a esquerda e a esquerda não é menos individualista que a direita.
A direita e a esquerda são ambas a favor da democracia e do desenvolvimento. O que as pode ainda diferenciar são os meios para atingir esses objectivos. Demasiado Estado cria dependência, segundo a direita, e o Estado corrige as desigualdades, segundo a esquerda.
Nos regimes democráticos actuais, a disputa entre a esquerda e a direita situa-se ao centro para atrair votos. Esta dicotomia esquerda-direita é tornou-se obsuleta.
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Jure-me que eu não li isto!
ResponderEliminarCaro Rogério,
EliminarCompreendo que tenhas ficado surpreendido com este texto.
Vou tentar explicar o meu ponto de vista.
A noção de esquerda e direita datam de uma opção e desposição na assembleia francesa que passou a definir o que actualmente designamos os vários partidos políticos se advogam de ser.
Actualmente, um liberal clássico no século XIX seria apelidado hoje em dia de "esquerda".
A ideia nessa época de um partido de direita como sendo o partido do Status Quo e de um partido de esquerda ser o da mudança radical foi-se esfumando com o tempo.
A ideia de "esquerda" como um partido de igualdade tornou-se uma utopia em vários países com resultados desastrosos.
A chamada "direita" também foi protagonista em numerosos países de transformações sociais.
É verdade que do ponto de vista economico a direita, dá mais liberdade aos individuos com o presuposto que o mercado irá funcionar (e só funciona para alguns), enquanto a esquerda aposta na intervenção do Estado para dimunuir as desigualdades.
Mas a verdade é que todos os governos são elitistas, mesmo os de esquerda, previligiando os seus núcleos.
Resumindo, apesar de reconhecer que existem diferenças, penso que a dicotomia direita-esquerda foi-se esbatendo ao longo do tempo e que actualmente esses termos, no seu absoluto, deixarem de fazer sentido, o que conta são os programas das prepostas reais desses partidos.
Ótimo texto, concordo que são termos que hoje já não faz sentido algum de uso, assim como já dizia o finado Dr.Eneias Carneiro candidato a presidência do Brasil em 94. O problema de se classificar as pessoas como esquerda e direita é o de colocar elas em “pacotes” de ideias prontas e quase sempre elas podem discordar de uma ou duas ideias desse “pacote”
ResponderEliminarÓtimo texto, concordo que são termos que hoje já não faz sentido algum de uso, assim como já dizia o finado Dr.Eneias Carneiro candidato a presidência do Brasil em 94. O problema de se classificar as pessoas como esquerda e direita é o de colocar elas em “pacotes” de ideias prontas e quase sempre elas podem discordar de uma ou duas ideias desse “pacote”
ResponderEliminarO generalizado espírito fukuyamista, como diz Zizek, constitui a grande impostura ideológica do nosso tempo.
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