Mais tarde ou mais cedo o governo vai acabar por incluir a vacina Prevenar no Plano Nacional de Vacinação.
Esta vacina como veremos é muito contestável tanto do ponte de vista da sua real eficácia como do ponto de vista do numerosos efeitos secundários.
Ministério da Saúde pondera uma decisão.
A ministra da Saúde, Ana Jorge, dizia no jornal Público, no dia 12 de outubro de 2008 que "a vacina antipneumocócica heptavalente Prevenar (do laboratório Wyeth), única actualmente existente no mercado, é uma vacina que visa prevenir as formas graves de doença pneumocócica, designadamente meningites em crianças e adultos". Perante a pressão dos país que queriam que a sua inclusão no Plano Nacional de Vacinação, foi criada "uma Comissão Técnica da Vacinação que analisou as características da vacina e os resultados da sua utilização".
As conclusões dessa comissão foram as seguintes:
"Em termos de características microbiológicas da vacina, verifica-se que os sete serotipos de pneumococo abrangidos por esta vacina correspondem apenas a cerca de 65% dos serotipos circulantes em Portugal".
"No que respeita aos efeitos da sua utilização, a Comissão apurou que, apesar de o número de crianças portuguesas já vacinadas com Prevenar atingir os 60%, os estudos epidemiológicos não permitem comprovar uma redução significativa dos casos de meningite pneumocócica e de pneumonias graves por pneumococo"."Consequentemente, a vacinação universal das crianças que ocorreria com a inclusão, neste momento, da Prevenar no Programa Nacional de Vacinação, não significaria um benefício comprovado para a redução da incidência destas doenças no nosso País".
"Dado que a evolução biológica é constante e o conhecimento científico progride, no próximo ano haverá nova avaliação com vista a uma eventual pertinência da inclusão desta ou doutra vacina antipneumocócica na vacinação universal gratuita".
Em janeiro deste ano, uma nova vacina apareceu no mercado, trata-se da Prevenar 13, também da Wyeth, e perante as pressões, não tardará que esta faça parte do Plano Nacional de Vacinação.
http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/ministerio/comunicacao/artigos+de+imprensa/vacina+prevenar.htm
A realidade em números:
Alguns dados do exemplo francês permitem situar a realidade da patologia que esta vacina diz prevenir. Os dados são semelhantes ao que se passa em Portugal.
- Esta patologia é rara. A taxa de infecções invasivas por pneumococos é de 32/100 000 crianças com menos de 2 anos de idade e a taxa de mortalidade de cerca de 0,9/100 000 crianças.
- A taxa de protecção teórica como já vimos é de apenas 65%.
- Os serotipos da actual vacina são 13, enquanto são conhecidos actualmente mais de 90.
- O custo é elevado, cerca de 70 Euros multiplicados por 3 doses.
- Os efeitos secundários são mais frequentes do que com outras vacinas.
Efeitos secundários frequentes e graves:
A Comissão Nacional de Farmacovigilância francesa fez um primeiro balanço durante 19 meses, entre fevereiro 2003 e setembro 2004, e um segundo durante 39 meses entre outubro 2004 e dezembro 2009.
Na primeira fase, foram constatados efeitos secundários graves em cerca de 10/100 000 crianças vacinadas. A redução da incidência de infecções invasivas foi no mesmo periodo de 6/100 000 crianças. Isto significa que uma criança vacinada tem um risco de 27% superior de ter um efeito grave com a vacina do que ser protegido pela Prevenar.
Na segunda fase foram observadas 221 reacção após a vacina Prevenar em 7,8 milhões de doses administradas. Esses efeitos secundários foram:
19% de meningites pneumocócicas, 12% de convulsões, 9% de febre, 10 casos de purpura trombopénica, 6 casos de purpura vascular, 4 casos de doença de Kawasaki e 11 casos de morte subita.
Eficácia limitada:
O problema com a Vacina Prevenar, foi que a baixa da incidência de infecções invasivas por pneumococos foi limitada devido ao aparecimento de serotipos não protegidos pela vacina.
Assim em França, a incidência de meningites por pneumococos de serotipos contidos na vacina diminuiu de de 2,3 para 1,1 casos por 100 000 entre 2005 e 2006 (-54%), mas no mesmo periodo os casos de meningites por pneumococos não presentes na vacina, aumentou de 3,1 para 4,9 por 100 000 (+56%). Mesma coisa para os casos de infecções bacterianas por pneumococos de seroptipos da vacina passou de 7,8 para 5,3 casos por 100 000 (-32%), enquanto que os casos das mesmas infecções por serotipos não contidos na vacina passou de 9,4 para 12,2 casos por 100 000 (+31%).
Resumindo, apesar da vacinação em massa, não houve nenhuma redução significativa do número de infecções invasivas por pneumococos nas crianças com menos de 2 anos de idade.
Se é verdade que esta vacina evita algumas mortes, a mesma vacina poderá ser responsável do mesmo número de mortes por efeitos secundários.
Uma decisão de vacinação em massa tem de ter em conta estes dados, e ponderar a longo prazo as consequência do aumento de certos serotipos por vezes mais virulentos não incluídos na vacina.
http://pharmacritique.20minutes-blogs.fr/archive/2009/06/09/gardasil-et-prevenar-de-l-urgence-d-une-reflexion-ethique-su.html#more
http://questionvaccins.canalblog.com/archives/2009/04/19/13435640.html
http://questionvaccins.canalblog.com/archives/2008/01/30/7753944.html